O Destino do Rei escrita por AKAdragon
Notas iniciais do capítulo
A guerra finalmente acabou com um tratado de paz entre os Reinos. Ela já se passava a tanto tempo que muitos já se esqueceram dos motivos para ela ter começado... Foi uma grande perda para ambos os lados, principalmente quando se há crianças em campo...
Kilaki olhava o horizonte vermelho, da mesma cor de seus olhos, mas eles eram frios e o céu sobre sua cabeça transmitia um calor que ela sentia saudade. Fechou os olhos e a imagem daquele que sentia falta se materializou a sua frente. Apertou o punho cerrado e quebrou o graveto que segurava; o mesmo graveto que usou para escrever na terra no pé da lápide de madeira feita por ela “Que vossas almas cheguem a Vidoni”. O sol se punha na volta para o acampamento. Shizue devia estar esperando-a na frente da tenda azul com sua cara de mal-humorado como sempre. Mas ele não estava lá. Ninguém estava. Ela olhava a terra onde deviam estar as tendas de seus companheiros.
– Tenente – chamou a mulher que se aproximava, ela passava pelos arbustos. Vestia um traje semelhante ao de Kilaki. - A senhora demorou, o Capitão mandou que o esquadrão seguisse até Iohanan.
– Estava rezando àquelas almas, Juliet– Kilaki pegou o saco de couro que Juliet lhe entregou e a seguiu a caminho do Reino.
Havia muito chão pela frente. Kilaki só percebeu que ainda segurava o graveto depois de muito tempo o segurando quando finalmente o quebrou de tanta força apertando-o. Não era sua espada. Não podia apertar daquela forma. Gotas de sangue começaram a correr em direção à grama amassada, pisada pelos cavalos e rodas de carroças. O tom Berry que esvaia de sua palma começou a se tornar um dourado ouro ao tocar o chão. O mato que tocara começava a se tornar mais vividos e verdes. Sem sinal que alguém um dia pisara ali. Juliet nem se virou para ver a amiga, continuou a seguir seu caminho. Se distanciava cada vez mais de Kilaki que estava parada tentando esconder sua mão que uma vez teve um machucado e a magia que fez na planta. Jogou o graveto que segurava em algum lugar da mata, agora florido como se estivessem na primavera. Retomou o ritmo e voltou a estar a par da ruiva. Sentia falta de sua espada que deixou com capitão do esquadrão que pertencia. Excalibur era uma espada pesada e de difícil manuseio, poucas eram as pessoas que podiam possui-la, Shizue se encarregaria de guardar a espada, um homem muito confiável. Mais a frente, não muito longe, se ouviam gritos e fogo. Era o Quinto Esquadrão. O esquadrão de Kilaki e Juliet.
– Aquele idiota - Sussurrou Kilaki.
Juliet riu ao ouvir.
Ambas iam chegando mais e mais perto da gritaria de seus companheiros. Na entrada do acampamento avistaram uma figura de cabelos negros e compridos, usava vestes simples, um quimono azul e vermelho do sangue dos homens do exército real inimigo.
– Olá, capitão! - Cumprimentou Juliet ao chegar perto - Já começaram novamente?
Shizue quase deu um pulo e encarou as duas como se dissesse:
– De onde vocês vieram?
– Estava rezando para a alma das crianças.
Shizue revirou os olhos começou a andar na direção da festa. Juliet fez uma careta e tampou o nariz.
– Você podia pelo menos trocar de roupa! Esta fedendo.
– Sério? - Ele cheirou a manga do quimono e sorriu.
– Verdade! Nem reparei.
Ele começou a tirar o quimono no meio do caminho. Kilaki segurava o riso enquanto Juliet fazia uma cara de nojo e descrença.
– O que você pensa que está fazendo?!
– Estou me trocando. - Respondeu Shizue com indiferença.
Ele se virou de costas para elas, um sorriso brincava em seus lábios. Ele se virou e deu de cara com Juliet. Ela levantou a mão e deu um tapa no rosto dele. Kilaki explodiu de rir. Juliet começou a andar na frente seguida de Kilaki. Shizue sorriu e seguiu as duas de longe.
– Um viva às pessoas que salvaram nossas vidas!
Celebraram com a chegada das jovens. Todos do esquadrão estavam com grandes copos de cerveja em mãos, a mesa estava farta. Nem pareciam que acabaram de sair de uma batalha.
– Eles estão felizes - Disse a voz atrás delas.
– Boa noite Arthemis– Um sorriso se abriu no rosto de Kilaki ao ver o rapaz.
– Estava preocupando-me, irmãs, demoraram muito.
Kilaki ansiava reencontrar com Excalibur tanto quando ansiava rever seu marido, mas não poderia ver nenhum dos dois agora. Cometeu um deslize em machucar a mão, qualquer um que visse aquele galho e a grama suspeitaria de que um Torene passou por lá, e isso seria um perigo tanto pra ela quanto para eles. Olhava de um lado para outro discretamente tentando encontrar Shizue.
– Minha companhia é tão entediante assim, tenente? - Deu um sorriso forçado.
– Não é isso... Desculpe... É que...
– Sente-se, o capitão deve estar por aí - Sentou em um lugar vago entre duas pessoas e deu um tapinha no banco de madeira - Logo ele aparece.
Ela fez o que pediu. Sentou-se ao lado do albino e se serviu da carne de ovelha e o mel. A sua frente estava Juliet bebendo junto com outros dois homens caindo de bêbados. Arthemis puxou para si um prato de salada – até então fora o primeiro a tocar no prato de barro, e pegou um peixe de Shizue e agradeceu a comida.
– Só eu acho estranho a médica beber tanto?
Um calafrio subiu pela espinha e se espalhou pelo corpo, Kilaki reconhecia perfeitamente a voz daquele que chegara. Uma voz veludosa, mas ao mesmo tempo sombria.
– Ramsés, o que faz aqui? – Perguntou Arthemis
Sempre que Ramsés aparecia ela desejava não se sentir assim. Ele passava uma aura estranha a ela, diferente de quando era criança. Ele deveria ser a pessoa mais próxima a ela, então porque se sentia tão mal quando ele estava perto?
– Posso pegar a tenente emprestado, mensageiro?
Empurrou Arthemis para o lado, empurrando o bêbado de cara rosada sentado ao lado no chão, ele ficou lá jogado. Se sentou ao lado de Kilaki, ela comia a carne com mel ignorando-o.
– Você é má, tirou toda a graça da guerra. - Comias as uvas próximas.
Bebia do copo de Arthemis, fingindo que Ramsés não estava lá. Era noite de lua cheia e ao longe se ouvia uma coruja.
– Por que pediu um tratado de paz, logo agora que chegamos tão longe? - O cacho já estava vazio.
Ela se levantou. Ainda ignorado o moreno. Deixou o copo vazio onde pegara e o resto da carne caramelada no cabelo de Ramsés.
– O que esta fazendo, vadi-
– Tenha respeito ao seu superior, Ram– Seus olhos continuavam frios, mas agora mostrava um ar de desprezo - Odeio homens que gostam de guerra...
Ela o deixou. Foi em direção à sua tenda azul. Juliet estava bêbada, mais ainda de pé, Arthemis a ajudava voltar para cama. Não tinha muita coisa em sua tenda, deixava as coisas sempre no chalé do exército, mas uma coisa que não poderia faltar era sua fotografia. Ela e seu marido segurando um bebê. Passava os dedos sobre o vidro sobreposto na fotografia. Estavam tão felizes. A tenda estava vazia. Nada além de sua foto e sua armadura jogada no canto. Estava noite e escuro. Foi em direção ao ofurô do outro lado, a água estava fria. Começou a despir-se. Deixou de lado a bainha vazia junto com a armadura e entrou na água. Gemeu. Ficou lá de molho encarando sua mão que frieza um corte com o graveto.
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Sobre Kilaki Shimizu:
Kilaki é uma mulher de 35 anos que foi designada pelo a rei a se tornar parte de exército ainda jovem, mesmo que a rainha e outras pessoas eram contra isso, uma vez que ela era uma ladra. Ela se casou e teve uma criança. É a portadora da Excalibur e uma Torene.
Notas:
Vidoni: Um império em Seltece (Mundo dos Mortos), onde os anjos e heróis vivem após a morte.
Iohanan: Um dos Reinos de Masay (Mundo onde eles vivem).
Excalibur: Espada de prata. Pesada e de difícil manuseio, é única no mundo e foi feita por Elfos especialmente para Kilaki.
Quinto Esquadrão: O exército de Iohanan é dividido em cinco esquadrões na qual cada um deles possuem um capitão (Shizue) e um tenente (Kilaki). Quanto maior o numero do esquadrão mais forte ele é.
Torene: Clã de Caça. É um povo que há muito foi feita escrava de guerra por serem muito fortes e resistentes, os Torenes são caracterizados frios e assassinos, mas sua verdadeira natureza nunca foi revelada, grande parte desse povo desapareceu e são como uma lenda dos campos de batalha. Uma característica desse povo é seu sangue, ele se torna dourado em contato com animais e plantas tornando-os mais vividos.