O Destino do Rei escrita por AKAdragon


Capítulo 2
Espera


Notas iniciais do capítulo

A continuidade da Guerra de Saran? Muitos se perguntavam. Nessa época de guerra não se sabe o que os espera, mesmo assim os guerreiros continuam a lutar pelo seu Reino. Por qual motivo? Não sei... Mas espera-se que ela termine.

*Alguns dias antes do Capitulo "Fim"



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O Aru se reunia ao redor da agenda de Arthemis. Naquela tenda dourada a única iluminação era algumas velas derretidas e a luz branca dos pequenos espíritos de Seltece brincando com as letras escritas em tinta. Cheshire, o gato de Arthemis, encarava-os querendo pegá-los, mas sabia que nunca conseguiria.

Arthemis analisava o mapa dos planaltos de Tayn. Naquele mesmo momento seus companheiros estavam de um lado dos planaltos e o exército de Duskah do outro. Ouvia os gritos de todos através do Aru, e lutava para tentar não imagina-los mortos. Veio a imagem de Kilaki enquanto fechava os olhos ao ouvir seu grito, do outro lado da tenda também havia barulho e os gemidos dos feridos, tudo isso o incomodava muito.

“Tantas e tantas vezes…

Quantas vezes eu já te perdi neste jogo?

Um jogo controlado por um caprichoso Deus

Um jogo que as pessoas chamam de vida”

Ele estava perdido em seus pensamentos.

A carta já devia ter chegado ao Rei de Iohanan e a Rainha de Duskah. O próprio capitão e a tenente do quinto esquadrão solicitou que assinassem o armístico da Guerra de Gyokan. A guerra não tinha sentido, nunca teve.

Alguém entrava na tenta. A luz do sol ofuscou seus olhos e não pode ver quem entrava.

– Quem esta ai? - Tampava a luz com a mão.

– Não se preocupe, Emis, sou eu.

– Hoshino, o que faz aqui? - Voltou a analisar o mapa - Não devia estar com Juliet?

– Não me quer aqui? - A acriança brincava com alguns frascos que estava sobre a a mesa, ele ria ao ver o rosto de Arthemis assustado por quase derrubar um deles.

– Para você destruir minhas poções? Não, obrigado

Uma que tinha um liquido verde gelatinoso, caiu.

– ops…

Hoshino escondeu o riso ao ver Arthemis com um olhar que lhe dizia “Não mecha”. Eles dividirem mesma tenda era quase como uma tortura para o mensageiro, enquanto para o pequeno alquimista, isso era uma diversão.

O liquido corria em direção a luz, passando pelos cacos de vidro.

– Eca! Aquela coisa se meche?!

– As vezes duvido de quem é o alquimista - sussurrou.

– Eu ouvi isso - O pequeno emburrou.

– Esta bem, diga logo o que deseja, mais feridos estão chegando de Tayn…

– Era exatamente sobre isso que quero falar - Hoshino se sentou em uma das almofadas de palha de Arthemis - Porque esta acontecendo essa guerra? Porque os reinos que juraram paz há anos estão batalhando novamente?

Arthemis hesitou.

Hoshino o encarava da mesma forma que Cheshire encarava o Aru; esperançoso mas sabia o que esperava.

– É assim que são os humanos - Disse outro que entrava. Uma mulher de cabelo esmeralda longo amarrado. Entrava sem nenhuma cerimônia - Não cansam até ter tudo que desejam… Veja bem, Rainha Jessica cobiça riquezas e Rei Miguel, a expansão do império.

– Não somos um império, Yeda - Um loiro apareceu - E não diga isso como se não fosse uma humana também - Ele olhava bravo, para ela.

Ainda não somos um império, mas espere só Hilton, Sua Majestade irá se tornar o rei de toda a terra!

– Não diga tal coisa neste acampamento! - Repreendeu Hilton - Alguns dos soldados já foram parte do exército de Duskah, e se ouvirem você dizer algo sobre sua rainha?

– Humanos são mesmo estranhos… - Hoshino acariciava Cheshire - Se eram parte de Duskah, porque deixaram seu reino?

– Ei, seu elfo idiota, pare de fazer perguntas… - Ela saia. Parou na entrada da tenda e olhou para eles - o Nimaya ao seu lado iria adorar responder suas tolas perguntas - Fez uma careta para Hoshino e Arthemis e saiu correndo para fora.

“Sem nenhum respeito às criaturas mágicas” - Pensava Hilton ao ver Yeda cantarolando entre os feridos. Hoshino os ignorava, não se preocupava com o que Yeda pensava sobre os Elfos, enquanto Arthemis queria expulsar a todos que entravam ali por espantarem o Aru.

– Que droga é essa?! - Hilton gritou assustado.

O líquido gelatinoso que Hoshino tirara do frasco subia em sua perna. Desesperadamente o homem gritava, parecia uma lesma o escalando, mas sentia como se fosse uma sanguessuga. Subia cada vez mais alto em sua perna.

– Fique quieto, Hilton! - Hoshino aproximava uma das velas do ser gelatinoso verde.

– Não faç-!

Tudo explodiu.

Uma negra fumaça saia da tenda do mensageiro.

♠♦♠♦♠

O tempo estava fechado. Chovia desde a explosão na Tenda Dourada. Juliet e Hoshino estavam tendo muito trabalho com a chuva e os feridos, a noite sem luar não ajudava muito, a cada hora chegavam mais pessoas, a maioria do segundo e terceiro esquadrão. Ele tentava arrumar os estragos em sua tenda, algum de seus frascos estavam quebrados e Cheshire havia desaparecido assim como sua agenda. Hilton ajudava Yeda a arrumar a tenda azul para o retorno de seus superiores.

“São eles! Estão voltando!” - Alguém avisava.

No horizonte se via poucas pessoas, entre eles dois capitães, mas nenhum tenente.

– Onde esta Kilaki? - Perguntou Hoshino ansioso.

Nenhuma resposta. Hoshino encarava o horizonte esperando-a aparecer. Alguns se reuniam na entrada do acampamento. Ela não estava entre os que voltavam, nem entre os feridos… Ela só podia estar…

– Morta - Disse a mulher - Sasha esta morta… - Lágrimas corriam por seu rosto. Seu corpo caiu na terra lamacenta, ela não acreditava, estava ajoelhada no chão.

Juliet queria confortar sua companheira, mas não podia, assistia tudo de longe na Tenda Branca dos Feridos. Arthemis estava arrumando as coisas e Hoshino ainda queria a resposta para sua pergunta. Estavam todos calados com cara de luto ao redor da mulher.

– Irmã… Sinto muito… - Lamentou um.

Shizue guiava a todos ao acampamento, alguns ainda andavam, outros precisavam de ajuda. Todos os receberam com a mesmo olhar de tristeza que olhavam a mulher. Eles caminhavam até as Tendas Brancas onde Juliet os esperava para tratá-los.

– Onde esta Kilaki? - Novamente Hoshino perguntou.

– Esta perguntando daquela ali? - Um dos homens que voltava apontou para a última na fila, não conseguia ver direito seu rosto, pois ainda usava seu chapéu com kunais, mas via sangue escorrendo.

– Kilaki! - O garoto chamou e correu até ela.

Ela sorriu para ele. Outro veio e se ofereceu para levar as duas pessoas que carregava até a Tenda Branca. Com os braços livres Kilaki se virou e deu um forte abraço em Hoshino.

– Você esta sangrando - Ele limpava o sangue do rosto dela.

– Não é meu - Ela riu - Onde esta Arthemis?

– Ele disse que não queria te ver - Disse friamente.

Hoshino sentiu um tapa na nuca

– Não minta para a Tenente, pirralho - Era Yeda - Aquele estupido daquele Nimaya esta limpando os estragos que você fez na tenda.

Kilaki olhou para Hoshino e depois para Yeda e novamente para Hoshino.

– O que andou fazendo, mocinho?

– Ei! Não fale como se fosse minha mãe!

– Eu sou sua mãe - Acariciou o cabelo da criança.

– Tenente, não entendo porque adotou esse elfo - Yeda dizia com desdém olhando para Hoshino.

Yeda era fiel a Kilaki, mas não gostava de pensar que seu filho adotivo mais velho era um Elfo, e seu melhor amigo um Nimaya, gostava muito mais do filho mais novo.

Kilaki foi até a Tenda Branca dos Feridos levar Hoshino para ajudar Juliet. Passou por algumas outras tendas. Vazias. Imaginava como a família daqueles que morreram nessa guerra iriam reagir ao receber a notícia da perda de seus entes queridos. Uma delas lhe chamou atenção, apesar de ter parado de chover, dentro daquela ainda chovia. Entrou para ver o que acontecia. “Com certeza, coisa do Arthemis e do Hoshino”. Havia uma nuvem negra no topo da tenda, estava tudo encharcado. Aproximou-se da cama. Inclinou-se para pegar um papel que havia sobre ela, estava amassado e uma ponta rasgado. Pegou e abriu. Queria sorrir mas não conseguiu: era a fotografia dela e de seu filho, mas o rosto do pai estava censurado.

– O que faz aqui? - Perguntou o homem que aparecera na entrada da tenda.

Kilaki virou-se e escondeu a foto.

– Está machucada - Ele aproximava de Kilaki - Está ficando fraca, é?

– Como pode dizer que a pessoa que te ensinou esta ficando fraca?

– Os aprendizes superam os mestres, nunca te disseram? - O homem puxou a espada e colocou contra o pescoço de Kilaki - Você deixou aberturas, Tenente.

Kilaki o olhava com um olhar frio, o mesmo que demonstrava aos seus inimigos.

– Não brinque, Ramsés - Repreendeu - De você não duvido nada.

Ramsés tirou a espada do pescoço de Kilaki. Ela se afastou e devolveu a fotografia

– Por que odeia seu pai?

– Pai? De quem esta falando? - Ele fingia não conhecê-lo.

– Artur Price, o homem que você queimou o rosto na fotografia.

Ele a ignorou, tentava em vã acender as velas já que a chuva em sua tenda parou. Estava muito escuro, mas a pouca iluminação que vinha de fora era o suficiente para Ramsés conseguir enxergar sua mãe e a fotografia.

– Você sempre estraga a graça das coisas - Ele rasgou a foto - Saia daqui.

– Você ainda não me respondeu.

– Saia!

Kilaki não se mexeu. Ficaria esperando por uma resposta.

– É uma ordem, Ramsés, responda - insistiu.

– Já mandei você sair mulher maldita! - Apertava o punho e amassava mais e mais a foto em sua mão toda vez que mandava Kilaki sair.

Relutante Kilaki se retirou, sentia o olhar de Ramsés atrás dela. Ele estava mais irritado do que o normal. Acabou perdendo a noção do tempo naquela tenda, já era muito tarde e a maioria já estava dormindo apenas Juliet estava de pé cuidando dos que chegaram.


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Notas finais do capítulo

Sobre Arthemis:
Arthemis é um Nimaya, e sempre esteve com Kilaki desde que ela entrou no Quinto Esquadrão. Divide a tenda do acampamento com Hoshino. Gosta de fazer experimentos em seu chalé e até mesmo no acampamento. Tem uma gato chamado Cheshire.

NOTAS:
Aru: Pequenos espíritos de Seltece (Mundo dos Mortos). Eles transmitem mensagens dos imperadores de Seltece aos Anjos, Demônios e Nimayas.
Tenda: Todas as tendas de cor são divididas. Azul - Tenda do Capitão/Tenente; Branca - Tenda dos feridos; Dourado - Tenda do Alquimista/Mensageiro; Prata - Tenda dos outros guerreiros.
Tayn: Planalto localizado entre Duskah & Iohanan.
Guerra de Gyokan: Guerra que esta acontecendo há dois anos. Tem esse nome por ter começado em Gyokan.
Nimaya: Criaturas que podem se comunicar com o Aru. Podem mudar sua aparência física por se recordam de todas as vidas que já viveram e alguns são designados como Tutor pelos príncipes de Seltece (Mundo dos Mortos)



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