Barulho. A música lá em baixo parecia martelar na cabeça de Nora, não exatamente dor. Só parecia que a qualquer momento estaria desmaiada no chão. Seu estomago se revirando. Antes de qualquer coisa piorar, ela se enrolou no cobertor e se jogou na cama. Como se nem pudesse evitar e também não quisesse evitar deixou que as lágrimas rolassem naturalmente, até que decidiu parar mais não conseguia e tão desistiu se entregando ao choro. Prometendo que seria só essa noite de dor, amanhã não choraria.

Mas só uma coisa se passava agora... Por quê? Por que Patch não se contrapôs? Por que não contou a verdade de uma só vez? O que poderia ser tão ruim, a ponto de preferir me deixar a ter que me contar a verdade? Apesar de tantas perguntas, ainda sem respostas, de uma coisa eu sabia hoje. Amanhã teria alguma resposta nem que para isso precisasse ir falar com Rixon na prisão, ou até com Dabria e Elliot que sabe lá onde estariam.

Por fim ela enxugou as lágrimas, e desligou a luz do quarto, deixando acesa a do abajur, em cima da mesinha do lado da cama. Por que já estava claro que não conseguiria dormir. Apenas fechou os olhos para quem sabe descansar um pouco sua visão, mas era impossível. O que deveria fazer era descer lá embaixo, na festa, e colocar todos para fora. Mandar Scott ir dormir e desligar a música que aterrorizava seus ouvidos. Mas não tinha animo para isso, não hoje.

E então o som da janela se abrindo, fez a música alta da festa, ficar bem distante. Nora permaneceu parada a primeira pessoa que veio a sua mente: Patch. Mas um medo tomou conta de seu corpo, algo dizia que não era ele, o mesmo medo que deixou seu corpo paralisado quando a figura alta pulou para dentro do seu quarto. Nem de longe não o conhecia, o homem alto de uma maneira assustadora, forte de uma maneira encantadora, vestido com calça jeans comum, e um casaco pesado. Mesmo com pouca luz seus cabelos pareciam ser castanhos. Mas de repente Nora não pode olhar, o homem se virou para ela rapidamente a obrigando fingir que estava dormindo.

Mas essa era à hora de correr e gritar. As intenções não poderiam ser nada boas, alguém entrar a essa hora da noite pela janela...

Antes que ficasse tarde de mais, Nora jogou os cobertores no chão, e saltou da cama.

–Socorro, Scott! –Saiu gritando o mais alto que conseguia, para abrir a porta, e conseguiu dando de cara com Scott escorado na parede do corredor dos quartos. Os dois se viraram para o homem, os olhos de Scott arregalados. Vendo o homem saltar janela a fora.

Nora e Scott correram e olharam pela janela, que mesmo sendo daquela altura o homem conseguiu. Assim como Patch todas às vezes.

–Minha nossa, aquele era... –Scott começa a dizer.

–Você o conhecia? –Nora diz arfando.

–Sim. Se lembra quando te falei de Dante Materazzi? –Scott fala enquanto fecha a janela. –Aquele é o Dante.

–Pensei que ele fosse confiável. Você disse que conseguiria alguma informação.

–Acontece que ele trabalha para Hank, pensei que nele eu poderia confiar. Mas vejo que não. –Scott ri ironicamente enquanto caminha para fora do quarto.

–Então vamos à lista de quem não podemos confiar. –Nora dá de ombros.

–Primeiramente Hank, que nunca pode saber que dei essa festa. Nem sua mãe. –Scott anuncia. –Não seria nada bom se ele resolvesse me despedir a essa altura do campeonato. Depois nem um dos capangas de Hank, isso não inclui a mim é claro. E os outros que você já sabe: Patch e Rixon. E eu soube também do que aconteceu com você, Elliot e a irmã dele...

–Como você soube disso? –Nora o interrompe.

–Você sabe, as fofocas se espalham rápido. Brincadeira, na verdade foi Vee que me contou.

–Vee? –Nora duvida rindo.

–Sim, a propósito só posso cofiar em mim, na minha mãe, talvez, escute bem “talvez” você e V...

–Vee, o que esta fazendo aqui? –Nora avista sua amiga, que corre na sua direção.

Oh meu Deus, Vee esta bêbada...

–Fiquei sabendo da festa, e então vim. –Vee ri exageradamente.

–Ótimo, vai ter que dormir aqui já está muito tarde para voltar sozinha. –Nora conclui deixando escapar uma gargalhada contida, ao ver o estado de Vee.

–Então acho que boa noite... –Scott diz. –Hora de acabar com a festa.

–A propósito por que deu essa festa? –Nora cruza os braços e boceja.

Finalmente o sono chegando.

–Sei lá... Pra quem sabe alguém de comportamento estranho aparecer, como Dante. O que será que ele queria? –Scott olha para o nada, procurando uma resposta.

–Boa noite, Scott. –Nora puxa Vee para dentro do quarto.

–Mas já... –Vee sorri para Scott antes que Nora fechar a porta.

–Ta. Por que contou para Scott de Elliot? –Nora pergunta.

–Nora... –Vee sorri com travessura. –... Scott e eu acabamos de nos beijar e então...

–Depois de beijar Scott, você decidiu que contaria tudo... –Nora interrompe, mas depois é interrompida por Vee.

–Na verdade eu contei antes. –Vee senta na cama.

–Sabe Vee. Não sei bem se devemos confiar nele, então não...

–Vá se apaixonar, assim como aconteceu com você e Patch. –Vee suspira quando vê a cara de Nora, deixando claro que não existia mais um “nós” entre ela e Patch. Vee levanta e abraça a amiga.

Depois de longo tempo as duas pegam no sono. Mas Nora é acordada pelo celular.

–Uma mensagem, há essa hora. –Nora pega o telefone.

NORA ME DESCULPE PELA HORA. VAI PARECER MEIO ESTRANHO, MAS EU TO MESMO VIVA. SE QUISER SABER MAIS. ABRA A JANELA E ME DEIXE ENTRAR...

–MARCIE

–Só me faltava essa, que espécie de bandido, espera que eu caia nesse joguinho. –Nora sussurra para não acordar Vee. Depois vira para o outro lado da cama procurando o sono.

Quando o celular novamente a incomoda.

POR FAVOR, NORA. ACREDITE EM MIM!!!

NÃO SOU IDIOTA A ESSE PONTO, SEJA LÁ QUEM VC FOR PARE! Nora respondeu irritada.

SÓ ABRA A JANELA E CONFIRA!

Tudo bem que cheguei a ver a própria Marcie na festa, mas poderia ser só uma confusão da minha cabeça, e agora isso.

Nora desliga o telefone, tentando se controlar, e a ordenando a jamais pensar quem seria a tal pessoa por trás das mensagens. Mas quando se da conta desiste, estando já de pé em frente à janela. Abre e olha para baixo, um carro preto parecido dos que Hank Millar vende na concessionária e logo sem poder acreditar lá está Marcie, viva como sempre deveria estar.

–Viu estou aqui. –Marcie abre os braços como se fosse querer um abraço, e abre um sorriso.

–Mas... –Nora começa mais confusa do que nunca. –Patch e Rixon te viram morta.

–Posso te contar tudo se me deixar entrar.

–Não confio em você. –Nora diz, se lembrando do que Scott disse.

–E nem devia. Vou pegar essa escada...

Antes que eu pudesse impedir, Macie já estava dentro do meu quarto.

–Okay. O que tem pra me dizer? –Nora suspira, pensando que tudo aquilo pode ser apenas um sonho, ou pesadelo.

–Primeiramente não ressuscitei. –Marcie ri. –Na verdade eu nunca morri...

–Vá direto ao ponto, não sei se percebeu mais já é quase dia. –Nora diz.

–Meu pai, me fez morrer de mentira. Foi tudo planejado. Patch pensa que foi Rixon. Rixon pensa que foi Patch. Mas a verdade é que estou precisando da sua ajuda. Não posso viver toda a minha vida escondida, e por isso precisamos acabar com o Senhor Millar... Dizer pro mundo quem ele é de verdade...

–Marcie, me de um bom motivo, para seu pai ter feito isso? –Nora interrompe.

–Ele queria simplesmente incriminar os anjos caídos. Ele quer sempre... Acabar com os anjos caídos. E isso ta me deixando maluca. –Marcie balança a cabeça.

–Certo. O que são os anjos caídos? –Nora pergunta. –Algum nome de gangue, onde Rixon e Patch fazem parte.

Digo simplesmente abominando a ideia de Patch fazer parte de uma gangue.

–Você não sabe? –Marcie analisa antes de continuar. –Já que não sabe, não sou eu quem vai contar.

–Você quer me ajuda, não quer? Então me conte. –Nora deixa sua curiosidade a dominar.

–Acho que sei bem menos que você, e não preciso da sua ajuda. –Marcie debocha. –Só pensei que não queria ver sua mãe ao lado de um crápula. E quer mesmo um conselho? Pergunte ao Patch o que são os anjos caídos?

Marcie começa a descer as escadas, Nora pensa em perguntar mais uma vez a ela, mas é quando Vee acorda e diz:

–Nora... Acho que acabei de ver o fantasma da Marcie.