Sombras do Passado escrita por BastetAzazis


Capítulo 7
O Clube do Slugue


Notas iniciais do capítulo

Todos estão curiosos para saber o que aconteceu na Floresta Proibida, e o Prof. Slughorn convida novos alunos para o seu clube.



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Capítulo 5: A Vassoura Pinoteante

Sombras do Passado

escrito por BastetAzazis

 

 

DISCLAIMER: Os personagens, lugares e muitos dos fatos desta história pertencem à J. K. Rowling, abaixo são apenas especulações do que pode ter acontecido com alguns de nossos personagens favoritos!

 

BETA-READERS: Ferporcel e Suviana – muito, muito, muitíssimo obrigada!

 

 

Capítulo 7: O Clube do Slugue

 

 

Severo atravessou os corredores das masmorras em direção à sala comunal da Sonserina refletindo nas palavras do Diretor Dumbledore. Aqueles olhos azuis brilhantes elevando-se sobre ele não saíam da sua cabeça. De alguma forma, parecia que o Professor Dumbledore tinha conseguido decifrar tudo o que se passava em sua mente naquele momento em que estavam tomando chá. E ainda mais, tinha conseguido fazê-lo sentir-se ainda pior pelo que acontecera ao Black. Quando chegou em frente à porta secreta que o levaria para sua sala comunal, Severo estava torcendo para que todos os seus colegas já estivessem na cama; não queria encarar mais ninguém naquela noite.

 

Infelizmente, suas preces não foram atendidas. Ao atravessar a porta, parecia que todos os alunos da Sonserina vieram ao seu encontro. Muitos alunos ainda estavam fora do castelo quando Hagrid saiu da Floresta Proibida carregando Sirius nos braços e viram Filch conduzir Severo até a sala do Diretor. Agora, queriam saber o que tinha acontecido, se eles realmente estiveram na Floresta Proibida e se era verdade que ele mandara Sirius para a ala hospitalar. A sala só silenciou quando Lúcio Malfoy apareceu para cumprimentar Severo, estendendo a mão e dizendo:

 

— Já estava na hora da Grifinória aprender que não pode mexer com a Sonserina e ainda sair impune. Nós estamos todos muito orgulhosos de você.

 

As palavras do monitor-chefe foram seguidas da aprovação de todos a sua volta, que logo fizeram fila para cumprimentar Severo. Depois que conseguiu se livrar de todos a sua volta, Roberto o chamou para sentar-se junto com os amigos, que queriam saber todos os detalhes da sua última aventura.

 

— Muito bem, cara! – Evan o cumprimentou. – Eu falo para você ficar na sua e você manda o Black para a ala hospitalar. Você sabe mesmo como curtir uma detenção!

 

— Eu não fiz nada – Severo tentou explicar, mas foi interrompido por Paulo.

 

— Claro que não. Mandar um metido da Grifinória para a ala hospitalar não é nada. Você tinha é que ter acabado com a raça dele.

 

Enquanto Roberto e Evan aprovavam a idéia de Paulo, rindo do seu comentário, Isabelle apareceu atrás de Severo com uma expressão abatida, deixando o grupo em silêncio.

 

— O que você fez com ele? Ele está bem?

 

— Você quer saber do Black? – Severo perguntou, virando-se para ela. Quando ouviu a voz dela perguntando por Black, sentiu como se estivesse sendo apunhalado no peito. Ele ainda não entendia o que era aquilo, mas muitos anos mais tarde, compreenderia que estava com ciúmes.

 

Os dois ficaram se encarando por um tempo. Isabelle ainda estava indignada com a atitude do amigo, enquanto Severo não entendia por que ela estava tão preocupada com Black e também, por que isso o incomodava tanto. O silêncio foi quebrado pelo protesto de Roberto:

 

— Não acredito que você está preocupada com ele. Black está na Grifinória, não é nosso amigo.

 

— Você devia estar parabenizando o Severo, como todo mundo aqui – Paulo acrescentou. – Ou então, mude-se para a Grifinória, aí você pode ficar choramingando pelo Black...

 

— Eu não estou choramingando por ninguém! – Isabelle respondeu com raiva. Depois, mais calma, continuou: – Eu só estou preocupada. Eu vi Hagrid levando-o para a ala hospitalar... – E virando-se para Severo: – Você podia ter sido expulso, sabia?

 

— Podia, mas não foi. – Evan levantou-se da mesa, defendendo o amigo. – E agora todos nessa escola sabem que é bom tomar cuidado com a gente! – acrescentou, dando tapinhas nas costas do Severo.

 

— Paulo está certo – Severo disse finalmente. – Se você se importa tanto assim com o Black, deveria pedir para mudar de Casa. – E deu as costas para Isabelle, indo sentar-se com os amigos.

 

— Eu não... – ela balbuciou, com os olhos vermelhos tentando segurar as lágrimas. – Eu não me importo com o Sirius! Eu estava preocupada com você! – E saiu correndo para o dormitório das meninas.

 

Os quatro amigos olharam com descaso, e Evan sentou-se novamente na mesa, balançando a cabeça:

 

— Meninas... – comentou.

 

— Não entendi o que deu nela – Paulo comentou. – Desde quando alguém está preocupado com a saúde do Black?

 

— Acho que ela ainda não se conformou que ele não veio para a Sonserina – Roberto respondeu.

 

— Como assim? – Pela primeira vez, Severo parecia estar interessado na conversa dos amigos.

 

— Você ainda não percebeu como as meninas babam por ele? Vai ver a Isabelle é mais uma das fãs de Sirius Black – Roberto explicou, imitando algumas meninas do primeiro ano que, literalmente, babavam cada vez que Sirius passava por elas.

 

— É como eu disse, não dá para entender as meninas – Evan reafirmou suas palavras anteriores. E virando-se para Severo, perguntou: – Mas você não nos disse ainda o que aconteceu na detenção. Por que vocês foram até a Floresta Proibida?

 

— O Diretor te deixou em detenção de novo? – Roberto perguntou.

 

— E o que aconteceu com o Black? – Paulo também perguntou, curioso.

 

Mas Severo já estava cansado dos acontecimentos do dia. Queria dormir e esquecer tudo o que ouvira do Diretor. Tudo, menos a parte sobre os seus avós. Queria descansar para poder acordar cedo no dia seguinte e, com a cabeça fresca, escrever uma carta para entrar em contato com o Sr. e a Sra. Prince. E ainda estava bravo com Isabelle; depois de tudo que ele passara, ela ainda queria defender o Black? Isso o deixara realmente aborrecido.

 

— Eu... eu estou cansado – disse para os amigos. – Amanhã nós conversamos. Eu vou dormir. – Levantou e deixou os amigos atordoados com a falta de ânimo do colega que tinha acabado de conquistar o posto de herói da Sonserina.

 

 

Na manhã seguinte, o Salão Principal estava tão agitado quanto na noite do Banquete de Abertura. Era sábado, os alunos não precisavam tomar o café da manhã correndo para seguirem para as suas aulas, e Madame Pomfrey havia liberado Sirius Black da ala hospitalar. Assim que ele sentou-se à mesa, vários alunos correram em direção a ele, querendo saber o que havia acontecido, e em pouco tempo, quase toda a escola estava em volta da mesa da Grifinória, ouvindo atentamente o seu relato. Apenas os alunos da Sonserina não se juntaram ao grupo, e cada vez que os comentários de Sirius faziam alguém olhar em direção à mesa deles, simplesmente estufavam o peito com um sorriso debochado no rosto, como que avisando aos demais alunos que era melhor não mexer com a Sonserina.

 

Quando Severo entrou no Salão, acompanhado por seus três amigos, todos ficaram em silêncio e, aos poucos, retornaram aos seus lugares. Enquanto caminhava em direção à mesa da Sonserina, Severo sentia que era observado por todos os alunos que estavam no Salão. Parecia que tinha conquistado mais que o respeito dos colegas da Sonserina, tinha conquistado também o respeito, ou medo, dos demais alunos da escola.

 

— Você ainda não nos contou o que aconteceu na Floresta Proibida – Roberto começou, depois que sentaram-se à mesa.

 

— Eu já disse – Severo respondeu um pouco irritado –, não aconteceu nada demais. Nós estávamos retirando umas ervas daninhas que nasceram perto do Salgueiro Lutador, e aquele irresponsável do Black acabou sendo atingido por um dos galhos.

 

— Vocês viram o Salgueiro Lutador? – Evan perguntou com curiosidade. – E como ele é?

 

— É um salgueiro normal – Severo respondeu. – Só que quando alguém chega perto, seus galhos começam a balançar para todos os lados e você não consegue chegar mais perto.

 

— Por que será que o novo Diretor inventou de plantar isso na Floresta Proibida? – Paulo se perguntou.

 

— Por que você acha? Para deixar a gente com medo e nos impedir de entrar na floresta! – Evan respondeu.

 

— É, mas a floresta sempre foi proibida, desde que meu pai estudava aqui, e eles nunca precisaram de um Salgueiro Lutador para assustar os alunos – Paulo retrucou.

 

— Isso porque os outros Diretores não eram loucos como esse Dumbledore – Roberto argumentou. Os outros garotos concordaram com ele, resmungando comentários como “é verdade” e “você tem razão” e se ocuparam dos seus pratos e do delicioso café da manhã que estava sendo servido.

 

Severo, entretanto, não estava convencido que a presença do Salgueiro Lutador na escola era apenas uma das loucuras do Diretor. O Guarda-Caça estava muito preocupado com o salgueiro e havia deixado escapar que a escola precisava daquela árvore, mas por quê? E por que o Diretor o fizera prometer que não contaria a ninguém sobre o dispositivo que fazia o salgueiro parar? Se acontecesse outro acidente, não seria importante que as pessoas soubessem como fazê-lo parar? Severo concluiu que alguma coisa estava acontecendo na Floresta Proibida, mas havia prometido ao Diretor que não contaria o que sabia sobre o Salgueiro Lutador para ninguém, e isso incluía seus amigos. Assim, teria que descobrir o que estava acontecendo sozinho.

 

Em outro lado do Salão Principal, na mesa da Grifinória, Sirius, agora livre dos curiosos, comentava a mesma coisa com os amigos. Ele não viu Hagrid acalmar o salgueiro para ajudar Severo, mas também achara estranhas as palavras do Guarda-Caça sobre a importância do Salgueiro Lutador.

 

— Ele falou de um jeito como se a escola precisasse realmente daquela árvore. E vocês precisavam ver como ele estava preocupado. Nunca vi ninguém assim por causa de um salgueiro.

 

— Parece estranho mesmo – Tiago concordou. – Afinal, o Salgueiro Lutador não impede realmente a entrada na Floresta Proibida. É só não se aproximar dele. – E depois de pensar por alguns minutos: – Ele deve estar lá para proteger alguma coisa. O que você acha, Remo?

 

Remo arregalou os olhos com a pergunta, mas não falou nada. Simplesmente deu de ombros e continuou comendo seu mingau de aveia.

 

— Podemos tentar investigar alguma coisa no final da tarde, depois que todos voltarem para dentro do castelo – Tiago sugeriu.

 

Pedro olhou assustado para Tiago, mas foi Sirius quem se opôs à idéia:

 

— Nem pensar! Eu acabei de sair de uma detenção. O Filch vai ficar no nosso pé hoje, pode apostar!

 

— Semana que vem, então – Tiago insistiu. – Até lá o Filch já vai ter esquecido de nós.

 

— Eu... eu... – Remo balbuciou. – Eu acho que não vou estar aqui na semana que vem.

 

— O quê? – os três amigos perguntaram em coro.

 

— Meu pai pediu para eu voltar para casa – ele respondeu. – Um problema familiar.

 

Tiago e Sirius ficaram desapontados. Pedro, entretanto, parecia estar mais aliviado que decepcionado. Preocupado com a idéia dos amigos, Remo continuou:

 

— Mas acho que é perigoso entrar na Floresta Proibida sem uma boa desculpa. O Hagrid está sempre vigiando e nos encontraria facilmente.

 

— Como você sabe que o Hagrid está sempre lá? – Pedro perguntou com um olhar suspeito.

 

— É o trabalho dele, não é? – Remo respondeu, perdendo a paciência. – De qualquer modo, acho que nem deveríamos pensar em entrar lá.

 

Se Remo achou que com isso conseguira convencer seus amigos a não entrarem na Floresta Proibida, estava totalmente enganado. Sirius e Tiago apenas adiaram a aventura até terem um bom plano para entrarem lá sem serem vistos. Pedro, embora assustado com a idéia, não deixaria os dois amigos se divertirem sozinhos e os seguiria para qualquer lugar. Desta forma, Remo só tinha uma maneira de impedir que os amigos entrassem na Floresta Proibida: contar-lhes a verdade. E a verdade era que ele, Remo Lupin, era o motivo da existência de um Salgueiro Lutador em Hogwarts. Foi a maneira que o Professor Dumbledore encontrou de proteger a escola nos dias de lua cheia. Uma passagem secreta escondida embaixo do salgueiro o levaria até uma casa abandonada em Hogsmeade, e lá, isolado do resto dos alunos, ele poderia se transformar num lobisomem sem se tornar uma ameaça. O Professor Dumbledore, Madame Pomfrey, a medibruxa da escola, e a Professora Sprout, de Herbologia, acreditavam que o salgueiro seria suficiente para manter os curiosos afastados, mas Remo estava percebendo que as coisas não seriam tão fáceis. A existência do salgueiro estava, na verdade, atraindo mais curiosos. E pior, esses curiosos eram seus melhores amigos. O que ele poderia fazer para impedi-los? Se contasse a verdade, seu segredo estaria perdido e talvez fosse até expulso de Hogwarts.

 

Não. Não lhes contaria a verdade. Não porque temia ser expulso da escola, mas porque não suportaria ver os seus três amigos lhe virarem a cara, com medo do monstro que ele não escolhera ser. Teria que encontrar uma maneira de persuadi-los a não entrar na floresta, mas ainda não sabia como.

 

 

Os dias passaram rapidamente para os alunos do primeiro ano. Em pouco tempo já estavam habituados com as escadas móveis e os quadros que passeavam pelo castelo. As aulas cada vez mais complexas e os inúmeros deveres fizeram com que a maioria dos alunos nem percebesse que o outono estava terminando e logo chegaria o inverno. Os dias chuvosos e as noites cada vez mais escuras e frias contribuíam para que a maioria dos alunos permanecesse o maior tempo possível dentro do castelo. Severo não era exceção. Quando não estava fazendo seus deveres, passava a maior parte do tempo na biblioteca, procurando novos feitiços com seus amigos e tentando descobrir maneiras de acessar os livros da Sessão Reservada. As únicas vezes que saía do castelo, era para seguir para as aulas de Herbologia, que eram dadas na estufa, ou para acompanhar os jogos de quadribol, mas apenas quando a Sonserina estava jogando. Severo ainda não via nenhuma graça naquele jogo, mas foi arrastado por Isabelle na primeira partida da Sonserina, que alegou que um bruxo de verdade não perdia uma boa partida de quadribol por nada. Depois que a Sonserina venceu a Corvinal por mais de duzentos pontos de diferença, Severo começou a sentir uma certa simpatia pelo jogo, ou pelo menos pela oportunidade de debochar do time perdedor.

 

Seus planos de entrar em contato com os avós foram adiados por algum tempo, pois foi difícil ficar sozinho nos dias que sucederam o acidente na Floresta Proibida. Severo estava sempre cercado de alunos da Sonserina que queriam mais detalhes sobre o ocorrido ou então era perseguido de longe pelos demais alunos, que começavam a achar que ele era um verdadeiro bruxo das trevas e prestavam atenção em todos os seus passos para provarem suas teorias. Felizmente, aos poucos a rotina da escola fez com que todos esquecessem o assunto, e numa tarde chuvosa de novembro, Severo viu-se sozinho na biblioteca. Aproveitou a tranqüilidade do lugar para escrever suas cartas semanais para a mãe e, depois disso, lembrando-se da idéia de Dumbledore, começou a rabiscar um rascunho do que seria a primeira carta que mandaria para seus avós. Levou um bom tempo para sair da primeira linha, não tinha a menor idéia de como começar aquela carta. Resolveu que a melhor maneira de se aproximar daquelas pessoas ainda tão distantes da vida dele era contar-lhes um pouco mais das suas experiências em Hogwarts. Assim, quando terminou a carta, percebeu que não estava muito diferente daquela que escrevera para sua mãe. Colocou os dois pedaços de pergaminhos em diferentes envelopes, endereçando-os para Eileen Snape e para o Sr. e Sra. Prince. Estava prestes a se levantar e seguir para o corujal, quando ouviu Isabelle chamando:

 

— Finalmente te encontrei! – E, depois que Madame Pince chamou sua atenção por causa do barulho, sentou-se na mesa de Severo e continuou, mostrando-lhe um envelope: – O Professor Slughorn mandou entregar isso para você.

 

— O que é isso? – Severo perguntou, pegando o envelope da mão dela.

 

— Provavelmente você foi convidado para o seleto grupinho dele – Isabelle respondeu fazendo uma careta. – Eu recebi um igual. É bom você ir junto comigo, não vou suportar ficar na sala daquele velho chato sem ninguém para conversar.

 

Severo deu um sorriso malicioso.

 

— Você quer que eu vá com você para não ficar sozinha?

 

— Isso mesmo que você ouviu – ela respondeu, irritada com o sorriso dele. – E não adianta fazer essa cara! Só estou falando isso porque ele não convidou mais ninguém do primeiro ano da Sonserina.

 

Severo ainda ficou um tempo encarando Isabelle, o mesmo sorriso malicioso estampado no rosto. Quando achou que ela estava prestes a lhe dar um tapa para parar de sorrir daquele jeito, perguntou, lendo o bilhete que recebera:

 

— E por que ele está convidando a gente para jantar com ele?

 

— Por que é isso que ele faz – Isabelle respondeu. – Como é um velho fracassado, ele fica fazendo amizade com os alunos de famílias importantes para estar sempre bem relacionado quando precisar de ajuda.

 

— Mas então por que ele me convidou? Ele conhece o meu avô?

 

— Não sei – ela disse pensativa. – Deve ser por causa do seu desempenho em Poções.

 

Severo a olhou novamente, com uma expressão de quem ainda não tinha entendido.

 

— Ele te apresenta a pessoas que ele acredita que poderão te ajudar no futuro, e então, você fica devendo um favor a ele. E como ele acha que você tem potencial, um favor seu no futuro pode ser muito útil para ele. – E de novo fazendo uma careta, acrescentou: – Viu como estamos bem de Diretor de Casa?

 

— Mas isso é muito legal – Severo respondeu com os olhos brilhando. – É claro que eu vou com você. Ainda não entendo por que você implica tanto com o Prof. Slughorn.

 

— Por quê? – Isabelle se irritou. – Ele teve a capacidade de tirar pontos de mim porque eu cheguei atrasada em Poções. Eu! Uma sonserina! Duvido que a McGonagall tire pontos da Grifinória.

 

— Na verdade – Severo começou –, eu a vi tirando dez pontos do Black e do Potter ontem, porque estavam importunando um garoto da Lufa-lufa.

 

Isabelle apenas olhou para o amigo com os olhos estreitos, enfurecida. Severo sorriu maliciosamente mais uma vez.

 

— Se você quiser continuar sendo convidado para o Clube do Slugue, é bom aprender a hora certa de fechar boca, Mestiço – foi a resposta dela. Depois se levantou e saiu da biblioteca, deixando Severo observá-la com o sorriso ainda rosto.

 

 

Quando Severo e Isabelle chegaram na sala do Prof. Slughorn, a maioria dos convidados já estavam lá. Era a primeira vez no ano que alunos do primeiro ano eram convidados. Severo viu que Black, Potter e a Evans estavam lá, além de Carlos Diggory, o menino que estava no trem com ele e depois fora selecionado para a Lufa-lufa. Entre os alunos do primeiro ano, havia mais duas meninas da Lufa-lufa que ele não conhecia e dois garotos da Corvinal. Reconheceu vários alunos mais velhos da Sonserina, que se agrupavam em torno de Lúcio Malfoy e sua namorada, Narcisa Black.

 

— Por isso que meu irmão adora essas reuniões – Isabelle disse, apontando para Lúcio. – Olha como todo mundo puxa o saco dele.

 

Mas Severo não teve tempo de responder, o Prof. Slughorn já estava à frente deles, dando-lhes as boas-vindas:

 

— Sr. Snape, Srta. Malfoy, já estava me perguntando o que estava atrasando os dois – disse com um sorriso de quem já havia exagerado no xerez.

 

Severo e Isabelle ficaram sem resposta, enrubescidos. Slughorn, então, continuou:

 

— Ora, ora, não era para deixá-los encabulados. – E fazendo um sinal para seguirem-no: – Entrem, entrem. Vou buscar um suco de abóbora para os dois.

 

Os dois deixaram o professor sair e olharam-se confusos. Ainda estavam meio perdidos naquele ambiente. Entretanto, Slughorn voltou rapidamente, acompanhado de Lílian Evans.

 

— Aqui estão – ele disse –, meus dois melhores alunos. Estava comentado com o Prof. Oldridge que nunca tive alunos tão perspicazes no primeiro ano.

 

— Olá Sr. Snape – o Prof. Oldridge apareceu por trás de Slughorn e continuou cumprimentando as alunas –, Srta. Evans, Srta. Malfoy.

 

Os três cumprimentaram o professor com a cabeça e ficaram quietos.

 

— Ora crianças, não fiquem encabulados – Slughorn começou –, quem sabe se proporcionarmos bons momentos ao Prof. Oldridge em Hogwarts, ele resolva continuar conosco no ano que vem.

 

— O senhor vai mesmo ficar só um ano em Hogwarts, professor? – Severo perguntou. Defesa Contra as Artes das Trevas era sua matéria favorita.

 

— Infelizmente, Sr. Snape – o professor respondeu. – Aquele cavalo-do-lago está nos dando muitos problemas. Estamos trabalhando com bruxos de toda a Grã-Bretanha, e ainda assim, ele anda atacando muitos trouxas.

 

— Eu lembro de assistir um documentário sobre o Monstro do Lago Ness com o meu pai – Lílian interrompeu –, mas eles disseram que eram apenas relatos falsos ou pura imaginação das pessoas.

 

— É isso que nós queremos que os trouxas pensem, minha cara – Oldridge respondeu com um sorriso.

 

— O Diretor já conseguiu arranjar um novo professor? – Isabelle perguntou, não gostava de ser deixada de lado nas conversas.

 

— Acho que ele ainda está procurando – foi Slughorn quem respondeu, virando-se para Isabelle. – Você deve gostar muito desta matéria, sei que seu pai guarda artigos muito interessantes na sua casa.

 

— São apenas objetos herdados da família – Isabelle retrucou. – Mas o meu pai acha que nós deveríamos aprender Artes das Trevas para sabermos como nos defender direito, como acontece em Durmstrang.

 

— Oh, Srta. Malfoy – Oldridge interveio. – Não fale isso perto do Prof. Dumbledore. Ele foi extremamente exigente quanto à ementa do meu curso.

 

Isabelle não gostava de ser contrariada e, por isso, pediu licença aos demais com a desculpa que precisava falar com seu irmão. Os dois professores também aproveitaram a oportunidade para saírem e deixaram Lílian e Severo sozinhos.

 

— Então – Severo perguntou, lembrando-se de quando a encontrou na Floreios e Borrões –, já está mais acostumada em ser uma bruxa?

 

Lílian assustou-se com a simpatia de Severo. Quando encontrou com ele a primeira vez, ele não fora muito educado, e depois que ele se transformara no terrível bruxo das trevas da Sonserina, jamais imaginava que ele voltasse a falar com ela novamente.

 

— Acho que sim – ela respondeu meio sem jeito. – Quero dizer, meus pais ainda estranham que minhas cartas são entregues por corujas, e espero encontrar minha irmã com um humor melhor quando eu voltar para casa no Natal. Fora isso, é maravilhoso estar aqui. – Depois acrescentou, olhando para Sirius: – Você também, parece já ter se adaptado aos costumes sonserinos.

 

Severo seguiu a direção do olhar dela e, ao entender o que ela queria dizer, respondeu rispidamente:

 

— Eu não sei que historinha o Black contou para vocês, mas ele é quem foi descuidado. Eu não fiz nada e quase fui atacado pelo Salgueiro Lutador também.

 

— Nossa, desculpe – Lílian disse num tom defensivo. – Ele falou que você o ameaçou com a varinha. Por isso se assustou e caiu perto do salgueiro.

 

— Aposto que ele não contou que me provocou primeiro – Severo respondeu, estreitando os olhos.

 

Lílian baixou a cabeça e depois concordou:

 

— Você tem razão, ele não contou isso. – E, levantando os olhos para Severo novamente, acrescentou: – Mas não duvido de você. Aqueles meninos são impossíveis. Se eles não fossem tão arrogantes, quem sabe a Grifinória e a Sonserina pudessem se dar bem, como a Lufa-lufa e a Corvinal.

 

Severo concordou com um sorriso. Os dois ficaram um tempo em silêncio, até que Isabelle reapareceu:

 

— Pra mim chega desta reuniãozinha – esbaforiu. E dirigindo-se a Severo, perguntou: – Eu vou voltar para a sala comunal, você vem comigo ou vai continuar perdendo tempo com essa sangue... nascida trouxa?

 

— Engraçado – Lílian reagiu –, vocês da sua família se acham tão superiores, mas não sabem nem fingir um pouco de educação.

 

— Isso porque eu não preciso ser educada com gente como você – Isabelle retrucou. Aproximou-se mais de Lílian e acrescentou, em voz baixa: – Cuidado, Evans. O mundo bruxo já está ficando farto dos trouxas, e uma sangue-ruim como você pode não ser mais bem-vinda em Hogwarts. Escute o meu conselho: vá para casa no Natal e não volte nunca mais.

 

Lílian encarou Isabelle com raiva, tentando se controlar para não sacar sua varinha e amaldiçoá-la. Sabia que isso só traria problemas para ela mesma, enquanto Isabelle provavelmente sairia impune. As duas meninas ficaram um bom tempo se encarando e não perceberam que Tiago e Sirius estavam se aproximando.

 

— Ora, ora, ora – Sirius se aproximou de Lílian, colocando seu braço sobre as costas dela. – Parece que a Srta. Malfoy está nos dando mais uma de suas palestras sobre a pureza do sangue. – E com um sorriso debochado, acrescentou: – Sabe Lílian, ela não deve entender como uma nascida trouxa consegue preparar poções tão bem quanto você, enquanto ela precisa da ajuda de um mestiço.

 

Isabelle já abrira a boca para responder à provocação de Sirius, quando Lílian falou para os dois:

 

— Vocês querem ficar quietos! – Virando-se para Sirius e Tiago, continuou: – Vocês dois se acham melhores que eles, mas estão sempre chamando o Severo de mestiço, ou então daquele apelido ridículo. Ele é o melhor aluno na nossa turma de Poções, e se pudesse, eu também faria dupla com ele. E você – agora se dirigindo a Isabelle. – Eu não sei o que você tem contra mim, mas se é porque os meus pais são trouxas, você também não deveria ser tão amiga do Severo. Vocês da Sonserina ficam se vangloriando que são de sangue-puro, mas o melhor aluno de vocês também tem sangue trouxa! – Dizendo isso, Lílian dirigiu-se à porta a passos largos, seguindo para a sala comunal da Grifinória com os olhos cheios de lágrimas.

 

Isabelle ficou parada, de boca aberta com a reação da outra garota, até que sentiu que Severo a puxava pelo braço.

 

— Vamos – ele disse. – Você não falou que estava indo embora?

 

Os dois seguiram até as masmorras em silêncio. Severo se perguntava o que tinha feito para Lílian para ela defendê-lo daquela forma. Talvez não fora o que ele fizera, mas sim o que ele era. Para Lílian, vê-lo ser humilhado por sua origem trouxa era tão repugnante porque ela também tinha origens trouxas. Severo se pegou sorrindo ao pensar nisso, embora ele não se orgulhasse de ter um pai trouxa, era bom saber que tinha alguém que não o valorizava por causa dos seus pais, mas por causa do bruxo que ele realmente era.

 

Chegaram na porta da sala comunal e, após pronunciarem a senha correta, entraram na sala vazia. Os alunos que não estavam na reunião de Slughorn já haviam se recolhido para seus dormitórios. Na escuridão do lugar, Severo teve a impressão que vira uma lágrima nos olhos de Isabelle quando ela lhe desejou boa-noite e seguiu para o quarto, mas depois achou que era apenas uma ilusão.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

A seguir: Já está na hora do Lorde das Trevas aparecer nesta história...



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