Sombras do Passado escrita por BastetAzazis


Capítulo 25
A Ordem da Fênix


Notas iniciais do capítulo

Severo tem uma idéia para se unir a Dumbledore.



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Sombras do Passado

Sombras do Passado

escrito por BastetAzazis

DISCLAIMER: Os personagens, lugares e muitos dos fatos desta história pertencem à J. K. Rowling, abaixo são apenas especulações do que pode ter acontecido com alguns de nossos personagens favoritos!

BETA-READERS: Ferporcel e Suviana – muito, muito, muitíssimo obrigada!

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Capítulo 25: A Ordem da Fênix

Severo só parou de atirar objetos na parede quando percebeu que já havia destruído quase tudo à sua volta. Sem ter mais onde descontar a raiva, saiu numa busca insana por uma garrafa de Uísque de Fogo do Velho Ogden. Sua vontade era esquecer tudo o que havia descoberto sobre Isabelle, e ele recorreu ao copo de uísque como se com aquilo fosse capaz de fazê-lo voltar no tempo e se proibir de iniciar o assunto que desencadeou toda a conversa da tarde. E ele se odiava por isso. Odiava-se pelo fato de querer voltar no tempo e esquecer que Isabelle era a traidora que todos procuravam. Odiava-se pelo fato de ter deixado Isabelle manipulá-lo e, ainda assim, não conseguia deixar de desejá-la. Ele a amava e, ainda assim, desejava odiá-la. Queria ter lhe dito muito mais do que dissera, humilhado-a com suas palavras; queria fazê-la sofrer do mesmo jeito que ela o fazia sofrer agora, como ela sempre o fizera sofrer.

Sentiu que o álcool não era capaz de amenizar sua dor e atirou o copo longe. Precisava ficar consciente, precisava pensar. Se ela falara a verdade sobre estar grávida, não podia delatá-la ao Lorde das Trevas; era o seu filho que ela carregava no ventre, e ele não permitiria que algo de ruim acontecesse ao seu herdeiro. De repente, a imagem de Isabelle grávida o fez esquecer de todo o resto que ouvira dela naquela tarde e, quando menos percebeu, se viu imaginando-a com uma criança nos braços, o seu filho. Mais uma vez a sensação de que devia protegê-la se apossou dele com mais força que o sentimento de traição quando percebeu que ela estava trabalhando para Dumbledore. Agora, mais que nunca, ele precisava estar de olho aberto para as atividades da Ordem da Fênix, não podia deixar que o segredo de Isabelle fosse descoberto pelos demais Comensais da Morte.

De repente, uma idéia cruzou sua cabeça. Podia ser ingênua, mas era a única chance de proteger Isabelle e seu filho. Levantou-se e foi direto para seu escritório atrás de pena e pergaminho e começou a escrever:

Caro Prof. Dumbledore

Gostaria de falar-lhe com urgência sobre a profecia. Estarei à sua disposição ainda esta noite.

 Severo Snape

 

Severo sorriu para o papel. Quanto menos específico, melhor. Passou a varinha por cima do pergaminho com um feitiço simples para encriptá-lo, fazendo parecer que temia que seu bilhete fosse interceptado. Chamou sua velha coruja Slyth no lugar da coruja da família Prince e prendeu o pergaminho em sua perna. Em menos de meia hora ela estava de volta, trazendo outro pedaço de pergaminho. As palavras estavam encriptadas pelo mesmo feitiço que ele usara anteriormente. Passou sua varinha pelas palavras e leu:

Caro Sr. Snape

Eu desarmei as proteções da lareira do meu escritório pelas próximas horas. Acredito que poderemos conversar ainda hoje.

Prof. Alvo Dumbledore

Severo não pensou duas vezes para se dirigir à lareira e seguir para o escritório de Dumbledore em Hogwarts pela Rede de Flu. Segundos depois, ele se encontrava pessoalmente com o Diretor.

– Boa noite, Severo – ele o cumprimentou. Severo respondeu apenas com um aceno de cabeça. – Sente-se. Aceita chá?

Severo sentou-se na cadeira indicada, mas recusou o chá.

– Não temos tempo para amenidades, professor.

Dumbledore assentiu com uma expressão preocupada e sentou-se no seu lugar, atrás da mesa. Quando tinha toda a atenção do Diretor, Severo continuou:

– O Lorde das Trevas sabe sobre a profecia.

Dumbledore abaixou a cabeça, então perguntou:

– Você contou a ele, não foi? – Não havia um tom de acusação em sua voz, apenas compreensão. – Você estava trabalhando para ele naquela noite. O que o fez mudar de idéia e me procurar agora?

– O Lorde descobriu quem é a criança da profecia e não vai descansar enquanto não matá-la – Severo respondeu, também baixando os olhos.

Dumbledore levantou subitamente; aquela notícia o abalara visivelmente. Caminhando em seu escritório enquanto refletia, seguindo em direção à sua fênix, ele perguntou:

– E era só isso que você tinha a me dizer? O que o fez trair seu mestre para me alertar sobre os interessados na profecia?

– Lílian e Tiago Potter – veio a resposta sem rodeios. – É o filho deles quem o Lorde das Trevas procura. – Severo continuava cabisbaixo sentado em seu lugar.

– O filho dos Potter não é o único que se encaixa na profecia – Dumbledore argumentou.

– Não – Severo respondeu. – Eu não duvido que o Lorde também tente eliminar a outra criança, mas...

Dumbledore voltou-se para Severo e o analisou; ele parecia arrasado.

– Mas...? – provocou.

Severo respirou fundo e só então concluiu:

– Mas é com o Potter que eu tenho uma dívida. Ele salvou minha vida aquela noite no Salgueiro Lutador. Eu nunca o agradeci por aquilo, mas não posso deixar de me culpar por ter dado a informação que agora vai fazer o Lorde caçá-lo por toda a Inglaterra.

Os dois homens ficaram em silêncio por alguns minutos. Severo permaneceu cabisbaixo, os olhos fixos no chão, enquanto Dumbledore analisava o jovem rapaz arrependido à sua frente. A cada nova notícia de um ataque de Comensais da Morte, uma ponta de esperança morria no coração de Dumbledore. Entretanto, parecia que milagres aconteciam de vez em quando, e uma nova onda de fé nas pessoas se apossou dele. Se Severo Snape estava realmente disposto a abandonar seu mestre, seria mais um grãozinho na sua luta contra Voldemort.

– Eu lhe disse uma vez – Dumbledore começou depois que voltou para sua mesa – que há decisões na nossa vida que podem trazer sérios prejuízos a outras pessoas, e que não é fácil suportar essa culpa.

Severo levantou os olhos para o Diretor e disse suplicante:

– Você estava certo. Eu tenho que fazer alguma coisa, eu não posso deixar que o Lorde termine seus planos.

– Você pretende deixar de ser um Comensal da Morte?

Severo baixou a cabeça e a balançou negativamente.

– Isso é impossível. Eu estou ligado ao Lorde das Trevas; ninguém simplesmente deixa de ser um Comensal. Régulo Black nos serviu de exemplo.

– Eu entendo – Dumbledore respondeu. – Neste caso, você está correndo um grande risco vindo me procurar.

– Eu não me importo – Severo replicou. – Se não fosse... – Não completou a frase, deixou-a solta no ar, esperando que Dumbledore mordesse a isca.

– Se não fosse o quê? – o Diretor o incentivou a continuar.

Severo levantou os olhos para o Diretor e, depois de ponderar por pouco tempo, respondeu:

– Isabelle.

Dumbledore levantou as sobrancelhas por trás dos seus óclinhos.

– Qual o problema com a Srta. Malfoy?

– Eu sei que ela estava passando informações para a Ordem da Fênix – Severo respondeu seco. – E ela está correndo um grande risco por causa disso. Há muito tempo que o Lorde desconfia que haja um espião ente nós.

Dumbledore não respondeu, apenas assentiu com um leve aceno de cabeça.

– Agora eu vejo que sempre tomei decisões erradas na minha vida, guiado pela ambição que o Lorde sempre nutriu em nós – Severo continuou. – Depois do que eu fiz, eu não me importaria em abandoná-lo, mesmo sabendo que isso significaria minha morte. Mas há a Isabelle. Não posso deixar que descubram sobre ela; eu tenho que protegê-la.

– E como você acha que vai fazer isso? – Dumbledore perguntou interessado.

– O Lorde das Trevas me treinou para ser um espião em Hogwarts – Severo explicou. – Seus planos eram que eu me infiltrasse na escola como professor, ganhasse sua confiança e, então, pudesse ficar mais próximo dos acontecimentos na Ordem da Fênix. Ele achava que, pelo fato de eu ser mestiço, jamais desconfiariam da minha posição entre os Comensais da Morte.

Dumbledore novamente ficou quieto, apenas ouvindo com pesar as palavras de Severo. Sabendo que precisava convencer o Diretor com o que diria em seguida, Severo respirou fundo antes de continuar:

– Eu vim aqui me oferecer como espião para a Ordem, enquanto finjo seguir os planos do Lorde das Trevas. Assim eu posso garantir que Isabelle não será descoberta, e ela não precisará mais correr riscos desnecessários.

– Seguir os planos de Voldemort? – Dumbledore repetiu. – Com isso você quer dizer que pretende infiltrar-se em Hogwarts como professor?

Severo sentiu-se intimidado com o tom do Diretor, mas não recuou:

– Estarei sempre sob a sua supervisão. E relatarei tudo o que acontecer nas reuniões com o Lorde.

Dumbledore o olhou desconfiado. Severo sentiu que ele tentava invadir sua mente, mas não conseguiu.

– Vejo que se tornou um excelente Oclumente, Severo.

Severo sorriu com o canto da boca.

– Você pode ter certeza que o Lorde jamais conseguirá saber o que eu não desejar que ele saiba.

Dumbledore assentiu, mas ainda parecia desconfiado.

– Você tem idéia do que acabou de me pedir, Severo? – Dumbledore finalmente perguntou. – Você me disse que Voldemort o treinou para se infiltrar em Hogwarts para espionar a Ordem e, agora, me pede para aceitá-lo entre nós? É uma decisão muito difícil para eu me basear apenas no seu arrependimento e preocupação com o Sr. Potter.

Severo não acreditou no que ouvia. Dumbledore se recusaria a ajudá-lo? Recusaria a ajuda dele? Ele sentiu que estava perdendo todo o controle que conseguiu juntar para se encontrar com o Diretor e, quando menos percebeu, estava em pé, gritando para o velho do outro lado da mesa.

– Isabelle está grávida, Dumbledore! É isso que você quer ouvir? Eu só estou oferecendo ajuda porque sou egoísta o suficiente para querer garantir a segurança do meu filho!

Após a explosão de Severo, um silêncio mórbido caiu sobre o escritório do Diretor. Dumbledore estava sem palavras. A situação era mais complicada do que ele poderia imaginar. Sabia que os demais membros da Ordem não confiariam em Snape se tivessem a certeza de que ele era um Comensal da Morte, mas também não podia mais permitir que Isabelle arriscasse a vida do próprio filho. Depois de alguns minutos de deliberação, enquanto Severo caminhava impacientemente pelo escritório, Dumbledore tomou uma decisão.

– Há algum tempo que o Prof. Slughorn vem me pedindo para se aposentar, mas eu nunca achei um Mestre em Poções que pudesse substituí-lo à altura. Eu me lembro que você foi assistente dele no seu último ano aqui e, depois, foi aprendiz de um dos mais renomados Mestres da atualidade. Vou pedir para Horácio ajudá-lo neste semestre, e depois você poderá assumir todas as turmas de Poções dele.

 – Poções? – Severo franziu a testa. – Eu pensei que Defesa Contra as Artes das Trevas estava sem professor.

– Eu já contratei o novo professor para Defesa – Dumbledore respondeu desconfiado.

– Claro – Severo se desculpou baixando a cabeça.

– Você pode dizer a Voldemort que começará a lecionar em Hogwarts na semana que vem, quando as aulas começarem – Dumbledore continuou. – Discutiremos seus próximos passos quando você estiver no castelo.

– Perfeitamente, Diretor – Severo respondeu, virando-se para sair pela lareira.

Dumbledore ficou ainda muito tempo observando a lareira por onde Severo desaparecera. Alguma coisa naquela conversa não se encaixava, mas ele ainda não sabia o quê.

*-*-*-*-*-*-*-*

Isabelle aparatou diretamente em seu quarto quando saiu da casa de Severo. Sua vontade era sumir, desaparecer da frente de Severo e nunca mais voltar a vê-lo. Seria compreensível esperar uma reação explosiva dele quando descobrisse que ela estava ajudando Dumbledore e a Ordem da Fênix, mas as coisas que ele disse, tratando-a como se fosse uma vagabunda e questionando a paternidade do seu filho... Entre todas as coisas horríveis que ele lhe falara, aquilo foi a que mais machucou, que a fez pensar em desistir de tudo, abandoná-lo, esquecer todos a sua volta e fugir para um lugar tranqüilo, onde criaria seu filho sem a influência da sua família e longe de Severo.

De repente, uma sensação de abandono apossou-se dela, e a única coisa que Isabelle queria era deitar em sua cama e se esconder embaixo das enormes cobertas, chorar até esvair todas as suas forças e não acordar nunca mais. Ela sempre se sentira sozinha dentro da sua própria casa depois que os pais morreram e, agora que pensou ter conseguido livrar-se dessa sensação odiosa de solidão, ela perdera Severo para sempre. Ele a odiava, e ela sabia que era culpada por isso.

Após o abandono, o desespero passou a tomar conta de seus pensamentos. Quanto tempo Severo levaria para revelar a descoberta daquela tarde para o Lorde das Trevas? Ele teria coragem de delatá-la? Sinceramente, isso não lhe importava. Ela havia desfeito o noivado e estava grávida. Para uma Malfoy, isso já era uma sentença de morte. Se Severo quisesse, bastava uma simples conversa com o irmão e ela estaria expulsa de casa no segundo seguinte, não importava a criança em seu ventre.

Como se seus temores tivessem tomado vida, Isabelle ouviu uma batida na porta do seu quarto, e no instante seguinte, Narcisa estava ao lado da cama.

– Está se sentindo melhor? Eu estou com os decoradores e a florista esperando você para decidirmos sobre a decoração do casamento.

Ainda de olhos fechados, Isabelle suspirou aliviada. Com um riso falso ela pensou o que deveria responder: que não haveria casamento? Que ela estava grávida e Severo questionava ser o pai do seu filho? Ou que ela era uma traidora e seria morta pelo próprio Lorde das Trevas antes que o casamento pudesse se realizar?

– Eu já vou descer. Obrigada, Narcisa – foi o que respondeu. – Eu preciso trocar de roupa antes.

Como toda bruxa de sangue puro respeitável, Isabelle se levantou, lavou o rosto até que qualquer vestígio de que andara chorando desaparecesse, e desceu esplendorosamente as escadas da mansão, arrancando elogios dos bruxos que a aguardavam, dizendo que ela seria a noiva mais linda de toda Inglaterra.

Ela passou o resto da noite envolta em amostras de tecidos, flores, arranjos e objetos que jamais imaginaria que precisasse escolher para uma festa de casamento. Aprovou tudo o que Narcisa lhe mostrava, sem se preocupar exatamente com o que estava fazendo. Sabia que todo aquele esforço seria inútil e que precisava arranjar um meio de ficar em segurança até pelo menos seu filho nascer. Nenhuma idéia vinha a sua mente; mas ela estava agradecida por Narcisa ter lhe arranjado aquela maratona de decoração, ao menos ela tinha alguma coisa para se distrair antes que sua vida virasse de cabeça para baixo.

Quando o sol brilhou em seu quarto na manhã seguinte, anunciando a chegada de um novo dia de verão, Isabelle desejou profundamente permanecer enterrada em suas cobertas até o anoitecer. Entretanto, uma repentina onda de enjôo a fez levantar correndo em busca do banheiro. Não querendo dar a Narcisa mais um motivo para desconfiar de sua gravidez, ela resolveu aparecer para o café da manhã, decidida que arranjaria uma solução para sua vida até o final daquele dia.

Isabelle estava no jardim, brincando com Draco, quando ouviu algumas vozes vindas da casa e se aproximando dela.

– Ela está no jardim. Eu vou chamá-la.

– Não é necessário, Narcisa. Eu vou até lá.

Isabelle tomou um susto quando ouviu aquela voz. Severo. Ela não queria vê-lo, mas era tarde demais, ele já estava à sua frente antes que percebesse.

– Belle – ele a chamou para que levantasse os olhos.

– Bom dia, Severo – foi a resposta seca.

Se Severo ainda guardava algum ressentimento contra Isabelle quando foi procurá-la naquela manhã, desapareceu completamente quando a viu no jardim com o afilhado no colo. Era aquela Isabelle que ele queria de volta para ele, serena, protegida, com uma criança que no futuro seria o seu filho no colo.

– Eu... – ele começou sentando-se ao lado dela, mas não conseguiu dizer mais nada, apenas ficou olhando para o chão.

Isabelle fingiu continuar entretida com o sobrinho e não lhe deu atenção.

– Eu pensei em tudo que você disse ontem, Belle – ele recomeçou cabisbaixo. – Você tinha razão.

Isabelle virou-se para ele sem acreditar no que estava ouvindo, entretanto, continuou calada.

– Eu vou entender se você não me quiser mais, eu disse coisas horríveis ontem. Eu... eu... – Ele suspirou, e Isabelle pensou ter visto o brilho de uma lágrima se formando nos olhos dele. – Droga, Belle! Eu não vou conseguir viver sem você!

Ele virou-se para encará-la e sacou sua varinha, lançando um Abaffiato para que não fossem ouvidos.

– Me desculpe – ele implorou com os olhos. – Eu sei que o que disse foi imperdoável, mas... Por favor, eu ainda quero construir uma família ao seu lado. Eu prometo que se você me perdoar, eu farei você e o nosso filho as pessoas mais felizes desse mundo.

– Eu pensei que você duvidasse que era o pai dessa criança – ela respondeu ríspida.

– Eu nunca duvidei disso – ele apressou-se em dizer. – Eu só disse aquilo porque estava fora de mim, queria feri-la, machucá-la tanto quanto eu me sentia ferido.

– E o que mudou agora? – ela perguntou enquanto distraía Draco com um brinquedo em suas mãos.

– Eu refleti sobre tudo o que você disse – ele se repetiu. – E depois, fui procurar Dumbledore.

– O quê? – Agora Severo ganhara toda a atenção de Isabelle, que o olhava com os olhos arregalados.

– Você está grávida, Belle – ele explicou. – Eu não posso permitir que você se arrisque. O Lorde das Trevas já está desconfiado da existência de um traidor. Eu vou estar em Hogwarts neste semestre. O Lorde pensará que estarei lá como seu espião, mas na verdade, eu estarei seguindo as ordens de Dumbledore e ajudando a Ordem da Fênix. – Isabelle sorriu para ele, e Severo não conteve o próprio sorriso ao vê-la feliz novamente. – Você estava certa, Belle. Eu também não quero que meu filho nasça num mundo divido entre sangues puros ou mestiços.

Ele aproximou-se do rosto de Isabelle para beijá-la, mas Draco os atrapalhou no instante em que seus lábios se tocaram. Os dois riram, e Severo pegou o afilhado em seu colo:

– Ei – disse brincando para o menino –, eu já vou ter que dividir sua tia com outra criança mais cedo que imaginava. Você podia nos dar uma folga!

Mas Draco simplesmente sorriu para o padrinho, sem entender o que os adultos diziam. Isabelle e Severo riram da situação, e quando tudo ficou em silêncio, Isabelle argumentou:

– Nós vamos ter que contar para Lúcio e Narcisa. Eu não sei por quanto tempo vou conseguir esconder essa gravidez.

Severo a encarou com o sorriso que sempre a fazia esquecer de seus problemas.

– Não se preocupe. Eu tenho um pressentimento de que essa guerra logo vai acabar, e então, tudo vai ser diferente.

Isabelle devolveu o sorriso. Não podia acreditar que em tão pouco tempo tudo voltara ao normal novamente. Bem, talvez nem tudo. Como um milagre, ela e Severo estavam do mesmo lado agora, não precisava mais se torturar por estar escondendo uma parte da sua vida dele. E em breve, os dois ainda teriam um filho. Ela sabia que não seria fácil passar por essa gravidez com a família aristocrática que tinha, mas com Severo ao seu lado, tudo ficaria mais fácil.

Eles passaram o resto da manhã juntos no jardim, brincando com Draco enquanto ainda não tinham seu próprio filho para mimar. Por um breve momento, Isabelle pensou que estava sonhando, que aquilo não poderia estar acontecendo, que seria impossível Severo perdoá-la tão facilmente. Mas quando o viu brincando com o sobrinho como se fosse um garotinho, ela espantou todos os pensamentos ruins de sua cabeça.

*-*-*-*-*-*-*-*

– Eu consegui, mestre. Estarei em Hogwarts no início do ano letivo.

– Dumbledore o contratou como Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas?

– Não, mestre. Eu serei o novo Mestre de Poções. Horácio Slughorn está para se aposentar.

– Excelente. Agora você precisa ganhar a confiança daquele velho tolo e entrar na Ordem da Fênix.

– Eu já fiz isso, mestre. Dumbledore pensa que eu me arrependi, que mudei de lado e que agora serei seu espião para a Ordem.

Uma risada ecoou na noite escura. Severo lamentou que mais nenhum Comensal da Morte estivesse com eles; queria exibir sua astúcia para aqueles que diziam que ele estava com os dias contados.

– Como você conseguiu convencê-lo? – seu verdadeiro mestre lhe perguntou.

– Tive que dizer que o Lorde já estava ciente que Harry Potter era uma das prováveis crianças da profecia e que sentia o dever moral de proteger a família do pai dele por causa de uma dívida dos tempos de escola.

– E aquele velho tolo acreditou? – Voldemort perguntou incrédulo.

– Sim, mestre. Parece que Dumbledore tem um fraco por lendas e histórias antigas. E ele realmente acredita na magia do amor.

Os dois homens riram. Voldemort fez sinal para que Severo se levantasse. Quando os dois estavam na mesma altura, ele ordenou:

– Excelente. Seu foco principal é descobrir quem é o espião. Aquele rato tem sido inútil para isso, diz que apenas Dumbledore encontra-se diretamente com ele e por isso não consegue identificá-lo. Ganhe a confiança de Dumbledore, faça com que ele lhe apresente o espião. Eu quero o nome dele até o final do ano.

– Sim, mestre.

– Agora você pode ir – Voldemort o dispensou.

– Perdão, mestre – Severo o chamou, ignorando a ordem para se retirar –, mas terei que dar algumas informações para Dumbledore, para que ele acredite que eu realmente estou do lado dele.

– Diga-lhe para não se preocupar com os Longbottom ou os Potter por enquanto. Eu ainda quero descobrir o que há por trás destas crianças. Além disso, se tiver que matar aquele que seria meu pior inimigo no futuro, eu vou escolher uma data significativa para tanto.

– Mas, mestre? Não seria imprudente deixar Dumbledore ciente dos seus planos para as crianças da profecia?

– Não se preocupe, meu caro Snape. Quando eu decidir ir atrás daquelas crianças, Dumbledore não conseguirá me deter.

Voldemort deu uma risada escandalosa, e Severo sorriu em resposta antes de se retirar da presença do Lorde das Trevas. Ele ainda sorria para si mesmo quando aparatou em casa. Ele havia conseguido. A identidade do espião de Dumbledore estaria protegida enquanto ele fosse o responsável por descobri-la, e Isabelle não se arriscaria mais para mandar informações para a Ordem sabendo que ele estava infiltrado em Hogwarts. Pobre Isabelle, iludida com o discurso de Dumbledore, acreditando que a simplória Ordem da Fênix poderia realmente vencer as forças do Lorde das Trevas, quando nem mesmo todas as forças do Ministério eram capazes de evitar os ataques dos Comensais da Morte. Mas esta guerra estava a ponto de terminar. Assim que o Lorde das Trevas destruísse Harry Potter e Neville Longbottom, a última esperança de Dumbledore sucumbiria, e nem ele teria mais forças para resistir. Quando esse dia chegasse, ele estaria ao lado de Isabelle e de seu filho, e eles poderiam finalmente viver como uma família respeitável e poderosa.


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Notas finais do capítulo

A seguir: Tem-se notícia da primeira Horcrux...



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