Setevidas escrita por tony


Capítulo 35
Entre conflitos reais e bolhas medievais




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— Pesadelo? — Pergunto. — Cara, ela é só uma pirralha mimada. — Digo.

— O QUE?! — Ela berra lançando bolhas de energias em minha direção. Desvio da maioria, até que ela se aproxima e seus ataques ficam cada vez mais ligeiros até que me atingem no peito. Meu corpo perde o movimento e começa a se debater no chão. A dor é insuportável como se raios estivessem passando por todo o meu corpo. A garota sorri e sua mão está completamente aberta. Na medida em que ela vai fechando a dor aumenta a intensidade.

— BRUXA! — Grito agonizado.

Orphus está atordoado.

— Mariá, você não precisa fazer isso.

— Calado. — Ela diz lançando uma bolha na direção do irmão. O efeito é diferente. A bolha aumenta o tamanho e prende o garoto impedindo-o de se mover.

A mão dela continua a se fechar. Meu corpo suplica socorro. Ela é muito poderosa pra uma criança.

— Você vai mata-lo! — O irmão insiste para que ela pare, mas ela não dá ouvidos.

Tento me concentrar para usar as energias para fugir, mas não consigo pensar em nada, a dor é a única coisa que toma conta do meu corpo.

Acumulo minhas energias restantes para gritar, um grito agonizante que ecoa pelo corredor do castelo:

— SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

...(Nathan POV)...

— Como assim uma rainha? — Pergunto assustado.

— Levante-se soldado. Seus amigos precisam de você. — Neophina diz e o homem obedece.

— Dá pra explicar? — Lucas insiste.

— Depois de toda aquela confusão como prisioneira, os rebeldes me usaram como uma bandeira. Símbolo de amor, força, persistência e coragem por aguentar as torturas da masmorra. Eles me denominaram rainha dos rebeldes.

— Nossa, e quando pretendia nos contar, senhorita pacífica-e-contra-guerras? — May diz irritada.

— Me perdoem, mas não achei que fosse... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH — Neophina grita caindo desesperadamente no chão.

— NEO! — Grito.

— PRINCESA! — Alguns soldados gritam uníssonos.

— O que está acontecendo? — Pergunto.

— Há alguém preso naquele castelo, que está sendo torturado.

— Como... como...

— Alguns golfinhos tem comunicação ecológica. — May responde atenta. — Eles conseguem captar o que os outros animais sentem, como se fosse um sensor.

— Ele... Ele... Eu consigo enxergar através de seus olhos... — Neo diz atordoada no chão.

— E o que estás vendo?! — pergunto ansioso.

— Uma garota... É a filha mais nova do rei... Ela está usando seus poderes para tortura-lo... E... Ai não! — Ela grita.

— O que?

— Orphus também está em perigo!

— Mas que droga! — May reclama.

— Ele está fraco e parece muito cansado e abatido... A garota está fechando mais as mãos e...AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!

Neophina parece ter sido atingida por um raio invisível. Literalmente. Seu corpo é lançado para trás sem ninguém ao menos ter tocado.

— O... O... que foi isso?

Ela tenta se levantar... — É uma criança. O garoto que está sendo atacado é uma criança!

— LUPIN! — Lucas grita desesperado.

...(Lupin POV)...

— Quem é a pirralha agora seu idiota?!

Mal consigo respirar. Fecho meus olhos e tento a única saída e esperança que tenho. Sussurros algumas palavras e minha aura consegue finalmente sair do meu corpo atordoado.

Minha aura é de cor turquesa. Na minha mão há um aenorme marreta da mesma cor e nesta forma, será mais difícil dela me atacar. Seus olhos se arregalam ao ver minha forma fantasmagórica. Ela libera a mão que torturava o meu corpo e começa a lançar bolhas na minha direção, o que atravessa minha aura sem causar dano algum. Mal sabe ela que para atacar uma aura, se usa os poderes da aura.

— BÚ! — Grito erguendo a marreta atacando a garota contra a parede. Sua cabeça bate ao colidir contra o concreto e ela desmaia na mesma hora.

A bolha que prende Orphus se desfaz e eu retorno ao meu corpo completamente tremulo.

O príncipe está admirado.

— Eu disse que tinha habilidades! — Digo, me apoiando nele.

— É... — Ele admite — Você tem.

— Vamos, precisamos encontrar uma saída desse castelo.

...

Andamos cansados até encontrarmos a sala real. O lugar está completamente vazio e há apenas um longo tapete vermelho que leva até cinco tronos. O do rei, supostamente, é o maior. Ao lado acho provável que seja o da rainha e abaixo há mais três que suponho ser de Orphus, Mariá e de mais algum parente que desconheço. Logo na nossa frente está o portão imenso.

— A saída. — Orphus sussurra.

— Vamos logo sair desse hospício.

Corremos e ao nos aproximarmos da porta ela simplesmente se fecha.

— Ora, ora, ora. — Olho para trás e vejo um velho saindo de trás do trono. Há uma coroa na sua cabeça. Acho que esse é o rei. — O que temos aqui? Estão de partida, sem ao menos se despedir?!

Estão de partida sem ao menos se despedir?! — Repito o velho com o máximo de ironia que pude.

— Isso me soa... Rebeldia! — Ele conclui se sentando no trono.

— Papai... deixe-nos ir embora!

— Só passando por debaixo do meu cadáver! — O velho sussurra em alto som.

— Com prazer. — Respondo criando uma marreta de aura sem precisar sair do meu corpo.

— Lupin, não...

Corro pelo tapete vermelho e me assusto com o que acontece. Uma luz brilhante sai do corpo do rei igual a luz que havia saído do corpo de Orphus quando estávamos no quarto. A luz desta vez é mais intensa do que a de seu filho, seus olhos são totalmente domado pela faísca azul. E sem se mexer de seu trono, sua energia explode para todo canto do palácio. Bolhas de energia iguais à de Mariá começa a surgir do chão.

Rebato as bolhas com a marreta como se fosse um jogo de beisebol.

Olho pra trás e vejo que Orphus está fazendo o possível para desviar das bolhas, até que percebo que todas elas estão subindo, então foi fácil não ser atingido.

Ao perceber que as bolhas pararam de surgir, sorrio.

— É só isso que consegues fazer? — Digo andando na direção do velho.

Ele sorri. — Nunca subestime o poder de uma realeza. — O rei estala seus dedos e ao olhar pra cima, todas as bolhas caem no chão em alta velocidade. Fecho meus olhos e espero o impacto. É como se fosse um ferro caindo sobre minha cabeça. Cambaleio e caio... As últimas coisas que consigo ver antes de fechar os olhos são... O rei levantando seu trono e Orphus correndo em minha direção. Sinto o sangue escorrendo da minha cabeça e enfim, não vejo mais nada.

...(Nathan POV)...

Estamos correndo atrás de Lucas que pula desesperadamente como um lobo atrás de sua presa. Quase não conseguimos acompanhar seus passos. Os rastreadores atacam descontroladamente, mas Lucas passa por eles sem dificuldade alguma.

Enquanto os rastreadores atacam, May os paralisa temporariamente  com seu báculo nos dando tempo para correr.

— Ele é rápido demais. — Reclama Neophina.

— É a vida do irmão dele! — Retruco.

Avisto o castelo quando Lucas já está na porta... Ele chuta a porta e finalmente para. Parece assustado. Quando o alcançamos e chegamos à porta do palácio, descobrimos o verdadeiro motivo de sua reação. Lupin está ferido no chão e desacordado. Um jovem com cabelos castanhos que parece ter a idade de Neophina está tentando socorre-lo.

— Orphus! — Neophina corre em sua direção.

Eles se abraçam, mas logo voltam a sua atenção para Lupin.

Lucas finalmente consegue caminhar e passa pelo seu irmão desacordado e vai em direção ao rei.

Ele estala os dedos e bolhas começam a surgir do chão. Eu me lembro dessas bolhas... Me lembro de verdade... Essas são as mesmas bolhas que apareceram no meu quarto quando a carta estrela surgiu.

Sem hesitar pego a carta do meu bolso e jogo-a para frente. Lucas continua a andar sem se preocupar com as bolhas que estão na sua frente.

— HALO! — Grito. Minha auréola surge e com isso ergo-a pra frente mirando na carta que flutua. — Luminosa esfera de plasma que paira sobre a gravidade, absorva as energias ruins que estão neste santuário, em nome de Nathanael, eu ordeno... ESTRELA!

Uma mulher surge da luminosidade da carta e com seu vestido começa a bailar sobre o tapete do castelo. Ela suga e cata as bolhas uma a uma e no fim joga todas para o alto fazendo-as girarem ao seu redor e explodir como fogos de artifício. A mulher retorna à carta e novamente eu guardo no meu bolso.

O rei está incrédulo.

Lucas para de frente para ele. Estamos todos aflitos até que ela faz algo que me assusta. Ele se joga em cima do homem e suas garras começam a crescer. O garoto está uma verdadeira fera e não para de desferir socos, arranhões e tapas no velho. O homem está totalmente ferido e mesmo assim Lucas não para. Eu vejo o ódio em seus olhos e ele está literalmente se transformando numa fera. O híbrido pega o homem pelo pescoço e o lança com toda a sua fúria para o trono. O rei cai sentado. Exausto e totalmente ferido. Suas roupas estão rasgadas e perderam o brilho. Sua barba branca está suja de sangue e todo o seu corpo está cheio de arranhões e hematomas. Lucas respira ofegante. Ele vai se transformando em garoto aos poucos.

Todos apenas observam. Não querem reagir por ele.

Me aproximo com medo. Um arco e flecha verde surge em suas mãos. O mesmo arco e flecha que ele usou no meu primeiro treinamento. O mesmo arco e flecha que ele usou na batalha de auras contra May. Eu me lembro. Me lembro de alguns detalhes. Ele ergue e mira no peito do rei que já está exausto.

— Piedade. — Ele diz.

— Desconheço... Essa palavra. — Responde Lucas em alto tom.

E antes que Lucas pudesse soltar o arco para que a flecha seguisse seu alvo, eu o abraço por trás.

Eu o abraço com todas as minhas forças e aperto seu corpo por trás.

— Meu Lucas não faria isso. Meu Lucas conhece muitas palavras. — Digo com uma voz serena, a mesma que uso para convencer minha mãe de comprar Fandangos ou Cheetos quando vamos ao mercado. — O meu Lucas conhece a palavra piedade, e também a palavra amor. — Continuo. — O meu Lucas não iria querer tirar a vida de alguém. Não o Lucas que me ensinou a controlar meus poderes e cuidou de mim. Não o Lucas que me ama e faria qualquer coisa por mim. E por Lupin também, porque eu tenho certeza que se ele estivesse aqui... Não iria querer que você...

— Fizesse isso! — Ele completa em sussurro, abaixando a arma e virando Na minha direção para retribuir o abraço. — Me perdoe. — Ele diz.

— Passou. — Digo. — Passou.


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