O Enigma do Semideus escrita por Lyli


Capítulo 14
Capítulo Treze – O Escolhido


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/538645/chapter/14

Pam, Henry, Julian, Joe e Lillie estavam sentados ao redor de uma fogueira que fizeram naquela fria noite. Depois que Pam e Lillie cuidaram de Perri no equipado chalé de Ártemis, os semideuses procuraram conhecer o lugar. Visitaram os locais descritos nos livros e seus queixos caíam ao perceber como eles eram iguais à sua imaginação. Porém, havia algo sobre o Acampamento Meio-Sangue que os intrigou e não permitiu que dormissem, por isso estavam calados ao redor de uma fogueira altas horas da noite depois de dias sem dormir. O local todo parecia... morto. Como se a escuridão tivesse caído sobre ele e decidido não se levantar mais. As árvores não pareciam ter vida, o chão não demonstrava interesse em voltar a florescer grama e o vento que batia não lhes trazia conforto. O local abandonado parecia uma ruína grega. Até mesmo dentro de seus chalés o silêncio era absurdo. Cada um ficou um tempo sozinho dentro do local destinado à família e foi inevitável pensar em todos os semideuses que já morreram em suas missões e até mesmo na missão em que eles estavam naquele momento. Pensaram também em todos os seus irmãos já falecidos e em como mesmo tendo pais agora, ainda estavam sozinhos.

– Só eu tive arrepios ao entrar no chalé? – Joe quebrou o silêncio enquanto levava os braços pra perto da fogueira pra se aquecer. – Sempre imaginei aquele local cheio de gente, mas ele estava tão...

– Morto. – Disse Pam. – Como todos os que já viveram aqui.

– E como nós, muito em breve. – Julian falou, levando um tapa de Lillie no braço logo depois. – É a verdade. Se eles que sempre treinaram e eram incrivelmente fortes se foram, como vamos ganhar? – O grupo permaneceu em silêncio. – Pelo menos cada um de nós ganhou uma coisa importante. Não vamos morrer como indigentes. – Ele sorriu. – Pelo menos todo mundo aqui já tem um pai. – Pensou por um segundo. – Ou mãe!

A maioria sorriu e comemorou, mas Henry entortou a cara pra Julian. E logo depois disso o menino percebeu que Pam não sorria. Ela não tinha um pai ainda. Pelo menos não um que se importasse com ela o suficiente para reclamá-la.

Só depois de um longo momento de silêncio constrangedor é que o grupo notou novas presenças. Os dois homens tinham se trancado na casa grande durante o dia e ninguém os viu até aquele momento. Percy vinha na frente segurando uma bandeja com canecas com um líquido quente. Logo atrás dele, com uma manta sobre os ombros, o homem que tirou o fôlego de todos os presentes. Era diferente de conhecer seu herói. Aquele homem foi o responsável pela maioria – se não por todos – dos momentos de felicidade daquele time de jovens miseráveis abandonados pelos verdadeiros pais. Rick Riordan sorriu para eles.

O homem percebeu todo mundo se mexendo no seu assento. Pam, Henry e Julian encaravam o chão parecendo muito sem jeito. Joe e Lillie não conseguiram conter a emoção e observaram o homem boquiabertos e impressionados. Quando Rick se sentou ele sentiu o peso de tudo o que já criou caindo sobre suas costas na visão daqueles fãs de sua literatura.

– Boa noite, crianças. – Ele disse pegando uma caneca da bandeja de Percy. Todos seguiram seu movimento quando a bandeja foi depositada no chão. Ninguém teve coragem de responder. – São todos mudos ou apenas mal educados?

Uma tímida risada ecoou ao redor da fogueira.

– Estão intimidados. – Percy respondeu depois de dar um gole em sua caneca com néctar e ambrosia. – Ficaram assim comigo também, com os olhos arregalados e fazendo um monte de perguntas.

Rick soltou uma risada sonora e um pouco sarcástica, exatamente como sempre imaginavam que o pregador de peças faria.

– Mas não me fizeram pergunta nenhuma ainda. – Respondeu em tom cômico.

– N-nós... – Julian começou a falar e todos os olhares se voltaram pra ele. O menino se sentiu intimidado, mas mesmo assim continuou. – Nós com certeza temos perguntas, mas não sabemos se podemos...

Não precisou terminar a frase pra que o homem a entendesse.

Ele sorriu e deu um longo gole na caneca. Depois passou os olhos por todos e falou:

– É claro que podem. Qual seria a minha missão senão contar a verdade sobre esse mundo?

Um curto momento de silêncio foi seguido por um escândalo de sucessão de perguntas. Todos falaram ao mesmo tempo e isso fez com que Rick gargalhasse alto. Percy levantou as mãos e vestiu uma expressão severa aos jovens, que calaram as bocas imediatamente.

– Um de cada vez. – O filho de Poseidon alertou.

Joe foi o primeiro a levantar a mão, parecendo empolgado. Depois de um aceno de cabeça de Percy, ele perguntou.

– A gente já entendeu que a maioria das coisas dos livros foi modificada, mas... – Ele hesitou e dirigiu uma olhada a Percy. – Mas e quando ele segurou o céu? Cara, essa cena me deu arrepios! Ele segurou o céu, cara, o céu!

Todos sorriram à empolgação habitual de Joe, inclusive Percy e Rick.

– Eu tenho essa mania de não dizer exatamente o que aconteceu ou o que deixou de acontecer... Foi um combinado nosso. – Disse Rick aproximando o rosto de Joe com um sorriso que só deixava o garoto mais curioso. – Assim, sinto muito em dizer que vocês nunca saberão com certeza quais fatos foram reais ou mentirosos. – Deu de ombros, fazendo com que Joe mostrasse uma expressão decepcionada.

– Mas meu ombro dói até hoje... – Percy deixou escapar passando uma mão por seu um ombro. Todos ririam de sua indiscrição.

– Quem é o próximo?

Julian levantou a mão respondendo à pergunta de Rick.

– Estivemos com Doug... – Rick sorriu ao ouvir o nome do velho amigo e assistente. – Ele nos disse que você é um de nós. Digo... Que você é um semideus. – Rick sorriu com a boca fechada. – Posso perguntar de quem você é filho?

Rick encarou o garoto por um momento, como se ele repetisse a pergunta para o rapaz. Lá no fundo, todo mundo desejava desesperadamente ser irmão de Rick Riordan.

– Prestem atenção. – Ele se inclinou na direção do grupo que pareceu gostar da possível proposta de uma charada. – Meus pais são professores, eles ensinam pessoas a pensarem e verem a luz. Eu acabei me tornando um contador de histórias nato, destinado a usar a criatividade para libertar e abrir mentes. – Ficou um momento em silêncio. – Quem é meu pai?

O grupo ficou um tempo em silêncio. Henry pareceu concentrado procurando respostas em todos os cantos de sua mente. Julian estava perdido, aquele tipo de adivinhação não era coisa pra ele. Joe sussurrou o nome de diversos deuses, um menos provável do que o outro. Pam e Percy sustentavam a mesma expressão, já que sabiam a resposta. Lillie sorriu pra ele mostrando todos os dentes e os olhinhos da menina se encheram d’água.

– Você é filho de Apolo. – Ela disse. Rick levou uma mão à dela e a apertou. – Meu irmão.

Os irmãos dividiram o momento de ternura em silêncio. Quando Rick soltou a mão da menininha, levou o olhar a todos novamente.

– Acho que pode ser minha vez. – Pam falou. – Essa é uma dúvida que eu sempre tive. Os semideuses têm um protetor, seu sátiro. Isso não existe na vida real? Pelo menos a maioria de nós nunca teve ninguém ao nosso lado.

– Não mesmo? – Ele perguntou em tom de desafio. – Nunca tiveram um amiguinho na escola? Pais adotivos, amigos de rua, até seus animaizinhos de estimação... Ninguém entra na nossa vida à toa.

Com uma sobrancelha levantada Rick voltou a tomar o líquido de sua caneca. O grupo se sentiu desafiado. Perceberam o que o homem queria dizer quando se lembraram das pessoas que sempre estiveram em suas vidas, por mais complicadas que elas possam ter sido. Henry tinha ótimos pais adotivos. Joe teve as assistentes sociais que nunca deixaram que ele fosse maltratado nos lares adotivos. Julian e Lillie tinham as freiras da Santa Casa e, acima de tudo, tinham um ao outro. Lembraram-se de Andrew, que teve quem o abrigasse e lhe desse um emprego pra que não morresse de fome. E até mesmo Callie, a chata e irritante irmã de Pam, teve seus irmãozinhos adotivos. Mesmo que na sua relação ela os protegesse e não o contrário, eles com certeza foram os responsáveis pela vida da menina não ter sido tão mais trágica quanto poderia.

Perri apareceu colocando uma mão no ombro de Julian e se sentando ao lado dele. O rapaz sorriu com vontade para ela, mas a caçadora não respondeu com a mesma gentileza, como era de se esperar.

– Posso perguntar uma coisa? – Lillie se manifestou com a voz tímida, dirigindo o olhar para o recém-descoberto irmão. – O que houve com esse lugar?

– Acho que isso eu posso responder. – Percy disse com um tom sério que foi apoiado pelo aceno de Rick. – Infelizmente, as coisas não saíram do jeito que queríamos. Não vou explicar o acontecido, só conto que fomos atacados por algo maior do que conseguíamos aguentar. E os que não se foram nesse dia, não viveram mais do que um ano ou dois. – Uma sombra passou pelo rosto de Percy. – Todos os heróis que conheceram nos livros... Todos se foram. E quando todos os antigos moradores do acampamento morreram, o espírito do local também morreu.

O grupo silenciou. A fala de Percy bateu forte no coração de cada um.

– Acho que só falta você, jovem rapaz. – Rick mandou a frase para Henry depois de pigarrear. Sorriu meio sem jeito pro garoto. – Honre sua mãe.

Henry sorriu com a lembrança de que um pouco de Atena vivia dentro dele. A curiosidade de conhecer sua mãe era enorme, pois já tinha ouvido mais de uma vez que era a cara dela.

– Não é bem uma pergunta... Está mais pra uma sugestão. – Ele começou. – Aqui... Digo, ali! – Apontou para a casa grande e imediatamente a expressão de Percy se tornou mais preocupada. – Será que o Oráculo ainda está lá? – Todos arregalaram os olhos e pareceram animados com a ideia de conhecer o Oráculo. – Lembrando de que estamos numa missão, talvez seja disso que a gente precise agora.

– Wow, wow, garoto. Profecias não são brincadeira. – Perri advertiu. – Não tenho certeza se este time está pronto pra uma.

– É exatamente o que este time precisa! – Henry insistiu. – Tivemos morte e desfalque, lutas fracassadas e até gente dos nossos se voltando contra nós. Estamos completamente perdidos. É óbvio que precisamos de uma profecia.

– Serei obrigado a concordar com Perri. Profecias são coisa séria, Henry. – Percy falou, obviamente incomodado com a ideia. – A partir do momento que você escuta, não dá pra voltar atrás. Está escrito e decretado. Se não te agradar, você provavelmente vai enlouquecer tentando mudar o futuro, o que é impossível.

– Vamos, Percy... – Rick se meteu em um tom complacente. – Elas já te ajudaram tanto.

– E também atrapalharam muito. – O rapaz retrucou. – E viajei com estes jovens, nenhum deles está pronto pra ouvir seu futuro da boca do Oráculo.

– Mas existe uma pessoa aqui que está. – Henry insistiu. – Você, Percy. – O filho do mar franziu a testa. – Você é o escolhido, o garoto da profecia. Se alguém deve ir lá e trazer a profecia até nós, esse alguém é você.

Logo todos estavam insistindo e incentivando Percy a procurar o Oráculo. Ele ouvia os argumentos que os jovens soltavam todos ao mesmo tempo e tinha mais certeza ainda de que aquela era uma má ideia. Mesmo assim, se levantou e deu as costas, indo na direção da casa grande.

Foi até o sótão da casa e descobriu que todo aquele lugar ainda lhe causava arrepios. Passou pela porta e desviou de todas as tranqueiras que ainda infestavam o lugar. Quando visualizou a janela e a múmia ao seu encalço, um arrepio subiu pela espinha de Percy.

Aproxime-se, você que busca, e pergunte.

Ao ouvir a voz do Oráculo em sua cabeça, ele respirou fundo e tomou coragem.

– Qual é o destino de nosso time na tentativa de mostrar ao mundo o Enigma do Semideus?

Então o Espírito de Delfos abriu sua boca mortificada e a fumaça verde nojenta jorrou dela, momentos antes da criatura decretar a verdade que ecoou em todo o corpo de Percy. Suas palavras rimadas revelaram a profecia que selaria o destino de nossos heróis para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e não esqueça de deixar seu comentário!
Nos encontramos aqui:

Twitter: https://twitter.com/raindancelyli
Ask: http://ask.fm/raindancelyli
Tumblr: http://whenastarisborn.tumblr.com
Grupo: https://www.facebook.com/groups/664248566950582
Mais fics: http://whenastarisborn.tumblr.com/fanfiction



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Enigma do Semideus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.