POR RODRIGO

O trajeto que eu fiz até o avião foi o mais sofrido até então. O destino que eu achava que seria o retorno da minha felicidade, estava sendo na verdade o início da minha solidão. Eu estava embarcando para a cidade mais romântica do mundo, mas estava sozinho. Ao entrar no avião, ainda senti um pouco de esperança surgir em mim. Quem sabe ela tenha entrado sem eu ter visto? Procurei como quem busca a luz em meio à escuridão, mas nada! Ao chegar no meu assento não tinha ninguém ao meu lado. O lugar que deveria estar sendo ocupado por ela estava totalmente vazio. Guardei o resto da bagagem no bagageiro e sentei. Sem sombra de dúvidas essa seria a minha pior viagem.

O avião entrou em decolagem e então segui para Paris. Eu ainda não conhecia a cidade, quem sabe estando em um lugar totalmente desconhecido eu poderia por em prática o meu projeto de esquecer a Manu? Rio de mim mesmo, como posso ser tão idiota, jamais a esqueceria nem que se passassem mil anos. Mas eu poderia tentar pelo menos me acostumar com a sua ausência. Com a ausência do seu toque e do seu carinho, já que sua presença era inevitável por conta da Júlia. E eu estaria contente só por conta disso. Minha felicidade seria baseada nessas migalhas que arrancaria desses momentos de buscar e deixar a Júlia.

O vôo foi longo, mas não consegui dormir. Minha cabeça não parou em um só instante. Veio milhões de questionamentos sobre a recusa da Manu e, ao mesmo tempo, milhões de coisas que eu poderia ter feito e não fiz. Ela havia dito não e a culpa era toda minha. Eu tinha a pessoa perfeita do meu lado e mesmo assim a deixei ir. Agora terei que conviver com as consequências deste erro.

Ao desembarcar na Cidade Luz, fui direto para o Hotel. Estava muito cansado para admirar a cidade. Preferi me instalar antes de qualquer coisa. Quando entrei no quarto encontrei o local repleto de buquês vermelhos. Desgraça! Eu havia me esquecido desses detalhes! O quarto foi totalmente decorado para um casal apaixonado e em lua de mel. Tentei não focar nisso e resolvi dormir um pouco. Depois de descansar eu iria pedir pra camareira limpar o quarto. Eu não queria nada romântico próximo a mim.

Eu não sei quanto tempo eu dormir. Para mim, pareceu uma eternidade. Acordei com aquela vontade de não acordar. Estava sonhando com ela, e seria muito difícil acordar e perceber que a minha realidade era muito diferente. Meio a contra gosto levantei e fui tomar um banho. Precisava sair e sentir o ar fresco da cidade. Mas antes disso, resolvi pedir comida no quarto, nada é pior do que estar em um restaurante sozinho.

Enquanto esperava a comida chegar, fiquei deitado na cama olhando pro teto. Eu passaria uma semana aqui, mas não fazia ideia fazendo o quê. Havia planejado um guia para viagem a dois, e sem a Manu do meu lado nada teria graça.

Quando enfim bateram na porta, fui abrir porque sabia que era a comida que havia pedido. Mas, ao abrir, não era um funcionário do Hotel que estava ali na minha frente, pelo contrário, um sorriso que involuntariamente se formou em meu rosto denunciava que o que estava do outro lado da porta era algo muito além do que o Hotel poderia me oferecer. Era mais que uma miragem, era o sonho mais lindo...

– Manuela!!

POR MANUELA:

Quando a porta se abriu, percebi que o Rodrigo estava um pouco abatido, mas aos poucos um sorriso começou a brotar em seu rosto e, em tom aparentemente maravilhado, ele chamou o meu nome.

– Eu posso entrar, Rodrigo?!

– Claro, claro! Deixa eu que eu carrego as malas! – Rodrigo disse e apressadamente se encaminhou para pegar as malas e colocá-las para dentro do quarto.

– Bom, eu acho que você deve estar se perguntando como eu consegui chegar até aqui, afinal eu perdi o voo, mas...

Eu não consegui completar o que estava dizendo. Quando eu percebi, só senti o Rodrigo próximo a mim e me surpreendendo com um beijo. Um beijo de urgência misturado com felicidade, algo que estávamos desejando assim que nossos olhos se encontraram. Suas mãos percorriam pelo meu corpo como que fosse pra se certificar de que eu estava realmente ali. Suas carícias me envolviam com fervor e eu já sentia minhas pernas falharem. Quando nos soltamos para recobrar o fôlego, ele sorri pra mim e começou a me encher de pequenos beijos pelo meu rosto e pescoço.

– Você não imagina como eu estou feliz por te ter aqui comigo! Você está aqui e nos meus braços!

– Eu também estou muito feliz – falo enquanto ponho minhas mãos em seu rosto para olhá-lo nos olhos – Eu tinha muitas dúvidas, tive que por fim a todos os monstros que me assombravam, meu medo de sofrer novamente... mas estou aqui, e tudo que mais quero é estar com você pra sempre.

– Meu amor, você verá que vamos conseguir superar isso. Eu sei que teremos problemas, dificuldades como todos os casais, mas vamos fazer isso dar certo como na primeira vez. Nós nos amamos, isso é o que importa. Tudo que virá depois será só pra fortalecer e reafirmar o nosso amor.

– Eu sei que sim – sorrio para o Rodrigo, emocionada.

–Eu não posso calcular minha felicidade por você estar aqui, mas como você soube que eu estava neste Hotel, se na encomenda que te mandei só tinha a passagem? E por que você não conseguiu chegar a tempo no aeroporto?

– Muitas perguntas, senhor, mas explicarei tudo com prazer. Eu havia decidido não vir com você, por motivos que não são mais importantes agora, mas fui convencida por uma tropa que te tem em alto valor. Depois de ouvir tantos argumentos, foi impossível continuar dizendo não. Mas eu não podia viajar sem falar com a Júlia. A Ana se ofereceu para contar tudo pra ela, mas você me conhece. Eu nunca viajaria sem me despedir da nossa filha. Por isso perdi o voo. Eu estava me despedindo da Júlia. Quando cheguei ao aeroporto, o avião já tinha decolado. Eu achei que não conseguiria mais, porém a Nanda estava comigo. Ela me ajudou a pegar outro avião, com escala em Portugal. E estou aqui porque a cabeça desse plano maluco, além de ser sua irmã, é uma amiga muito querida. Ela me ajudou em tudo, inclusive a fazer as malas.

– Por favor, me lembre de agradecer de joelhos a minha irmã.

– Ah, não se preocupe, ela preparou uma lista de coisas que ela quer que a gente leve. É a Nanda, né, rápida no gatilho.

Depois do meu comentário, a conversa cessou e paramos hipnotizados pelo olhar do outro. As palavras já não cabiam mais ali. Naquele silêncio que se instalou, o desejo tomou o seu lugar. Rodrigo então se aproximou de mim e com bastante calma me beijou. Pude saborear o seu gosto tomando forma em minha boca e seu beijo se intensificando cada vez mais. Com cuidado e sem parar de me beijar, Rodrigo então começou a retirar o meu casaco. Suas mãos sobre a minha pele me causaram arrepios. Meu Deus, como estava sentindo falta do seu toque! Aos poucos minhas roupas foram caindo pelo chão, enquanto eu também começava a despi-lo. Minhas mãos puderam percorrer sobre o seu peitoral e depois pelo resto do seu corpo, meus gestos foram ficando mais involuntários... a necessidade foi falando mais alto! E com muito cuidado e carinho, Rodrigo me deitou na cama e me amou. Naquele momento eu me senti viva com há muito tempo não me sentia. Estar a sós com o Rodrigo em um momento tão íntimo me fez lembrar que sem ele minha vida não fazia sentido. Suas carícias, suas declarações enquanto me amava, era tudo o que mais desejei ter durante todo esse tempo em que estávamos separados. E assim, nós dois fomos um do outro durante toda a noite. Não importava o que viria depois, eu e o Rodrigo estávamos novamente juntos e era isso que importava.