–Tudo bem... –Nora estava ajoelhada ao lado da cama, onde Vee estava deitada olhos praticamente fechados, o sol batendo em seu rosto. –Recapitulando. Ontem você veio da sua casa por que ficou sabendo que eu tinha dado uma festa, isso foi o que você me disse. Disse a Scott sobre Elliot ter te levado para escola, quase como um sequestro, para ele me atrair para lá. O que não sabemos é o porquê dele ter feito isso. E a propósito você o beijou ou ele beijou você, sei lá...

–Nora, eu me lembro disso. –Vee diz sorrindo ainda de olhos fechados. –Alias, dá pra fechar a cortina, o sol esta piorando minha ressaca.

Nora se levanta e puxa a cortina rapidamente, volta e se ajoelha novamente.

–Acho que você não sabe é que um cara que trabalha para Hank, chamado Dante. Veio me fazer uma visita. Pela janela. –Nora encara Vee, esperando uma reação, enquanto ela só abre os olhos e faz um sinal com as mãos para continuar. –Pelo que Scott me disse é apenas um “fiel-trabalhador” de Hank. E é aí que eu estava querendo chegar... A nossa missão de hoje é descobrir com o próprio Dante.

–Não esta pensando em ir atrás dele e perguntar “o que você estava fazendo na minha janela na noite passada?” –Vee arregala os olhos em pensar nessa possibilidade.

–Não assim. Em um lugar público, podemos perguntar a Scott que lugares que Dante frequenta. –Nora levanta assim como Vee que chuta o cobertor e salta da cama.

–Sendo assim, estou com você. –Vee concorda meio hesitante.

–A propósito, aquele fantasma de Marcie que viu... Não era um fantasma era a Marcie em carne e osso. Ela está viva. –Declara Nora.

–Como é que é? –Vee fita Nora até perceber que não é uma brincadeira.

–Eu sei, eu sei. Só vendo pra acreditar, ela esteve aqui no meu quarto. –Nora afirma. –Hank provou de uma vez por todas que é um... Mas enfim enganou a todos, até mesmo Rixon. Fez sua filha se passar de morta para destruir os “anjos caídos”. Que a propósito não me pergunte o que é isso. Isso é claro é a versão de Marcie, que não confio nem um pouco.

–Tem certeza que isso não foi um pesadelo? –Vee sorri duvidando. –Anjos caídos? É uma gangue?

–Marcie não disse. E pelo que entendi insinuou que Patch e Rixon fazem parte. Conto no caminho, agora se arrume depressa...

–Ta. E pra onde vamos? –Vee concorda.

–Para escola, ainda somos estudantes. –Sorri Nora inocentemente. –Na verdade, Marcie me pareceu bem esgotada com essa vida de ter que se esconder. Quem sabe ela não aparece? –Deu de ombros. –E depois vamos falar com Dante. Desça quando estiver pronta.

Quando desci a escada, mal pode acreditar havia uma pequena mala ao lado do sofá, e Scott tomava um copo de leite na cozinha. Ele se virou para mim, e depois seus olhos foram para mala e de novo para mim.

–Estou indo embora. –Scott coloca o copo no balcão. –Hank veio aqui mais cedo. Ele ficou sabendo da festa, Nora. Depois de tudo que ele falou eu estou me demitindo, só que não na frente dele. Precisarei da sua ajuda, terá que dizer a ele que me demiti e fui morar em... Qualquer cidade.

–E para onde você vai? –Nora se aproxima.

–Não vou sair de Coldwater, esse é o meu endereço. –Scott tira do bolso um pedaço de papel mal-cortado e entrega apara Nora. –Ainda tenho um juramento com seu pai, você ficará bem enquanto eu tiver vida.

Os dois ficam em silêncio, até Nora se lembrar de Dante.

–Scott, você sabe me dizer se Dante frequenta algum lugar de muito movimento como um fliperama ou...?

–Não esta pensando em... Nora. –Scott balança a cabeça reprovando. Até perceber que Nora já tinha decidido. –Tudo bem mais eu vou junto.

–E eu também! –Grita Vee, descendo as escadas.

–E onde é? –Nora pergunta, deixando escapar um sorriso.

–Bolsa do diabo, eu costumava tocar lá. –Scott sorri como se tivesse uma piada particular. –Já vi Dante muitas vezes lá, se tivermos sorte...

–Nós vemos as nove. –Nora diz, enquanto Scott leva o copo à boca. –Scott, já ouviu falar em anjos caídos?

Ligeiramente Scott engasga, retirando o copo da boca e tossindo algumas vezes.

–Ah, você sabe! –Nora diz empolgada. –E então?

–Na verdade só ouvir falar, ninguém confia em mim o bastante.

–Engraçado. –Duvida Vee. –Podia jurar que você saberia. O seu rosto está vermelho, e acabou de engasgar com leite

–Concordo Vee! –Nora sorri para Vee.

–Estão enganadas. –Scott encara as duas. –Já ouvi falar só isso!

–Esta bem. Pensei que não mentiria para nos. E o que estamos fazendo. –Pressiona Vee. –Deveria saber que Marcie Millar esta viva.

–Mas como assim? –Ri Scott, debochando.

–Não, não vamos contar. –Nora abriu a porta puxando Vee, que trás a chave do carro. –Não se não nos disser o que ouviu sobre os anjos caídos.

Scott corre em direção as duas. Mas sem disser nenhuma palavra, deixa Nora e Vee irem.

–Está vendo, os anjos caídos não são invenção de Marcie. –Nora bate a porta enquanto Vee liga o motor.

Vee encosta o carro no estacionamento da escola, já em Coldwater. Penso que mamãe não me ligou ontem à noite, e decido ligar mais tarde. Por que agora estou vendo Marcie sentado em um banquinho em frente à escola, tentando se disfarçar sem muito sucesso, com apenas uma calça masculina, uma blusa vermelha também masculina e por fim óculos escuros e um boné amarelo-claro.

Nora mostra para Vee, que sorri malvadamente.

–Belo disfarce, só por que esta usando roupas feias e masculinas, as pessoas não vão notar que é ela? –Vee diz. Nora caminha em direção a Marcie e Vee a segue.

O olhar de Marcie se ergue e então sorri apenas para Vee. Seu famoso sorriso sínico.

–É bom ver você, Vee. E como vai a sua dieta? Pelo visto não tem feito muito efeito. –Diz Marcie debochando.

–Pelo menos ainda estou viva. Sabe quase ninguém chorou no seu enterro. –Vee rebate.

–Eu sei quem chorou, eu estava lá. –Marcie levanta. –Mas não vieram para falar do meu enterro, vieram?

–Tem razão. –Nora concorda. –A questão é... Ainda não acredito em você.

–Nora, se não quiser ficar do meu lado, o meu plano é bem simples e rápido. –Marcie suspira e sorri mais uma vez. –Apenas tiro os óculos e o boné, e grito para o mundo que sou Marcie Millar e estou viva. E que o culpado é Hank o meu pai.

–E isso não é ruim. –Nora diz.

–Mas assim, ele iria para cadeia e o detetive Basso que é seu aliado o tira em menos de dois minutos, e eu estarei protegida por que minha mãe sabe bem quem ele é. Nós duas planejamos tudo, antes que ele pense encostar-se a um fio de cabelo, estarei bem longe. –Marcie faz uma pausa. –E você? Sua mãe o ama.

–Você não vai confiar nela, vai? –Vee puxa o braço de Nora para trás.

–Não, claro que não. –Nora respondeu, tentando parecer firme. –Detetive Basso ele é?

–Sim, ele trabalha para meu pai. –Respondeu Marcie. –E já que não concorda em ficar do meu lado. –Marcie retira o boné...

–Espera. –Nora interrompe, Marcie coloca o boné de volta.

Mas isso não significava que eu confiaria em Marcie. Ela podia trabalhar para seu pai também, e estaria me enganado. Então eu a enganaria, e seria mais esperta que ela.

–Tudo bem, estou do seu lado.