Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 10
Capitulo 9 - As Flores de Sai


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Esse capítulo foi reescrito totalmente, mas não mudou "muito" em essência comparado a versão anterior.
Reescrito em: 10/02/2021.
Boa leitura!



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As Flores de Sai

 

Ficarei enquanto for eterno o meu amor

Dizer que aquela frase em especial não me causava nada era mentira. E ao menos, para mim, não havia sentido em tentar me enganar sobre aquilo.

Procurei na internet por todo o trecho que eu me recordava do poema, mas não encontrei nada. Aquilo me intrigava, me deixava com a sensação de que eu estava esquecendo de uma parte importante.

Suspirei e bloqueei a tela do celular deixando-o sobre o meu colo. Ino provavelmente não sabia do meu desaparecimento ou teria enchido meu celular com suas mensagens irritadiças.

Olhei para a pulseira em meu pulso e me perguntei se aquele era o motivo pelo qual Sasuke ainda não tinha me encontrado. A pedra rosada parecia reluzir um pouco mais quando eu a movimentava, mas não tinha nada de especial em sua composição...Ao menos não que eu houvesse percebido.

— Obrigada. – Agradeci à uma das atendentes que me entregou um copo de suco gelado. O calor na cidade estava quase infernal. – Aqui fica aberto até que horas? – Perguntei querendo soar casual.

A mulher de cabelo cacheado me encarou com desconfiança. Os adultos costumavam olhar assim na minha direção, como se eu fosse um imã para problemas.

— Até as onze da noite. – Ela me respondeu após me avaliar o suficiente. – Não somos uma lanchonete vinte e quatro horas. – Acrescentou em um tom óbvio que me deixou incomodada.

— Oh. – Pisquei algumas vezes e me atrevi a olhar para fora da lanchonete. – Obrigada mesmo assim. – Apontei para o suco e ela se afastou sem me dizer mais nenhuma palavra.

Suspirei novamente quando recebi uma mensagem em meu celular. Apenas uma pessoa saberia sobre ele e se ela soubesse, significava que a quantidade de caçadores em minha procura havia dobrado.

Onde você está?

Não ousei abrir. Eu não sabia o que responder e não teria como justificar minha fuga como algo ocasionado pelo impulso...O que de fato foi.

Eu não queria ver Karin. Não queria ver Sasuke com ela e não entendia a sensação de ameaça que ela implicava em meu peito.

Não fazia sentido para os outros, mas para mim, era o suficiente. Eu não me submeteria aquela tortura por livre e espontânea vontade...Sasuke devia saber sobre isso também.

— Não precisa fingir que não está me vendo. – A voz bem humorada me fez erguer a cabeça com o susto. – Mas estou surpresa por vê-la aqui, Sakura.

— Não achei que encontraria você também.

As minhas palavras escaparam por meus lábios com incerteza. Eu sabia que devia explicações para muitas pessoas, mas não esperava ter que começar a me justificar justamente para Sai. Principalmente para ele.

— A última vez que nos vimos...

— No cinema. – Completei enquanto analisava sua postura descontraída com insegurança. Lembrar sobre aquele dia também me trazia a recordação do meu envenenamento e ter um dos suspeitos em minha frente não me tranquilizava totalmente. – Me desculpe por aquilo. – Acrescentei antes de ingerir um pouco do suco.

Sai me conhecia. Ele sabia que eu estava acuada e que minhas respostas mecânicas não tinham significado algum com o que eu sentia. Eu não estava arrependida, apenas queria me livrar de conflitos desnecessários.

— Se sente arrependida por me deixar sozinho aquele dia? – Ele arqueou as sobrancelhas e a dúvida em seus olhos escuros me fizeram refletir sobre suas palavras. – Podia ter apenas me dito que ia embora.

— Eu não consegui. – Murmurei a resposta em um fio de voz. A curiosidade estampada no rosto de Sai não facilitava minhas respostas. – Tive uma emergência.

— Que tipo de emergência?

— Meu tutor não estava bem. – Respondi de prontidão. Sai pareceu incomodado ao endireitar sua postura na cadeira em minha frente. Não saber exatamente quando ele havia sentado ali também me incomodava. – E fui para um colégio interno. – Ao menos uma verdade no meio de todas as minhas mentiras trabalhadas.

— E por que não atendeu ao telefone?

— Porque perdi meu celular.

— Existem outras formas de comunicação.

— E você não precisa me submeter à um interrogatório. – Rebati sua acusação com irritação. Eu não sabia quando Sasuke poderia me encontrar, mas tinha certeza de que estar com Sai não facilitaria todo o processo. – Por que não acredita no que eu digo?

— Você é mentirosa, Sakura. – As palavras de Sai me atingiram como um tapa. Ele endireitou as mangas da camiseta preta que estava vestindo antes de me olhar com mágoa. – Não consigo acreditar no que você diz.

— E esse não é um problema meu. – Retruquei assustada ao ver dois homens entrando na lanchonete. De longe, eles me lembravam Naruto e Sasuke, mas constatar que não passava de uma infeliz coincidência me aliviou a consciência. – Não posso perder tempo com uma conversa assim. – Com meu tom cerimonioso e ao me ver levantar, a expressão de Sai havia mudado.

— Vai embora? – Aquiesci em resposta. – Nós acabamos de nos reencontrar.

— Você não parece feliz por isso.

— E você parece estar fugindo de alguém. – Sai alfinetou de volta ao me ver com os olhos fixos na porta. – Fugiu do colégio interno?

— Eu chamo de saída estratégica. – Ocultei a parte em que havia pulado do carro no meio do trânsito, mas Sai já devia ter imaginado algo do tipo, pois o sorriso em seus lábios cresceu. – O que foi?

— Agora você se parece com a Sakura que eu conheci. – Sai parecia satisfeito e como se tivesse liberdade para isso, puxou o meu copo de suco para beber um gole. – Tem uma festa hoje na casa de um dos meus amigos.

— Não estou interessada em festas. – Respondi com simplicidade e ele ergueu os ombros com descaso. – Preciso voltar para o colégio.

— Você já está aqui.

— E preciso voltar.

— Uma única noite antes de ser confinada pelo resto da vida. – Sai segurou minha mão como se aquilo fosse capaz de me convencer. – Será a noite das nossas vidas, Sakura.

A promessa de diversão nos olhos de Sai e a eminencia de que eu já estava ferrada me fizeram concordar com ele. Ali, diante do meu velho amigo, as acusações de Sasuke pareciam tão infundadas que não tive escolha a não ser aceitar que Sai não tinha nada a ver com o que aconteceu comigo.

Ele apenas me divertia.

X-X-X

Ayame era boa em perdoar. Principalmente depois de ouvir uma sequência repetitiva de pedidos de desculpas. Ela poderia alimentar seu próprio ego pelo restante da noite e continuaria pedindo por mais.

Foi impossível não compará-la com minha mais nova amiga, Tenten. Elas eram tão diferentes que eu não conseguia imaginá-las no mesmo cômodo.

Enquanto Tenten me inspirava tranquilidade, Ayame era como uma rodovia perigosa na qual eu pisava no acelerador todas as vezes em que estávamos juntas. Nós ignorávamos todas as placas de cuidado e abraçávamos o perigo em meio à risadas escandalosas que mostravam ao mundo o quanto éramos jovens e o quanto curtiríamos nossas vidas enquanto houvesse tempo.

Ayame me mostrava que era possível ter uma vida comum, mas Tenten era uma parte do lado sobrenatural que eu precisava esconder.

— O que acha?

— É uma bela roupa. – Falei pela terceira vez em menos de dez minutos. – É só uma festa com os amigos nerds do Sai, não precisa de muito. – Acrescentei ao notar seu olhar irritado.

— Não vamos para uma festa com os amigos nerds do Sai. – Ayame me respondeu com divertimento. Os olhos castanhos destacados por delineador brilharam em expectativa. – São os amigos gostosos do Sai. – Ela enfatizou cada palavra com prazer e tentou me incentivar a imaginá-los. – Amigos gostosos. — Repetiu enquanto arrumava o cabelo recém pintado de laranja que caia em cascatas até o meio de suas costas.

— Você precisa de juízo. – Falei tentando conter o riso. – Não de amigos gostosos do Sai.

Ayame revirou os olhos e puxou o batom mais vermelho de sua coleção. Não precisava de muito para entender que ela estava disposta a chamar atenção.

Era irônico, porque eu só conseguia pensar em como me esconder.

X-X-X

— Você mudou nesse tempo em que esteve desaparecida? - A pergunta de Ayume me puxou do torpor em que eu me encontrava. – Parece que envelheceu uns dez anos.

— Nada mudou. – Apenas o número de vezes em que eu estive próximo de morrer, mas isso eu teria de deixar de lado. – Vocês estão exagerando. – Acusei com um tom provocativo que fez meus amigos rirem.

Sai estava ao volante, mas olhava para mim através do retrovisor do carro com interesse. Ele continuava o mesmo.

— Esse batom ficou bonito em você. – Ele comentou pouco depois de abaixar o volume estridente da música que tocava. – Vermelho é uma bela cor.

— Ayame me convenceu de que era bom passar algo para “mudar” minha cara de cansada.

— Apenas fui sincera. – A ruiva defendeu-se no banco do passageiro enquanto mexia no celular. – Você podia ter pego uma roupa comigo também.

— Eu não quero demorar.

Ser convencida a participar de uma festa cheia de jovens com hormônios à flor da pele era uma coisa. Entretanto, esperar que Sasuke me encontrasse ali era outra completamente diferente.

Eu tinha que voltar ao colégio Senju o quanto antes e contava com a ajuda de Ino para isso...Mesmo que ela não soubesse ainda.

Apesar de ter ficado em silencio o restante do caminho, Ayume havia adquirido uma animação instantânea ao ver a casa em que estava acontecendo a festa. As luzes coloridas iluminavam o local, casais agarravam-se no jardim e algumas pessoas riam tão alto que chamavam a atenção de quem passava por ali.

A quantidade de garrafas vazias também era impressionante e fez com que eu me perguntasse quando a primeira pessoa começaria a passar mal.

— Desde quando anda com esse tipo de gente? – Perguntei apenas para que Sai me ouvisse. – Eles são tão...Modernos. – Franzi o cenho e desviei de um cara suado que vinha na minha direção como um velho conhecido.

— Vamos beber alguma coisa. – Sai disse com um sorriso satisfeito antes de acenar para alguém que não consegui ver. – Você que está careta demais.

Ele entrelaçou seus dedos aos meus e antes que pudesse protestar, começou a me puxar em direção ao balcão onde estavam as bebidas. Pelo canto do olho consegui ver que Ayume já estava bem inteirada entre os desconhecidos e não parecia sentir nossa falta.

As luzes incomodavam os meus olhos e o cheiro de bebida forte me deixou enjoada, mas ainda assim, aceitei as doses que Sai me oferecia com tanta dedicação. Nós estávamos nos divertindo tanto que perdi a conta de quantos shots eu havia ingerido até que começasse a enxergar dobrado.

— Essa é a Sakura que eu conheço. – Sai gritou próximo do meu ouvido ao me ver confraternizando com um desconhecido. – Fico feliz por te ver bem.

Sorri para ele sem saber o que responder. Como eu havia ousado em desconfiar dele quando Sai era uma das pessoas que me tratavam como alguém que merecia ser respeitado a todo o custo?

Como podia me afastar dele quando nós nos divertíamos tanto dançando juntos na pista de dança?

— A Ayume... – Murmurei me desconcentrando por um momento. A minha amiga estava agarrada em outro cara e o beijava tão efusivamente que precisei piscar algumas vezes para entender que não era fruto da minha imaginação. – Como ela pode fazer aquilo? – Minha voz soou esganiçada e Sai riu da minha indignação.

— As pessoas fazem isso em festas, Sakura. – Ele aproximou-se de mim e fiquei paralisada quando suas mãos frias afastaram o cabelo que estava grudado em meu pescoço. – Elas... – Não consegui entender o restante de sua frase.

Alguém havia derrubado bebida em mim e desculpava-se com tanto entusiasmo que eu não sabia o que dizer. O cheiro forte de álcool e energético grudou em minhas roupas.

—  Os banheiros são lá em cima. – Sai agarrou a minha mão novamente e começou a me guiar por entre a multidão. – Tenho a chave do quarto de hospedes, há uma suíte...

Não consegui discordar do que ele dizia. As luzes ainda me deixavam tonta, mas toda a euforia causada pela bebida estava dissipando-se a cada passo que eu dava em direção ao andar superior.

As pessoas ali me olhavam com interesse e logo começavam a rumar na direção oposta, como se aquele fosse o sinal que elas precisassem para ir embora. O aperto de Sai em minha mão era tão firme como uma corrente de aço, ele andava rápido e logo parecia que estava me arrastando porque não conseguia acompanha-lo.

— Sai, não. – Puxei meu braço de seu enlace na tentativa de pará-lo. – Tem alguma coisa estranha acontecendo. – Parei de andar e Sai me encarou por cima do ombro com seriedade.

— O que foi, Sakura?

— Não quero ir até lá. – Indiquei o quarto de hospedes do qual ele tinha dito e tentei puxar minha mão sem sucesso. – Não preciso ir no banheiro. Na verdade, eu quero ir embora. – Afirmei e com um puxão, consegui libertar minha mão da dele.

— Não estou entendendo, Sakura. – Os olhos de Sai tinham um brilho de divertimento, mas logo tornaram-se sérios quando fitou alguém que estava atrás de mim. O rapaz ia para o piso inferior acompanhado de uma garota que me encarou com interesse, não deixei de notar que o garoto parecia tão desnorteado quanto eu. – Você não está se divertindo? – Ele ergueu a mão para tocar em meu rosto, mas eu me afastei por instinto.

— Vou embora. – Afirmei enfiando a mão no bolso da minha calça para pegar o celular. O número de Ino estava na discagem rápida e ela logo apareceria com uma solução para os meus problemas. – Nos vemos outro dia, tá bem? – Disquei o número e comecei a seguir na direção oposta quando meu braço foi firmemente agarrado.

— O que pensa que está fazendo? – O aperto de Sai me machucou. O meu olhar irritado não foi o suficiente para afastá-lo, nem o empurrão que tentei lhe dar. – Não posso deixar que vá embora, Sakura.

— Você não tem que deixar nada. – O telefone de Ino ainda chamava e quando finalmente consegui ouvir a voz de minha amiga, Sai puxou o celular de minha mão e o jogou no outro extremo do corredor. – Que porra tá acontecendo, Sai?! – Bradei com indignação enquanto tentava libertar-me dele. – Me solta agora, merda!

Sai sorriu como nunca tinha feito antes. Ele me empurrou contra uma das paredes e sua mão livre pressionou meu rosto com força, pouco importando-se se aquilo era capaz de me machucar.

— Me solta agora! – Gritei e fiz menção de chutá-lo, mas Sai foi mais ágil do que eu, imobilizando-me com seu próprio corpo ao gruda-lo em mim. – Que porra Sai, o que deu em você? – Me debati e ele riu como se aquilo o fizesse cocegas. A pulseira em meu braço desprendeu-se com o meu esforço e caiu em nossos pés em um baque silencioso.

O arrepio que percorreu o meu corpo ao ouvir aquela risada me fez congelar.

— Todos procuram por uma oportunidade para vingança. – Sai murmurou aproximando seu rosto do meu com uma frieza invejável. A expressão apavorada em meu rosto o satisfazia, eu conseguia ver em seus orbes vermelhos como o sangue que era deleitoso para ele me ver assim. – E encontrar a vadiazinha do Sasuke Uchiha tão rápido é tão...Oportuno. – Ele encostou uma de suas mãos no meu rosto, mas não fui capaz de afastá-lo.

— Não sei do que está falando. – Minha voz trêmula não era capaz de convencer ninguém. – Não sei do que está falando. – O meu peito acelerado parecia prestes a explodir. Se Sai não estivesse me mantendo firme contra ele, eu já teria desmaiado há muito tempo.

— Para fazê-lo lembrar de tudo o que fez... – Sai aproximou seu rosto do meu perigosamente. A ameaça em suas palavras era real, seus olhos vermelhos eram reais. Ele era um deles. - Mandarei para Sasuke Uchiha um buquê de flores com o seu sangue.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews, recomendações, favoritos?
A opinião de vocês faz os capítulos saírem mais rápidos a medida que eu posso SUAHSA ♥ inté semana que vem!