Contos da Seleção - Parte Dois escrita por Bellah102


Capítulo 12
O Chefe da Guarda - Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Com vocês, Cormier, I de seu nome. Gostoso de marca maior.



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Shae


Dawney tinha sido ferida pelo rebelde que tentara me matar e não aparecera de manhã. Lorien tinha ficado em casa para cuidar dela, de modo que eu tivera que sofrer em silêncio pelo nervosismo que me afligia. Não podia falar com as criadas temporárias porque elas me eram completas estranhas. Só três pessoas além de mim e dele sabiam o que realmente acontecera entre mim e o príncipe francês e estas eram minhas criadas regulares e Astra.

–Não faça essa cara.

Pediu meu pai, suspirando.

Felizmente – não para Carter, é claro – o pai de Tristan tinha conseguido protegê-lo quando os rebeldes tiraram armas das solas dos sapatos. Papai fizera o possível para que a culpa não recaísse sobre mim, mas todos sabiam que a culpa era minha.

–Que cara?

–Essa cara de “Preciso estar em qualquer outro lugar”. Os convidados não gostam. E convidados zangados não assinam tratados.

–Porque você não está com essa cara? O clima entre você e a rainha Daphne é mais denso do que geleia de morango.

–É o meu dever fazer sala. O nosso, aliás.

Suspirei, esfregando o rosto com o cuidado de não estragar a maquiagem.

–Eu só... Ver Cormier vai trazer a mídia de volta à vida e nós não vamos ter um segundo de paz. Eu preferia que ele nem viesse.

–É preciso lidar com as consequências das suas ações, Shae. Você e Cormier fizeram uma escolha ao engatarem um relacionamento...

–Não é um relacionamento, foi só uma noite! E não foi nem nossa escolha trazer a público.

Papai me repreendeu por aumentar o tom com olhos severos. Suspirei. Ele não entenderia.

As grandes portas do salão se abriram. Minha mãe desistiu de ajeitar a gravata de Shalom e se juntou ao meu pai para cumprimentar os recém-chegados. Meu irmão se aproximou de mim, afrouxando a gravata.

–Não é justo. Porque o seu namorado pode usar a gravata legal e eu tenho que usar a coleira?

Cormier estava lindo como sempre, com o cabelo loiro e os olhos azuis. Lá vinha ele, despojado, com as mãos penduradas nos bolsos do paletó e a gravata borboleta no pescoço. Seus pais e seu irmão mais novo, atrás dele, cumprimentavam meus pais. O príncipe francês sorria daquele jeito que servia para derreter o meu coração.

–Príncipe Shalom. Princesa Shae. É muito bom vê-los.

–Príncipe Cormier. Igualmente.

Toda festa parecia ter parado para olhar nossa interação e sussurrar. Tive vontade de me esconder sob uma pedra. Meu rubor devia ter atingido um novo patamar de vermelho.

–Ah vão lá para fora logo. – Disse Shalom, dispensando a tensão entre nós com um gesto e alcançando um copo colorido de uma bandeja. – Eu cubro para vocês. Mas tentem não aparecer em nenhum jornal de novo.


No meu aniversário de 16 anos, a família de Cormier tinha vindo à Illéa pela primeira vez desde a dissolução das castas. E, em meio a toda aquela gente esnobe, nós tínhamos nos tinha contrabandeado de presente para mim, nos beijamos no jardim. Nenhum de nós sabia fazer isso direito, mas nada disso nos parou.

Um fotógrafo que estava passando mal do lado de dentro, entrou no jardim onde estávamos para tomar um ar. A infecção urinária dele lhe rendeu o maior bafo desde o fim da última Seleção.

Dessa vez, eu e Cormier escolhemos um jardim mais distante da festa, o meu jardim. Sentamo-nos nos bancos de pedra, tímidos demais para puxar assunto.

–Eu fiquei preocupado com você. Por causa do ataque.

Ele confessou. Sorri, dando de ombros e baixando os olhos.

–Como se eu fosse deixar algum democrata levar a melhor sobre mim.

Cormier sorriu também, baixando os olhos para as próprias mãos.

–É, eu devia saber que não.

–Além disso, se algo acontecesse comigo, a mídia se certificaria que você fosse o primeiro a saber.

–Verdade. Verdade.

Voltamos a ficar em silêncio. Tínhamos nos falado muito pouco desde o ano passado. Alguns telefonemas, algumas cartas. Às vezes nos tornávamos amigos mesmo e passávamos tempos mais curtos sem nos falarmos. Então eu imaginava como seria me casar com ele e ser rainha da França. E me lembrava que teria que deixar minha casa e eu me afastava dele, magoada, mesmo que não fosse culpa dele. Mas agora nada daquilo importava. Estávamos praticamente proibidos um para o outro.

–Então... Rainha Shae, huh?

Um dia, sim. – Respirei fundo o ar da noite. – É um pouco assustador, abe?

–Sei.

–Eu nunca imaginei que isso fosse possível depois que Shalom nasceu. Mesmo antes. Eu sempre estaria em segundo plano, mas agora aqui estou eu.

–É...

Ele suspirou e eu queria ter alguma desculpa para lhe oferecer. Mas não havia nenhuma. Eu amava meu país e não desistiria dele.

–Você acha que teríamos dado certo?

Cormier perguntou, cabisbaixo. Balanço as pernas que não alcançam o chão porque o banco é alto.

–Eu não sei se jamais teria tido coragem de deixar Illéa. Mas... Eu imagino que sim. Nós gostamos um do outro. Certo? Isso é o suficiente.

Ele assentiu.

–É... – O príncipe francês cutucou distraidamente a grama com a ponta do sapato. – Mas e agora que você vai ser rainha? Com quem vai casar?

–Bem... Os reis normalmente casam com filhas de Illéa. Mas não há nenhuma obrigação por lei para mim, por enquanto. E não sei se quero pensar nisso ainda. Isso me libertou, Cormie. Eu sou tão jovem!

Ele sorriu.

–Você sabe que eu odeio esse apelido. É terrivelmente illeano.

–É fofo. E me dê um refresco, que outro apelido existe para Cormier?

Seus olhos azuis escuros tinham um pequeno contentamento por trás das íris. Era como se eu pudesse estender a mão e tocar a vida contida na sua alma.

–Talvez você devesse esquecer o nome. Escolher um apelido aleatório.

–Como...

Ele se aproximou e eu senti o coração martelas. Eu não podia, mas queria tanto... Era tão difícil ficar o tempo todo trancada, impedida de sair para me divertir até com meus amigos. Se ao menos eu tivesse alguém para dividir minhas horas, um pequeno consolo.

–Eu sugiro mon’ amour.

–É. Não vai acontecer.

Soltei o ar devagar. Não conseguia me mover sem esbarrar nele. Cormier estava em toda parte.

–Cormie... – Sussurrei, cautelosa. – Não dá.

–Nós não estamos fazendo nada. Ninguém vai se casar, Shae. Nós somos tão jovens... Le petit roi et la petite reine. Porque não?

–Por favor, não fale francês comigo.

–Só porque você não consegue resistir...

–Nós temos obrigações com nossos países. Nós só vamos nos machucar se...

Si jeune, Shae...

Ele se inclinou um pouco mais e eu me inclinei em resposta. Nós nos beijamos, como no ano passado. E dessa vez não havia vivalma para atrapalhar.


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Notas finais do capítulo

HUE HUE HUE
Que legal o ship de vocês...
Seria uma pena se... ALGUÉM ESTRAGASSE ELE.



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