The Queen and Hunter escrita por Bia Fonseca


Capítulo 15
Como se fosse outra pessoa




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P.O.V Dean

Eu nunca tinha me sentido tão mal na minha vida inteira,até aquele momento.Ali na minha frente,estava a mulher que eu apreendi a amar me dizendo que queria que eu fosse embora.Já tomei muitos foras,mas nenhum se compara a esse.Agora eu realmente entendo o que as pessoas querem dizer quando falam "meu coração está quebrado",o meu está parecendo espelho que foi jogado contra a parede de tão estilhaçado,mas eu não quero dar anos de azar para Regina e nem pretendo.Hoje de manhã,tudo estava correndo bem,mas agora ela estava parecendo diferente.Como se...a Rainha Má tivesse voltado e mandado a Regina,MINHA Regina para bem longe dali.Na maioria das vezes adoro ver uma boa cena de morte ao vivo,mas quando a vi sufocando aquele cara até a morte,só pude pensar em como uma pessoa ser tão doce,poderia estar fazendo aquilo.Claro,isso não é dúvida para ninguém,ela é forte.Aguentou tudo que a vida colocou sobre seus ombros por muitos anos,mas vê-la com aquele olhar ameaçador foi algo diferente.

–Regina,não pode estar falando sério!-eu tinha a fina esperança de que ela estava brincando comigo.

–Eu pareço estar mentindo?-ela disse sarcasticamente me encarando com aqueles olhos profundos e escuros,no qual já me perdi incontáveis vezes.-Quero você e seu irmão fora da cidade imediatamente!-ela quase gritou a última frase.

E lá se foi minha fina esperança.

–Regina por favor,pense direito.-peço tentando fazê-la ver o que está fazendo não só comigo,mas consigo mesma.

–Pela primeira vez desde que vocês chegaram eu estou pensando direito! Vocês dois trouxeram o perigo,eu deveria ter matado vocês enquanto tive chance.-admitiu e eu me senti um lixo.

Me senti magoado,mais do que gostaria de admitir.Tudo que ela estava dizendo,estava me atingindo de uma tal forma que pensei que ninguém poderia atingir.Isso me fez lembrar de uma frase,que um amigo do meu pai me contou a um tempo atrás: "As palavras,não são simples objetos que utilizamos para nos comunicar.São meios de construir o nosso futuro." Eu sei,parece meio frase de filósofo,mas ficou na minha cabeça e por algum motivo não consigo esquecer.E por outro lado,nada do que se diz é mentira.O que dizemos hoje,pode prejudicar ou favorecer o nosso amanhã,e é isso que estou tentando fazer com que ela perceba.

–Não pode estar falando sério.-respondo inconformado com tudo que estava se passando.

–Nunca falei tão sério na minha vida,caçador.-ela lançou isso em minha direção como uma bomba.Depois caminhou alguns passos,se envolveu em uma fumaça roxa e desapareceu deixando no ar o leve aroma de maças que eu tanto amo.

–Dean você está bem?-escutei a voz de Henry ao meu lado,que parecia tão confuso e atormentado quanto eu.Me limitei a sentar na beirada da calçada sem encará-lo.Ele se sentou ao meu lado.E repetiu a pergunta,mas eu não prestei atenção.

–Ela nem disse o meu nome.Ela nem disse o meu nome.-eu repetia tanto mentalmente como vocalmente várias e várias vezes sem conseguir acreditar.

Henry tocou meu ombro com a mão,eu o encarei e percebi sua expressão de consolo.Imediatamente me senti patético,eu um homem estava sendo consolado por um garoto por causa de uma mulher.Mas pensando bem,Henry é bem mais maduro do que eu na sua idade.

–Ela só está aborrecida.-sua voz saiu tensa e eu soube que ele não tinha certeza do que dizia.-Tudo o que vêem acontecendo tem deixado a todos confusos.

–Henry,-eu quase soletrei seu nome de tão lentamente que falei.-ela me chamou de "caçador" sem dar importância ao meu nome,disse que era mais sensato ter me matado quando teve chance,não acho que ela esteja somente aborrecida.-tentei ser o mais calmo o possível com o garoto,porque ele era uma criança.Mas minha vontade era de sair por aí quebrando tudo e atirando em uns demônios se quer saber a verdade.

–Dean,você já viu o que minha mãe faz quando está aborrecida,irritada ou confusa? Ela toma decisões drásticas,porque acredita que tudo vai se resolver se forem feitas.Não liga se isso vai acabar machucando-a,só não suporta conviver com aquilo e tem sempre a sombra de concluir com a sua obrigação.Velhos hábitos nunca morrem Dean,você é um dos que tem de aprender com isso.

Está bem agora eu admito,para um menino de mais ou menos 11 anos o Henry é muito mais maduro do que muitos homens por aí! Preciso lembrar de chamá-lo para consolar meu irmão quando mexo no computador dele.

–Obrigado.

–Converse com ela,talvez consiga convencê-la do que é certo.-ele me diz.

–Eu não sei Henry,não acho que ela vá mudar de ideia fácil pelo jeito.-encaro o asfalto como que em uma oração,pedindo que dali surgisse um milagre que impedisse minha felicidade que durou tão pouco tempo.

–Tente.E leia isso.-ele colocou nas minhas mãos seu livro que pensávamos juntos ser mágico ou algo do gênero.-Vai te ajudar a conhecê-la melhor.

Eu olho para o garoto ao meu lado e sorrio,um sorriso que pensei que seria impossível dar devido as circunstâncias precárias que estou passando no momento.

–Você e minha mãe,-Henry começa e arqueia as sobrancelhas.-estão...juntos?

Eu dou um riso fraco,é meio difícil explicar a uma criança que você está transando com a mãe do mesmo.

–Estamos.-respondo somente isso,incerto sobre a opinião dele sobre isso.

Esperava que ele desse um chilique ou que faria um monte de perguntas,não foi o que ele fez,coisa que achei muito bom.

–Incrível! Depois de tanto tempo ela finalmente encontrou alguém!-ele estava radiante o que foi meio esquisito devo dizer.

–Como assim?-agora quem tinha arqueado as sobrancelhas fui eu.

–Minha mãe tem suas barreiras,nunca confia em ninguém,não cria afeto por ninguém,ela sempre esteve sozinha e apreendeu com isso.Ela acha que amar alguém é sinal de vulnerabilidade,o que não é mentira,mas isso não significa que você deve se isolar do resto do mundo e é o que ela faz.Me adotou porque estava se sentindo realmente solitária,o que agradeço que tenha acontecido senão eu mal a conheceria.-ele ia falando e a cada frase sua eu me sentia mais confiante.-É realmente incrível que em tão pouco tempo ela tenha se apaixonado por você.

–Se é que se apaixonou.-admito respirando fundo.

–Se ela não tivesse se apaixonado,não teria nem falado com você.Teria te incinerado,o que seria bem desagradável já que eu gosto de você.-eu estava me sentindo super bem tendo aquela conversa com Henry,se ele não estivesse ali provavelmente eu iria a um bar e encheria a cara até não dar mais.

–Henry,posso te perguntar uma coisa?-ele assente com a cabeça e eu prossigo.-Sua mãe me disse,que você a abandonou.Que nunca se importou com ela e quando descobriu sua verdadeira mãe saiu correndo para os braços dela.Isso é verdade?

O garoto pareceu nervoso,pelo visto não queria falar daquilo.Eu ia dizer que não precisava contar,mas ele foi mais rápido e começou a se explicar.

–Olhe,todos cometemos erros ok? Eu errei quando fiz isso e me arrependo até hoje.Quando descobri que Emma era minha mãe biológica,é claro que eu quis ficar com ela mais tempo,mas minha mãe(adotiva) entendeu como se eu não ligasse mais para ela,como se eu a visse somente como a vilã da história.Acho que nós dois erramos um com o outro.

Eu sacudi a cabeça em concordância.

–Você é um bom menino Henry.Obrigada por me ajudar.-coloco a mão em seu ombro repetindo o gesto que ele fez comigo algum tempo antes.

–Não tem de quê.Leia o livro.-ele se levantou e saiu caminhando com a mochila balançando nas costas.Então me lembrei de algo que ele havia dito.

"Converse com ela,talvez consiga fazê-la ver o que é certo".

–Você disse para mostrar a ela o certo,o que é o certo?

O garoto sorriu e depois se afastou.

–Vai ter que descobrir.

Eu me levantei,fui até meu carro no final da rua e entrei.Por algum tempo fiquei somente olhando para o banco do passageiro,lembrando do dia em que eu e Regina tínhamos compartilhado uma conversa que foi tão importante para mim assim como todas as outras que tivemos.Os sorrisos,os sentimentos...tudo agora parecia distante.

Abri o livro que estava suado em minhas mãos e o abri,folheando as páginas e lendo seu conteúdo.Haviam cenas das mais variadas,eu pulei logo para as que me interessavam.Muitas estavam presentes e eu fiz questão de ler cada letra que fosse referente a seu nome.Em algumas vi Regina,queri dizer,a Rainha Má matando pessoas,jurando vingança contra Branca de Neve,rondando o reino em busca da mesma,ela em uma conversa com seu pai,ela e alguém que reconheci como a Malévola,ela e um cara,e acho que isso não é imagem para se por em um livro de criança.Os dois estavam fazendo sexo porra! O que nem preciso dizer que não me agradou nem sob tortura.Pelo arco e flecha postado no chão(assim como as roupas de ambos,acho que estou ficando mais irritado) acho que ele era um caçador,ou é não tenho como saber se ele está vivo ou morto.Enfim,pulando essa parte constrangedora percebi que tudo que Henry havia dito era verdade.Regina sempre tomava as decisões mais difíceis mesmo que saísse ferida acreditava que tinha feito o certo,e pelo visto continua acreditando.

Fiquei ali por algumas horas,quando estava anoitecendo e eu estava disposto ir embora vi um vulto descendo a rua e fiquei quieto dentro do carro.Era Regina,sem dúvida.Eu posso até confundir a cara do meu irmão,mas aquele corpo e rosto que eu conheço cada pedaço me é mais que inconfundível.Ela descia a rua em silêncio,olhando para a frente como se não houvesse outra direção.Suas roupas estavam diferentes...vestia uma calça justa de couro,uma blusa preta com detalhes em roxo escuro com um decote V,as botas faziam um pouco de barulho no contato com o asfalto mas nada que chamasse a atenção.Aquela cena me fez lembrar das imagens do livro.As roupas eram idênticas as que ela usava no passado.Ela seguiu andando e entrou em sua casa,como se nunca tivesse saído.

Com uma determinação que pensei que não teria,abri a porta do carro e desci,batendo a porta em seguida.Se ela queria me irritar,conseguiu.Se queria que eu ficasse pensando em tudo o que aconteceu,conseguiu.Agora é a minha vez de abrir o jogo sobre a situação.Andei batendo firme os pés no chão até sua casa e bati na porta com força três vezes.Eu ainda tenho a chave,mas acho melhor não usá-la depois de hoje,pelo menos até as coisas se amenizarem.Ninguém abriu a porta.Bati de novo,de novo,de novo e quando ia bater mais uma vez a porta foi aberta em um movimento brusco.

Regina estava na porta,com uma expressão mesclada de fúria e irritação.Ou até um pouco se surpresa por eu ter aparecido ali.

–O que pensa que está fazendo?-perguntou.

–Precisamos conversar.-digo direto.

–Está enganado.Não temos NADA sobre o que conversar.-diz.

–Porque está fazendo isso comigo? Com você? Conosco?-a minha indignação era tanta que nem me dei ao trabalho de escondê-la.

–Porque é o certo.Já reparou que esses ataques começaram a acontecer depois que você e seu irmão chegaram a cidade? Se não estou te falando agora.Vocês são a causa dessas bestas estarem aqui,até então não acontecia nada disso! Sendo a prefeita,tenho que cuidar da cidade e dos habitantes e não colocados em risco todo o dia!-pude perceber aquela maneira de sempre achar que tem que fazer o que é correto.

–Porque se machucar? Podemos dar conta disso,já vai acabar.-tento ser convincente,mas pelo visto não funcionou.

–Você não entende não é mesmo?-pude perceber que seus olhos estavam um pouco marejados.-Não é o fim,é apenas o começo.Logo isso vai se estender e sair do controle mais do que já saiu.Estou me machucando,para não acabar machucando você.Antes o sofrimento de um do que de todos.Não é esse o ditado? Acho que algumas coisas são feitas como se fossem para nós.É isso o que devo fazer.-ela suspirou.-Quero você e seu irmão amanhã bem cedo nos limites da cidade,permitirei que se despida dos outros.Nada mais,nada menos.Vocês sumirão da vida desse povo e eles sumirão da de vocês.Você sumirá da minha e eu da sua.-ela abaixa a cabeça e algumas lágrimas caem de seu rosto.

–Regina não precisa fazer isso por favor...-eu estava suplicante a essa altura.

–Se não estiverem lá amanhã,eu os matarei sem dó.Não duvide do que sou capaz Winchester,sabe muito bem o que posso fazer.-ela fecha a porta na minha cara e o silêncio se estabelece.

Meu rosto molhado e só a essa altura percebi que estava chorando.Pelo incrível que pareça,não segurei o choro,deixei elas correrem pelo meu rosto e pingarem no chão ou em minhas roupas.Voltei até meu carro,entrei e fiquei lá,sem saber o que fazer.Ainda era início de noite,então dirigi de volta a pensão da Vovó.Afinal eu ainda tinha que contar tudo ao Sam.

E depois,só pude pensar em dormir um pouco me preparando para o dia seguinte,para a despedida dolorosa que sei que me mudaria para sempre.



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Então o que acharam? Mereço o que meus amores?

Gente,minhas notas estão com problemas,não estou conseguindo colocá-las então eu vou escrever aqui no finalzinho do capítulo mesmo até que tudo se resolva ok? Tudo bem com vocês? Eu estou morrendo com aquele episódio de OUAT de ontem.Caiu forninho,caiu casa,caiu tudo! E SPN está lindíssimo com essa nova temporada Dean abalando com os demônios de plantão ♥ ♥

Queria agradecer pelos maravilhosos comentários e devo dizer que até nas ameaças de morte vocês são perfeitos! O caçador da cena desagradável que o Dean viu,é o Graham.Eu estava pensando em trazer ele para a história,de um modo que ele não tenha morrido ainda vou criar uma explicação detalhada,mas o que acham de eu trazê-lo para modificar as coisas hein? Qualquer dúvida me procurem.

Bjs


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