O Enigma do Semideus escrita por Lyli


Capítulo 16
Capítulo Quinze – A Luta dos Sete


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Durante o voo, o eco da profecia não saiu de suas cabeças. A luta dos sete acabará em desastre. As palavras do Oráculo deixaram bem claro que tudo daria errado, mas mesmo assim o instinto heroico do time permaneceu em sua busca. Agora voavam na direção do Monte Olimpo, aproveitando o vento que batia em seu rosto, pois podia ser a última vez que sentiriam algo.

– Ok, alguém me explique essa história de profecia. – Andrew disse enquanto guiava os corcéis infernais.

– Percy foi no Oráculo e trouxe ela pra nós. – Joe disse. – “Sete bravos hão de lutar; a fim de dar ao homem das palavras liberdade; e com a presença do filho do mar

...” – O garoto não conseguiu terminar de falar.

“A luta dos sete acabará em desastre”. – Pam continuou. – Deixa bem claro que estamos ferrados.

– A luta dos sete... – Andrew divagou. – Mas sem Callie e eu não são sete. Talvez o futuro já tenha mudado.

– Mas temos Percy e Perri. – Henry respondeu. – Eu tentei pensar em algo, mas não consegui. Parece que vamos nos dar mal mesmo.

– Se vai dar tudo errado, por que ainda estamos indo? – Julian soltou. – Por que não damos meia volta e vivemos nossas vidas, esquecendo da existência desse tal Enigma?

Silêncio.

– Não sei vocês, mas eu sempre quis morrer por um propósito. – Pam falou tranquila se recostando e colocando as mãos atrás da cabeça. Ela parecia já ter se conformado em abraçar a morte. – Antes pelas mãos dos deuses tentando mudar o mundo do que de um ataque cardíaco no meu quarto do asilo. Farei parte do grupo que quase conseguiu. Se vocês não quiserem, estão livres para ir.

O grupo ficou em silêncio por mais um momento. Não teriam a mesma coragem de dizer em voz alta, mas também já tinham aceitado seu destino. Se já tinham chegado até ali, que continuassem em frente. Até a morte e depois.

– Dividiremos uma casa nos Campos Elísios. – Lillie disse em um sorriso que cativou a todos.

– Vocês tentaram desvendar o Enigma do Semideus. Acordem. – Andrew disse em tom cômico. – Vão ter sorte se meu pai jogá-los num barraco nos Campos de Asfódelos.

O grupo riu da piada que bem poderia ser verdade. Imaginaram a expressão de satisfação de Hades ao saber que morreram antes de conseguir seu propósito. Pam deu de ombros. Pelo menos teria a companhia de Doug.

Galopando no seu cavalo voador, Percy tinha os olhos fixos no caminho na sua frente, mas os ouvidos concentrados na carruagem apenas alguns metros atrás. O rapaz sentiu seu coração apertado ao notar que eles já tinham desistido. Tinha Rick nas suas costas que parecia bem mais tranquilo. Talvez o escritor tivesse algo em sua mente que ninguém mais sabia.

– Ali! Chegamos! – Andrew avisou.

Levantaram os pescoços ao verem o Edifício Empire State. Foi inevitável perder a respiração por um momento ao perceberem que sua jornada acabava ali.

Andrew estacionou a carruagem no alto do edifício e em um gesto de suas mãos o carro sumiu. Logo Blackjack desceu também e Percy começou a dar as ordens.

– Vamos subir. O único jeito será falarmos com eles de peito aberto. – Ele se dirigiu até a porta de um elevador sempre com uma mão sobre a bolsa que Percy sempre carregava consigo. Todos esperaram o momento em que ele puxaria do bolso um cartão-chave, mas isso nunca chegou a acontecer.

Um raio cortou seu caminho e o jogou para trás com força. Ele quase caiu no chão. Quando se equilibrou, olhou pro alto, de onde o raio veio e todos os que seguiram seu olhar se assustaram ao perceber que o raio não veio do céu.

– Onde pensa que vai, Percy Jackson? – A voz feminina e fina ecoou nos ouvidos de todos. A menina de pele cor de chocolate e longos cabelos vermelhos lisos estava de pé sobre um dos para-raios do prédio. Tinha um dos lados da cabeça raspado e uma espada na mão que reluzia como se fosse envolvida em eletricidade. O cabelo voava e o sorriso era triunfante. – Sua entrada no Monte Olimpo foi proibida pelos deuses.

Percy encarou a garota com determinação e levou uma das mãos a um bolso da calça.

– Quem é você? – Perguntou à menina tão segura de si.

Ela pulou do para raio e quando caiu no chão com segurança em seus joelhos todos puderam ouvir uma trovejada.

– Hellene. – Ela respondeu já estando cara a cara com Percy. O histórico do herói não parecia intimidá-la. – Filha de Zeus.

Queixos caíram ao ouvir a resposta. Então era aí que a jornada terminava. Enfrentando uma filha de Zeus.

– Deixe-nos passar, Hellene. Esta luta não tem nada a ver com você.

A menina riu alto do apelo de Percy.

– Fui enviada por meu pai para parar este grupo. – Dirigiu o olhar aos semideuses na retaguarda de Percy. – E imagino que não será difícil. – Colocou a arma em punho e mais um trovão foi ouvido. – Em guarda, filho de Poseidon.

Percy retirou a mão do bolso e Contracorrente foi saindo dele como mágica, porque provavelmente o rapaz havia destampado a caneta dentro do bolso ainda.

Hellene avançou em Percy sem hesitar. A garota o enfrentava com garra e experiência, como uma guerreira profissional. Até mesmo os olhos de Perri pareciam impressionados. A cada golpe desferido por ela que atacava ferozmente e não deixava que Percy atacasse também, um raio podia ser visto cortando o céu. Em dado momento um dos raios desceu até onde estavam e atingiu Contracorrente, jogando Percy longe. A menina riu alto e correu na direção dos semideuses.

Pam foi a primeira a tentar enfrentá-la, com sua faca em punho. Infelizmente sua falta de experiência a traiu e Hellene passou por ela como um raio. Joe, Andrew e Henry eram uma parede que foi derrubada facilmente por ela. Logo atrás, Perri protegia Lillie e Julian, assustados demais para tomar atitude na luta. Um raio atingiu os pés da caçadora que pulou pra longe com as palmas dos pés queimando. Hellene dirigiu um olhar superior a Lillie e Julian e ergueu uma sobrancelha. Uma onda de eletricidade passou pelo chão ao redor deles, prendendo seus pés no chão. A menina então olhou pro alto e viu Rick sobre as costas de Blackjack.

– Agora é sua vez, fofoqueiro!

– Não enquanto eu estiver de pé! – Percy parou logo atrás de Hellene, chamando sua atenção. Pam, Henry, Joe, Andrew e Perri também. Estavam acabados, porém não desistiriam.

– Desistam, fracotes. A vitória será minha!

A frase da garota ecoou em suas mentes. Sabiam que era verdade, mas continuariam até o fim mesmo assim.

A negra avançou novamente na luta, enfrentando Percy de igual pra igual. Enquanto os dois filhos dos grandes desferiam golpes de espada um contra o outro, os semideuses menos experientes e poderosos tentavam atrapalhar a garota de todo jeito. Jogavam-se na frente dela até mesmo se tornando vulneráveis aos golpes de espada e muitas vezes eram jogados no chão sem cerimônia. Os raios e trovões deixavam a cena mais assustadora. Hellene levantou uma mão ao céu e um grande facho de luz desceu por seu braço até seus pés, espalhando seu poder pelo chão. A onda de eletricidade correu os corpos de todos os presentes e o grupo caiu no chão no mesmo instante.

Com a testa sangrando pela batida brusca no concreto, Pam se sentiu ainda mais impotente. De fato, ia morrer com um propósito, mas tinha imaginado o momento mais glorioso do que esse. Ela ia morrer sem nem ao menos conhecer seu pai. Sem ter a chance de lhe criticar por todos os anos de abandono. Sem ser reclamada. As palavras da profecia voltaram à sua mente como se zombassem dela. A luta dos sete acabará em desastre. Era tão injusto que tivesse chegado até lá para ser derrotada. Olhou pra seus amigos também caídos tentando se recuperar da briga e também viu Percy guerreando com Hellene. Lutando uma luta que deveria ser sua e de seus amigos. A luta era deles, daqueles sete. Pam, Henry, Joe, Andrew, Julian, Lillie e Perri. Mas o filho do mar estava lá com a melhor das intenções para ajudá-los.

O filho do mar. Se metendo na luta dos sete que acabaria em desastre. Será que...?

Pam se levantou num súbito e correu até onde Hellene acabara de empurrar Percy longe. Ela parou na frente do herói dando as costas à filha de Zeus e se dirigiu a ele.

– Vá embora. – Disse com a voz ansiosa. Percy franziu a testa enquanto tentava se recuperar do último golpe. – Saia daqui, pare de lutar e nos deixe.

– Enlouqueceu de vez? Sem mim estão mortos.

– Não. – Ela sorriu. – Estamos mortos com você.

As ideias percorriam a mente de Pam em ebulição. Cada palavra da profecia parecia fazer mais sentido do que nunca. E com a presença do filho do mar; a luta dos sete acabará em desastre. Mas sem a presença do filho do mar, talvez tivessem chance.

– Não tenho tempo pra pirraça de uma orgulhosa filha de Ares. – Percy a ignorou e lhe empurrou para sair da sua frente. – Preciso salvá-los.

– Você precisa se tocar que ninguém pediu pela sua salvação! – Pam o puxou pela camisa e o jogou numa das grades que demarcava o limite do telhado do Empire State. Percy arregalou os olhos para a menina que perdia a paciência facilmente. – Agora senta essa bunda marítima no seu quadrúpede voador e mete o pé daqui enquanto a gente te ensina como se dribla uma porcaria de uma profecia!

Depois do último grito de Pam, Percy arregalou os olhos. Logo depois os revirou. É claro que ele vai reclamá-la depois do que ela disse.

Sobre a cabeça de Pam, o símbolo do deus da guerra reluzia em vermelho e girava. A menina sentiu os olhos cheios d’água e também uma onda de confiança a tomando.

– Percy! – Rick parou ao lado deles sobre Blackjack. Fez um sinal com a cabeça que o convenceu e o rapaz montou no cavalo sem dizer nada. Saíram de perto do prédio sussurrando entre si para observar de longe a mágica acontecer.

– Podemos fazer isso, pessoal! – Ela disse ao grupo encorajando-os. Ninguém entendeu quando Percy se retirou, mas de certo entenderam o símbolo sobre a cabeça de Pam. – Essa luta é nossa. Vamos vencê-la!

A menina avançou sobre Hellene de surpresa a atacando com sua faca. Os golpes eram facilmente desviados, mas a filha de Zeus parecia intrigada. Pam estava motivada e decidida, diferente de momentos antes. Agora ela parecia acreditar numa possível vitória.

Hellene foi avançando ferozmente. Não ia ser derrotada por uma pirralha de Ares. Conseguiu atingir a menina em um momento em que usou o cotovelo para acertar seu queixo. Pam cambaleou para trás e era a vez de Hellene acabar com aquilo. Levantou o braço para eliminá-la com um golpe de espada, mas sentiu uma pessoa segurando seu braço. Julian a puxou com toda a sua força. Ela se desvencilhou dele facilmente, mas logo outro Julian a cercou. E outro. E mais dez. Os garotos exatamente iguais a confundiam dizendo palavras desconexas sobre derrota e rendição. As palavras deles ecoavam em sua mente e logo ela já não acreditava mais tanto assim em seu poder e na sua capacidade de vitória. Foi quando ela estava completamente vulnerável que Perri a atacou.

A caçadora entrou na barreira de Julians e começou uma luta corpo a corpo com Hellene. Confusa por tudo que tinha ouvido dos clones do filho de Afrodite, ela foi mal na luta e sequer conseguiu empunhar sua espada direito. Foi jogada no chão e bateu a cabeça depois de tropeçar nos próprios pés. Com medo da derrota, pegou sua espada e a levantou, mas sentiu o objeto encantado sair de sua mão. Logo acima de sua cabeça, Joe voava com os tênis alados de Hermes nos pés e a espada de Hellene que fora presente de Zeus nas mãos. O rapaz tacou o objeto longe e a espada entrou num vórtice negro que Andrew abriu com as mãos, sumindo dentro do buraco. Provavelmente ia cair naquela pilha de objetos amaldiçoados do Mundo Inferior. Sem saber o que fazer, Hellene olhava de um lado para o outro enquanto os Julians sumiam e voltavam a ser um só. Foi cercada por Perri, Joe, Julian, Lillie, Pam e Andrew. O último a aparecer foi Henry, que a olhou friamente.

– Aceite a derrota e te deixamos ir. Insista e não teremos outra alternativa senão...

Ela pareceu perplexa.

– Me deixarão ir? – Perguntou incrédula. – Não vão me matar?

– Não é assim que somos. – Pam respondeu. – Não é porque somos filhos dos deuses que precisamos adotar a política deles.

Hellene se sentiu insegura diante da situação nova. Tudo em sua vida havia sido extremo. Primeiro pensou ser uma enrascada, mas pôde ver nos olhos dos seus parentes que falavam sinceramente.

– Escolha. – Henry continuou. Ela viu no rosto dele a altivez de Atena e isso a intimidou.

– Vocês têm um propósito e lutaram por ele juntos... Foram bravos até mesmo quando achavam que era seu fim. Mas, acima de tudo, vocês têm corações de verdadeiros heróis. Merecem isso. – Hellene se levantou cambaleante. – Eu vou. Se alguém ficar no seu caminho, não serei eu. Meu pai há de entender. – Ela abaixou a cabeça a eles em sinal de respeito. – Boa sorte. Espero que os deuses os escutem.

Hellene se foi mancando no silêncio que se fez. A tempestade de raios e trovões cessou enquanto ela descia as escadas do enorme prédio. O grupo, feliz com a vitória em conjunto, riu e se abraçou. Era muito bom saber que tinham conseguido não acabar em desastre.

As asas de Blackjack bateram ao seu lado e o cavalo de Percy parou no chão. Rick e Percy se dirigiram ao grupo.

– Eu sabia que encontrariam um jeito. – Disse Rick. – São extraordinários, como aqueles sobre quem escrevi. Espero ter a chance de contar suas aventuras para o mundo um dia.

– Se tudo der certo hoje, o mundo saberá de tudo em breve. – Percy falou em um tom sério. – Precisamos subir, Rick. E tem que ser agora.

– Podemos ir também? – Pam perguntou com esperança. Sabia que todos os deuses estavam lá em cima e tinha a esperança de olhar na cara de Ares e lhe perguntar porque demorou tanto.

– Acho que é perigoso demais... – Percy respondeu, matando as esperanças de todos que queriam conhecer seus pais. – Mas eles com certeza viram o que fizeram agora e devem ter visto toda a jornada. – Colocou uma mão no ombro de Pam. – Até mesmo aquele cabeça dura deve estar orgulhoso. Parabéns. Por ter sido reclamada e pela brava luta.

A menina sorriu e abaixou a cabeça tímida com o elogio. Percy retirou dos ombros o peso da bolsa que sempre levava consigo. Entregou o pacote nas mãos de Henry que – como todo mundo – sempre esteve curioso pra saber o que tinha naquela bolsa.

– Use com a sabedoria da sua família. – Disse olhando nos olhos do filho de Atena. Percy sorriu pra Henry e o deixou confuso quando deu as costas para o grupo. Saiu andando na direção do elevador enquanto falava. – Vão embora em Blackjack ou na carruagem de Andrew. Podem ir para as suas casas ou qualquer lugar que desejarem. Sua parte da missão acabou e foi bem sucedida. – Parou na frente do elevador junto de Rick e retirou um cartão-chave do bolso. O utilizou para abrir a porta do elevador e entrou. Deu as costas para a parede de metal e olhou para os semideuses uma última vez. – Muito obrigado. Agora é minha vez de fazer minha parte para que o Enigma do Semideus conheça o mundo.

A porta do elevador se fechou levando Percy e Rick até o Monte Olimpo. Quando o grupo se viu sozinho sobre o Empire State, foi como se suas vidas tivessem acabado. Não tinham mais propósito para seguir. Alguns talvez viajassem o mundo a procura de outros semideuses, outros procurariam explorar melhor seus poderes ou talvez apenas voltassem para o lugar de onde vieram.

Henry, que com certeza voltaria para casa e para seus pais, abriu a bolsa de Percy morrendo de curiosidade. Quando retirou o objeto, arregalou os olhos pra Pam, que o observava espantada.

O livro O Sangue o Olimpo, a peça chave para desvendar o Enigma, fez seus corpos congelarem.


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Notas finais do capítulo

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