O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Ok, quantas milhões de desculpas eu devo?
Desculpa, desculpa, desculpa e etc...
Gente, a faculdade apertou, o computador quebrou, a vida seguiu e não teve um dia em que eu não sentisse falta de postar aqui. Sei que não é o suficiente para ser absolvida, mas estou tentando! Me perdoem por não ter postado por tanto tempo... Mas estou aqui (agora que meu pc voltou) e pretendo ficar e compensar. Estou postando hoje, mas os dias corretos ainda são sextas e sábado. Apesar de acreditar que só postarei um dia, pois a faculdade está ocupando todo o meu tempo.

Me perdoem por favor.
E comentem para que eu tenha vontade de postar.

Aproveitem o capítulo!



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Capítulo 10

– Sinto muito Camila, mas você não se comporta como uma garota de 16 anos.

–Por que diz isso Janaína? – Janaína era a prima mais próxima de Camila a considerando uma de suas melhores amigas. Naquele dia estava completando 17 anos e resolveu comemorar convidando-a a irem juntas ao cinema.

–Porque é a verdade. Olhe, você pode até agir como uma adolescente quando está com seus amigos, mas com sua família... Seu pai pensa que você ainda é um bebê e tenho certeza que minha tia acha que a filha só tem 12 anos, no máximo!

Camila caminhou até a bilheteria resmungando baixinho. Não lembrava de como tinham entrado naquela discussão, mas no momento só queria sair dela. Sentia-se desconfortável em falar de sua relação com a mãe. Sempre fora assim.

– Duas meias entradas para a sessão das 14 horas. Ok. – pagou e foram caminhando até a outra fila para comprar pipoca. Detestava filas.- Sim, Janaína eu sei. É, talvez eu haja como uma menininha perto dos meus pais. Eu acho... Não sei. Não sei porque isso acontece.

–É carência. - Falou a prima procurando o celular que tocava.

–Como assim?

–Ora, seus pais vivem trabalhando. Na verdade, sem ofensa, parece que vivem para trabalhar! Agora mesmo tio Lucas está viajando a negócios não é?

–É, foi para São Paulo, volta antes do fim do mês... Mas o que isso tem haver?

– Você sempre sentiu a falta deles. Acho que age como criança junto dos dois como forma de chamar atenção.

–Eu não faço isso, Janaína, eu...

–Ah achei! Aló?

Camila parou para pensar no que a prima dissera antes de atender o telefone e conversar de forma pouco amistosa com o namorado. Fazia sentido, no fim talvez ela fizesse realmente isso. Até sem perceber de forma inconsciente.

Naquela noite ela deitou cedo refletindo sobre a conversa com a prima.

–Camila, está dormindo?

–Não.

A mãe entrou no quarto.

–Por que tão quieta?

–Pensativa.

–Sobre?

Fitou a mais nova com carinho e sentou-se na cama.

–Se sou muito infantil.

–É, um pouco...

–Mãe!

– Mas é verdade!

–A culpa é sua então.

–Minha?

–Você me trata como uma criança.

–Você se comporta como uma, Camila.

As duas ficaram em silêncio.

–Talvez, talvez eu devesse... Não sei, tentar crescer.

–Talvez.

Silêncio.

–Acho que faço isso porque... Bem, porque eu... Eu acho que você só me dá atenção quando eu faço isso, sabe? Quando sou uma garotinha.

–Camila...

–Eu sei. Mas é que, ah mãe. Você está sempre trabalhando. Sempre. De vez em quando me pego agindo assim para tentar, sei lá...

–Ter a minha atenção.

–É.

–Você não precisa disso.

–Eu sei. Mas faço do mesmo jeito.

–...

–Vou tentar parar.

–Eu também vou tentar não lhe tratar como um bebê. Começando por essa história.

–O que você quer dizer com isso?

–Você já está muito velha para ficar escutando histórias antes de dormir.

–Mas eu quero saber o final!

–Por isso mesmo, me deixe terminar! Você não vai mais escutar a história.

A mãe fez uma pausa dramática.

–Vai lê-la.- Dizendo isso puxou uma pasta escondida debaixo da cama e entregou a filha. Dentro dela estavam todos os capítulos já narrados, incluindo um prólogo (que Camila nunca tinha escutado) e mais um. O novo capítulo.

–Quando você escreveu tudo isso?

–Depois que você ia dormir, eu escrevia. Não queria esquecer o que tinha narrado... Então a brincadeira ficou muito divertida e me empolguei.

–Meu Deus, mãe, quando eu for editora a senhora não me escapa!

–Como?

–Decidi com o que quero trabalhar. Serei editora de livros.

–...

–O quê?

–Nada, só pensando que realmente combina com você.

–Já tinha essa vontade a uns três anos na verdade. Mas foi só depois de começar a escutar essa sua nova história que realmente resolvi. Quero apresentar narrativas como essa ao mundo.

A mãe sorriu.

–Ok, mas não penso em publicar...

–Mãe...

–É sério, estou avisando Camila, esse livro é nosso segredo. Não mostre a ninguém. Não quero expor e pronto.

As duas ainda discutiram sobre o assunto, contudo a mais velha estava decidida. Por fim, se despediram e a mãe saiu do quarto. Camila resolveu ler o novo capítulo. Folheou com cuidado o início do original e suspirou. Era hora de continuar.

Mayta estava em casa, completamente esparramada no chão no meio da sala.

–Filha?

–Oi mãe.

Alana entrou no aposento e parou. Observou a menina ( quase mulher) jogada no chão com uma careta de poucos amigos.

–O que foi dessa vez, Mayta? A conheço muito bem, que bicho lhe mordeu?

–Estava imaginando...

–O quê?

–Se tia Almira algum dia vai gostar de mim.

–Hum.- Alana pensou um pouco, respirou fundo e sentou ao lado da filha. Tinha aquela expressão que só as mães conseguem fazer: aquela terna e compreensiva de quem sabe das coisas. Começou a alisar os cabelos negros da garota.

–Almira sempre teve dificuldades, sabe? Quando pequena, as crianças a irritavam por causa de seus olhos. Porque ela era diferente, com aqueles belos olhos dourados...

–São mesmo bonitos.- Confirmou Mayta ainda fitando o teto.

–Pois é. Mesmo assim as pessoas discutiam a respeito. Escondidas claro, já que ela seria a rainha ninguém tinha coragem de falar em sua frente. – Riu de forma sarcástica.

–E então? – Agora Alana tinha toda a atenção da filha. Sorriu.

–Bom, ela aguentou calada. Em uma noite de lua cheia, o bosque foi aberto aos humanos. Nós nos escondemos. Ela tinha 17, eu 15. Estávamos todos nas cavernas, inclusive nossos pais. Foi quando percebemos que uma das crianças não estava lá. Um menino de 2 anos, filho da melhor amiga de nossa mãe.

–...

–Ele tinha ficado na Vila. A mulher tinha mais cinco filhos e achou que o mais velho tinha pego o mais novo, mas não foi o que aconteceu.

–E..?

–Nossa mãe proibiu todos de saírem da caverna. Os pais da criança entraram em desespero, porém foram detidos pelos guerreiros, por ordem da rainha, antes que pudessem desobedecer. As pessoas estavam amedrontadas. Todas, inclusive eu! Todas, menos Almira. Ela teve medo sim, contudo tinha mais indignação. Fugiu sem que ninguém visse, levando apenas uma faca.

–Achou o menino?

–Achou. Estava chorando no meio da vila, procurava a família. Ela o pegou no colo, porém quando estavam voltando, encontraram um humano.- os dedos dela pararam de passear pelos cabelos da filha, mas não saíram de lá- Eles lutaram. Almira matou pela primeira vez.

– Que horror!

–Não quando você precisa se defender e aos seus, Mayta.

–...

–Ela levou o menino de volta. Quando chegou a caverna mamãe não a perdoou. Disse que ela não poderia ter saído, ido contra as ordens dela. Então, tomou a faca de Almira e, na frente de todos, fez um corte no rosto de sua tia.

–A cicatriz...

–Isso.- Alana ficou séria, parecia estar vendo a cena naquele exato instante. Um arrepio percorreu-lhe a espinha.- Almira não chorou. Se recusou a chorar. Não estava errada, não iria ser fraca. Me ofereci para curar o ferimento derramando minhas lágrimas, mas ela não quis. Disse algo como “esqueça, isso vai servir para me lembrar de que injustiças deixam marcas e que devo sempre evitar cometê-las com os outros.”

Mayta estava calada. Muda. Nunca ouvira aquela história, contudo sempre tivera curiosidade em saber a razão da Rainha ter uma cicatriz. Fênix não tem marcas de machucados, simplesmente porque se curam. Aquele traço no rosto de sua tia nunca fizera sentido... Até hoje.

–Vovó era um monstro!

Alana sorriu.

–Ela pensava estar educando Almira, achou que choraria e o corte seria curado. Ficou assustada com a reação da filha e dois dias depois pediu desculpas. Almira a perdoou. Eu tive mais dificuldade em fazer o mesmo, acreditava que ela deveria ter dado um abraço em minha irmã e não a maltratado de forma tão terrível.

–Ela foi perversa, mãe...

– Eu a entendi depois. Não concordei, mas entendi. A verdade é que assisti minha mãe chorar em desespero querendo ir atrás da filha, mas não podendo, pois estaria se contradizendo. Disse a melhor amiga para abandonar o filho e foi forçada a esperar pela volta incerta da filha. Ela se mostrou fraca diante de todos. – suspirou- Ou pelo menos achou isso. Aquilo foi um jeito de tentar reparar as coisas. De passar confiança, respeito. Errado sim, entretanto foi a intenção.

“ A partir daquele dia ninguém mais caçoou dos olhos de Almira. Ao contrário, todos queriam ser como ela: forte, bonita, destemida e alegre. Sempre alegre. Ninguém via seu lado assustado nem a pressão que tinha sobre seus ombros. Só enxergavam a futura rainha, a mulher que resgatou o menino.”

–Que dia horrível para minha tia. Matou alguém e ainda ganhou uma cicatriz...

–Você me perguntou, Mayta, se um dia ela vai gostar de você. Eu acredito que ela já gosta. Eu acho que você a lembra uma versão mais nova de si mesma. As pessoas lhe criticam por ser diferente, assim como faziam com ela. Eu acho... Acho sinceramente que sua tia espera um ato como o dela vindo de você.

– O que quer dizer com isso?

–Ela aguarda que você se apresente maior. Melhor do que toda a circunstância, assim como ela. Você é diferente, isso a assusta, a mantem longe, gera até desconfiança. Porém um lado de sua tia apenas quer que você cresça, mostre-se uma mulher forte. Isso não quer dizer tirar as dificuldades do seu caminho. Ela está esperando você provar a ela que merece ser tratada como uma igual.

– Por que tenho de provar algo? Sou uma de vocês, não deveria ter de provar nada.

–Também penso assim. Mas, meu amor, você nasceu com o peso de uma maldição, todos esperam coisas horríveis de você.

–Todos?

–Nem todos... Alguns só esperam.

–Alguns... Como assim?

–Alguns aguardam uma reação, Mayta, qualquer uma. Boa ou má. Alguns, como Almira, estão apenas esperando.

Alana deu um beijo na filha e saiu, deixando-a novamente com o olhar perdido no teto.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
P.s: Já estou perdoada? Nada de mortes por favor...



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