O Enigma do Semideus escrita por Lyli


Capítulo 10
Capítulo Nove – Na Terra Além dos Deuses


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O grupo sacolejava sobre um barquinho motorizado apertado. Joe os guiava olhando o mapa e o mar na sua frente. Depois da grande briga com Callie na praia canadense, o mapa voltou a dar dicas. Parecia o que Hermes tinha se lembrado de ajudá-los, depois de estar ocupado demais assistindo à confusão. Conseguiram encontrar um barco amarrado do outro lado das pedras e pularam nele como o mapa mandou. Desde então Joe guiava o barco como fez com o avião, mas muito mais desajeitadamente. Todos rezavam pra que Poseidon não os deixasse morrer naufragados.

Entre os presentes, o desânimo dominava. Perri estava na frente logo ao lado de Joe fazendo com que o rapaz lhe dissesse tudo que mudava no mapa. Apertados atrás, Andrew olhava pro horizonte pensativo, Julian era desenhado por uma Lillie mais animada do que nunca e Pam e Henry estavam sentados lado a lado sem falar nada. O rapaz sabia que ela ainda estava triste e por isso a apoiava ficando ao seu lado, como era de sua natureza. A menina tinha as pernas dobradas e acolhidas por seus braços e olhava pros joelhos fugindo de qualquer contato visual possível. Estava triste e desmotivada, imaginando em que tipo de desastre sua missão poderia acabar. Agora além de tudo seu pai ainda ficaria envergonhado.

“Cerca de meio quilômetro a frente você encontrarão um...” – Joe não conseguiu continuar. As palavras pareceram se embolar na sua frente e depois foram substituídas por borrões esquisitos. – Ué, tem alguma coisa errada. – Balançou o mapa como se fosse um aparelho eletrônico quebrado. – Não consigo mais ler, tá dando ruim.

– O que está acontecendo exatamente? – Perguntou Perri. A caçadora não gostava da ideia de não conseguir ler o mapa.

– As letras tão virando uns símbolos estranhos... Espera! – As inscrições do mapa começaram a se embolar e a girar nos olhos de Joe, que achou que estava enlouquecendo. – Agora tá tudo girando! – Joe observava o mapa de olhos arregalados, com medo do que estava acontecendo. Lá no fundo Perri se perguntava se não se tratava de uma pegadinha de Hermes. De repente, tudo que estava escrito no mapa parou de girar e se dissolveu como pó, caindo da beirada do papel. Antes que o pergaminho ficasse em branco, uma mensagem praticamente translúcida apareceu. “Foi mal”. – Acabou, não consigo ler mais nada.

– Mas como assim? Seu pai nos abandonou, é isso?

– Calma, Perri. – Henry falou lá de trás, trazendo a si os olhares. – Talvez ele não posse mais fazer nada a partir daqui.

– Se for verdade, então é aqui. – A negra falou com determinação. – Estamos no Alasca.

Antes que terminou a frase o barco bateu bruscamente em uma tora de madeira, quase fazendo com que todos caíssem.

– Opssss... Foi mal! – Joe disse envergonhado. – Acho que esse é o tal do porto.

Olharam pra cima e viram um cais. A plataforma estava vazia, pesca ali não devia ser comum no outono. Perri foi a primeira a subir, puxando todos atrás de si. Quando estavam de pé sobre a madeira maltratada pela maresia, não souberam o que fazer.

– Tá, mas e aí? – Joe falou. – Sem a ajuda do meu pai não sei fazer nada. Ele fez o que prometeu, nos trouxe pro Alasca.

– Calma. – Perri disse. – Se nosso objetivo é encontrar Rick Riordan, precisamos imaginar onde ele se esconderia.

– Pode ser qualquer lugar. – Henry disse, colocando as mãos nos bolsos e dando de ombros. – Todo o Alasca está longe do poder dos deuses. Ele pode estar escondido em um porão ou em um restaurante chique.

Pensativa, Pam finalmente se meteu.

– Ele não estaria em qualquer lugar. Veio aqui pra se esconder.

– Concordo com Pam. – Falou Perri. – Mas como não temos escolha, vamos às livrarias ou lugares onde poderíamos encontrar fãs dos livros.

Todos acharam essa ideia meio ruim, já que aquele seria o lugar mais óbvio e improvável. Mas como não tinham ideia melhor, assentiram e seguiram Perri, que os guiou até a calçada longe do mar. Andaram alguns metros e passaram por um quiosque, onde uma recatada velhinha tomava um sorvete. A moça os viu passar e largou o sorvete no chão, indo atrás dos jovens.

– Belos olhos. – A velhinha disse, colocando a mão no ombro de Lillie. – Iguais aos dele.

A menininha parou segurada pela mulher, sem entender. Assim que Julian viu o acontecido, advertiu o grupo.

– Ela está conosco. – Pam interviu, avisando à senhorinha. A mulher não tirava os olhos de Lillie.

– Ele tem uma dívida comigo. – A velhinha apenas olhava pra Lillie, como se reconhecesse algum lugar. – Você pode pagar... – Fez uma pausa sinistra, voltando os olhos a todos os heróis. A frieza de seu olhar os assustou. Então ela continuou a falar com uma voz esquisita, como uma serpente sussurrando. – Pague me dando seus olhos.

Lillie tentou se desvencilhar, mas não conseguiu porque a velha a segurava com muita força. Quando Pam percebeu que estavam em perigo, deu um empurrão na velha que caiu dois passos para trás. O casal que estava no quiosque gritou com ela por agredir uma velhinha. Eles não conseguiram ver o que aconteceu depois.

A mulher olhou pro time de heróis com extrema raiva e abriu a boca cheia de dentes afiadíssimos pra soltar um grito agudo que quase estourou seus tímpanos. Depois se levantou rapidamente e seu corpo se rasgou, expandindo e tornando-a maior e mais perigosa.

– Ah, não. – Henry disse. Era a parte mais irritante dos livros. Elas sempre voltavam. As fúrias.

– Cara, elas são ainda mais feias na vida real! – Deixou escapar Joe.

O casal do quiosque fugiu quando Pam sacou sua faca e foi pra cima da fúria. Não sabia direito o que eles podiam ver ou não, mas provavelmente estavam fugindo da menina. Avançou com a faca muitas vezes, mas o monstro esquivou de todas. Num momento conseguiu acertar o corpo de Pam, que caiu longe dali e foi afagado por Henry, que a levou para trás do quiosque. Perri mandou que Joe, Andrew e Julian pegassem Lillie e fizessem os mesmo que Henry. A caçadora apontou uma flecha na direção do monstro e quase o atingiu, não fosse a velocidade da besta.

– Seu pai me eliminou uma vez, mas não vai conseguir de novo! – A fúria gritou pra Lillie e avançou nela, derrubando Perri no chão violentamente quando a passou pela jovem. – Você será minha vingança!

Joe e Julian saíram correndo ao ver a besta se aproximando. Julian puxou Lillie pelo pulso, mas a menina se fincou no chão e jogou a mochila na sua frente. Retirou de lá seus papéis e, em um ato de bravura, os jogou no chão. Assim que os desenhos tocaram o chão começaram a brilhar e a menina achou que ia salvar o grupo. Mas a criatura era rápida demais.

A fúria chutou o papel e ficou a apenas um passo de Lillie. Sorriu com sua boca animalesca e avançou com a mão enorme. Com certeza iria pegá-la pelo pescoço e apertar até que fosse o fim da garotinha. Chegou a um centímetro dela e já podia sentir seu pescoço entre seus dedos, mas foi impedida.

Andrew entrou na frente do animal maligno com uma das cadeiras do quiosque. O primeiro golpe atingiu o braço da criatura que gritou alto. O segundo atingiu seu tronco e a encheu de mais raiva ainda. O terceiro não chegou a se completar. Andrew foi capturado antes de conseguir desferir o terceiro golpe com a cadeira. A fúria o pegou pelo pescoço e o levantou com sua força sobre-humana. Apertou a carne do rapaz até que ele parasse de respirar e, quando ficou satisfeita com sua maldade, jogou seu corpo lá longe. Este bateu na calçada e lá permaneceu inanimado, enquanto todos os que observavam rezavam pra ele voltasse.

Foi a vez de Joe tentar salvar a garotinha. Ele foi correndo na direção da fúria que voltava a se aproximar de Lillie. Foi gritando e com os braços abertos, desesperado, mas sem fazer a mínima ideia de como ajudar. Para a sua sorte, não precisou terminar o trajeto. Uma onda gigante escorregou do mar pela areia e foi até a fúria, a engolindo. O animal gritou e lutou, mas a água a tomou e puxou para o mar sem piedade. Quando menos esperavam, a fúria tinha sumido entre as ondas revoltas.

Pam, levantando do abraço de Henry com raiva de si mesma, ignorou a dor de cabeça e correu até onde Lillie estava. Imaginava o que seu pai diria ao ver que caiu no primeiro golpe. Uma negação. Uma vergonha para a família. Chegou na menininha e a abraçou. Logo, todo o grupo estava ao seu redor. Ao soltar Lillie, ela se levantou e levou o olhar até o corpo de Andrew. Ele ainda não se mexia. Pam olhou pra Henry e o rapaz respondeu seu olhar preocupado. Respiraram fundo ao mesmo tempo e foram seguidos pelo grupo na direção do corpo inanimado. Perri permaneceu longe, em respeito aos amigos.

Henry foi o primeiro a se ajoelhar ao lado dele. O rosto estava caído para o lado. O rapaz o virou e Andrew se tremeu um pouco. Abriu um pouco os olhos, mas parecia desorientado. Sangue caía de um machucado na cabeça e de sua boca. O pescoço antes muito branco, agora estava com marcas roxas e cortes que também sangravam.

O menino tentou falar, mas não conseguiu. Seu lábio estava roxo e tremendo. Todo o grupo permaneceu em silêncio. Pam ajoelhou-se do outro lado dele e colocou seu corpo sobre suas coxas. Lillie pegou a mão de Andrew em um agradecimento e Julian abraçou a menina e sorriu pro rapaz, mostrando que estava ali por ele também. Joe, já com os olhos cheios d’água, não quis mostrar seu sentimentalismo e ficava secando o rosto na blusa. O corpo de Andrew se tremeu um pouco numa convulsão. Lágrimas de Henry e Pam não conseguiram se segurar e caíram. Logo o grupo todo estava chorando, ninguém aguentou. Em um gesto, ele pediu que Pam se aproximasse. Ela se abaixou e Andrew sussurrou em seu ouvido, antes de apertar a mão de Lillie e fechar os olhos. Andrew respirou pela última vez.

Lillie caiu no choro no peito de Julian. Joe saiu andando e foi chorar olhando para o mar. Pam e Henry permaneceram no mesmo lugar, olhando para o corpo do bravo rapaz que morreu tentando salvar uma garotinha. Imaginavam se ele encontraria seu pai agora e se o velho Hades o receberia de braços abertos como príncipe do Mundo Inferior.

– Eu sinto muito. – Perri se aproximou e disse em um sussurro. – Ele foi bravo.

– Sim, ele foi. – Pam falou. – Diferente de mim. Que eu tivesse ido em seu lugar.

Henry segurou o braço da garota tentando confortá-la, mas não conseguiu.

– Vocês viram aquilo? – Perri falou tentando mudar o assunto, mas ainda desconcertada com o corpo presente. – Temos um filho de Poseidon e eu não sei?

– Sim, vocês têm um filho de Poseidon. – Ouviram a voz masculina desconhecida e olharam para trás. Todos os semideuses presentes paralisaram e ficaram boquiabertos porque sabiam quem era.

O homem de cabelo preto curto se aproximou. Usava uma calça jeans escura, tênis e uma blusa preta de manga curta. Parecia ter uns vinte e poucos anos e levava uma bolsa de viagem daquelas que se coloca ao lado do corpo consigo. Em seu olhar, mais experiência do que os jovens heróis poderiam sequer imaginar. Seus corações começaram a bater mais forte com a presença imponente do rapaz alto de costas largas. Sabiam quem ele era. Não era qualquer um. Era aquele com quem sonhavam desde o dia em que abriram o primeiro livro. O garoto das aventuras, o rapaz da profecia, o bravo e encrenqueiro filho do Mar. Tantas vezes tinham sonhado com suas aventuras, nunca em suas vidas sonharam em vê-lo pessoalmente.

Vindo com o rosto molhado e os olhos arregalados, Joe arriscou:

– Você é...?

Ele assentiu.

– Sim. – Falou. – Sou Percy Jackson.


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Notas finais do capítulo

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