Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 11
Capitulo 10 - Vingança


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 11/02/2021.
Boa leitura!



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Vingança

O sangue que escorria por meus lábios respingava na minha camiseta. Eu sentia o ardor dos cortes, mas não conseguia fazer nada para refreá-lo.

Apesar de toda a dor, minha mente ainda estava confusa acerca de tudo o que tinha acontecido. Em um momento, estávamos em uma casa barulhenta e em outro, meu corpo havia atravessado uma das portas e ido de encontro com um piso apodrecido que sequer parecia ser parte da mesma casa.

Filho da puta. – Murmurei tentando limpar meu queixo com as costas da minha mão. O último tapa que Sai havia desferido em meu rosto me pegou de jeito, mesmo que eu tenha tentado impedi-lo com meus braços. – Sasuke vai encontrar você! – Gritei quando ele agarrou meu braço novamente.

— Não acha que ele já teria te encontrado se pudesse? – Ele sorriu. As presas em seus dentes que eu nunca havia percebido brilhavam em meio a escuridão do quarto. – Não acha que ele teria sentido o cheiro do seu sangue?

A pergunta de Sai foi feita em um tom sádico que me enjoou. Não quis admitir, mas a possibilidade de que Sasuke não chegaria a tempo passava por minha cabeça todas as vezes em que meu antigo amigo aproximava-se de mim.

— Eu tenho nojo de você.

O cuspe pegou Sai desprevenido. Ele se afastou para limpar o próprio rosto e eu aproveitei a deixa para me levantar do chão e correr até a porta que nos separava dos demais.

Antes que eu pudesse alcançar a maçaneta, algo prendeu a minha perna. O puxão fora tão forte que eu caí no chão em um baque surdo, batendo a minha cabeça contra o piso com força.

Gritei ao sentir algo sendo fincado em minha perna esquerda com força. A dor era tão agonizante que eu me contorcia enquanto Sai empurrava a lamina com cada vez mais força contra a minha pele.

— Acha que vai escapar assim? – As mãos dele agarraram o meu cabelo com força, puxando-me em sua direção. – Porra, Sakura, achei que fosse mais esperta.

— Foda-se. – Sai não pareceu abalado com meu sofrimento, como se eu fosse apenas um mosquito que passou por ele. – Resolva a merda dos seus problemas com o Sasuke, não comigo!

— Acha que seria o suficiente? – Sai retrucou com irritação puxando-me pelo cabelo até que eu ficasse de pé. Ele passou a me empurrar em direção a uma das paredes com violência. Alguns dos cacos de vidro do espelho entraram em meus ante braços e me fizeram gritar, mas ainda assim, ele continuou me pressionando com cada vez mais força. – Ele tirou tudo o que nosso clã tinha direito. Nossas terras, nossa família... – O aperto em meu cabelo me fez arfar e meus olhos encheram-se de lágrimas por toda a dor que eu sentia em meu corpo. – Vou matar o que é mais importante para ele.

Olhei para Sai com raiva e cuspi sangue em sua direção. Eu não facilitaria para ele nem mesmo diante da morte.

— Por que seus olhos... - Algo em meu olhar o prendeu por um momento, assustando-o e foi a brecha que precisei para escapar de suas mãos mais uma vez. – O que é você?

Não consegui responde-lo. Pela primeira vez em horas, eu conseguia sentir outras emoções que não eram minhas. Sasuke.

— Ele vai pegar você. – Minhas palavras foram acompanhadas de um barulho alto na porta que atraiu a atenção de Sai de imediato. – Ele vai matar você.

O que aconteceu em seguida foi confuso. Em um instante, Sai estava sobre mim e tentava me sufocar enquanto a porta velha resistia aos empurrões que ficavam cada vez mais fortes.

Minha visão começou a ficar turva, meus pulmões gritavam por ar e quando achei que não daria tempo, o corpo do meu antigo amigo foi retirado de cima de mim com violência.

Tudo não havia passado de uma fração de segundos.

Sombras altas projetavam-se para dentro do quarto e eu conseguia ouvi-los, mesmo que não fosse capaz de compreende-los. Sasuke estava ali. Ele tinha conseguido me encontrar.

Minha respiração ficou descompassada, mantive o olhar no teto... Não conseguia me mexer. Sai gritou de forma gutural e eu fechei os olhos ao sentir alguém se aproximando de mim.

— Abra os olhos, Sakura. – A voz gentil de Naruto me incentivou a fazer o que ele pedia. Seus orbes azuis estavam preocupados e então tive certeza de que estava pior do que imaginava. – Consegue me dizer onde está?

Fiquei confusa com sua pergunta. Eu tinha certeza de que ainda estávamos na casa onde a festa estava acontecendo, com todos aqueles jovens no piso inferior que não faziam ideia do que acontecia.

E ainda assim, havia dúvida em minha mente.

O quarto não tinha vida. Não parecia ser uma casa comum como a que nós estávamos, as paredes eram consumidas pelo mofo, os móveis caiam aos pedaços e a única peça que fazia sentido era o espelho que jazia em pedaços aos nossos pés.

— Leve-a daqui. – O rosto de Ino surgiu em meu campo de visão, mas ela era tão séria quanto uma estátua de mármore. – Os outros estão chegando. – Suas palavras não passavam de um murmúrio urgente, mas eu conseguia compreende-las mesmo diante da bagunça que instaurava-se no quarto.

O grito de Sai me assustou. O sobressalto em meu corpo preocupou Naruto, que me ajudou a me sentar no mesmo instante em que os vi Sasuke perfurar o peito de Sai com a própria mão.

Eu gritei horrorizada e atraí a atenção de Sasuke, seus olhos vermelhos tomaram consciência de que eu o observava, mas ele não era capaz de parar o que fazia. Sasuke estava sendo consumido pela própria fúria.

— Não pode mata-lo. – Uma voz masculina e autoritária surgiu em meio as sombras. – Sasuke, temos que interroga-lo!

— Pro inferno esse interrogatório. – A voz de Sasuke era baixa e raivosa. Ele havia batido o corpo de Sai contra a parede e ainda permanecia com a mão direita dentro do peito dele. – Vou mata-lo para que ele aprenda que não pode mexer com ela. Não com ela.

— É assim que você fica quando mexem com seu brinquedinho? – Sai sorriu, os lábios manchados de sangue o deixavam com uma aparência bizarra. – Se soubesse o que eu estava prestes a fazer antes que você chegasse... – Os olhos de Sai brilharam na minha direção e eu só percebi que havia parado de respirar quando Naruto se posicionou entre ele e eu.

— Vamos embora.

O Uzumaki me puxou delicadamente para seu colo e teve cuidado para que eu não visse o que acontecia entre Sai e os outros.

— A chave de portal te levará até a mansão Uchiha. – Ino disse enquanto erguia uma chave dourada e fechava a porta do quarto com cuidado. – Deixe Sakura no quarto e permaneça com ela até que nós retornemos.

O barulho de vidro sendo quebrado atraiu a atenção de Ino. Ela suspirou e fez uma expressão irritada enquanto aquiescia para alguém que eu não consegui ver.

— Eles pularam pela janela. – Ela disse para Naruto. – Vou atrás dos dois antes que matem Sai. Precisamos saber quem o enviou.

Quis contar que tudo não passava de vingança quando a porta foi aberta. Uma luz quente me tomou enquanto Naruto caminhava comigo em seus braços. Meus olhos estavam fechando sem a minha permissão e eu me sentia tão cansada que não tive chance de lutar contra a inconsciência.

— Descanse, Sakura. – Naruto disse ao me ver. Ele tinha um sorriso fraco em seus lábios, mas parecia tranquilo ao notar que eu ainda reagia à suas palavras. – Estarei com você quando acordar.

— Onde está Sasuke? – Perguntei em um murmúrio. – Ele não pode se machucar por minha causa...

— Não se preocupe. – Naruto me interrompeu em um tom de voz paciente. – Sasuke foi atrás de vingança.

As palavras de Naruto foram as últimas que ouvi antes de adormecer.

X-X-X

— O que é você?

A pergunta de Sai ainda perambulava por minha mente quando finalmente despertei. O teto branco do quarto, infelizmente, não tinha todas as respostas que eu precisava.

Me perguntei se Ayame sabia do que havia acontecido. Esperava que ela estivesse bem e que me perdoasse por desaparecer de sua vida mais uma vez. Não teria volta.

O sentimento de culpa me corroía. Aquilo tudo havia acontecido por imprudência minha, por não querer ficar no mesmo lugar que Karin, por não aceitar que ela e Sasuke tinham algo que eu não era capaz de entender.

Senti que as lágrimas quentes escorriam por meu rosto, mas me mantive em silêncio mesmo quando Naruto me perguntou se eu sentia dor. Infelizmente, meu corpo não era o único que sofria as consequências do que aconteceu.

Nós permanecemos em silêncio por horas até que Sasuke aparecesse. Ele disse baixo que Naruto podia ir e meu amigo não protestou. Todos estavam cansados daquela situação.

Ainda com os olhos no teto, pude sentir que o espaço ao meu lado afundou-se suavemente e logo, o toque frio de Sasuke em minha mão direita fez com que eu desviasse meus olhos em sua direção.

Sasuke estava cansado como nunca antes. Parecia ter vivido mil anos em uma única noite.

Os olhos vermelhos estavam opacos, o sangue manchava sua pele e suas roupas.

— Como está se sentindo?

— Culpada. – Respondi em um murmúrio. A dor em meu corpo e as fisgadas doloridas em minha perna esquerda não ultrapassavam o peso em minha mente. – Eu não devia ter...

— É, não devia. – Sasuke me interrompeu. – Não podemos mudar o passado, então esqueça isso.

— Não posso. – Tentei me sentar, mas não consegui. Sasuke apenas observou meus esforços em silêncio. – Não consigo...

— Você está ferida. – O Uchiha me impediu de falar mais uma vez. Seus olhos brilhavam em preocupação enquanto analisava meu estado. – Remédios humanos não te farão melhorar rápido. – Ele acrescentou ao ver a atadura que cobria minha perna repleta de sangue.

Naruto tinha feito um bom trabalho ao limpar meus ferimentos, mas eu precisaria de pontos para que aquilo fechasse.

— Beba do meu sangue. – As palavras de Sasuke soaram em um sussurro. – Beba e ficará melhor até o amanhecer.

Engoli em seco diante de sua proposta. Aquela era uma parte pouco explorada em nossa relação. O sangue podia ser benéfico para nós dois em situações extremas como aquelas.

Apenas o sangue de Sasuke era capaz de me curar.

Sasuke suspirou e fez menção de levantar da cama, mas eu o segurei. Minha expressão alarmada o assustou, eu conseguia sentir isso nele, mesmo que apenas seus olhos tenham demonstrado algo.

— Não vá embora. – Murmurei como da última vez em que ficamos tão próximos assim. – Eu...Tudo bem.

— O que quer dizer com isso?

— Não me faça repetir. – Um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Sasuke e ele aquiesceu antes de se afastar em direção ao que julguei ser o banheiro.

Eu sabia que por ele nós faríamos aquilo do jeito certo. A mordida para vampiros como Sasuke era íntima. Ele não fazia aquilo apenas por sangue.

Quando ele retornou, me ajudou até que eu conseguisse me sentar na cama. Eu não fazia ideia de como, mas ele conseguiu um copo escuro o suficiente para que eu não precisasse ver o sangue que estava ali.

— Beba de uma vez. – Ele me aconselhou com seriedade. – Quando estiver pronta.

Respirei fundo e aquiesci. Engoli todo o líquido e ignorei o gosto amargo que estava em minha boca. O sangue de Sasuke revirou em meu estomago, mas a dor que eu estava sentindo em meu rosto e meu corpo havia começado a diminuir.

— Continua horrível como da última vez. – Falei enjoada antes de entregar o copo para ele. – Obrigada.

— Precisa descansar. – Sasuke ignorou meu agradecimento e me ajudou a deitar novamente, dessa vez, ocupando o lugar ao meu lado sem que eu precisasse pedir. – Quando estiver melhor, responderei tudo o que quiser. – Ele avisou ao ver que eu me preparava para questioná-lo.

— É claro. – Ri baixo e me acomodei no travesseiro. Meus olhos estavam se fechando como se eu houvesse ingerido um medicamento forte. – Você sempre sabe o que vou dizer.

— Se isso fosse realmente verdade, não estaríamos aqui. – Sasuke me corrigiu. Sua voz impassível me fez sorrir. – Pare de causar problemas, Sakura.

— Não é uma frase gentil.

— Não ficarei em paz se algo acontecer à você. – Sasuke me avisou com seriedade e eu não me virei em sua direção para observar seu rosto. - Boa noite, Sakura. – Acrescentou ao ver que meus olhos estavam fechando-se cada vez mais rápido.

— Recite mais uma vez.

— O que?

— Aquele poema. – Murmurei embalada pelo sono. – Aquele que não consigo esquecer.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Recomendações? Favoritos?
Alguém tem teorias? Eu amo teorias. u-u USAHASUSH