Tristan

Achei que tinha ouvido a voz de Shae e tinha me apressado a frente, com a rosa em mãos. Estava com o uniforme oficial de Chefe da Guarda, com todas aquelas medalhas e brancura, nada mal aos olhos. Imaginei que essa seria a ocasião perfeita para contar a ela. Com sorte, ela me acharia bobo, mas corajoso por tentar.

Mas quando a encontrei, no jardim das camélias, ela não estava sozinha. O príncipe francês, Cormier, a estava mantendo muito bem ocupada. Respirei fundo, sentindo os olhos queimarem com a visão. Escondi-me atrás de uma estátua para que não me vissem.

Pensando bem, não era nada justo. Pedir que ela desistisse de um príncipe por um melhor amigo que não tinha nada fora do palácio para oferecer. Queria ter coragem de jogar a rosa no chão, mas não tinha.

–Ei, Trist. Aí está você.

Lá veio Charlie, todo sorridente.

–Está bonito no uniforme. Aposto que seu pai está morrendo de inveja. Não conte a ele, mas você fica melhor.

–Obrigado.

Agradeço baixinho.

–Ei, que cara é essa, cara? Achei que essa era a noite. A noite que você ia encontrar sua moça.

–Eu encontrei – Joguei a rosa para ele, caminhando para longe dele, desejando um pouco de silêncio. – E o namorado dela encontrou também.

–Ugh, pesado. – Charlie olhou para a flor e me seguiu. – Isso é uma rosa amarela.

–Sim, eu sei.

Achei que ele iria embora, mas insistiu.

–Elas só crescem no jardim de Shae. São as favoritas dela.

–Sim, Charlie, eu sei. – Virei-me para ele, querendo um pouco de paz. – E é exatamente por isso que ia levar uma para ela. – Respondi, duro. Queria gritar, mas os dois podiam ouvir. – E dei de cara com o incidente do beijo francês parte dois.

Charlie ficou congelado no lugar enquanto eu seguia em frente na direção da floresta. Sabia que não podai me afastar muito da festa, e não iria muito longe. Mas se eu pudesse ter silêncio por só alguns minutos...

–Nunca houve uma garota. – Disse Charlie, ainda embasbacado. – Era Shae o tempo todo, não era?

–Não. Eu não sabia que era ela. Descobri há pouco tempo. Ouvi Shae cantar e era ela. Fui atrás de Astra e ela confirmou. Elas estavam lá. Ela, Dawney e Shae, na Twenty Five.

Charlie olhou para a flor.

–Você precisa contar para ela, Trist.

–Não...

–Ela precisa saber!

–Você não entende, não é?! – Gritei, colocando as mãos sobre a cabeça. – Como é que posso dizer isso a ela?! Como eu poderia ir até a minha futura rainha e dizer: “ Ei, era você o tempo todo!”? Ela está logo ali beijando o príncipe francês. E você espera que eu tenha coragem de pedir que ela fique comigo?

Encaramo-nos. Charlie parecia zangado com a minha atitude. Ele jogou a flor para mim e marchou para longe. Suspirei, voltando-me para a floresta e aproximando-me dela.