Naquela mesma noite, depois de Vee ter surtado de acordo com Nora, ela se envolveu sobre o cobertor e sonhou.

No sonho Nora nunca tinha se sentido tão bem, a maresia envolvia seu corpo. Nora sabia desde o começo que aquilo era um sonho, mas não se importou na verdade nem queria acordar. O sol já ia embora, deixando o céu de um tom lilás. E a areia envolvia seus pés descalços.

Com certeza o pôr- do Sol mais lindo. Sem falar do mar, de um azul tão limpo... Era tudo tão surreal.

–Lindo, não é?

Nora ouviu uma voz, do seu lado direito e então se virou para responder “É perfeito”, mas o que encontrou ainda era melhor, dessa vez era um sorriso cheio de ternura, mas não tinha perdido o seu charme debochado.

–Eu disse que você sonharia comigo. –Patch alargou seu sorriso.

Nora sorriu se lembrando.

–Anjo... –Patch sussurrou em uma voz aveludada. –Você é tão irresistível!

É só um sonho! É só um sonho!

Patch usava Jens, mas estava dobrado. E sem camisa, deixando os olhos de Nora passeasse sobre seus músculos.

Ela riu de si mesma, ao ver o quanto estava apreciando. E por incrível que pareça, Patch pareceu não perceber.

Esse era o meu sonho, aqui eu mandava!

Os olhos de Patch a alcançou, e segurou intensamente. Ele se aproximou, e ela deixou se levar por aquilo. Seus lábios finalmente se encontraram, ainda mais forte do que o ultimo beijo.

Intenso e real. E pouco?...

Quando os lábios se afastaram, não sentiu seu estomago se revirar.

–Anjo... –Não era Patch.

Nora acordou, seu coração parecia mais que qualquer outro dia estar mesmo ali. Procurou acalma-se.

.. Era só um sonho.

Acedeu o abajur, na mesinha de ao lado da cama e tocou o celular. Ainda eram cinco da manhã. Apagou e relutante tentou dormi outra vez, mas já estava quase obvio que não conseguiria.

Fechou os olhos, mas era ainda pior, o resto de Elliot vinha em sua mente, com um sorriso diabólico. Nora então se levantou em um pulo.

Chega de dormi.

Abriu o armário e tirou suéter, calça e tênis. Apesar de tudo que havia acontecido, não podia se deixar abater, aliás, hoje seria um dia comum escola como todos os outros, havia um detalhe: em cada canto Nora veria Elliot, principalmente no ginásio.

Pegou a toalha e se direcionou para o banho.

O que um bom banho não podia faze? Esquecer o sonho!

Enquanto deixava a água cair sobre os ombros, cada detalhe do sonho vinha à tona. Tentou deixar de fora apenas Elliot com a palavra “anjo” em sua boca. Nos lábios de Patch o que parecia tão carinhoso, aos de Elliot só a causa repulsa.

Tentando visualizar o sonho, a primeira imagem era a de Patch. Nora riu sozinha se lembrando. Talvez se não fosse um sonho teria feito Nora corar, ao ver Patch sem camisas.

Após se vestir, Nora desceu, tentando repetir mil e uma vezes “O dia de hoje é sempre melhor que o de ontem”. Sua mãe já havia preparado o café da manhã.

–O jantar foi marcado para hoje. –Sua mãe disse. –Por favor... –Ela suplicou. –Dessa vez colabore! –Por fim sorrindo.

–E quem é? –Nora indagou, já com a tigela recheada de iogurte, com morangos picados e cereal.

Sua mãe desviou o olhar, quase fingindo não escutar, Nora sorriu.

Por que tanto suspense?

As duas ficaram em silencio. Até sua mãe voltar aos seus afazeres.

–Nora? –Sua mãe voltou seu olhar para ela, de “me deve uma explicação”. –E aquela moto?

–É minha. Eu comprei. –Disse quase de olhos fechados, com medo do que vinha a seguir.

–O que? –Sua mãe piscou desacreditada. –Com que dinheiro?

Esse era o problema, Nora nem havia pagado.

–Digamos que não paguei... Ainda.

Nora observou de cabeça baixa, a indignação de sua mãe.

–Preciso ir... Para escola. –Nora se levantou tentando se safar da bronca.

–Como pretende pagar? –Sua mãe a trouxe de volta.

–Não sei, vou dar o meu jeito. –E então saiu.

O jeito seria vendê-la.

Nora encostou a moto, no estacionamento da escola. E logo avistou Vee vindo em sua direção, com um sorriso no rosto. Um sorriso que Nora sabia bem motivo.

–O que foi Vee? –Ela se aproximou, rindo do sorriso bobo de Vee.

–Sabemos bem o que é. –Vee alargou o sorriso, se aproximando de Nora como se fosse contar um segredo. –Você... Patch... Beijos molhados. –Vee sussurrou.

–Vee! –Nora censurou.

–Não me diga que não gostou? –Vee gargalhou.

Não, mas era estranho, ficar falando e pensando...

–Vee, você é minha amiga e me conhece. Gostei. –Nora começou, Vee mordia os lábios segurando o riso. –Gostei, gostei sim, gostei muito. –Ela confessou.

–Bom dia, anjo. –Patch sussurrou, por trás de Nora, fazendo com que Nora desse um pulo.

Nora se virou, esperando Patch um pouco mais distante, seus corpos estão afastados apenas por uma fina camada de ar. Um sorriso malicioso brincava em seus lábios. Nora instantaneamente perdeu o ar.

Tentando se recuperar, Nora se virou, mas Vee não estava lá.

–O que gostou?... Anjo. –Patch apareceu na sua frente, imprensando seu corpo mais ainda.

Com certeza ele havia escutado. Seus olhos negros o denunciavam.

Nora sorriu do seu próprio embaraço. Percebendo que corava.

–Diga anjo! –Patch a encarou, segurando seu rosto em suas mãos. Provocando arrepios em Nora.

–Tem certeza que não ouviu?

–Sim. Ouvi, mas diga. –Patch disse, deixando Nora ainda mais envergonhada.

–Eu gostei... –Nora se rendeu. –Do seu beijo.

Patch então a soltou. Nora manteve seus olhos no chão. Mas ainda podia ver o divertimento no sorriso de Patch.

–Anjo? –Patch disse como se acabasse de ter a melhor idéia do mundo. Nora ergueu o olhar, tentando levar embora o constrangimento.

Na verdade quem era “Nora”, uma semana a bad girl, outra, uma pessoa que corava, só de confessar, que o beijo de um garoto era bom.

***

–Oh meu Deus. Essa noite você vai sair com ele? –Vee arregalou os olhos.

–Vee! Pare de agir como se tudo que eu fizer com Patch, e mais maravilhoso que tudo! –Nora se irritou. Patch havia a convidado para sair hoje.

–Na verdade nem aceitei. –Nora parou perdendo o ar.

–E por que não? –Vee a encarou.

–Pois, ele nem me deu tempo. “Não aceito não como resposta”. E foi embora, aliás, tenho outro compromisso, jantar com a misteriosa visita.

–E...

–As nove ele irá me buscar. –Nora suspirou sem sabe o que fazer.

Ela e Vee entraram finalmente na sala. Que por algum motivo Patch não viria hoje.