Nossa caminhada para contornar o ginásio rumo de volta ao prédio dos aprendizes foi silenciosa e mais lenta do que eu estava acostumada, o clima estava fresco e agradável, nossas mãos estavam perfeitamente unidas num aperto firme e gentil e por fim os constantes olhares rápidos e nenhum pouco discreto que lançávamos um para o outro eram mais que o suficiente para que ambos transmitíssemos um ao outro o quão forte era o que sentíamos e que com o tempo continuar ignorando tal sentimento e esconder isso de todos da São Vladimir não seria mais tão eficiente como estava sendo e também não iria durar por muito mais tempo, porem teríamos oportunidades adequadas para lidar com aquilo quando chegasse o momento certo de fazê-lo.

Quando finalmente nós dois silenciosamente atravessamos o pátio principal e tivemos acesso ao corredor principal da Academia percebemos que por sorte tudo estava perfeitamente quieto do mesmo modo que estava quando eu havia saído há algumas horas; então novamente para minha total surpresa quebrando as próprias regras perfeitas de contenção e preservação de integridade pessoal, o camarada Belikov me acompanhou silenciosamente até a porta de meu dormitório na ala dos Dhampiros. – O que na verdade era ótimo no caso de eventualmente aparecer algum Guardião ou Mentor; porque então Dimitri me defenderia com algum tipo de história inteligente bem convincente.

– Prontinho Roza, está entregue sã e salva. –Disse ele com um pequeno sorriso.

– Engraçadinho. Obrigada por hoje Dimka, foi incrível. –Falei também sorrindo.

– Eu que agradeço Roza. Esse sem sombra de dúvidas foi o melhor aniversário que eu já tive em toda a minha vida dentro da Academia ou fora dela. E olha que nada supera a macarronada com molho Russo da minha mãe nessa data. –Brincou ele alargando o sorriso de antes e isso era contagiante. –Você teria gostado de experimentar, nada se compara a comida dela. Sinto falta às vezes.

– E mesmo assim aposto que nunca cogitou realmente abandonar sua carreira de Guardião e simplesmente voltar para o colo da sua mãe. Voltar para casa. Para uma vida completamente normal. –Falei apoiando-me no batente da porta.

– Você acertou de novo Rose. É verdade, eu nunca pensei em considerar realmente pedir demissão para a Diretora Kirova e mesmo que eu o fizesse minha mãe provavelmente iria me expulsar de casa assim que passasse o momento do choro e abraços. Bem como as minhas irmãs, em especial a mais velha. –Disse ele com o olhar fixo no vazio, perdido em lembranças.

– Que meigo. Pensei que seu relacionamento com a sua mãe e suas irmãs fosse, tipo bom... Ou melhor, do que isso. –Falei franzindo a testa sem entender.

– E é melhor que isso mesmo Roza, pode ter certeza quanto a isso. É realmente muito bom estar com todas elas, mesmo quando estão bravas. Acontece que minha mãe é do tipo que defende a ideia de que os homens Dhampiros de uma família devidamente correta devem seguir o destino como Guardiões quando tem a idade adequada para isso e que as mulheres Dhampiras devem permanecer em casa, seguras e delicadas. Então mesmo que eu não tivesse feito essa mesma escolha teria que seguir esse caminho ou ela me chutaria tão forte que eu iria cair aqui dentro em algum momento. –Respondeu ele dando uma risada que ecoou dentro de mim de forma agradável. –Agora eu deveria ir dormir e você também.

– Sei que é domingo e não tem obrigação de ficar perto de mim, mas ainda assim eu gostaria de saber se vou ver você mais tarde? –Perguntei quando paramos na porta de meu dormitório, era uma pergunta idiota, mas eu tinha que fazê-la.

– Não sei Roza, eu terei alguns compromissos com outros Guardiões e algumas reuniões. Parece que em breve teremos uma excursão especial para a Estação Real de Esqui, para alunos escolhidos a dedo pela Rainha Tatiana, eu ainda não sei os detalhes. –Respondeu ele após pensar um momento.

– Certo. Por mim tudo bem camarada. E novamente obrigada por tudo que estamos vivendo. Está sendo incrível. –Falei forçando um pequeno sorriso, que provavelmente não o convenceu, uma vez que ele era bom em perceber quando eu tentava mascarar o que sentia especialmente se fosse algo negativo.

– Boa noite Roza, eu amo você. Nunca se esqueça disso, por favor. –Respondeu Dimitri dando um daqueles sorrisos raros e lindos que eu amava.

Meio segundo depois pegando novamente totalmente de surpresa, ele me puxou para seus braços aparentemente sem medo de sermos pegos, entrelaçando os dedos longos e macios por baixo da base de meu cabelo e com o braço livre envolveu minha cintura com firmeza me erguendo alguns centímetros do chão para que eu não precisasse me esticar tanto para alcançar seus lábios.

– Boa noite Dimka, eu amo você também. Nunca se esqueça disso. –Falei com um sorriso leve quando estava de volta ao chão sobre meus próprios pés.

– Jamais Roza, você é impossível de esquecer. –Garantiu-me ele inclinando um pouco os joelhos junto com o corpo e assim dando-me mais um selinho.

– Obrigada camarada. –Agradeci com um sorriso apaixonado.

– De nada Roza. –Respondeu ele beijando minha testa, sua mão foi para o meu cabelo, ele pegou uma mexa e sorriu. – Adoro o seu cabelo, é tão bonito.

– Prometo que nunca irei corta-lo Dimka. Eu ainda posso prendê-lo. –Falei com um pequeno sorriso.

– E um mentor apaixonado agradecerá eternamente por isso. –Respondeu ele dando de ombros com um pequeno sorriso.

Trocamos um último segundo de olhares significativos, acompanhado por um abraço apertado de bom descanso, depois disso, meio relutante em sair do lugar Dimitri virou o corpo e foi embora.

Fiquei parada onde estava apoiada no batente da porta de meu dormitório até que ele dobrasse a esquina e sumisse completamente de meu campo de visão, com um suspiro tranquei a porta, então de repente me vendo exausta, me troquei com o primeiro pijama que encontrei, escovei os dentes, desembaracei os cabelos e com todos os rituais completos me entreguei ao cansaço, jogando-me na cama com um largo sorriso revivendo em minha mente o que havíamos feito.

Eram quase 06h00min horas da manhã de um domingo possivelmente entediante, os Moroi não teriam aulas de qualquer gênero e com exceção da ida a missa à tarde poderiam descansar em seus quartos ou na sala de recreação, então com isso nós Dhampir consequentemente não teríamos treinamento obrigatório ou qualquer tipo de atividade com caráter escolar, era aniversario de Dimitri, no entanto eu quem ganhara o presente de estar em seus braços.