– Foi uma aventura e tanto. – Pam falou, meio sem jeito. Ela e Henry estavam se despedindo nos fundos da casa dele naquele início de manhã. No quintal, a carruagem de Andrew abrigava o próprio e Joe, que esperavam pela menina. Julian e Lillie partiram mais cedo seguindo Perri, decididos a correr o mundo conhecendo mais deuses e semideuses para entender tudo sobre sua origem. Joe e Andrew convidaram a Pam e Henry para uma jornada só deles e a garota aceitou, mas o menino não. – Uma pena que acabou.

– É. Queria que a gente tivesse mais chances de... – O garoto que mantinha as mãos nos bolsos ficou em silêncio por um momento, os dois sem jeito. – Mais aventuras.

– Você pode me contatar sempre que quiser. As portas de nossa aventura sempre estarão abertas pra você.

– Eu sei, mas... – Henry hesitou. Queria ir, mas queria mais ficar. – Eu tenho meus pais, não posso abandoná-los. Eles me deram uma vida boa e estruturada, não vou ser ingrato. E amo aqueles dois. – Pam sorriu tímida. Tinha esperanças de conhecer o pai um dia e talvez de ter um relacionamento minimamente decente com ele. – Você sabe que quando quiser voltar pode me procurar, né? Eu sempre estarei aqui em Michigan.

– Sim, eu sei. Mas não posso dizer com certeza se botarei meus pés nesta terra de novo. É um mundo muito grande com muitas coisas para se ver.

Henry assentiu.

– Vou sentir falta dos seus acessos de raiva repentinos. – Ele sorriu pra ela, se aproximando um pouco.

– E eu vou sentir falta de você sempre calmo e com as mãos nos bolsos. – Ambos riram e ela deixou que ele se aproximasse.

O silêncio que os envolveu não foi constrangedor. Foi calmo e delicioso. Henry encostou a testa na dela, fazendo um pouco de esforço, pois o garoto era enorme. Fecharam os olhos por instinto e ele deixou que seus lábios encostassem-se aos dela. Beijaram-se pela primeira vez como se fosse a última, porque provavelmente era.

O beijo foi interrompido por gritos entusiasmados de Joe e Andrew que faziam graça do momento. Henry e Pam riram e o menino fez sinal pra que calassem a boca. A menina lhe deu as costas depois de um olhar amistoso de despedida e Henry acenou um adeus para Andrew e Joe. Pam entrou na carruagem e o trio de heróis partiu.

Henry escalou a parede de sua casa e entrou pela janela de seu quarto. Seu boneco substituto feito por Apolo se desfez no ar no exato segundo em que se olharam. O rapaz caiu exausto na cama com a bolsa de Percy sobre seu peito. Ele pensou em tudo que tinha passado e em como sua vida mudara. Não fazia ideia do que tinha acontecido no Monte Olimpo, mas estava aliviado porque ninguém tentou matá-lo ainda.

O garoto abriu a bolsa e retirou o último livro da história de Percy Jackson que só ele tinha. Recostou-se no travesseiro e abriu na página um. Foi quando o Enigma do Semideus reluziu e saltou sobre seus olhos.