A Pianista escrita por LariChan


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

E aí, galerinha! Beleza? Sumi por um bom tempo, né? Foi mal... Demorei também um bom tempo para continuar a história, mas aqui mais um capítulo está. Estou tentando fazê-la o mais rápido o possível e poder postar antes que a Ériinha e a Lola (Dacota) me mate.
Espero que gostem ^~^



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– Ayumi... eu acho melhor eu já indo... Está ficando tarde e não quero preocupar minha família. Desculpe-me. - disse Naomi.

– Ah; claro, claro. Então nos veremos segunda-feira, certo?

– Claro! - disse Naomi já se levantando das almofadas e se distanciando da mesa.

Levantei-me também, acompanhando minha amiga até a porta. Passamos pelo sofá e pela mesa de centro que ficava próxima à televisão. Admito que a mesa estava uma zona, com salgadinhos e refrigerantes de lata abertos sobre ela. Fiquei um pouco envergonhada pela aquela bagunça. Pela primeira vez acho que sentiu culpa pela casa estar um caos. Acho que a limpeza e a delicadeza da Naomi eram contagiosas, como se fosse um vírus ou algo do tipo. Ela agradeceu o convite e o lanche e acabou dando-me um curto abraço, mas amigável. Conforme ela se distanciava, eu acenei à distância e esperei ela virar à esquina do armazém. Tranquei a porta e voltei a olhar a mesinha de centro. Acho que eu acabei fitando aquela pequena mesa com os pedais de ferro e sua superfície de vidro.

Algo me incomodava profundamente, então decidi limpá-la. Retirei as latas de refrigerantes e os salgadinhos e peguei um pano com um lustra-móveis. Fico feliz em dizer que eu fiz um bom trabalho. Ao olhar para frente, no rack da televisão, avistei uma fotografia. Era eu bebê no colo da minha mãe com meu pai atrás dela segurando seu ombro com umas das mãos.

Acho que nunca toquei mais no assunto da morte do meu pai. Eu até não gosto de falar... Ele era um ferroviário; cuidava no manuseamento de fechar e abrir a ponte do trem. Mas, uma vez, ele acabou tendo um comunicado que era para ele checar a alavanca da ponte e a caixa da ponte. Ele se dirigiu até o ponto e percebeu que alguma coisa estava errada. Era a caixa de comandos. Então ele desceu até a caixa para arrumá-la. Um guarda da estação acabou escutando o alarme apitar na cabine do meu pai e checou as câmeras de segurança dele, e acabou vendo que a ponte estava aberta quando o trem ainda estava vindo. Sem hesitação, ele puxou a alavanca e a ponte abaixou; começando o acidente.

Segundo a defesa do guarda, ele disse que não tinha visto meu pai na caixa de comandos. Toda vez que eu me lembro da cena, meus olhos se enchem de lágrimas, mas pisco sem parar para que elas sequem. Automaticamente lembrei-me da mamãe socada mofando no quarto. Subi as escadas até chegar em frente ao quarto dela. Mas entrar na maior cara dura acho um pouco embaçado, principalmente para quem passou mal recentemente. Desci as escadas como um furação pulando do quinto degrau; quase morro. Fui até a cozinha pegar seu lanche. Procurei uma bandeja. Achei uma no armário suspenso de aço inox e encontrei uma muito bonita: prateada. Estava tão bem, mas tão bem cuidada que conseguia até ver meu reflexo. Suas alças eram muito bonitas, onde tinham detalhes de flores; acho que eram rosas.

Servi uma xícara de chá verde, ainda morno, e coloquei na bandeja sob um guardanapo de folha dupla; muito macio. Peguei dois bolinhos de arroz e coloquei em um pratinho liso de cor branco de porcelana, sem desenho ou textura qualquer. Peguei a bandeja e eu parecia uma garçonete novata. Subi as escadas tentando equilibrar-me e tentando equilibrar a bandeja. Foi difícil.

Consegui chegar até o segundo andar sem derrubar nada e sem nenhuma ferida ou osso quebrado. Agora parece que a complicação "subiu de nível", pois tinha que bater na porta da minha mãe. Tinha certeza que se eu tentasse segurar com uma mão a bandeja e tentar bater com a outra, a bandeja iria abraçar o solo em questão de segundos e o chá iria voar, e o pires iria se multiplicar em pedacinhos. Então dei dois chutes de leve na porta e ela abriu.

– Mãe...? - perguntei - Você está aí? Eu trouxe um lanche para você. Olha, mãe, a Naomi já foi embora e está muito preocupada com você. E que reação maluca foi aquela no jantar? Você saiu e - fui interrompida pela descarga da privada no banheiro. Ouvi a porta abrir e minha mãe sair de lá com uma cara horrível. Até fiquei pensando se era um ataque zumbi e ele tinha devorado minha mãe.

Coloquei a bandeja em cima da sua cama na ponta e fui segurá-la, pois estava cambaleando.

– Mãe... O que foi? Você vomitou? Estava chorando?

– A...yumi... Quero sentar... -mamãe pediu.

Peguei-a pelo braço colocando seu peso sobre meus ombros e levei-a até a cama, fazendo-a deitar-se.

–Mãe, eu trouxe lanche; e acho que você precisa.

Ela apenas balançou a cabeça negando a comida fitando a cama.

–Mãe, o que foi? Você está toda estranha aí, desde quando fomos tomar café... O que houve? Fale comigo, por favor.

–Nada... Nada não... Acho que foi talvez – ela hesitou e pensou – meus bolinhos de arroz. Deixe-me descansar um pouco? Depois que eu melhorar, falarei com mais calma com você, O.K?

Suspirei e acabei concordando. Tirei a bandeja da cama e coloquei em seu criado-mudo. Ajeitei-a em sua cama puxando as cobertas até a altura dos seus braços. Achei estranho, pois ela dormiu muito rápido. Dei um beijinho em sua testa quente e fechei a porta, descendo as escadas.

Sentei-me no sofá e liguei a televisão. Como sempre, nada de interessante estava passando. Desliguei e fui dar uma volta lá fora. Deixei um bilhete para minha mãe caso ela levantasse e não me encontrasse. O bilhete dizia:

Mamãe, eu sai para dar uma volta. Prometo que estarei aqui antes das 22:00. Com amor, Ayumi.

Peguei as chaves, meu celular, meu casaco e minha bicicleta que estava estacionada bem ao lado da porta encostada na parede. Passei pela porta, mas parecia que a bicicleta não queria dar uma voltinha por aí. Ela bateu no batente umas duas vezes até eu ajeitá-la. A noite estava gostosa. O céu muito estrelado e uma brisa de verão. Tinham grilos cantando em algum arbusto da vizinhança.

Pedalei até a praça que tinha um quarteirão antes do colégio Kinustun School. Estacionei minha bicicleta ao lado de um escorregador de madeira polida. Acomodei-me em um banco de balanço. Enquanto eu me embalava de fraquinho, fiquei fitando o chão de areia e fiquei pensando na minha mãe, no meu pai, na Naomi, e também admito me peguei pensando no Tatsuo. Mas o pensamento que tomava conta do lugar era do meu pai. Fiquei com grande culpa na consciência por ter lembrado da tarde em que aconteceu o acidente. Mil e um pensamentos estavam todos aprisionados dentro da minha cabeça gritando desesperados para se libertarem.

Olhei para o relógio: 22:15 “Estou encrencada” – pensei – “Mamãe vai me matar... e se ela não viu o bilhete? Nunca mais poderei ir ao colégio!” Se bem que não ir mais ao colégio não é tão ruim assim... acho.

Subi na minha bicicleta e saí pedalando como uma louca na rua deserta, torcendo para que a bicicleta não perdesse o controle e eu me esborrachasse no chão. Ao chegar em casa, larguei a bicicleta jogada no quinta da frente mesmo. Peguei o molho de chaves do meu casaco e desesperada procurando a chave correta da porta. Acertei na quarta tentativa. Entrei na sala já me desculpando pelo horário. Mas gastei saliva de besteira, pois estava falando com o ar. Acho que minha mãe nem percebeu, pois o bilhetinho ainda estava em cima da mesinha de centro.

Andei até a cozinha mas ela não estava lá. Decidi dar uma espiadinha rápida no quarto da mamãe para ver se ela ainda dormindo. Subi as escadas no maior cuidado possível e ao chegar a porta bati de fraquinho, onde eu mal consegui ouvir direito, e comecei a abrir minunciosamente. Tomei cuidado para que a luz do corredor não a incomodasse. Olhei para todos os lados dentro do quarto e vi mamãe ainda dormindo, como um anjo. Achei tão fofa... Quis tirar uma foto, mas achei melhor não porque poderia acordá-la. Sim, esse pensamento foi desnecessário. Isso acontece sempre quando estou cansada mentalmente.

Olhei para a bandeja que eu tinha colocado em cima do criado-mudo e não tinha mais chá na xícara e tinha apenas metade de um dos bolinhos de arroz. Fiquei feliz por ela ter comido. Então fechei a porta e fui organizar-me para dormir.


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Notas finais do capítulo

Estarei publicando o capítulo 5 em breve! Espero não demorar tanto assim.
Chu~



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