Era 15 de junho. Fazia cerca de uma semana desde o acontecido no quarto de Poseidon. Desde então eles não conseguiram ficar em um lugar sozinhos por muito tempo, Afrodite sempre aparecia para pedir opiniões sobre a organização do casamento e de certa forma eles também evitavam a total privacidade por conta do desejo que só crescia.

Afrodite a levara praticamente arrastada à Victoria’s Secret para escolher a lingerie que usaria na noite de núpcias. Ela corava cada vez mais enquanto Afrodite lhe mostrava peças cada vez mais curtas e sensuais.

— Que cor você prefere? – perguntou enquanto ia para a seção de negligee.

— Bege – respondeu com um sorriso.

— Você é tão anticlímax Atena – Afrodite disse com um suspiro. — Vai ser sua noite de núpcias e você planeja usar bege? Nenhum homem acha bege sexy – cruzou os braços de maneira infantil.

— Poseidon discorda – retrucou e se arrependeu do que disse.

— Agora você vai me explicar isso corujinha – disse seguindo-a pela loja.

— Acho melhor darmos uma olhada nos sutiãs – desconversou e foi andando com Dite em seu encalço.

— Não pense que não irei lembrar-me de te fazer falar depois – disse baixinho em tom ameaçador. — Mas agora é sério, que cor você prefere? – perguntou animada.

— Azul? – respondeu em tom de pergunta.

— Perfeito! É a cor preferida dele – comentou, arrastando-a para as lingeries azuis.

— Deu para perceber – disse olhando para a safira em seu anel.

Poseidon foi busca-la no meio da tarde para irem à casa de Percy e Annie e sua noiva agradeceu discretamente por tê-la salvado de passar o resto da tarde sendo persuadida a falar o porquê de ele achar lingeries bege sexy.

— Então quer dizer que hoje vocês foram comprar roupas íntimas? – perguntou com um meio sorriso. — Vou poder vê-las?

— Sinto muito – respondeu com falso pesar. — As sacolas já estão no Olimpo – deu um suspiro teatral e depois sorriu.

— Sem problemas. Hoje você faz um desfile particular para mim e eu vejo todas elas – disse em seu ouvido e sorriu ao ver os pelos dela se eriçarem.

— Nossos filhos já devem estar nos esperando – pegou a mão dele e aparatou.

Chegando lá tocaram a campainha e Percy abriu a porta, estranhando o fato dos deuses terem chegado juntos.

— Pai, lady Atena – fez uma reverência em sinal de respeito. — Entrem.

— Olá Percy. Onde está Annabeth? – perguntou e ele apontou para o corredor que levava à cozinha.

Poseidon deu passagem para ela entrar primeiro e depois de cumprimentar Percy foi para a cozinha também. Elas conversavam animadamente sobre a arquitetura do lugar e só param porque ele pigarreou.

— Lorde Poseidon – fez uma reverência.

— Olá Annabeth – disse beijando sua mão. — Como vão as coisas? – perguntou enquanto se sentava ao lado de Atena.

— Maravilhosamente bem – respondeu com os olhos brilhando.

— Isso nos leva ao comunicado importante – disse Percy mal contendo o sorriso.

— Que seria? – Atena perguntou, mesmo que já soubesse a resposta.

— Nós vamos ter um filho! – respondeu com um sorriso tão grande que deixava suas rugas em evidência.

Poseidon deu os parabéns e um forte abraço nos dois e Atena fez o mesmo, dando-lhes uma benção para que os monstros não os incomodassem durante a gravidez.

— Meu primeiro neto – disse Poseidon em tom sonhador.

— Depois eu que sou a vó coruja – brincou dando-lhe um beijo na bochecha.

— Eu sei que você concorda que já estava mais que na hora de termos um neto corujinha – retrucou, deixando os semideuses boquiabertos.

— Certo você venceu. Mas cinco anos nem é tanto tempo assim – disse dando de ombros.

— Sabidinha – chamou baixinho. — Lembra-se do dia 1º de julho dez anos atrás? – perguntou olhando para o casal.

— Nosso beijo na Acrópole? É bem inesquecível – respondeu com um sorriso.

— A rivalidade enfim terminou – disse dando-lhe um beijo leve.

Poseidon pigarreou novamente e os dois separaram os lábios, corando levemente.

— Desculpem-me por interromper crianças, mas precisamos ir, essa moça precisa se entender com o pai e eu tenho um desfile da Victoria’s Secret para assistir – disse com um olhar malicioso para Atena, que corou e lhe deu um soco no braço.

— Eu não sabia que você gostava de desfiles pai – comentou Percy com o cenho franzido.

— Sua inocência às vezes me assusta cabeça de alga – disse Annabeth com um sorriso.

— Eu atendo – Percy saiu e foi abrir a porta depois que a campainha tocou.

— Seria muita impertinência perguntar a quanto tempo estão noivos? – perguntou apontando para o anel.

— Uma semana e alguns dias – Atena respondeu e sua filha sorriu.

— Afrodite tem algo a ver com isso? – sugeriu e ambos deram um sorriso culpado. — Como vai Sally? Cadê o Paul? – perguntou assim que Percy voltou com os visitantes.

— Muito bem, Paul está estacionando o carro. E os bebês?

— Não vou ter gêmeos, Sally – respondeu revirando os olhos. — Olá pai, Marian – abraçou ambos.

Paul chegou logo depois e cumprimentou todos, abraçando sua esposa logo em seguida.

— Mãe, esta é minha sogra – Percy apresentou depois de um silêncio constrangedor.

— É um prazer lady Atena – estendeu a mão.

— Igualmente Sally – pegou sua mão.

Na mesma hora um bilhetinho rosa apareceu e ela pegou para ler.

“Espero que eu não esteja atrapalhando. Eu teria mandado uma mensagem de íris, mas Hermes me disse que não era uma boa ideia (você vai me explicar isso depois). Assim que puderem passem no meu quarto para montarmos a lista de convidados ou pelo menos o modelo dos convites.

Dite.”

— Temos que ir – disse Poseidon depois de ler o bilhete também. — Foi um prazer revê-los.

Os dois se despediram e aparataram na porta do quarto de Afrodite, que abriu a porta rapidamente e os puxou para dentro do quarto. Ela os acomodou no sofá e sentou na poltrona com um caderninho na mão.

— Antes de começarmos eu tenho duas dúvidas. Poseidon, o que você acha de lingeries na cor bege? – perguntou em pose de entrevistadora e Atena escondeu o rosto nas mãos.

— Se for igual a uma que Atena tem, eu acho super sexy – respondeu com um meio sorriso.

— Interessante. Dúvida número dois: Porque não é uma boa ideia enviar mensagens de íris para vocês?

— Porque estávamos em um momento quente quando Hermes mandou uma semana passada – respondeu novamente em tom casual.

— Obrigada. Quem não pode deixar de ser convidado além de Percy e Annie? – perguntou com a caneta em posição de escrita.

— Mary – responderam ao mesmo tempo e sorriram depois disso.

— Vão convidar semideuses? – perguntou novamente.

— Só alguns, mas estes ficam a seu critério – Atena respondeu. — Vamos ver os modelos de convite? Tenho que falar com meu pai ainda – disse com um suspiro e Poseidon pegou sua mão e apertou levemente.

— Certo. Creio que em menos de quinze dias eles ficarão prontos se eu der um agrado à gráfica – comentou e começaram a planejar o convite.

Depois de algumas horas e vários padrões e fontes o modelo do convite enfim estava pronto. Atena andava calmamente até a sala que Zeus ficava durante o dia quando não estava bem com Hera. Chegando lá bateu na porta e escutou um “entre”.

— Podemos conversar? – perguntou ainda sem entrar totalmente na sala.

— Claro – respondeu e ela se sentou. — Eu quero me desculpar mais uma vez por ter te agredido semana passada, tanto verbal quanto fisicamente. Seu noivo ficou um bom tempo falando o quão idiota eu fui por ter pensado só em poder quando eu deveria ter ficado feliz por você estar feliz. É que você sempre foi a minha preferida, meu maior orgulho, então quando fiquei sabendo que você iria se casar eu não soube reagir bem. Fui egoísta e te tratei como se fosse uma mercadoria, peço que me perdoe por isso – disse em tom sincero.

— Eu o perdoo papai – respondeu pegando a mão dele. — Vim esclarecer isso e pedir que me leve até o altar – disse com um sorriso genuíno e os olhos marejados.

— Será uma honra, assim como será com Ártemis – respondeu com um sorriso. — E como você se casará com um rei, nada melhor que uma joia a altura de uma rainha – disse entregando-lhe um diadema encrustado de diamantes. — Foi da sua mãe – comentou enquanto ela olhava o presente.

— Obrigada papai – disse abraçando-o. — Tenho que ir agora, Poseidon me chamou para jantar – explicou e ele assentiu.

— Não faça nada que eu não faria – brincou e ela sorriu.

***

Depois de sair do banho ela encontrou o vestido que seu noivo dera de presente quando foram no shopping em Londres com um post-it dizendo “esta noite requer trajes formais”.

Ele a esperava na porta do quarto e deu um sorriso ao vê-la.

— Você está maravilhosa – disse beijando-lhe a mão.

— Você também – respondeu olhando para o terno que ele usava. — Onde vamos jantar?

— No melhor restaurante de NY – respondeu e pegou sua mão para aparatar.

— Qual o motivo de tanto luxo? – perguntou quando chegaram.

— Falta um mês para o nosso casamento e vamos ter um neto, isto merece ser comemorado da melhor maneira possível – puxou a cadeira para ela sentar.

— Brindaremos a isso então – disse assim que o champanhe foi servido.

***

Após o jantar eles voltaram para o Olimpo e ficaram deitados na grama perto do lago observando o céu e conversando por um bom tempo, porém a temperatura baixou e ele achou melhor que entrassem.

— Sã e salva – disse assim que chegaram no quarto dela. — Boa noite corujinha – disse e a beijou.

A intenção era dar-lhe somente um beijo rápido, porém ela enroscou uma mão em seus cabelos e colou seus corpos, fazendo com que seu coração falhasse uma batida. Suas mãos automaticamente foram para a cintura e seus lábios para o queixo dela, mas em um surto de consciência ele lhe deu um último selinho e ficou com a testa colada na dela.

— Preciso ir – sussurrou de olhos fechados.

— Poseidon – chamou baixinho.

— Diga.

— Fique – pediu acariciando seu rosto, porém ainda de olhos fechados.

— Não posso – respondeu se controlando para não contrariar suas palavras.

— Fique – repetiu em um sussurro.

Desta vez ele não se opôs.