A Pianista escrita por LariChan


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas bonitas! Tudo bem?
Aqui vai o capítulo 3 para quem está acompanhando ( se tem alguém"-.- ).
Espero que gostem e boa leitura!



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No dia seguinte levantei sozinha, sem minha mãe precisar chamar-me ou o despertador alarmar. Fiz a mesma rotina que tenho de costume.

– Tchau, querida! Divirta-se bastante! Não se esqueça de pelo menos ficar uma tarde lá no colégio para ver como são as aulas de Música.

– Okay, mãe... pode deixar...

Ao chegar no colégio, sentei no banco que tinha na área livre, que era uma das áreas mais lindas. Com flores perfumadíssimas e com algumas flores de Sakura que são levadas pelo vento ao soltar-se dos galhos, onde acabam caindo no chão. Peguei meus fones de ouvidos, conectei ao celular e comecei a escutar algumas músicas que eu tinha. Fiquei olhando para as árvores. Em uma desatenção total vendo aquelas lindas flores rosadas que só flor de Sakura tem, caindo levemente e delicadamente com a gravidade da Terra. Mesmo tão distraída, consegui ouvir o chamado da Naomi gritando desde a portaria e correndo em minha direção.

– Ayumi! Ayumi! Trago boas notícias!

Tirei os fones dos meus ouvidos e disse:

– Notícia? Boa...? Hmm... Fale...

– Falei com meu professor de música e ele deixou que você pudesse participar das aulas. Ele disse que valores ele vê com seus pais depois, e ele perguntou se hoje você quer ficar para assistir a aula.

– Hmm... não sei... sabe... é que...

– Ah, que é isso Ayumi... Vamos! Vai ser divertido!

Eu congelei. Senti meu sangue correr desde minhas coxas até meu peito. Mais uma vez ouvi a Ayumi dizer vai ser divertido, assim como minha mãe.

– Ayumi...? Ayumi...? O-oi... AYUMI! - grita Naomi.

– Ah, desculpa... O que estava falando mesmo?

– Sobre a aula... e aí, vai fazer? Se precisar, eu fico lá com você, assim aproveito e ensaio para o festival - e deu um leve sorriso lateral e inocente.

– Está legal... eu fico.

– O.K. Às 15:00 te vejo aqui, certo?

– Claro.

Não sabia bem se ia mesmo fazer a tal aula. Nem sabia que instrumento iria tocar! Ainda mais quando ocorreu um crime! Não conseguia parar de pensar na Emi e o piano, no que aconteceu e como aconteceu. Decidi ficar na escola mesmo, almocei por lá. Pedi um Xis para comer, porque estava morta de fome. Sentei-me no banco da cantina, coloquei meus fones e fui almoçar tranquilamente. Olho no relógio e já estavam dando três da tarde, levanto-me e vejo a Naomi chegar com uma malinha.

– Ayumi! Chegou cedo. Achei que iria vir por volta das 15:30, por aí.

– Almocei aqui na escola mesmo...

– Vamos subir para a sala? -Perguntou Naomi apontando para as escadas.

– Ah, claro.

Subimos uns 6 andares de pura escada. Ficava no térreo. Ao chegar no último andar estava exausta, enquanto minha amiga toda elétrica.

– Vamos, fica na última porta do corredor.

Ao ir aproximando no meio do corredor, eu tentava recuperar meu fôlego. Enquanto eu estava bufando como um búfalo que correu uma maratona, Naomi pediu para eu ficar quieta por um tempinho. Dava para escutar um som lindo de violino. Fiquei pensando se poderia ser o professor, talvez. Naomi bateu na porta, e o doce som do violino parou. Escutamos a maçaneta girar e a porta abrir. Um menino não muito novo nem muito velho apareceu. Alto, magro, mas forte, com cabelos escuros, um castanho escuro puxado para o vermelho. Seus olhos muito belos, um verde escuro, mas com um tom um pouco claro. Aproximei da Naomi e perguntei com um cochicho muito baixo:

– Esse é o professor?

– Ayumi, esse é meu colega, Tatsuo Nagashima. Tatsuo essa é Ayumi Yang.

– Ah, a aluna nova, não é? -perguntou ele com um sorriso lateral.

Ahh... seu sorriso lateral. Nunca vi um sorriso tão lindo como aquele.

– Sim, sim - sorriu Naomi fechando os olhos e virando a cabeça levemente para a direita.

– Vamos entrar, não podemos tocar aqui no corredor né? - deu Tatsuo uma risadinha.

Entramos e vimos a sala intacta. Mas tirando um canto da sala que estava com partituras jogadas pelos ares, espalhada por todos os cantos.

– Desculpe-me pela bagunça. Estava procurando as músicas A Quatro Estações. Tenho que apresentá-la, pelo menos uma delas, num conserto que o professor colocou-me. E então... Ayumi, toca o quê?

– Não toco.

– Que mentira! - Disse Naomi dando uma cutucada de leve com o cotovelo em meu braço. - Ela toca guitarra e piano.

– Temos guitarra, menos piano - disse Tatsuo pegando a guitarra do suporte e entregando-me.

– É... eu sei.

Então ele olhou para Naomi com uma cara de negação, como se ele tivesse falado "você contou para ela sobre o crime?", e ela respondeu-o com um olhar de lástima como se tivesse respondido "não foi com querer... perdoe-me". Uma guerra de sermões apenas com o olhar. Algo simplesmente sinistro, como uma guerra de irmãos sem gastar saliva. Ou quando a mãe fala que não quer mais escutar a discussão de ambos.

– S-sem problemas... não contei nada para ninguém, nem comentei nada, sério, juro. Desculpe-me se eu não poderia estar sabendo disso... - falei antes que os olhares começassem a transformar-se em discussão verbal.

– Não, não... sem problemas... a única coisa que você tem que fazer é não contar nada para ninguém, nem comentar! Você não percebeu que a escola é deserta? Que tem poucos alunos? É por causa disso...

– Hmm... -abaixei minha cabeça e comecei a fitar minhas sapatilhas do colégio.

– Mudando de assunto... vamos ver o que você sabe fazer, pode ser?

– É que eu não toco há muito tempo, e estou um pouco "enferrujada"... Não sei nem as posições, em que casa os dedos ficam... eu...

Peguei a guitarra e então comecei a tremer. Olhei para o braço com as cordas e tentei me concentrar para lembrar as posições das notas. Estavam os dois ali, parados um do lado do outro olhando para mim.

– Não tenha medo, Ayumi... Ela não morde - Naomi deu um pequeno sorrisinho - Tente pelo menos fazer uma nota.

– Calma... vou apenas te ajudar e você vai ver que vai lembrar rapidinho. - o garoto ofereceu-se para me ajudar.

Ele ajeitou a guitarra arrumando a posição. Foi atrás de mim e pegou minha mão. Sua mão quente e calorosa. Colocou meus dedos em cada casa para uma nota inicial. Enquanto ele falava das casas, eu não consegui prestar atenção. Fiquei admirando seus belos olhos. Quando ele olhou para mim, nossos olhos encontraram-se. Desviei o olhar. Ele pegou meu braço esquerdo (quase que um abraço) e então me fez tocar as cordas.

– Pronto, é isso aí! Agora é só tentar tirar uma nota sozinha. Vamos lá - deu um sorriso envergonhado.

Respirei fundo e toquei as cordas. O que eu achei que nunca mais havia excluído da minha cabeça, as posições, as notas, o jeito de tocar, tinha voltado. Ao terminar, Naomi estava com sua boca aberta e Tatsuo começou a aplaudir.

– Nossa, Ayumi! Você é sensacional! Você é fantástica! Não sabia que tocava assim! E depois você diz que não sabe tocar - disse Naomi.

– Parabéns Ayumi! Adorei seu som... Mandou muito bem - comentou Tatsuo.

– Ahh... Obrigada... - Comecei a ficar vermelha. - Agradeço você, Tatsuo, por ter me ajudado.

– Imagina - ele sorriu. - Agora quero ver seu talento no piano, ein? - Deu uma leve gargalhada na brincadeira.

Em seguida, um professor já de idade usando óculos, com seus cabelos grisalhos entrou na aula dizendo o nome do Tatsuo:

– Tatsuo, ensaiou bastante?

– Sim, senhor. Hã, professor, temos convidadas...

Ele virou-se rapidamente e fitou-me.

– Essa é a Naomi, que o senhor já conhece, e essa é a Yang Ayumi, a aluna nova.

– Aquela que eu comentei mais cedo com o senhor - comentou Naomi.

– Ahh sim, sim! Ayumi... seja bem vinda! Espero que goste. O.K. Agora vamos lá Tatsuo, mostre-me o que você ensaiou. Meninas, vocês podem sentar nos bancos do palco mesmo, porque Tatsuo você vai mostrar sua música no palco.

– Beleza! - disse ele empolgado pegando seu violino.

Ele subiu no palco e começou a tocar. Nunca vi alguém tão perfeito no violino. Tanto seu som como ele... Inexplicável. A cada acorde dado pelos seus dedos habilidosos, notas perfeitamente produzidas. Não que esteja sendo "puxa saco" dele nem nada, mas apenas estando lá na sala, no palco, frente a frente do Tatsuo para saber o que eu quero descrever. Depois de sua finalização, o professor apenas levantou e disse:

– Ótimo! Parabéns. Mas continue ensaiando. Perfeição é tudo!

– Sim, senhor.

– Nossa, Tatsuo. Você é perfeito! – disse eu.

Ele sorriu.

– Quer dizer, perfeito no violino, sabe? - Comecei a ficar envergonhada e senti minhas bochechas ficarem vermelhas. - O som, ótimo! A marca que influencia? Está bem afinado ele... Mandou bem... Toca a bastante tempo, né? - tentei disfarçar.

– Obrigado Ayumi.

Acho que consegui dar uma enroladinha na minha conversa fiada e a Naomi, graças a ela, mudamos de assunto.

– Legal Tatsuo, vamos tocar junto a música de você tem que ensaiar. Apenas deixe-me pegar meu instrumento.

Naomi montou sua bela flauta prateada e ela contou até três, fazendo assim a junção belíssima de flauta e violino. Nunca pensei que esses dois instrumentos pudessem ser tão lindos juntos. Dois instrumentos tão clássicos unidos. Então o professor sai atrás da cortina do palco e fala que a aula era aquilo por hoje. Que se nós quiséssemos poderíamos ir embora ou ficar e tocar os instrumentos. A Naomi decidiu ficar, e ela convidou-me também.

Eu estava louca para ir embora e tirar um cochilo no sofá da sala. Sentamos nós três na forma de um triângulo no canto de ensaios (onde estavam as partituras jogadas) e começamos a jogar conversa fora.

– E aí, como vai a turma meninas?

– A mesma coisa, Tatsuo... e a sua?

– É... também. Não mudou nada. Você gostou da turma Ayumi?

Então a Naomi olhou para mim com um sorriso angelical.

– Ah, claro, claro. Ainda não conheci todo mundo... Mas já conheci alguém bem legal.

Olhei para a Naomi e ela me deu um sorriso.

– Desculpe-me, mas está em que turma mesmo? -perguntei ao Tatsuo.

– Na mesma que a sua, só que no prédio vizinho. Se você olhar pela janela, capaz de encontrar-me sentado na janela bem no meio dela.

– Sério?! Quero dizer... interessante... - disfarcei.

O Nagashima é da mesma turma que a minha, mas prédio vizinho? Então... ele tem minha idade?!

– Então você tem 16 anos, correto? – disse eu um pouco confusa fitando o teto tentando achar a resposta.

Ele de uma risadinha fechando os olhos.

– Na verdade tenho 17. Meu aniversário é próximo ao fim de ano, então a minha série fica um pouco confusa.

– Ah... – disse eu fitando agora o chão.

– Garotas, tenho que ir... ainda tenho que passar na casa do meu pai. – Comentou Tatsuo

– Seus pais são separados? - perguntei não querendo ser interesseira.

– Sim. Passo o maior tempo com minha mãe. Mas mãe é mãe... nunca me entende.

– Sinto muito... -tentei confortá-lo.

– Tudo bem.

Ele levantou-se da cadeira colocando-a no lugar novamente, pegou seu violino, colocou em sua maleta e despediu-se da Naomi e depois minha, dando um beijinho na bochecha.

– Se cuidem! -gritou acenando a mão.

Em seguida, a Naomi puxa assunto comigo.

– Okay, agora admita, Ayumi.

– Admitir o quê?

– Eu percebi seu olhar para ele... sua bochecha... sua fala enrolada... Haha – ela deu uma risada colocando a mão na boca e olhando para mim com olhos provocadores.

– Ahh... qual é Naomi. Não, nada a ver. Agora vamos que tenho que ir para casa. Falando na minha casa, não quer passar lá? Aposto que minha mãe ficaria muito feliz em conhecê-la.

– Tudo bem, se não for incômodo...

Enquanto estávamos na rua, começamos a jogar conversa fora. Quando eu me lembro do meu caderninho.

– Hã... Naomi, posso falar uma coisa com você?

– Mas é claro. Por que não?

– Bem... você provavelmente vai querer me matar, mas preciso desabafar isso com você! É sobre a Emi Akemi.

– Emi A- quem? Perdão.

– Emi! A menina que foi assassinada no nosso colégio!

– Emi... como sabe o nome dela?

– Fiz uma pesquisa profunda nela ontem de noite e anotei tudo aqui - entreguei a ela o caderninho.

Ao chegar em casa, gritei para minha mãe avisando que tínhamos visita. E como é minha mãe, veio correndo.

– Boa tarde, senhora! - curvou-se Naomi.

– Boa tarde! Você é a Naomi, certo?

– Sim, senhora. Prazer em conhecê-la. Desculpe-me por chegar sem ter avisado-te.

– Por favor, chame-me de Mariko, apenas. - Disse minha mãe com uma intimidade muito grande.

– Ahh, mãe... tem lanche? - Perguntei, pois estava com muita fome.

– Claro! Venham até a cozinha que prepararei algo para vocês.

Eu e Naomi já tínhamos sentado a mesa, quando minha mãe nos trás pequenos originis. Enquanto estávamos comendo, minha mãe me viu anotar em meu caderninho sobre o mistério. Então ela decidiu tirar da minha mão e leu. Mas quando ela leu alguma frase que eu tinha escrito, ela parou de dar-me sermão e ficou calada. Devolveu o livrinho e disse que já tinha acabado de comer. Acabado? Ela nem começou!

– Sua mãe está bem? -pergunta preocupada Naomi.

– Não sei... mas acho que não.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo acho que deixou pessoas curiosas *cofcofminhaamigaLolacofcof* e então estarei fazendo a continuação para vocês saberem o que aconteceu com a mãe da Ayumi. Espero que tenham gostado ^^
Até o próximo capítulo!!
Chu~



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