Saint Seiya: New World escrita por Fernando


Capítulo 19
Revelação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/535874/chapter/19

– Saga. – Dário repetiu o nome do cavaleiro. – Um dos cavaleiros que destruíram o Muro das Lamentações, durante a ultima Guerra Santa.

A forma astral de Saga assentiu.

– Sim, Dário. – O antigo cavaleiro de Gêmeos sabia o nome do Pégaso. – Sou eu mesmo.

– Como conseguiu vir até aqui? – Perguntou o cavaleiro de bronze, aturdido de seu combate pela aparição do cavaleiro de ouro. – Achei que os Deuses haviam amaldiçoado todos que se levantaram contra Hades.

– E eles amaldiçoaram. – O cavaleiro retirou seu elmo dourado da cabeça, liberando seus longos cabelos de tom azulado, e o repousou em seu braço. – Nunca poderemos ter o descanso eterno, ou sequer chegar aos Campos Elíseos.

– Então como... – Dário iria perguntar, mas um soco do Wyvern o interrompeu.

O punho do Juiz do Inferno ia direto ao coração do Pégaso, mas Saga o impediu. O cavaleiro de ouro segurou o Wyvern pelo pulso, contendo-o completamente.

– Eu disse basta! – Bradou o cavaleiro de Gêmeos.

O Wyvern rosnou e recolheu seu punho.

– Você, alma desgarrada, como é capaz de desafiar um dos Três Juízes? – O espectro, apesar de enfurecido, encontrava-se igualmente surpreso com a aparição do Cavaleiro de Gêmeos.

Mesmo estando em forma astral era perceptível a piedade no olhar de Saga quando o mesmo dirigia o olhar ao Wyvern.

– Me culparei eternamente pelo oque fizeram com você, Rafael.

O nome pareceu servir como um gatilho para fúria do Wyvern. Sem motivo aparente, o Juiz do Inferno explodiu em ódio e avançou novamente contra Saga. O Wyvern lançou seu punho como uma lança em direção ao coração de Gêmeos, porem, Saga o repeliu com os braços e tocou seu peito com sua mão direita.

– Desculpe. – O cavaleiro de ouro desviou o olhar.

Uma onda de energia dourada o atingiu no centro do peito e o lançou em direção a uma das paredes da caverna. O impacto foi tão poderoso que irrompeu a parede, fazendo uma grande onda de magma jorrar no interior da caverna. O Wyvern estava fora de combate.

Saga voltou sua atenção para o Pégaso novamente, no entanto, não esperava oque viria a presenciar. Dário estava de cabeça baixa, gotículas de sangue pingavam de sua testa, seus punhos cerrados e todo seu corpo envolto em uma furiosa aura azulada de cosmo.

– Você não tem o direito. – Dário transbordava ódio naquele momento. – Não tem o direito de se colocar no caminho da minha vingança!

Sem pensar duas vezes, o Pégaso atacou. Lançou-se como um torpedo contra Saga e tentou lhe acertar um soco, mas Gêmeos conteve seu punho com apenas uma de suas mãos.

– Tem razão, Dário. Eu não tenho esse direito, mas peço, imploro que me escute antes que decida prosseguir com essa insanidade.

O Pégaso hesitou. Sua cosmo energia diminuiu e ele recolheu seu punho, queria saber qual fora tão importante motivo para que o espírito de se Saga desafiasse as leis da morte.

– Oque é tão importante para que você interfira nos assuntos atuais? – Dário perguntou sério.

Saga relaxou novamente.

– O destino de dois cavaleiros que podem mudar o rumo dessa guerra com um único movimento. – Respondeu o cavaleiro de ouro.

...

Marilli se descuidou com a aparição de Saga e deixou sua guarda aberta. Sonny não perdoou tal erro e a acertou em cheio o joelho contra o ombro da amazona. O golpe teve tamanha violência que empurrou Andrômeda para fora da caverna e deslocou seu ombro direito.

A garota rolou encosta abaixo e apenas parou quando seu corpo encontrou uma grande arvore no caminho. Marilli sentia uma dor insuportável no ombro e não conseguia move-lo, suas costelas também foram castigadas com o impacto contra a arvore e seu corpo todo doía após a viagem pela encosta. A amazona se pôs de pé, mas não conseguia deixar o corpo ereto.

– Nunca entendi essa tradição das amazonas, sabe? – Sonny estava em cima da arvore com que Marilli se chocara. – Por que vocês tentam fazer o trabalho dos homens? Não importa que usem mascaras ou o quanto treinem vocês ainda são mulheres e não deveriam se meter nesses assuntos.

– Maldito... – Marilli tentou falar, mas seu peito doía toda vez que ela tentava puxar fôlego para isso.

– Eu vou mostrar que estou certo, provarei meu ponto ao arrancar sua cabeça e entrega-la a Atena. Veremos se assim sua “Deusa” e às demais amazonas criam algum juízo.

Sonny saltou do topo da arvore em direção a Marilli. A amazona moveu seu braço esquerdo e lançou sua corrente circular, mas a mesma não atacou o espectro e sim formou um casulo ao redor de sua dona.

O Morcego hesitou e se lançou para trás, saindo da rota que antes havia traçado.

– Oh, entendo. – O espectro sorriu, quando aterrissou, com a satisfação de quem acaba de desvendar uma charada. – Suas correntes têm funções únicas. Isso explica por que não havia me atacado até agora, estava apenas esperando que me lançasse sobre você para usar sua corrente defensiva. Muito esperta Andrômeda.

A amazona estava em uma situação critica. Sonny havia analisado completamente e entendido todo seu estilo de combate, não era a toa que o espectro tinha a alcunha de Estrela Terrestre da Premonição.

– Pois bem. – O Morcego saiu de sua postura de batalha e endireitou o corpo. – Irei fritar seu sistema nervoso e, apenas depois que estiver completamente indefesa arrancarei sua cabeça, Andrômeda.

Marilli não se intimidou com a ameaça de seu oponente. Não importava qual ataque ele estivesse planejando, jamais conseguiria passar por sua corrente circular.

– Sonar do Pesadelo! – Sonny estendeu os braços e sua aura negra se expandiu em ondas sonoras.

A amazona moveu o braço direito e o casulo de correntes começou a girar ao redor de seu corpo. Mas não foi o bastante para evitar o ataque do Morcego. Marilli começou a sentir seu corpo pesar, as pernas pareciam feitas de chumbo, a dor de ombro direito se tornou mil vezes pior e ela tombou para frente. Apoiou-se apenas com os joelhos.

– Oque... Oque... – Ela tentava falar, mas suas cordas vocais não mais respondiam.

Os olhos negros e lunáticos de Sonny encontram-se com os de Andrômeda.

– Pensei que o Pégaso tivesse contado a você sobre minha técnica, mas vejo que não. – O espectro se abaixou e segurou o rosto da amazona pelo queixo. – Sabe, essa é a melhor parte do meu trabalho, matar amazonas quando estão indefesas.

Marilli rosnou e se desvencilhou do Morcego. A garota tentava pôr se em pé novamente, mas suas pernas negavam-se a obedece-la.

– Todo o orgulho e coragem se esvaem de seus corpos, uma vez que percebem que todo seu treinamento se tornou inútil. – Continuou Sonny. – Não conto isso a muitas pessoas, mas, você não contara a ninguém, não é? Enfim, tenho uma pequena coleção de mascaras de suas amigas amazonas, acho um tanto curioso como elas escolhem viver atrás de um rosto inexpressivo apenas para terem um lugar nas fileiras de Atena. Mas você, Andrômeda, você é diferente. Não usa mascara, não tem medo de mostrar suas emoções aos demais e, portanto, será a presa que me dará mais satisfação e prazer de destroçar.

O sorriso de Sonny era extremamente perturbador, sua expressão era claramente a de um maníaco que estava se deleitando com o sofrimento de sua vitima. Porem, algo o surpreendeu e arrancou-o de seu mundo deturpado. Marilli começou a rir.

O espectro julgou que ela tivesse enlouquecido devido ao estresse, então não se importou, e a acompanhou gargalhando. Foi quando uma coluna de chamas desceu dos céus à frente de Sonny, fazendo-o recuar. As chamas cessaram e revelaram um cavaleiro em seu interior. O cavaleiro trajava uma armadura prateada no peitoral, que cobria toda extensão do peito, cinto e proteções de perna e braços azulados. Não utilizava elmo, oque permitia ver seus cabelos curtos e cor de areia, sua pele era branca como a de Marilli, mas seu rosto era muito diferente comparado ao da garota alegre. O rosto do cavaleiro era duro e estampado de fúria, seu olho direito era verde e o esquerdo branco, contendo uma grande cicatriz sobre toda a extensão da testa até o queixo sobre este olho.

– Hazai. – Marilli conseguiu dizer o nome do cavaleiro.

A aura de Hazai era incrivelmente forte, fora do comum para os cavaleiros de bronze e prata. Seu olho bom encarou o espectro a sua frente.

– Tem ideia do que acaba de fazer? – A voz do garoto era forte e calma.

Sonny hesitou, a agressividade na aura daquele cavaleiro era algo completamente insano. Não ouve resposta a pergunta do cavaleiro.

– Você acaba de decretar sua cremação, cão do inferno.

...

Oque quer dizer com isso? – Dário estava confuso com as afirmações de Saga.

A forma astral do cavaleiro de Gêmeos tremeluziu e se enfraqueceu.

– Não tenho muito mais tempo. – Avisou o dourado. – Precisa me ouvir com atenção, Dário.

O Pégaso assentiu.

– Há muitos anos, na Itália, uma mulher deu luz a uma criança. Um pequeno bebê de cabelos e olhos, aparentemente, negros. O pai dessa criança o chamou de Rafael, nome de um dos arcanjos católicos, essa criança havia nascido sobre a estrela de uma constelação poderosa e fora a ela destinada um papel importante na Guerra Santa que viria. Três anos depois, essa mesma família, teve seu segundo filho. Um garoto quase idêntico ao primeiro, mas a esse nunca foi dado um nome por seus pais. No dia em que o segundo garoto nasceu na Itália, muito distante dali, na Espanha uma garota também nascera. Nenhum dos dois sabia, mas seus destinos estavam ligados desde o momento em que saíram do ventre de suas mães. As crianças foram para seus lares, mas, assim que adentraram as casas, seus pais foram atacados e mortos. Os espectros de Hades os haviam atacado e assassinaram suas famílias. O pequeno Rafael, no entanto, tentou defender seu pequeno irmão, mas não obteve sucesso.

Foi quando uma luz dourada invadiu a casa dos irmãos e, rápido como um raio, Kiki de Aries derrotou os soldados do inferno. Kiki pegou o bebe em seus braços, mas não pôde salvar Rafael que fora capturado por um espectro em fuga e levado, ainda criança, para o mundo inferior. Kiki, por mais que lamentasse o destino do garoto, não pôde fazer nada para impedi-lo, pois sua presença fazia-se necessária na Espanha naquele mesmo momento. Com suas habilidades lemurianas, o cavaleiro de Aries, pode se teletransportar para a Espanha e salvar a pequena garota também. Mas, para a surpresa de todos, a garota não se encontrava sozinha na casa. Um terceiro bebe, de cabelos negros como a noite e pele branca como gelo, encontrava-se no chão da casa, em meio à poça de sangue, do casal morto pelos espectros.

Sabe quem eram essas quatro crianças da história, Dário?

O Pégaso sabia, não queria acreditar naquilo, mas sabia.

– Não é verdade – O cavaleiro negou para si mesmo. – Eu sou americano, de Chicago. E Carmen tem descendência espanhola, mas ela também é americana... Não faz sentido.

– Não, ela não tem apenas descendência, Dário. – Saga colocou a mão sobre os ombros do, entorpecido, cavaleiro. – O Santuário os resgatou, Kiki não teve coragem de tirar a vida de um bebê, mesmo sabendo que ele poderia acabar se tornando o Imperador do Inferno. Eles os enviaram as suas famílias adotivas, com a condição incondicional para que deixassem vocês três juntos. Kiki, quando assumiu o Santuário, foi convencido por Jabul que o hospedeiro de Hades poderia ser salvo. Essa suspeita apenas se fortificou quando descobriram que ele nascera sobre a constelação de Cisne e, portanto, era um cavaleiro. O Grande Mestre os enviou para a América, mandou Jabul para protegê-los e ele o fez, até o dia em que você e seu irmão se reencontraram.

– Não, não pode ser. Eu me lembro de crescer em Chicago, minha mãe, a escola... Como conseguiriam convencer alguém a adotar uma criança que ela nem sabia da onde vinha?

– Não é tão difícil quanto você pensa. Existem milhares e milhares de pais em uma fila gigantesca para a adoção. Alguns deles estão dispostos a praticamente qualquer coisa para ganharem uma criança. Kiki e Jabul apenas precisaram achar as pessoas certas.

Dário sentia como se o mundo fora puxado debaixo de seus pés. Tudo que o cavaleiro havia vivido era uma mentira, seu destino havia sido traçado no momento em que ele nascera e ele nunca teve a menor consciência disso.

– É isso? – Perguntou o Pégaso. – Você teve tanto trabalho apenas para me dizer que minha vida foi uma mentira? Que meu irmão é o assassino de meu professor? Que eu, de alguma forma, sou culpado pelo oque aconteceu a Rafael e Lucas?

Dário não estava bravo, apenas estava se sentindo vazio. Como se ele não soubesse quem era de verdade.

– Não, você não tem nada do que se culpar, Dário. Você nasceu sobre a constelação de Pégaso, é o defensor de Atena, nada disso é culpa sua. Cada um de nós, cavaleiros, nascemos sobre as constelações a que serviremos. Seu irmão por sorte ou azar, - Saga fitava o Wyvern nocauteado enquanto falava. – nasceu sobre a constelação de Gêmeos e, por mais que eu odeie admitir, essa constelação é amaldiçoada.

– Como assim amaldiçoada?

– Ao longo das eras os cavaleiros de Gêmeos e seus irmãos acabam por se enfrentar e, algumas vezes, causam a morte um do outro. Foi assim com Aspros e Defteros... Foi assim comigo e Kanon.

– E será assim comigo e Rafael... – Dário desviou o olhar.

– Não, pela primeira vez há esperança para vocês. – O rosto de Saga se encheu de alegria ao proferir tais palavras. – Todas as mortes eram pelos irmãos disputando o posto de cavaleiro de Gêmeos, mas pela primeira vez existe apenas um cavaleiro nascido sobre a constelação.

– E oque isso quer dizer?

– Você é o Pégaso, aquele que carrega a luz de Atena, só você pode salvar seu irmão e quebrar esse ciclo de matança que envolve a Armadura de Gêmeos a gerações. É por isso que a armadura o protege, Dário, ela sabe que você é a sua única esperança de voltar ao seu verdadeiro dono.

Dário cerrou o punho. Saga o estava pedindo demais, perdoar o homem que matou seu professor que deu a vida para protegê-lo? Não era uma tarefa fácil.

– Ele assassinou Jabul, me deixou a beira da morte e ameaçou meus amigos... Como espera que eu possa perdoa-lo?

Saga iria dizer algo, mas foi interrompido pela voz do Wyvern.

– Ninguém aqui está pedindo seu perdão, Pégaso.

O Wyvern se levantou, sua armadura pingava lava e ele estava pronto para o combate novamente. Dário não se preparou para um combate, pela primeira vez ele vira como seu nêmeses se parecia consigo.

A imagem de Saga tremeluziu novamente anunciando que seu tempo naquele plano estava no fim.

– Não tenho mais tempo. Dário me escute: você pode parar esse ciclo de matança e salvar a alma do seu irmão, eu acredito nisso. Gastei muita energia para me materializar e só pude faze-lo por que estamos na Ilha Kanon, não poderei mais ajuda-lo daqui para frente, só oque posso fazer é facilitar um pouco seu trabalho. – Saga se virou na direção do Wyvern. Levantou o braço direito, estendeu o indicador em direção ao rosto do Juiz do Inferno. – Destruição da Mente!

Um pequeno raio dourado atravessou o crânio do Wyvern, fazendo-o levar as mãos a cabeça e gritar em agonia.

– Isso é tudo que posso fazer – A imagem de Saga se tornava cada vez mais fraca, até desaparecer. – Eu confio em você, Dário.

A armadura de Gêmeos voltou a sua forma original, saiu pela caverna, alcançou os céus em um raio de luz dourada e, novamente, desapareceu.

...

Hazai, Sonny e Marilli viram a Armadura de Gêmeos subir aos céus e desaparecer logo depois.

– Malditos cavaleiros. – Praguejou o Morcego pensando que seu comandante havia sido vencido pelo Pégaso e o espirito de Saga.

– Eu me preocuparia mais com oque está a sua frente no momento. – Hazai fechou o punho e o mesmo foi envolto por chamas.

Sonny deu um passo para trás, não estava preparado para uma batalha contra um cavaleiro desconhecido.

– Irmão... – Marilli mal conseguia falar, mas estava preocupada com rumo das coisas na caverna. Não fazia ideia se Dário havia vencido ou se estava morto.

– Dê-me um segundo irmã. – Hazai não desviou o olhar de seu oponente.

O Morcego quebrou a tensão. Saltou o mais alto que pode e tentou fugir por entre as arvores. Sonny nunca fora um combatente e valia-se do oportunismo de suas técnicas para vencer seus adversários. Naquela situação, contra um oponente com um cosmo tão furioso, ele não tinha como vencer aquele combate.

– Você não vai! – Hazai transformou sua aura em chamas e alçou voo no encalço de Sonny.

Marilli tentou ficar de pé novamente, mas era inútil. Ela usou seu braço bom e lançou sua corrente circular contra os galhos mais altos de uma das arvores ao redor e alçou seu corpo para cima, colocando-se em pé. Agarrou um galho quebrado e expeço que Sonny quebrara em sua fuga e o usou como muleta de apoio, traçando rumo de volta à caverna.

Em meios as arvores, Sonny tentava escapar. O espectro podia voar para longe, mas após presenciar Hazai descer dos céus em um turbilhão de chamas o Morcego calculou que não seria uma boa ideia disputar com ele no céu. Sonny saltou de um galho visando a copa de uma arvore, mas foi atingido por um punho flamejante na costela.

Hazai apagou sua aura de chamas, agarrou o espectro e despencou com ele do alto das arvores. Ambos caíram de uma altura de oito metros e Hazai usou o corpo de Sonny para amortecer sua queda. O Morcego gritou de dor, seu joelho fora partido no impacto da queda, ele olhou para o lado esperando que danos maiores tivessem sido infligidos ao seu oponente, mas só conseguiu ouvir o som das gargalhadas de Hazai.

– Por que vocês insistem em fugir? – O cavaleiro perguntou sorridente.

Sonny sentiu um frio na base da espinha ao ver o sorriso no rosto de Hazai. Ele acabara de se jogar de oito metros de altura e estava rindo disso. O espectro tentou se arrastar até uma arvore, se pôr em pé de alguma forma, mas Hazai não permitiu. O cavaleiro se levantou rapidamente e pisou na base da coluna de Sonny fazendo-o soltar um novo urro de dor.

– Oque foi espectro? – Hazai apoiou seu pé direito no joelho quebrado do Morcego. – Achei que seria mais difícil de fazê-lo calar a boca. Vamos, faça um discurso sobre como eu esmago seus ossos!

O cavaleiro pisou na parte traseira do joelho quebrado. Sonny gritou e se contorceu, seus ossos romperam a pele e atingiram o metal da sapuri. Hazai não se conteve, pisou sobre os ferimentos do Morcego e causou muitos novos até se cansar.

– Você nunca mais vai se quer sonhar em encostar na minha irmã, cão do inferno. – Hazai colocou a mão na parte de trás da cabeça de Sonny. – Quando chegar até Caronte, diga-o que foi Hazai de Fênix quem o enviou e que ele será o próximo. Ave Fênix!

O braço direito de Hazai foi tomado por chamas e as mesmas queimaram, em questão de segundos, a sapuri e o corpo de Sonny até se tornar apenas cinzas.

...

Dário estava imerso em seus pensamentos. O cavaleiro fitava o céu pelo buraco que a armadura de Gêmeos havia aberto em sua saída.

– Dário...

O Pégaso foi desperto pela voz fraca de Marilli. Ela, em um esforço heroico, conseguiu alcançar à caverna onde seu aliado estava. O garoto correu até a amazona e amparou.

– Oque aconteceu com você? – Dário perguntou.

Marilli tentou falar, mas não tinha forças para isso.

– Merda – O Pégaso não se perdoava por ter se esquecido, mesmo que por poucos momentos, de Marilli. - Eu vou leva-la até o Santuário, você precisa de cuidados médicos.

A amazona forçou um sorriso.

– Não devia dar as costas aos seus oponentes, Pégaso. – Uma voz surgiu na entrada da caverna.

Dário ergueu os olhos e viu outro cavaleiro adentrando o local.

– Quem é você? – O Pégaso elevou seu cosmo, não estava mais interessado em ataques surpresas.

O cavaleiro riu e Dário pode ver uma grande cicatriz em seu rosto. Alguma lamina havia lhe acertado a face de uma extremidade a outra e, como consequência, o cegado no olho esquerdo.

– Não precisa elevar seu cosmo. Não sou seu inimigo, mas você devia se preocupar com o Wyvern a suas costas.

Dário olhou para trás e viu o Wyvern caído de joelhos, os olhos sem foco algum e a expressão perdida.

– Ele não é uma ameaça agora.

– Está brincando, não é? – Hazai endureceu o olhar. – Ele é o Wyvern, um dos três Juízes do Inferno, como pode dizer que ele não é uma ameaça?

O Pégaso não sabia como responder. O argumento do cavaleiro da cicatriz era verdade, o Wyvern era um dos melhores combatentes do exercito de Hades e estava ali, indefeso, era uma chance de ouro de aniquila-lo. Mas como ele poderia fazê-lo agora? Por mais maligno que o espectro fosse como o Pégaso poderia matar seu próprio irmão?

– Precisamos leva-la para o Santuário. – Dário tentou desviar a atenção do cavaleiro que o questionava. – Não temos tempo para o Wyvern.

– Não vou perder essa chance. – Hazai deu passos na direção do Wyvern. – Podemos causar uma grande baixa às fileiras de Hades.

O punho direito do Fênix foi tomado por chamas enquanto ele caminhava até o oponente caído. Quando Hazai estava a poucos metros do Wyvern, ele sentiu alguém agarrar seu punho.

– Não posso deixar que faça isso. – Dário impediu o cavaleiro.

Hazai estava tão surpreso quanto curioso. Ele acabara por saber sobre o confronto do Pégaso contra o Wyvern e imaginou que o Matador de Deuses fosse o primeiro a querer destruir o Juiz do Inferno. Por que, então, ele estaria o refreando? Piedade?

O Fênix puxou o braço, se desvencilhando do Pégaso.

– O que, em nome dos deuses, você está fazendo?

– Não posso deixar que o mate... Não ainda.

Ambos os cavaleiros, Pégaso e Fênix, nunca haviam se encontrado antes. Na verdade, nem mesmo sabiam o nome um do outro, apenas as alcunhas de suas constelações, mesmo assim eles tinham a estranha sensação de se conhecerem por toda uma vida.

Hazai suspirou. Ele nunca deixaria um inimigo indefeso escapar de suas chamas, mas, por algum motivo que nem mesmo ele saberia explicar, decidiu confiar na decisão do Pégaso. Alias, sua irmã estava gravemente ferida e ele queria deixa-la em segurança no Santuário, assim poderia seguir seu caminho e voltar a sua busca por vingança.

– Isso está sobre você. – Hazai se dirigia a Dário. – Quaisquer pessoas, cavaleiros ou seja lá o que ele matar daqui para frente é culpa sua. Consegue viver com isso?

Dário não havia pensado nisso. Deixar o Wyvern vivo era o mesmo que deixar uma fera a solta.

– Eu não tenho escolha. – O Pégaso respondeu com pesar.

O Fênix percebeu que não mudaria a decisão do Pégaso, então se afastou do mesmo. Foi em direção a sua irmã e ergueu-a em seus braços.

– Meu nome é Hazai, sou o cavaleiro de bronze de Fênix. Não sei por que está fazendo isso e, sinceramente, não me interessa, mas aprenda Pégaso... – Ele se deteve por um instante como se tivesse sido imerso em seus pensamentos. – nunca é sábio deixar um oponente derrotado vivo.

– O que quer dizer? – Dário perguntou.

– Olhe para você, se tornou um cavaleiro, dominou seu cosmo, aguentou ataques de deuses e está se tornando cada vez mais forte. Por quê?

– Para vencer Hades. – O Pégaso respondeu sem pensar duas vezes. – Trazer de volta a alma do meu amigo.

– Não minta para si mesmo, Pégaso. – Hazai tinha uma seriedade assombrosa em seu olhar. – Você fez tudo oque fez se tornou oque se tornou, por que o Wyvern o deixou vivo em sua primeira batalha.

Dário sentiu como se houvesse sido atingido na cabeça por um tiro de meta.

– O que o motivou foi apenas vingança, Pégaso. Pura e simples vingança. – Continuou o Fênix.

O Pégaso nunca havia pensado daquela maneira. Sempre justificou sua missão como justa e gloriosa, mas agora reconhecia que ele fora moldado pela vingança. O sentimento de proteger Carmen sempre esteve presente, isso é óbvio, mas a maior parte da sua força motriz foi a ânsia pela batalha contra o Wyvern novamente. Ânsia essa que ele agora se amaldiçoava por ter.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saint Seiya: New World" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.