A Garota do Cursinho escrita por SkyDragomir


Capítulo 5
Sem sentido


Notas iniciais do capítulo

Olá amores do meu coração! Demorei um pouco? Devo ter demorado. Esse foi um capítulo estranho de escrever, não sei por que. Espero que gostem! Queria aproveitar e agradecer a todos que comentam minha história! Gosto muito de ler os comentários de vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/536520/chapter/5

Espero que você esteja bem.

Eu estou bem.

Estou seguindo em frente.

É o que espero que você esteja fazendo.

Não adianta sorrir quando a felicidade não está no seu sorriso. Não adianta chorar quando as lágrimas não são tristes o bastante. Se eu estou quebrada por dentro, como meu coração sugere que eu esteja, por que eu não deixo de pensar que ele mereceu?

Por momentos e momentos pensei que poderíamos acabar juntos, como amigos, no final dessa história. Mas você acha que eu sou tola a ponto de não perceber que você não queria só a minha amizade? Eu deixei tantas vezes claro e especificado que eu não queria nada.

Aumentei a velocidade do meu carro, entretanto, quando vi que aquela aceleração misturada com meus sentimentos a flor da pele poderiam acabar em desgraça, parei no acostamento e desliguei o carro.

Eu estou respirando com tanta dificuldade, é como se eu tivesse asma. Minha cabeça foi de encontro ao volante e ficou lá, caída sobre ele. Os pensamentos que antes eram meus, agora eram de Sasuke. Decidi parar com toda aquela maluquice desenfreada, peguei o telefone e digitei os números rápidos.

(...)

– Aqui está, o seu chá. – Disse Gaara entregando um xícara com chá e se sentando comigo no sofá – Então, o que está acontecendo?

– Ah, Gaara, eu não sei direito. – Tomei um gole do líquido e o deixei de lado – Eu sei que o que fiz foi o certo, mas esse certo está me matando por dentro!

– Sakura, ele vai ficar bem. Está sendo tratado por profissionais. – Ele ligou a TV.

– Mas, Gaara, Sasuke não é louco! – Repreendi o fato dele aceitar fácil demais aquela internação.

– Pode até não ser... – Ele se virou para mim e completou – Mas está se portando como um.

Abracei meus joelhos, encolhi-me no sofá de dois lugares e fiquei por lá, fitando o nada, pensando, culpando-me. Se eu não tivesse ligado para Itachi, Sasuke continuaria com a ideia maluca e maníaca de que dependia cegamente de mim. Eu sei, não suportaria aquela loucura toda por muito tempo, porém talvez com a minha ajuda, ele melhorasse.

Suspirei pesadamente. Todo os problemas irritantes e inconsequentes tinham surgido por minha causa. Pensei mais um pouco, e meio vacilante, disse a ideia em a voz alta.

– Talvez fosse melhor eu dar um tempo.

– Dar um tempo do quê? – Perguntou Gaara distraído.

– Desse lugar, dessa minha vida aqui.

Quando eu disse isso, Gaara deu um solavanco do sofá. Ele olhou-me de modo estranho, um modo que eu não consegui compreender e suspirou, abaixando a cabeça.

– Com tempo, você quer dizer sumir?

Pensei um pouco. Não sei se sumir seria o melhor termo, mas a intenção era essa. Eu queria sumir, evaporar, voar para longe dali e de tudo aquilo. Com tudo, se eu sumisse eu iria perder tanta coisa...

– Não sei se sumir é o certo, eu só quero...

– Fugir. – Completou Gaara, olhando a janela.

Fugir. Esse era o termo. Eu tenho tantas responsabilidades aqui, e se já não me bastasse todas essas responsabilidade, agora tenho a culpa. A culpa de ter jogado Sasuke em um manicômio, de não ter cuidado dele sozinha. Abaixei a cabeça, afirmando a minha covardia e Gaara me abraçou. Aproveitei aquele abraço.

– Sabe, eu não quero eu você vá para longe. Não quero que saia daqui. – Gaara afundou a cabeça nos meus ombros.

– Isso soa... Possessivo. – Comentei.

– Não estou sendo possessivo. É só que você longe... Me preocupa. – O abraço se desmanchou, comecei a me levantar.

– Gaara, isso não pode acontecer.

– O que não pode acontecer? – Perguntou, também de pé.

– Essa sua preocupação... Seu carinho... Eu sei como isso acaba! Não quero machucar você. – Disse confusa, com as mãos na cabeça.

– Eu não sou nenhum Sasuke, Sakura! Eu sei o que é limite! – Disse bravo, mas depois se acalmou – Não tentaria nada, se eu soubesse que não daria certo.

Encarei ele, um pouco confusa, um pouco frustrada, um pouco tudo. Os olhares, o carinho excessivo, os sorrisos estranhos. Gaara não esperava que fossemos meros amigos. Como se lesse minha mente, ele prosseguiu.

– Mas a sua amizade para mim já está de bom tamanho.

Eu sempre esperei ouvir isso na voz de outra pessoa. Sempre esperei ouvir Sasuke me dizendo isso, não Gaara. Diferente do meu melhor amigo, Gaara entendeu a essência da coisa. Não se trata de um namoro agora, mas uma evolução de relacionamentos.

Talvez se Sasuke tivesse sido menos intenso.

Talvez se Sasuke tivesse esperado.

Talvez se Sasuke tivesse seguido as minhas pistas.

Talvez Sasuke estaria aqui, livre, e não lá, preso.

Naquela noite, eu deixei o apartamento de um homem solteiro e descompromissado, um homem que gostava de mim, sem brigar, sem me estressar. Eu deixei aquele apartamento com aquele homem, inteiro.

Sasuke P.O.V.:

– Sasuke-sama, vim aplicar o remédio!

As enfermeiras daqui tratavam-me bem. Bem demais. Desde que cheguei, não briguei com ninguém. Na verdade, desde que cheguei disse muitas poucas coisas para os funcionários. Talvez um ‘Ai’ quando uma agulha espetou minha pele ou um ‘Obrigado’ para as adoráveis moças que traziam-me comida.

Fiz amigos aqui também. Uma mulher meio doida. Um menino idiota. Um homem solitário. Belos amigos, julgo eu.

Depois do remédio aplicado, pude sair do quarto. Comecei a andar, indo em direção ao pátio onde os ‘doidos’ ficavam. No caminho vi uma velhinha, senão me engano, era a do quarto 301. Ela gritava demais, por isso passei meio longe.

– Sasuke! Que bom vê-lo! Vai chover hoje, se prepare! – Cumprimentou-me um garoto.

Olhei para o céu. Ele estava limpo, com nuvens brancas e um sol estridente. A manhã estava bela para uma manhã com chuva. Doido, pensei. Segui meu caminho até ouvir meu nome pela terceira vez no dia.

– Sasuke, olá.

Era a mulher doida a quem me referi antes. Karin, é seu nome. Ao contrário de mim, ela era realmente doida. Conversava com as pessoas normalmente e do nada, começava a dizer coisas sem sentido algum. Aquela manhã ela parecia estar bem.

– Olá, Karin. – Respondi a saudação.

– Estou indo pintar lá fora. Quer ir? – Convidou ela.

Agora que reparei, os braços dela estão cheios de potes de tinta coloridos. O avental dela está manchado de tinta seca, e os bolsos repletos de pincéis. A tela já devia estar lá fora.

– Claro. Vamos lá. – Aceitei a proposta. O que mais faria em um manicômio?

Chegamos e nos sentamos no chão. Disse a ela que não iria pintar, só observar e pensar em algumas coisas. Ela concordou e começou a pintura. Observei as pessoas em volta.

Alguns doidos falavam sozinhos, outros já tinham companhia. Alguns eram quietos, outros gritavam atoa. Alguns se machucavam, outros tinham medo de si próprios. Eu tinha medo de mim, mas não era um doido. Era só um... dependente.

Sakura, Sakura, Sakura...

Ela gostava de se maquiar, porque gostava da sensação de se sentir bonita. Ela era bonita sem maquiagem, sempre foi. O cabelo dela era muito precioso. Ela amava ver a cara das pessoas de espanto por suas madeixas rosas legítimas. E seus olhos então? A maioria dos homens que passavam por ela, a elogiavam por isso.

Eu sei, porque fui um desses homens.

O sorriso dela não era nem um pouco puro ou ingênuo, ele tinha uma malicia formidável por trás dos dentes brancos e alinhados. Ela tinha tantas risadas! A risada sarcástica era sua preferida. Ela amava rir sarcasticamente.

Ela não gosta de fumar. “Prefiro beber”, dizia ela. Sua bebida preferida é vinho, quanto mais suave é melhor. Sakura adorava beber, porque, segundo ela, a sensação de alívio que a bebida lhe proporcionava era incrível.

A verdade é que Sakura ainda se maquia. O cabelo dela ainda é precioso. Os olhos ainda são chamativos. O sorriso dela ainda contém malicia. Ela ainda ama rir sarcasticamente. Sakura ainda prefere beber. A bebida ainda proporciona alívio a ela.

Sakura ainda é muitas coisas. Coisas demais.

E eu sou eu.

Afundado e fodido na merda que eu tenho a dignidade de chamar de vida.

– Você prefere rosa ou vermelho? – Perguntou Karin, subitamente.

Eu prefiro os lábios ou as macias madeixas de Sakura? Essa pergunta era difícil para qualquer um. O que Gaara responderia? Vermelho, talvez.

– Rosa.

Ela começou a colorir o cabelo da mulher que retratava de rosa. Concentrei-me na pintura. A mulher da tela tinha olhos pretos esfumaçados, lábios descoloridos, um olhar frio e pessimista. Não sei de onde tirei a ideia de que aquela poderia ser uma Sakura em outra dimensão.

– Você é o único louco que não pira nesse lugar. – Comentou Karin, concentrada.

– Ah, eu ainda não pirei porque estou sobre o efeito de remédios. Mas no fundo, estou morrendo nesse lugar.

E era a verdade. Pessoas gentis demais, nada faz sentido, horário para dormir, dieta, sem fumar, loucos. Definitivamente, odiei esse lugar desde a primeira vez que abri os olhos e o cheiro que inundou minhas narinas era desconhecido, ruim, detestável. Esse lugar cheira a hospital e a pessoas doentes.

– Do que você sente falta, Sasuke-doidão? – Perguntou Karin, ainda distraída

– Hm... Sinto falta de uma garota.

– De andar com garotas?

– Não. Sinto falta de uma garota. Ela era a garota.

– Ah, entendi. Você sente falta da sua namorada.

– Quase isso. E você, do que sente falta? – Não havia necessidade de explicar para Karin que Sakura não era minha namorada, e provavelmente nunca seria.

– Eu? Eu sinto falta de comer comida de verdade. De passear. Sinto falta de pessoa normais.

Quando Karin disse isso, senti-me estranho e confuso. Estranho por saber que a seus olhos, eu não era normal. Confuso porquê do jeito que se expressou, Karin parecia ter completa sanidade.

– Como você veio parar aqui? – Talvez ela fosse uma pessoa normal e estivesse fingindo tudo isso.

– Bom, meu pai disse que eu assustava meu irmão. Então, disse-me: Querida, pegue suas coisas, alguns de seus brinquedos preferidos e vou levar você para sua nova casa. – Ela suspirou, pegou outro pincel e continuou – Eu sei que além de assustar meu irmão, meu pai me colocou aqui porque minha madrasta não gostava de mim.

– O quê? Desde quando você está aqui? – Praticamente gritei, arregalando os olhos.

– Ora, desde meus 6 anos de idade.

Comecei a arfar. Karin tinha a mesma idade que eu. Ela passou a vida aqui dentro? Sem reclamar? Sem pestanejar? Eu vou ficar aqui por todo esse tempo também?

– Ninguém nunca veio buscar você? – Perguntei desesperado que a mesma coisa acontecesse comigo.

– É impossível, uma vez internado você não pode sair nunca mais.

Meu coração batia rápido e descompensado. Corri por entre os corredores do antigo hospício, tentando achar uma porta de saída. Nada aqui. Nada ali. Corri um pouco mais, e na corrida acabei por perder um par do chinelo que usava. Continuei.

– Sasuke-sama! Pare! É proibido correr! Você vai se machucar! – Gritou a enfermeira de hoje de manhã.

Não dei ouvidos, e corri um pouco mais. Esbarrei alguém, cai e me levantei. Não parei. Meu peito ardia, meus pulmões pareciam querer saltar para fora, em busca de ar. Meus pés doíam com o impacto contra o chão. Mas meu coração e meu desespero me deixavam despertos, prontos para aumentar aquela corrida.

Assim que coloquei as mãos em volta da maçaneta de uma porta, provavelmente a saída, mãos também me agarram. Empurrei as pessoas que tentavam me agarrar.

– Soltem-me! Preciso ver a minha garota! Preciso de Sakura! – Quando me dei conta de que gritar era inútil, tentei outra abordagem – Por favor... Deixem-me ver ela, ouvir a voz dela... Me deixem toca-la...

Mais uma vez, remédios me imobilizaram. Lá estava eu perdido naquela solidão.

Em minha própria solidão, pensei.

Já faz uma semana que estou aqui, nesse manicômio.

Uma semana sem tocar, ouvir ou ver a garota de cabelos róseos.

Uma semana sem nada para fazer, a não ser observar os verdadeiros loucos.

Uma semana, totalmente, sozinho.

E então, me veio uma ideia, enquanto eu ainda estava desacordado.

Vivo ou morto, eu sairia desse lugar.

Nem que fosse para puxar o pé de Sakura todas as madrugadas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Comentem, por favor, anjos!
Espero que tenham gostado. O Sasuke ainda não atingiu seu máximo de loucura, ainda tem mais. Muito mais.
Beijos, sweets, até a próxima! ♥