O Enigma do Semideus escrita por Lyli


Capítulo 2
Capítulo Um - O Enigma


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Aquele encontro era como qualquer outro. Henry já tinha frequentado alguns e tudo parecia normal. Talvez sua intuição ao bilhete tivesse sido nada além de mais um daqueles seus momentos estranhos. Eram bem comuns, quando ele simplesmente sabia de uma coisa. Nunca tinha ouvido falar e nem visto nada sobre, mas ele sabia. Às vezes acertava, às vezes errava. Pelo visto dessa vez tinha errado.

– Atenção, semideuses! – Um dos organizadores do encontro chamou todos os presentes no Parque de Michigan. Henry se aproximou também, portando suas armas de plástico. – Vai começar a caça ao tesouro. Como não separamos chalés dessa vez, cada um receberá o seu próprio mapa. – Todos estranharam a falta de separação por chalés, mas receberam seus mapas com animação mesmo assim. Henry podia ver a vontade de vencer em cada um deles. – Boa sorte a todos e que os deuses estejam com vocês.

Todos se separaram imediatamente procurando o que precisavam encontrar. Alguns estavam atrás do velocino de ouro, outros de alguma estátua ou ao resgate de algum deus. Henry abriu seu mapa e se intrigou quando viu a mensagem.

ENCONTRE O ENIGMA DO SEMIDEUS

Enigma do Semideus? Que diabos é isso? Henry leu todos os livros publicados e nunca tinha ouvido falar sobre esse tal enigma. Seguiu seu mapa confuso e rodou todo o parque, passando pelo meio de montes de arbustos enormes e subindo em pedras. Depois de rodar por quase uma hora, subiu numa pedra grande no alto de uma colina do enorme parque e percebeu lá embaixo, todos tão perdidos quanto ele. Estranhou bastante e se perguntou qual era o problema da droga dos mapas. Continuou seguindo o seu e colocou o papel na altura do olhos enquanto andava, tentando entender o que as malditas instruções “esquerda, direita e meia esquerda” significavam, até que sentiu um baque e caiu no chão de costas.

Na sua frente, também caído, um rapaz de pele morena um pouco mais novo caíra também. Ambos se olhavam de maneira estranha, mas ao notarem os mapas, perceberam que tinham o mesmo problema.

O jovem garoto ajudou Henry a se levantar e aproveitou pra lhe perguntar sobre o mapa.

– O seu também veio com defeito? – Perguntou o garoto bronzeado, limpando a terra da roupa.

– Acho que sim. – Respondeu. Henry estendeu a mão num cumprimento. – Henry.

– Joe. – Joe apertou sua mão. O garoto tinha um brilho estranho nos olhos verdes, uma esperteza interessante. – E estes são Lillie e Julian. – Só então Henry notou que Joe não andava sozinho. Acenou pro menino loiro de expressão andrógena e pra garotinha negra baixinha que o acompanhava. – A gente se conheceu hoje e o mapa deles também veio zoado.

– É, acho que nos ferramos. – Henry riu, não achando nada demais.

Joe tirou do bolso um grande amontoado de mapas e Henry soube na hora quem o rapaz consideraria o seu pai olimpiano.

– Peguei isso aqui de uma galera distraída. – Falou, desinteressado. – Os mapas deles são estranhos também, mas não tanto quanto os nossos. A gente foi sacaneado mesmo.

– O problema todo nem é o mapa, é esse negócio aqui. – Henry pegou o papel para ler novamente. – Esse tal de “Enigma do Semideus”. O que é isso?

– Ninguém faz ideia. – O menino andrógeno que os acompanhava finalmente se meteu. Sua voz era suave e despreocupada. – Deve ser só uma palhaçada qualquer. Não bastava depois de toda aquela confusão desnecessária de ontem.

Quando Henry ia entrar no assunto com os novos colegas, foi interrompido por uma gritaria. Mais dois adolescentes se aproximavam.

– Vem cá, chatinha! Eu acho que é aqui!

– Eu tenho certeza absoluta que é aqui.

– Ah, é? Então por que fui eu que encontrei e não você?

– Cale essa boca, esquisitão!

– Vem calar!

A dupla de histéricos entrou no campo de visão de Henry, Joe, Julian e a pequena e quieta Lillie. Tratavam-se de um garoto caucasiano com piercing no canto da boca e cabelo lambido em gel que usava roupas pretas e uma menina de olhos grandes azuis e pele super pálida com blusa do Acampamento Meio-Sangue e uma bandana camuflada. Parecia meio casca grossa com seu cabelo preto curtinho e uma tatuagem de bandeira de pirata no ombro esquerdo. Vinham gritando um com o outro e pareciam ter feito uma aliança pouco forte.

– Quem são vocês? – Joe perguntou, achando graça do jeito deles.

– O rei e a rainha da França, o que acha? – A menina respondeu, mal educada.

– Sou Andrew e essa chata com quem fiz aliança e já me arrependi é a Callie, mais conhecida com um pé no meu saco!

Todos riram da reação de Callie que foi imediatamente acertar Andrew com socos que ele tentava desviar.

– O mapa de vocês também era complicado? – Henry perguntou, tentando puxar assunto.

– Era sim, parece que alguém pisou feio na bola fazendo essas porcarias! – Callie respondeu, ríspida.

– Vocês entendem esse negócio de “Enigma do Semideus”?

Os seis novos colegas se entreolharam à pergunta de Andrew. A verdade é que ninguém nunca tinha ouvido falar daquilo. Fazendo que não com a cabeça, Henry perguntou rindo:

– Acho que estamos todos perdidos, né?

– Errado! – Ouviram a voz feminina e procuraram alguém ao seu lado. Henry foi o único que procurou em cima e sorriu ao ver a garota no alto de uma arvore. – Acabaram de se encontrar. – Ao mesmo tempo em que Callie revirou os olhos, ela desceu da arvore com grande maestria. Quando ela chegou no chão, todos a reconheceram. Era a mesma menina que distribuía convites no dia do lançamento fracassado do último livro de Percy Jackson. – Meu nome é Pam e estou aqui pra guiá-los na direção do Enigma do Semideus.

Silêncio os rondou e o grupo pareceu perplexo com o estranho aparecimento da menina assim do nada. Callie foi a primeira a se manifestar.

– Que porcaria é essa de enigma? Não me lembro de ter lido nada sobre isso em nenhum livro de PJ!

Antes de responder aos gritos da garota, Pam a observou. Arregalou os olhos por um segundo, em surpresa. Depois tomou de volta o rumo da situação e voltou a falar.

– Ninguém leu porque essa é uma informação sigilosa. A guardei só pra quem fosse capaz de desvendar esse mapa e vocês foram os únicos, parabéns! – A garota sorriu, mas seu entusiasmo foi interrompido por Joe.

– A gente não desvendou nada, chegamos aqui por acaso.

– Todos os seis? – Pam questionou, com um olhar atento. – Não acham que foi seu... instinto e reflexos naturais de um semideus?

Todos riram e a única que pareceu se divertir com o que Pam dizia era Lillie.

– Isso é besteira. – Andrew começou. – Gostamos de Percy Jackson e tal, mas também não somos bestas de acreditar em tudo isso de verdade!

– Pois deviam. – Ela respondeu séria. – Deviam acreditar nisso tudo porque nada é mentira e eu posso provar. Venham comigo e vamos desvendar o Enigma do Semideus. Vocês vão ver.

A maioria estava começando a achar que a garota era louca. Lillie, em sua inocência de treze anos, falou pela primeira vez.

– Como é esse Enigma? É tudo de verdade mesmo?

– Sim, é tudo verdade. Como vocês viram no seu convite pra esse encontro. – O grupo trocou olhares. – É por causa daquela mensagem que estão aqui, não é?

– É, mas qualquer um poderia ter desvendado isso, não prova nada. – Henry se meteu. – O que você diz não tem lógica.

– E se eu dissesse que aquela mensagem não apareceria grifada pra qualquer um? Se seus pais e amigos lessem, não conseguiriam ver a mensagem, não saberiam que é tudo verdade como vocês agora sabem! – Alguns mantinham as testas franzidas e outros os braços cruzados, receosos com o discurso fantasioso de Pam. – Só vocês podem. Só nós. Semideuses de verdade.

– Isso é palhaçada! – Callie disparou, já irritada. – Nem o próprio Riordan liga pra gente e você com essa besteira de semideuses de verdade, fala sério!

– Rick Riordan não nos abandonou! – Pam respondeu, perdendo a paciência. – Ele não pode se comunicar conosco, foi sequestrado!

Todos arregalaram os olhos pela certeza com que Pam falou.

– Por quem? – Julian se manifestou. Ela suspirou antes de dizer.

– Pelos deuses. – Todos os presentes zombaram dela, mas Pam continuou sem hesitar. – Ele escreveu tudo aquilo nos livros por um motivo, pessoal. Boa parte daquilo tudo é verdadeiro. Há muitas histórias reais dentro do universo de Percy Jackson. E há algo muito mais importante: O Enigma do Semideus. – O povo se calou, pois queriam saber o que isso significava. – Está espalhado por todos os livros da série. É ele que nos faz gostar dos livros. Segundo o que descobri, apenas semideuses de verdade se interessam por Percy Jackson. Assim, todos nós poderemos desvendar o enigma. – Silêncio os rondou e o grupo se pegou começando a pensar sobre tudo aquilo. – Mas precisamos do último livro, precisamos do Sangue do Olimpo pra desvendar o enigma de verdade. Por isso os deuses impediram o lançamento e sequestraram Rick! – Ela falava preocupada agora, com medo e urgência. – Precisamos encontrá-lo e mostrar a verdade pro mundo!

Depois de suspirar, Henry colocou uma mão no ombro da garota e olhou nos seus olhos.

– Então você está nos dizendo que todo esse negócio de mitologia, Percy Jackson e semideuses são verdade? – A garota assentiu. – Desculpa, mas pra mim não dá.

Henry tomou seu caminho, saindo da área em que o grupo de encontrava. Para a tristeza de Pam, logo todos foram atrás. A garota chutou uma pedra no chão, decepcionada. Realmente achava que aquela era a sua oportunidade de fazer o bem, mas agora tinha perdido sua chance.

Ouviu um grito ao longe e imediatamente ficou alerta. Era um grito feminino de criança. Correu até onde ouviu o grito e viu Lillie parada na frente de um arbusto, gritando e chorando. Atrás dela, um pouco assustado com a situação, Julian não entendia.

– Lillie, o que houve? – Ele perguntava, pois não via motivos para o grito da garota. – O que está acontecendo, Lillie, por que está gritando?

Pam sabia que algo estava errado. Encarou o arbusto e teve que apertar os olhos pra ver através da névoa. Não demorou muito até que conseguiu. E um grito se espremeu na sua garganta quando viu. Colocou-se em posição de ataque, mas a verdade era que não fazia ideia de como vencer aquilo.

Logo, todo o grupo que tinha se dispersado já estava de volta no local, traídos pela curiosidade. Sem entender, eles observavam Lillie gritando e chorando e Pam tentando fazer alguma coisa em posição de ataque.

– Que porcaria é essa? Essa pirralha tá gritando por quê? – Callie colocou as mãos na cintura, impaciente.

– É um monstro, tem um monstro a atacando!

Todos reviraram os olhos.

– Não acreditamos nisso, darling. – Julian argumentou, levantando as sobrancelhas loiras.

– Esse é o problema! – Pam gritou para o grupo, em desespero. – Vocês estão na névoa e não podem ver e nem sentir. Ela já acreditou e agora pode ser ferida por essa coisa! – Seu tom desesperado fez com que todos começassem a perceber que algo errado estava mesmo acontecendo. – Acreditem! Ajudem-me, por favor! Não sei o que é essa coisa!

Como num estalo, Julian sentiu vontade de olhar novamente para o arbusto. E quando olhou, arregalou os olhos em grande medo.

– Ai, meu Deus! – Se assustou e chegou mais perto de Pam, com medo.

– Deuses. – Ela respondeu. – Eles não gostam quando você se refere a um só.

Confuso, o grupo apenas assistia os três loucos com medo de um arbusto. Alguns evitavam olhar pro local com medo de verem algo, outros olhavam diretamente pro arbusto. Henry era um desses que tentava ver e não conseguia.

Pam desvencilhou Julian de si e tentou avançar na direção do arbusto que ela já sabia que não se tratava mais de um arbusto. Lillie estava muito paralisada pra agir, então ela tentou puxar a menina para longe da coisa. Quando pegou em seu braço, foi atacada e todos apenas viram ela puxando sua mão com força e gritando. Ninguém entendeu nada, mas quando Pam lhes mostrou, eles viram o ferimento. Uma parte de sua mão tinha se queimado e havia uma mancha vermelha nela, diferente de uma queimadura normal. Quando viram, algo pareceu mudar dentro de si. Henry se virou novamente pro arbusto e tomou um grande susto quando finalmente viu.

O grande amontoado de folhas havia se tornado uma fogueira gigante. Labaredas escapavam pelos lados, ameaçando qualquer que chegasse perto. No pé do fogaréu, a terra havia sumido e parecia mesmo que aquele fogo vinha direto do inferno. No momento em que começou a acreditar, Henry sentiu um calor extremo por estar perto daquela coisa e parecia que tudo dentro dele ia torrar a qualquer instante.

– Caramba! – Ele gritou, assustado. – Que coisa é essa? – Perguntou pra Pam.

– Não faço ideia, mas desconfio que foi um presentinho de um tio nosso.

Henry concordou com a cabeça, imaginando quem deveria ter-lhes mandado a graça do fogo do inferno.

O grupo finalmente viu e todos soltaram exclamações de surpresa e medo, mas nenhum soube o que fazer. Novamente Pam tentou se aproximar da coisa pra salvar Lillie e uma enorme labareda atingiu sua mão de novo, subindo a marca vermelha pelo braço dela. Pam caiu no chão em dores enquanto o fogo crescia a uma altura incrível, quase do tamanho de uma casa. Abrindo uma fenda negra e assustadora que se parecia com uma boca, a criatura de fogo se manifestou com uma voz gutural e sombria.

– FIQUEM LONGE DO ENIGMA!

Depois do enorme grito o fogo aumentou ainda mais e explodiu, expandindo-se pra todo lugar. Todos se jogaram no chão com medo de morrerem queimados e fecharam os olhos. Quando os abriram novamente, tudo estava normal como se uma criatura de fogo gigante não tivesse acabado de lhes ameaçar.

De olhos arregalados, Joe se dirigiu a Pam ainda no chão.

– Acho que é impossível não acreditar em você depois dessa.

Todos concordaram com um aceno da cabeça. A garota se levantou e foi ajudando seus companheiros a se recomporem. Lillie foi abraçada por Julian, que afagava seu choro.

– Com isso, eu tenho mais certeza ainda do que quero fazer.

– Está louca? – Julian questionou. – Eles vão acabar com a gente!

– Vocês já acreditam, não dá pra voltar atrás. – Ela respondeu com seriedade. – A partir de hoje verão todos os monstros e eles verão vocês. Vão acabar com a gente de qualquer jeito. Não querem que seja por uma causa nobre? – Todos ficaram em silêncio, mas concordaram internamente. – Rick precisa de nós. Vamos, pessoal. Por ele. E por Percy Jackson.

Depois de mais um minuto sem que ninguém falasse nada, Callie acabou dizendo.

– Acho que estou dentro. Quer dizer, pode até ser divertido isso tudo.

– Eu também! – Confirmou Andrew. – Quero fazer parte do grupo de heróis que salvou Rick Riordan.

– É, ok. De repente vai ser legal. – Joe se animou. – Não é como se eu tivesse alguma coisa a perder aqui. Vocês vem? – Perguntou pra Julian e Lillie que negaram furtivamente com a cabeça.

– E você? – Pam apontou pra Henry. – Você vem conosco?

– Desculpe, mas... Não. Não dá mesmo.

Ela pareceu se decepcionar um pouco com a negação de Henry, mas logo voltou à sua pose de líder.

– Pois bem. Os heróis que toparam me ajudar são meu novo grupo. Vamos juntos encontrar Rick e garantir que o Enigma do Semideus seja revelado. – Todos comemoraram com um grito que fez Henry revirar os olhos. – Nos encontramos aqui às quatro da manhã. – Palavras de protesto foram ouvidas e ela riu. – Quem quiser mesmo fazer parte dessa aventura, vai estar aqui.

Pam deixou um último olhar na direção de Henry, antes de escalar uma arvore e sumir para o alto. A garota deixou o grupo sozinho e logo eles se dispersaram sem nenhuma palavra, mas com uma certeza.


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Notas finais do capítulo

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