–Nora, eu espero que saiba o que esta fazendo. –Vee a encarou por um tempo, enquanto Nora só assentia.

Marcie sorriu por baixo do boné.

–O plano é bem simples. Se for feito com precisão. –Marcie olha para os lados, garantindo que ninguém esta observando aquela conversa. Enquanto todos os alunos vão para aula.

–O que esta querendo dizer com isso? –Nora pondera.

–Não tente me enganar, por que não estou te enganando. Não tenho motivos para isso. –Marcie deixa claro, tentando transmitir o máximo de seriedade.

–Fala sério! –Vee se irrita. –Você nos odeia desde sempre, Hank é seu pai, isso está muito estranho. Abre o jogo Marcie.

–Meu pai, me enganou dezenas de vezes, e tudo que eu quero, além de vingança. É ter a minha vida de volta, é horrível estar morta. –Marcie enfatiza a última palavra, e sorri no final sem humor.

–Então qual é o plano? –Nora suspira, tentando demonstrar interesse.

–Meu pai não é nada sem os seus “soldadinhos”. –Começa Marcie. –Pelo visto alguns policiais estão do seu lado...

–Como assim? –Nora interrompe. –Se me quer como sua aliada terá que me contar os planos do seu pai. Por que lutar contra anjos caídos? Hank é um homem rico por que ele se interessaria por tudo isso...

–Vá com calma. Até porque não tenho todas as respostas. –Marcie diz, depois respira fundo. –Não é só ele, eles chamam esse grupo de nefilins. E todos que participam desse clã são nefilins, isso inclui a mim. O lado inimigo são os anjos caídos.

–E eles lutam por quê? –Duvida Vee.

–Tenho tentado descobrir a dias. –Responde Marcie não se importando. –Mas voltemos à parte onde acabamos com meu pai. Como eu estava dizendo, se ele tem muitos aliados será meio que... Difícil. Então o que faremos? –Marcie espera a resposta.

Nora e Vee continuam caladas, ela então suspira.

–Destruiremos essa união, uma intriga de cá, outra de lá. Aquele seu amigo... Scott. Ele pode ajudar já que ele também faz parte. –Marcie se cala esperando alguma reação.

–E depois... –Influencia Nora.

–E depois saberemos tudo sobre essa tal guerra, enquanto papai estará na cadeia e eu vivinha... E mais tarde será cada um por si. O que acham? –Marcie avalia Nora.

–Por enquanto parece um bom plano. Que tal começarmos por Dante Materazzi? –Diz Nora, Vee dá um olhar de “Tem certeza?”. E ela responde com “Por enquanto sim”.

Nora conta sobre Dante a Marcie, excluindo alguns detalhes que a afetaria caso Marcie não estivesse totalmente do seu lado. Conta sobre a Bolsa do Diabo, e depois vai para a aula levando Vee.

A escola parece ser uma eternidade, enquanto a ansiedade também toma conta de Vee, que de minuto em minuto revira os olhos para mim. O pior e que nem posso pedi para ela que tenha paciência, a verdade e que não estou aguentando.

E é quando a noite finalmente dá o ar da sua graça, Vee chega à minha casa arrumada com botas de salto alto fino e mini-saia jeans, junto com Scott. Os dois não precisam nem me apressar, estou pronta há meia hora, uso o mesmo vestido preto tomara-que-caia que usei quando Patch me levou no Fliperama, onde conheci Rixon. Então no Dodge Neon de Vee, vamos para o Bolsa do diabo, Scott nos arruma identidades falsas, e finalmente entramos.

–Agora me ouçam. –Scott pega na mão de Nora e Vee. Passando seus braços no braço dele, uma de cada lado. –Fiquem perto de mim, está lotado. Pelo menos por enquanto.

–É melhor procurarmos Dante e Marcie. –Nora diz, deixando seus olhos varrer a multidão, que dança ao som da banda de rock. Mesmo o espaço sendo pequeno e abafado, as pessoas não se importam, enquanto seus corpos derramam litros de suor.

–É claro, ele deve estar no sótão, onde deve ter menos pessoas e não tem barulho. O lugar perfeito para apostas. –Scott sorri pela lembrança.

–E como entramos lá? –Nora pergunta.

–Não é difícil, você só precisa dizer que tem muito dinheiro para apostar. –Scott começa andar pela multidão, trazendo Nora e Vee consigo.

–Que ótimo, o problema é que não temos. –Vee murmura para Nora.

–Espera Scott. –Nora faz com que ele pare. –Acho que não seria nada bom se algum aliado de Hank te vê.

Scott pensa, suspira e diz:

–Tem razão, no caso terá que falar com Dante sozinha.

Scott, Vee e eu, conseguimos chegar ao tal sótão, onde um segurança nos barra.

–Está tudo bem, só viemos jogar. –Scott deixa claro que tem dinheiro enquanto coloca a mão no bolso e tira uma nota de cem dólares

O segurança sem hesitar pega a nota, enquanto os três passam.

–Esperem. –Grita alguém.

Nora se vira e vê Marcie, tentando se esconder com uma peruca de cabelos pretos, o rosto maquiado, salto e vestido curto cor de rosa.

–Ela esta com a gente. –Suspira Scott. Marcie anda em direção a eles.

–Só vou deixar claro que posso fazer isso sozinha. Até por que Dante contaria para seu pai que esteve aqui. –Nora diz, enquanto andam.

–Não se o convencer a desistir. –Sorri Marcie.

O espaço era amplo, e um pouco parecido com o Fliperama do Bo, as mesas de sinuca espalhadas, enquanto as apostas eram feitas, o balcão com o bar na frente.

–Certo já estou vendo ele. –Scott não esconde o sorriso. Nora seguiu seus olhos, e aos poucos reconhece a figura alta que esteve no seu quarto.

–E quem é? –Marcie pergunta curiosa.

–Aquele de camisa verde, que esta jogando sinuca na mesa do centro. –Scott sussurra.

Sem nem mesmo perceber Nora esta indo em direção aos dois homens altos e musculosos, que parecem ser da mesma idade de Scott. Nora agora esta do lado de Dante.

Dante e outro homem a encaram com curiosidade.

–Quer jogar, Nora... Grey? –Dante quebra o silêncio, e depois sorri.

–Quem sabe se me disser o que foi fazer no meu quarto a noite, eu possa jogar. –Nora diz por incrível que pareça com frieza.

–Tudo bem. –Dante dá de ombros. –Sou Dante Matterazzi. –Se apresenta estendendo a mão a Nora.

–Por algum motivo você sabe meu nome. –Diz Nora.

–Esse é meu amigo Tono Grantham. –Dante aponta para Tono que acena.

–Por que não jogamos sinuca enquanto falamos sobre isso? –Dante sugere.

–Se for para me dizer à verdade então eu não vejo mal algum. –Nora diz, enquanto repara em Scott, Vee e Marcie disfarçadamente, enquanto eles assistem a cena.

–Ótimo. –Dante alarga o sorriso. –Tono, arranje um parceiro. Será Nora e eu, contra você e seu parceiro.

–Nora escolha um taco. –Dante diz entretido enquanto mostra os tacos em uma prateleira pregada na parede. Nora pega o taco, enquanto agradece mil e uma vezes por Vee ter te ensinado a jogar no verão passado.

–E então voltemos à parte da verdade. –Nora pressiona.

–Hank. Você deve conhecê-lo bem. –Dante pega o seu taco. –Ele quer que você faça parte...

–E o que isso tem haver com você na minha janela? –Nora interrompe duvidando.

E é quando Tono volta trazendo do garoto de cabelos pretos e olhos tão negros como o oceano á meia-noite, que Nora conhecia bem. Patch.

–Ótimo, vamos começar o jogo. –Dante sorri para Patch, enquanto Patch lança um olhar enviesado para ele com um pequeno e diferente sorriso.

Eu não sabia o que pensar se Dante e Hank eram Nefilins e estavam contra os anjos caídos que parecia ser Patch, por que ele estava aqui? Sem falar que meu coração está acelerado ao ver Patch na minha frente novamente.

–Nora, vai começar. –Dante anuncia.

Nora ainda com as mãos trêmulas ajeita o taco nas mãos e se inclina na mesa. Escolhe a bola vermelha, ensaia a tacada e então... Acerta.

Apenas sorte...

Dante bate palmas, empolgado. Nora ergue a cabeça, onde encontra os olhos de Patch a observando, e por um momento aquele brilho no olhar a faz pensar que ele estava arrependido, depois ele desvia.

–Então ainda não respondeu minha pergunta. –Nora se volta para Dante.

–Hank acha que estaria mentindo para todos sobre Patch. E então ele me mandou ir conferir. –Dante responde. –E então Nora, me diga a verdade, Patch ainda é seu namorado?

Só então percebi que Dante não o conhecia realmente, Patch estava a nossa frente e ele nem sabia, não havia qualquer reação dele que demonstrasse cinismo. Agora só me restava responder a sua pergunta. Mesmo sabendo que se eu dissesse não ele duvidaria.