O Enigma do Semideus escrita por Lyli


Capítulo 11
Capítulo Dez – O Filho do Mar


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O vento batia forte no rosto de Pam e Henry que observavam o mar sendo cortado na sua frente. Sentados no convés, estavam calados na presença um do outro, como ficavam quase sempre. A verdade é que Henry gostava de olhar pra Pam calma e Pam só ficava calma na presença de Henry. Ninguém precisava proferir uma palavra para saberem que estavam pensando a mesma coisa: no velório de Andrew, nas areias da praia. Graças a Percy e à névoa, provavelmente quem passava por ali apenas via um grupo de jovens vadiando na areia, mas os heróis viam a verdade enquanto Henry e Joe jogavam areia sobre o corpo do heroico filho de Hades. Indo mais fundo no âmago de Pam, também era possível encontrar a decepção que a garota sentia por si mesma e pela sua incapacidade de salvar o grupo que ela devia liderar.

O barco que varria a costa do Alasca era branco com detalhes azuis e na parte lateral tinha seu nome escrito em letras grandes. Annabeth. Lá dentro, o grupo que agora era menor se acomodava. Perri dividia um quarto com Lillie e Julian acabara de sair de seu próprio quarto para encontrar com Joe. Os rapazes combinaram de conhecer melhor a embarcação. Dentro da cabine do capitão, Percy comandava a direção do barco com seus poderes. Em um momento de devaneio ele foi pego de surpresa pelos convidados de sua embarcação. Joe e Julian batiam na porta de vidro. O filho do mar abriu a porta para que os rapazes pudessem visitar seu cômodo.

– Esse barco é o máximo! – Joe falou entusiasmado. – Vi que o nome dele é Annabeth. – Percy apenas acenou positivamente. Seu olhar estava fixo na água na sua frente enquanto ele guiava o barco, mas sua mente voava por locais distantes, anos atrás em todas as aventuras ao lado da loirinha. – Mal posso esperar pra conhecê-la. – Uma sombra passou pelo rosto do filho do mar.

– Sim, ela deve ser uma fofurinha! – Julian acrescentou. – E todos aqueles outros personagens? Se o Percy é vivo e real eles também devem ser! – Joe concordou com a cabeça, animado com a ideia. – Meus favoritos são...

– Se eu fosse vocês não me animaria tanto... – Percy falou com um tom frio e sem emoção. – Caso não saibam, vocês não são o primeiro time que tenta mostrar o Enigma para o mundo. Muitos amigos meus morreram na tentativa. – Os olhos dos garotos se arregalaram. – Os deuses nunca conseguiram levar Rick, mas fizeram questão de destruir o máximo de vidas possível. – O queixo de Julian caiu involuntariamente. – Estão todos mortos.

O rapaz filho de Afrodite sentiu seu coração apertado.

– A-até... – Gaguejou antes de continuar a frase. Joe lhe deu uma cotovelada, mas ele decidiu continuar falando. – Até Annabeth?

Percy olhou pro horizonte e se calou por um momento, lembrando-se da presença da jovem que ele não sentia há tanto tempo.

Todos.

Os corações de Joe e Julian se apertaram. É bem verdade que os rapazes estavam achando Percy tão diferente dos livros. Agora podiam imaginar o motivo da mudança.

– Pelo menos temos você. – Joe tentou mudar de assunto. – Você é demais, cara. Todo mundo nesse barco é seu fã!

Percy sorriu de boca fechada. Ele já sabia disso.

– O importante é que somos iguais. – Respondeu. – Vocês são capazes do mesmo tipo de coisa que eu, só falta treinamento.

– Nem pensar! – Julian disse animado. – Você é Percy Jackson! Nunca vamos chegar aos seus pés.

– Eu vi o que fizeram lá na praia. Muito corajoso. – Os rapazes sorriram para o elogio de Percy. – Me parece um grupo bom. Temos Perri, uma caçadora. E o resto de vocês são...

– Eu sou de Hermes. – Joe abriu um grande sorriso. – Meu pai me reclamou faz pouco tempo. O Julian pode não ter percebido ainda, mas é de Afrodite.

Percy abriu um grande sorriso enquanto um confuso Julian sussurrava algo pra Joe.

– Percebi, você é a cara da mãe. – As bochechas do menino ficaram um pouco rosadas. – E aquela menina que anda com vocês... Pam, certo? Ela sem dúvida é de Ares.

– Sim, os gritos dela provam isso. – Todos riram depois da piada de Joe. – Havia outra histérica, a Callie, mas ela abandonou o grupo. Também era de Ares. Além disso temos a Lillie que ainda não sabemos quem é o pai e Henry, que é de Atena.

Percy assentiu. Ele já imaginava quem era o pai da menininha, mas de Henry ele sempre soube. Bastava olhar para o garoto. Ele era a cara da mãe e da irmã.

Ouviram alguém batendo na porta e Joe a abriu depois de um olhar de Percy. A comitiva entrou meio acanhada. Lillie entrou acompanhada de Perri e Pam e Henry entraram de mãos dadas, fazendo os olhos de Joe se arregalarem e a expressão de Julian se tornar sorridente e engraçada. Percy lhes dirigiu o olhar e se levantou da cadeira de capitão finalmente.

– Posso apostar que estão interessados em saber sobre mim ou minha vida. – Algumas testas se franziram quando o rapaz percebeu o que todos queriam sem que ninguém dissesse nada. – Não gosto muito de falar de mim, mas posso responder algumas perguntas.

O grupo todo hesitou, mas Henry finalmente respirou fundo e tomou coragem.

– Ela se foi, né? – Perguntou depois de respirar fundo. Percy assentiu com a cabeça, confirmando a morte de Annabeth e o rapaz abaixou a cabeça. Pam o apoiou apertando sua mão com mais força.

– Você é bem diferente. – Lillie arriscou de repente. – A gente esperava o Percy dos livros.

– Tudo é diferente da realidade. – Perri se meteu. – Nosso mundo não é como pensam.

– É verdade. – Confirmou Percy. – Rick não podia deixar a verdade tão óbvia, então modificou a maioria dos fatos. Também adianto que antigas lendas gregas são quase todas mentirosas.

– É, percebemos isso na hora de entrar no Mundo Inferior. – Todos riram da fala de Joe. Provavelmente essa era uma dificuldade de muitos.

– Você pode nos dizer algo sobre o Enigma? – Pam perguntou parecendo intimidada pela presença de Percy. Quando o olhar do rapaz caiu sobre ela, a menina se encolheu. – Meu conhecimento é superficial.

– Não tenho certeza se sou a pessoa indicada, mas acho que sei um pouco mais que vocês. – Percy sorriu tímido. Todos aqueles olhares e tietagem já estavam começando a irritá-lo. – O Enigma do Semideus são pequenas pistas camufladas dentro da cada livro. É muito difícil de encontrá-las, muito estudo e atenção são necessários. – A mente dos jovens semideuses voou até Doug, que parecia estudar os livros dia e noite. – Essas pistas atraem quem é semideus de verdade até o livro, fazendo com que a pessoa se torne fã. Assim, sabemos que todos os fãs da saga são da nossa família. O plano era que quando o último livro fosse lançado, o Enigma se tornasse visível aos olhos de qualquer um. Mas nossos amiguinhos imortais parecem não ter gostado dessa ideia...

– Há algum outro plano pra fazer com que o mundo veja o Enigma? – Perri perguntou.

– Por enquanto não. – O rapaz respondeu. – Primeiro vamos nos concentrar em manter Rick a salvo. Quando nos sentarmos com ele, pensaremos em uma solução.

– E quando será isso? – Joe perguntou se animando. – Mal posso esperar pra conhecer o meu escritor favorito!

Percy sorriu mostrando os dentes pela primeira vez.

– Logo. – Fez uma pausa silenciosa. – Na verdade, agora. Acabamos de chegar na ilha onde ele está. – Ele se virou enquanto todo o grupo se animava com a chance de conhecer Rick Riordan. Infelizmente, o filho de Poseidon não se animou. Quando olhou pra frente, viu que algo além de seu barco Annabeth chegava na ilha. Brotando do chão, os soldados espartanos com as roupas rasgadas e a pele carcomida se levantavam da areia. Ao se movimentarem o barulho dos ossos velhos que podiam ser vistos de longe ecoava pela pequena ilha. Os homens avançavam pela areia na direção de um casebre de madeira.

– Ai, meus deuses... – Pam sussurrou ao perceber que com certeza eles estavam ali pra pegar Rick.

Percy agiu rápido e retirou de uma gaveta a bolsa que usava quando o grupo o conheceu. Foi até Julian e colocou o objeto em suas mãos.

– Não abra. – Julian assentiu ao tom de voz preocupado do rapaz. – Mas proteja com a sua vida. – Percy se virou para Pam. – Preciso de você e do filho de Atena. Trabalho bem com suas famílias. – Voltou o olhar para Perri. – Você e os outros cuidam do barco e da bolsa.

O filho do mar agiu rápido traçando uma estratégia e abriu a porta da cabine. Em um movimento que ele parecia não fazer a anos, colocou a mão no bolso e retirou de lá uma caneta. Os olhos de todos se arregalaram quando ele destampou a caneta e a própria Contracorrente se materializou na frente de quem quisesse ver.

Ele correu até a grade do convés, seguido de perto por Henry e Pam. Apontou para uma porta onde os dois encontraram espada e escudo. Percy pulou do convés e logo os três estavam com os pés da areia molhada onde o barco parara. Avançaram devagar e Percy ficou perplexo com a demonstração de grande poder que era a materialização dos soldados.

– Isso está errado... – Sussurrou para os companheiros. – Esta terra é nos limites do Alasca, Ares não deveria poder agir aqui.

– Sinto informar, Percy, mas isso não é trabalho de Ares. – Pam disse dirigindo o olhar preocupado a Henry. Ele assentiu. Ambos conheciam aquele tipo de poder.

– Isso é coisa da filha dele.


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