Acid Girls escrita por LuaGanímedes, Leeh


Capítulo 2
O Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos a mais um capítulo minha gente :) espero que gostem
Boa leitura!!



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Caminhei até o bar e tomei mais um gole daquele whisky barato que desceu ardendo na minha garganta, tossi algumas vezes depois e olhei para o lado, um homem se aproximava lentamente de mim, já conseguia sentir seu hálito podre.

– Oque uma mocinha linda como você esta fazendo aqui? - colocou uma mecha do meu cabelo atras da orelha e passou a mão no meu rosto. Senti nojo mas apenas sorri sarcástica esperando que ele fosse embora. Ele inclinou sua cabeça para frente na expectativa de que eu respondesse Decepcionado voltou a posição inicial e suspirou - Já vi que a garotinha não é muito de falar. Alias, meu nome é Henry e o seu boneca?

– Charlie. - ríspida o olhei.

– Muito prazer Charlie. O ignorei e sai do bar como se nada houvesse acontecido, assim que sai me senti meio tonta. Aquelas doses finalmente faziam efeito.

Entrei no carro e dirigi por cerca de 3 horas até em casa. Cheguei sem fazer nenhum barulho, nas pontas dos pés. Apenas caí na cama com as mesmas roupas e dormi, exausta demais para qualquer coisa, bêbada demais pra ousar sair do quarto.

Eram 7 da manhã e já tive sorte o suficiente de ninguém me ver. Acordei com gritos do papai que ecoavam na minha cabeça por causa da ressaca.

– EU TO CANSADO DE VOCÊ E DA SUA IRRESPONSABILIDADE CHARLIE. VOCÊ NÃO PERCEBE ISSO? SUA MÃE JÁ FOI EMBORA, VOCÊ ACHA QUE FOI FÁCIL PARA MIM? VOCÊ ACHA QUE SERIA FÁCIL PERDER VOCÊ? - Ele me olhou no fundo dos olhos, estava chorando pela primeira vez e aquilo foi como uma facada. Eu podia ver através de seus olhos a dor, podia até sentir ela. Lembrei da mamãe e morro por dentro por algum tempo - Eu só quero que você fique segura. É pedir demais? Você vai ir pra casa do Daniel. Vai morar com ele. Eu preciso de um tempo pra mim.

Eu não disse nada, estava chocada demais pra dizer qualquer coisa, ele tinha razão, mas eu nunca admitiria pra ele. Meu rosto ardia de tanto chorar, parecia que as lagrimas presas durante todos aqueles anos desabaram de uma vez só. Abaixei a cabeça esperando ele ir embora.

Fiquei só mais 2 dias em Nova York e já estava a caminho da Holanda. Ele não se despediu de mim, apenas me observou ir embora.

Era um raro dia de sol em Amsterdã, Danny me esperava com uma plaquinha daquelas de filme, ele não havia mudado nada, só um pouco mais alto e com aparência adulta. Eu o abracei e sorri cansada, ele retribuiu e olhou nos meus olhos.

– Você nem cresceu, fala serio. - deu uma gargalhada e me segurou como se fosse um chaveiro - E que cabelo é esse menina? Azul? - deu mais um sorriso e eu corei instantaneamente - A escola começa amanha, já comprei seu material e o uniforme.

– Uniforme? Vocês acham que eu tenho quantos anos 12?

– Você não tem 12 anos? - me mediu dos pés a cabeça surpreso

– Eu tenho 16, babaca - continuei andando revoltada até o carro. Nenhuma palavra foi dita durante todo o percurso.

Eu sentia falta de casa, só queria ficar com papai de novo, dizer que vou mudar e que tudo ia ficar bem de novo, obviamente era tarde demais.

Chegamos ao apartamento, meu quarto era no fim do corredor, era completamente branco e as paredes tinham muitos quadros com fotos da familia, o restante era uma cama, um criado mudo e um guarda-roupas de madeira. Joguei as malas, tomei um banho e dormi.

Acordei com o Danny chamando, me arrumei e antes de entrar no carro respirei fundo e desejei que tudo desse certo pelo menos uma vez na minha vida. Daniel me ensinou o caminho, a pé dava uns 7 a 10 minutos. Sai do carro e não olhei para trás, era capaz eu desistir se visse de novo o olhar preocupado do meu irmão , ambos sabíamos que não ia ser fácil, fim de ano, piadinhas por causa da aluna nova e estranha. Logo pude ver as reações quando entrei, as pessoas me olhavam e desviavam o olhar, comentavam algo com os amigos e assim os outros olhavam "disfarçadamente" . Tudo bem, estava sendo menos pior do que a ultima escola, fui até a sala e sentei como de costume na primeira fileira, teria que olhar apenas pro professor e mais ninguém .

– Bom dia - chegou um professor apressado, não olhou pra cara de ninguém apenas começou a escrever no quadro como se não houvesse amanhã. Passou uns 10 minutos escrevendo e se virou - Espero que as pesquisas estejam prontas caso contrario é zero. Só deixarei entregar amanha quem estava em coma essas duas semanas - e olhou diretamente pra mim

– E você? - ergueu uma das sombrancelhas esperando que eu dissesse algo - Aluna nova?

– Sim. - Nada de apresentações, nada de apresentações por favor. - Apresente-se á turma. - droga! - Charlie Collins, Nova York, 16 anos, não sou alcoólatra nem tenho problemas com a justiça. Fim. - Disse de cabeça baixa, com a voz fraca prendendo o riso, mas pude perceber algumas risadas e comecei a rir junto por algum motivo desconhecido.

– Bom saber, esse já é um grande avanço. - Ele sorriu surpreso com minha recente resposta. Imediatamente comecei a pedir mentalmente que ele não fizesse mais perguntas. Esperei alguns segundos e quando percebi que ele não faria me senti aliviada.

No intervalo fiquei observando as pessoas de um ponto estratégico do patio. Um garoto estava quieto, não demonstrava nenhuma reação, não se movia bruscamente e todos passavam por ele como se ele fosse invisível. Passei mais ou menos uns 4 dias seguidos observando ele parado, sempre da mesma forma, cheguei a me perguntar inúmeras vezes se ele era uma miragem ou algo parecido mas que eu saiba miragens não usam uniforme, principalmente do colégio Grigory Hansel. São nessas horas que você se pergunta o motivo de estar observando um desconhecido a tantos dias e a resposta é ; não sei. Uma vez dessas ele levantou o olhar e fiquei chocada, seus olhos eram tristes, muito tristes, não que ele demonstrasse isso , parecia mais o tipo de pessoa que abolia qualquer sentimento pra que os outros não percebessem. Quando estava com os amigos gargalhava, ria fazia piadas e agia como outra pessoa. Sera que ninguém percebia?

Então, depois de uma semana observando resolvi falar com ele sem qualquer motivo, me aproximei como um predador, lentamente, pra caça não se assustar e então sentei ao seu lado, ele me olhou com aquele mesmo olhar, mas com um pouco de desprezo pela minha existência.

– Eu vim em paz soldado. - Não sei porque disse aquilo, queria fazer uma gracinha e ele nem ao menos sorriu. Dei um tapa na minha testa me achando muito estupida. Alias porque fui falar com ele mesmo?

– Eu sou a Charlie.... Não me encare com esse olhar de desprezo.

– Luccas. Me desculpe por não te conhecer e já desprezar sua existência - e ele sorriu finalmente - só acho que você devia ter piadinhas melhores porque essas são meio escrotas. Sem ofensas, garota do cabelo azul. Alias não tenho dinheiro, e não to interessado em sair com você. - Virou em direção a mim e voltou a rir da minha cara, desviou o olhar e começou a ler qualquer coisa no celular.

– Eu não to interessada em te chamar pra sair, nem no seu dinheiro. Qual é o seu problema ? - O encarei. Ele me chamou de interesseira na primeira oportunidade. - Foi o Drew que mandou voc aqui né? - Ele gargalhou, olha, avisa pra ele que eu não to nem ai pras garotinhas idiotas que ele manda vir aqui.- O olhei incrédula. Ele realmente estava me ofendendo.

Me arrependi completamente de ter ido falar com ele e me levantei.

– Olha, não tava aqui por causa desse tal de Drew, principalmente porque nessa merda de escola não falo com ninguém. Só achei que você gostaria de companhia para sei la.. esquece..

Sai com raiva, era sempre isso que acontecia quando eu tentava ser legal e sociável com alguem, a pessoa me desprezava e fim, lá ficava a pequena Charlie sozinha de novo. Passaram os dias, uma ou duas garotas vieram falar comigo, conversavam os sobre qualquer coisa inútil e finjiamos rir. Foram poucas conversas e tudo o que eu sabia sobre elas é que seus nomes começavam com S. Algo trágico pra alguem que esta a mais de 2 semanas na escola.

Luccas se tornou parte da minha classe e seguiamos nos ignorando até o resto de nossas vidas. Tudo oque eu menos queria era falar com ele. O pior de não falar com ninguém eram os trabalhos, eu sempre era a ultima a ser escolhida para qualquer coisa e não foi diferente com ele. Sobraram para o projeto apenas eu, Luccas, e mais uma menina realmente estranha. E esse era o grupo, ótimo, eramos três babacas que o resto da sala e da escola abolia, eramos a menina nova estranha do cabelo azul, um babaca com cara de psicopata que ficava observando as pessoas no intervalo ( oque não me torna muito diferente dele ), uma menina alta, meio desengonçada e uma cara de quem acabara de sair de um velório, oque também não tornava as coisas melhores. Todos continuamos indiferentes em relação ao projeto, sem demonstrar qualquer sentimento de frustração, mas no fundo eu queria dar um tiro nos dois e sair pra brindar.

– Estejam amanhã ás 13:00 aqui na escola e eu levo vocês pra minha casa. - Disse ele indiferente ainda, me encarando de forma estranha.

– OK. - eu e a menina estranha respondemos em uníssono.


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Notas finais do capítulo

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