Vinte minutos depois, Nora e Vee estavam dentro do carro, as duas se olharam por um minuto, decidindo qual o próximo passo.

–Tudo bem. –Nora suspirou. –Primeiro passamos na sua casa, e você pega algumas roupas. Vamos ao Enzo´s para almoçar. Depois voltamos para o Delphic e esperamos até Patch chegar.

Mesmo que ele demore dias... Talvez.

–Você que sabe baby. –Vee ligou o carro.

Nora deixou que seus pensamentos se organizassem pela viagem, não deixando de pensar onde Patch estaria naquele momento.

E o porquê dele estar sumido...

Mas foi interrompida pelo celular. Sua mãe.

–Sim? –Nora atendeu.

–Oi, querida. Vou ter que ser um pouco rápida...

–Aconteceu alguma coisa? –Nora deixou a preocupação tomar conta.

–Querida, não se preocupe. –Sua mãe disse. Vee parou o carro em frente sua casa. Elas então desceram do carro, Nora ainda ao celular. –A preocupada deveria ser eu... Acontece que terei que ir a Portland agora, Hugo me ligou agora a pouco. Não vou demorar muito talvez dois dias, não sei. Expliquei a situação para ele...

–Que situação? –Nora interrompeu, percebendo o carro da mãe de Vee na garagem. –Estou bem, vou ficar bem. Estou na casa de Vee. Almoçaremos no Enzo´s e depois... Vamos para casa.

–Tudo bem, só se cuide. Vou falar com Hugo, talvez ele me libere mais cedo. Scott vai ficar em casa, avisei a Hank...

Nora suspirou.

–Nora, por favor, se cuide. –Sua mãe disse, saindo quase como uma pergunta.

–Esta tudo bem, pode ir em paz. Não se preocupe. –Ela disse em um tom não muito convincente. –Prometo que te ligo se acontecer algo de... Diferente. –Nora disse.

–Te ligo a noite. Até mais, querida. –Sua mãe se despediu. Nora desligou sem perceber que não tinha se despedido.

–Parece que minha mãe esta de volta. –Vee bateu na porta da sua própria casa.

–E a minha foi para Portland... –Nora murmurou. –E advinha que serão as minhas babás? Scott e o perfeito namorado da minha mãe: Hank.

A mãe de Vee então abriu a porta.

–Olá, Senhora Sky. –Nora cumprimentou.

–Oi, Nora e... Vee. –Senhora Sky direcionou seu olhar para filha exigindo explicações.

O celular toca. Depois de alguns segundos, Nora percebe que é o seu. Número desconhecido.

–Alô? –Ela atendeu.

–Anjo... –A voz de Patch ao telefone soa como sempre, dessa vez a sensação não provoca calma pela voz aveludada, e sim agitação. Nora percebe que seu coração vai saltar pela boca.

Penso em dizer alguma coisa... Qualquer coisa, um “oi”, ou “por quê?” Mas não sai nada.

–Anjo, ainda esta aí? –Patch pergunta, tirando Nora do devaneio de sensações. Nora tira o celular da orelha e puxa a respiração e solta devagar.

–Senhora Sky? Posso entrar... Minhas pernas, se eu não me sentar...

–Claro. –A mãe de Vee responde.

Nora coloca o celular na orelha novamente, enquanto passa pela porta, e se senta no sofá.

–Estou aqui... Patch.

–Não sei como começar... –Ela sentiu a respiração de Patch pelo celular. –Talvez pelo começo. –Ele ri, mas Nora ouviu quieta, quase como se ela se mexesse pudesse perder alguma palavra. –Me perdoa anjo. Eu não deveria ter sumido, e não ter dado nem uma notícia. Estou me sentindo um imbecil. Agora... Por favor, diga alguma coisa, sei lá me xingue. Preciso saber o que esteve pensando esse tempo todo, e o mais importante preciso escutar sua voz.

Nora procura palavras, desesperadamente enquanto Patch aguarda na linha.

–Eu deveria te odiar. –Ela começa, já sabendo que aquilo não será o bastante. –Deveria ser apenas a garota que vai a escola, e se diverti com os amigos nos fins de semana. Deveria além de tudo ter um namorado e só. Um namorado que eu pudesse amá-lo e apenas isso... –Nora percebeu que esta chorando, enquanto Patch parece que nem esta na linha. – E deveria além de tudo, nunca me apaixonar. Mas nem tudo que devemos fazer, quer dizer que temos mesmo que fazer. Eu te amo, Patch. E não consigo parar de te amar.

–Anjo, eu preciso de você... –A voz de Patch esta rouca, como se ele estivesse chorando esse tempo todo. –... Para me tornar uma pessoa melhor. E você não precisa de mim. Mas eu não estou nem aí, por que sou egoísta, e quero você mesmo assim. Nora, por favor, me deixe te ver. Se disser que sim, eu te conto toda a verdade. Eu só preciso de você...

–Patch... –Nora riu, e limpou as lágrimas com as mãos.

Eu ri por que depois de toda aquela declaração... Ele estava me perguntando aquilo?

–Não. Você não pode me ver. –Nora não conseguia parar de rir.

–Esta debochando de mim? –Patch assumiu uma voz sedutora.

–Claro que estou. –Ela parou de rir, tomando um tom sério. –Só não faça aquilo de novo. Estou falando de sumir...

–Nos vemos a noite, anjo. Eu prometo. –Patch disse.

–Mal posso esperar.

Nora desliga, percebendo agora, que Vee e sua mãe estavam ao seu lado, sentadas no sofá.

–Pronta para almoçar? –Vee pergunta.

–Sim. –Nora respondeu.

–Já que não preciso mais ficar na sua casa...

–Oh meu Deus! É mesmo. –Nora percebe que estará sozinha.

Não tão sozinha. Patch. Scott. Hank.

–Vamos? –Vee se levanta.

Como eu gostaria de dizer que aquele dia passou depressa e logo chegou à noite. Mas não foi bem assim. Almocei com Vee, enquanto relatava a conversa com Patch, excluindo que nos veremos essa noite, não sei bem o motivo de se retirar esse “detalhe”, mas não conto. Depois vamos às compras, e a biblioteca. Por fim fica escuro e decido que já é noite. Vee me deixa em frente casa, mas algo está muito errado.

Há carros por toda parte, a música está muito alta... O que significa que alguém esta dando uma festa. Scott.

–Eu não acredito.–Nora murmura sozinha, ainda lá fora. Caminha em direção a porta e a abri. Vendo sua casa inundada de pessoas que nunca viu a maioria adolescente. Bebendo e dançando...

Como loucos... Procuro Scott, pedindo licença e esbarrando em copos de bebidas alcoólicas, que derramam no chão. Algumas pessoas me olham com a cara feia. Outros tem a “coragem” de me xingar. Piso no pé de uma garota de cabelos loiros.

–Me desculpa. –Nora disse como os olhos no chão.

–Esta tudo bem. –Ela responde em um tom educado.

Nora então segue em frente. Até perceber que conhece aquela voz e aquele cabelo.

Marcie?...

Nora se vira para trás, mas ela não esta mais lá, começa a percorrer a multidão. Até que encontra a garota que deveria ser Macie, fugindo. Mas alguém segura seu braço impedindo ela de ir atrás.

–Chegou bem na hora. –Scott esta com as mãos ocupadas, uma com o copo, e a outra segurando o braço de Nora.

–Me solta, Scott. –Nora é obrigada a gritar, por causa do barulho.

–Calma, Grey. –Scott ofereceu o copo.

–Eu não quero isso. –Nora deixa seus olhos vagarem pela sala cheia de pessoas, e não vê mais...

Marcie... Marcie esta viva?

–Procurando alguém?

–Estou... Na verdade não, só me confundi. Deve ter sido isso. –Nora suspira derrotada.

–Ótimo! Por que agora vamos dançar. –Scott sorri, puxando Nora para o que seria a “pista de dança”.

–Quem teve a ideia ridícula de dar uma festa?

–Eu. –Scott alarga o sorriso.

–Ta não importa. Por que vai acabar agora. Eu vou dormir, e espero que quando eu chegar ao meu quarto, não haverá nem um barulho. Entendeu? –Nora puxa sua mão e Scott apenas ri com o gesto.

Nora sobe as escadas, e se vira mais uma vez procurando, quem sabe Marcie.

Ela não esta lá... Por que é claro esta morta.

Devagar vai para o quarto, abre a porta e quase como se fosse um sonho... Patch esta lá. Primeiramente ele sorri, depois se aproxima, Nora não se conteve, ela então o abraça. Toca em seus cabelos. Seu rosto, Patch também faz o mesmo. Até que por fim, seus lábios saem desesperados à procura do outro, e quando se encontram, parecem não haver mais fim. Nora amassa os cabelos dele, e depois passa seus braços sobre o pescoço de Patch.

Patch segura à cintura de Nora a puxando para si... Até que tudo termina.

Ele sorri. Aquele sorriso me deixa tão tonta.

–Com uma festa lá fora e você aqui? –Patch disse.

–Acontece... Que essa festa já deveria ter acabado. –Nora suspirou, e então sem mais nem menos, perguntou: –Acha que Marcie pode estar viva?

–O que? –Patch ergueu a sobrancelhas, e depois riu como se aquilo fosse uma piada.

–Estou falando sério. Eu a vi na festa. Tive certeza que a vi. Depois ela fugiu e...

–Não... Deve ter se confundido, anjo. –Patch segurou os ombros de Nora e deu um beijo em sua testa. –Eu vi Marcie caída no chão naquela noite.

–Pode ser que... Esquece. Eu deva ter me confundido. Onde esteve esse tempo todo?

–Aqui em Coldwater. Eu só... Só tinha resolvido te deixar em paz. Assim te...

–Não você não me protegeria. Será que não entende. –Nora disse o encarando. Patch deixou seus olhos cair no chão. –Oh meu Deus, Patch! Você esta mentindo. Por que esta mentindo?

Patch não responde.

–Por que não me diz de uma vez só. Eu posso suportar...

–Não você não pode. Não quando estamos em lados opostos. –Patch grita, depois joga a cabeça para trás e percebe que falou demais, mesmo se arrependendo fica em silêncio.

–Sua última chance. –Nora diz depois que vê que Patch não falará mais nada. –Ou me conta tudo, ou... Está tudo terminado.

–E isso que você quer? –Ele ergue a cabeça.

Seus olhos negros brilham na luz do quarto.

–Se não for me contar, então é sim o que eu quero.

–Acho que isso é um... Adeus. –Patch termina a frase de costas. Em poucos minutos já pulou a janela.

Só havia um problema, eu não queria isso. Mas algo me dizia para não ir atrás de Patch, talvez o orgulho. O que eu podia fazer era para ele ter contado, quando eu ameacei em terminar.