Contando Estrelas 3 escrita por Letícia Matias


Capítulo 4
Capítulo 4




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Acordei por volta das quatro e meia da manhã. Johnny estava dormindo. Levantei-me da cama devagar, sem fazer nenhum movimento brusco para que ele não acordasse e fui para o banheiro.

Eu estava descabelada e com a cara marcada por causa do colchão. Eu odiava quando isso acontecia. Não é horrível quando você acorda e pensa que está com a cara normal – no máximo inchada – e quando você se olha no espelho, está com marcas do colchão. Lavei meu rosto com água fria e escovei os dentes. Não me importei de pentear meu cabelo, pois ainda eram quatro e meia da manhã.

Meu estômago roncou e decidi ir até a cozinha preparar algo para comer. Saí do banheiro de fininho vestindo um short, meias e uma blusa de manga cumprida cinza. Johnny ainda estava dormindo.

Fui até a cozinha e abri a geladeira e sorri. Johnny tinha feito compras. Eu estava com muita fome. Peguei uma garrafa de suco de laranja e enchi um copo para mim. Decidi fazer panquecas. Comecei a prepará-las e comer um iogurte natural com blueberries enquanto as preparava.

Depois de prepará-las, coloquei Maple Syrup encima delas e comecei a devorá-las com muita fome.

Vi que o celular de Johnny estava ali no balcão. Olhei para a porta do quarto. Bem, provavelmente ele está no décimo sono. Deslizei o dedo pela tela do Iphone e ele desbloqueou revelando como papel de parede uma foto minha dormindo. Era uma das que ele tinha tirado com a Nikon.

Tomei um gole do suco de laranja e sorri ao ver aquilo. Eu não entendia o que ele achava de tão especial me ver dormindo...

Isso é porque ele não viu sua cara amassada pelo colchão. – meu subconsciente me alfinetou.

Sorri e fui para a caixa de mensagens. Mensagens de Alaric, minhas e de Paul. Fui até a galeria de fotos e me surpreendi em ver que ele só tinha fotos minhas no celular.

Comi mais um pedaço da panqueca, mastigando lentamente e olhando as fotos. Havia tantas! Sorri ao ver minha foto e a dele. Nós olhando um para o outro no topo do prédio, ou, como eu apelidei “Topo Do Mundo”.

Senti braços envolverem minha cintura. Me assustei dando um pulo na cadeira. Olhei para trás e lá estava ele me olhando com cara de sono, cabelo desgrenhado e olhos cansados. Lá estava ele, lindo de morrer!

E eu... Pega no flagra.

– Bom dia, curiosa.

Engoli o pedaço da panqueca e disse:

– Bom dia. Eu te acordei¿

Ele negou com a cabeça.

– O que tem de tão interessante no meu celular¿ - ele perguntou sentando-se no banquinho ao meu lado.

Ele estava vestindo uma calça de pijama branca com listras azuis e só.

Sorri ao vê-lo desse jeito.

– O que foi¿ - ele perguntou vendo meu sorriso.

Balancei a cabeça.

– Nada. E, nada. Eu só estava vendo as fotos. O que me impressiona é só ter fotos minhas no seu celular.

Ele deu de ombros.

– Te impressiona¿

– Sim. – eu disse. – Ainda mais porque são muitas fotos minhas dormindo!

Ele riu e depois eu ri.

– Dormindo! Eu com cara amassada, eu fazendo caras e bocas enquanto durmo e você... Tirando fotos.

Ele sorriu.

– Tenho uma nova. – ele disse pegando o celular da minha mão.

Franzi a testa. Ele passou o dedo algumas vezes pela tela e depois sorriu e me entregou o celular.

Peguei-o e depois sorri.

– Tirei essa ontem de madrugada. – ele disse.

Eu estava dormindo – para variar – e, estava sorrindo, deitada de barriga para baixo, com a mão no colchão e sorrindo suavemente.

– Você parecia... Tranquila nessa foto. – ele disse. – Feliz.

Sorri para ele.

– Eu realmente estava.

Nos encaramos e depois entreguei coloquei o celular no balcão. Terminei de comer minhas panquecas em silêncio e depois levantei para pegar mais suco de laranja e colocar meu prato dentro da pia.

– Já chega. – eu disse. – Já pro quarto.

Ele deu um sorriso malicioso e eu revirei os olhos terminando de tomar meu suco. Coloquei o copo na pia e peguei sua mão conduzindo-o para o quarto.

– Deite. – falei.

Ele deitou e ficou olhando para mim enquanto eu fuçava em uma das minhas malas.

– O que está fazendo¿ - ele perguntou.

Tirei a Nikon de dentro da mala e sorri olhando para ele.

– É a minha vez de ser fotógrafa.

– Ah não! – ele disse.

– Ah sim. Já que você gosta tanto de tirar fotos minhas com cara de sono, dormindo... Agora é minha vez. – retruquei.

Ele revirou os olhos sorrindo.

Peguei suéter branco e joguei para ele vestir. Ele vestiu olhando para mim como se eu fosse louca.

Sorri e mordi o lábio.

– Pronto agora Sr. Donahue, vire-se de barriga para baixo.

Ele fez o que eu disse e eu fui até o meu lado da cama agachando-me com a Nikon próxima ao rosto.

– Olhe para cá. – eu disse.

Ele apoiou seu rosto em seu braço esquerdo e olhou para a câmera dando um sorriso discreto.

Bati a foto e sorri ao ver o resultado. Era a foto mais linda que eu já tinha visto.

– Acho que uma basta. – eu disse. – Essa ficou perfeita.

Ele ficou me olhando intensamente, sem dizer nada.

Era como nos nossos primeiros encontros. Parecia que agora estava tudo mais... Intenso, mais sério.

– Pode tirar o suéter. – eu disse rindo.

Ele sentou-se e tirou o suéter colocando-o no pé da cama e olhou para mim.

Aquele olhar sério me seduzia, me deixava sem fôlego. Sentei-me no pé da cama olhando para ele.

– O que foi¿ - perguntei.

– Quer morar comigo¿

Engoli em seco.

– Está pretendendo se mudar para Nova York¿

– Sim. Não venderei meu apartamento em LA, mas, gostaria de morar aqui, com você. – ele disse “com você” cuidadosamente analisando minha reação. – O que você acha¿

Suspirei e fui para seu lado, deitando-me.

– É um... Grande passo. – eu disse olhando para o teto.

– Você não quer. – ele disse e soltou o ar nervoso. Parecia mais como uma risada nervosa.

Sentei-me bruscamente.

– Não. Johnny não é isso. – eu disse. – Olhe aqui. – peguei seu queixo e virei seu rosto para olhar em seus olhos.

Engoli em seco.

– Eu amo você. Só estou dizendo que é um grande passo. Tem certeza que é isso o que você quer¿ - perguntei.

– Eu poderia casar com você agora, Mary. – ele disse. – Mas obviamente, você não diria sim.

– Johnny! – exclamei. – Nós não namoramos não tem nem seis meses ainda. E... Não sei, talvez devêssemos esperar um pouco mais. Eu amo você, sabe disso! Se eu não amasse, não estaria aqui tendo essa conversa com você agora. Eu te amo! Mas, acho que isso é apressar as coisas. Eu... Não posso e não quero dizer para você não vir morar aqui, pois é seu apartamento e...

– Seu apartamento. Eu te dei. – ele me corrigiu.

– Johnny, eu te amo e se você quer vir morar comigo, eu vou amar. Eu te amo, eu amo você aqui comigo, só acho... Rápido. Não estou reclamando de você querer morar comigo e eu posso passar minha vida inteira com você, só estou dizendo que talvez você possa se arrepender.

– Estou assumindo o risco. – ele disse estreitando os olhos.

Estreitei os olhos e sentei-me em seu colo, de frente para ele. Passei a mão por seus cabelos castanhos desgrenhados e olhei em seus olhos, que fitavam os meus.

– As regras são minhas, Sr. Donahue. – sussurrei.

Ele sorriu e balançou a cabeça. Sorri.

– Meu apartamento, minhas regras. Então preste atenção!

Ele olhou para mim sorrindo.

– Está prestando atenção¿

– Sim! – ele disse rindo.

– Regra número um: Todos os dias quero você em casa. Do serviço para casa, de casa para o serviço. – ele arqueou as sobrancelhas. – Regra número dois: Você coloca o lixo para fora. Regra número três: Quem acordar primeiro faz o café da manhã. Regra número quatro: O lado esquerdo da cama é meu. – disse apontando para o meu lado da cama.

Ele sorriu.

– E regra número cinco: Vamos tirar no impar-par quem lavará a louça.

Ele riu e eu ri segurando seu rosto e minhas mãos. Seu rosto a centímetros do meu.

– Está de acordo com as regras¿ - sussurrei.

– Sim. – ele sussurrou. – Mas também vou impor regras.

– Ótimo. – eu disse e lhe dei um beijo. – Quais são suas regras, Sr. Donahue¿

Ele riu e respirou fundo olhando nos meus olhos.

Arqueei as sobrancelhas.

– Regra número um: Te pegarei todos os dias na faculdade. Regra número dois: De sexta-feira você cozinha pra mim.

– Regra número três: Quando brigarmos, não saia correndo pra a casa de Katie. Daqui você não sai mais. E devemos resolver nossos problemas entre nós mesmos.

Franzi as sobrancelhas, porém não disse nada.

– Regra número quatro: Eu pago as contas.

– O quê¿ Não! Se vamos morar juntos, ambos pagaremos as contas. Henry me disse que seu tio está procurando uma pessoa para auxiliá-lo em sua empresa. Tipo uma secretária, sabe¿ Ele vai me indicar, então... Logo estarei trabalhando. Não é o trabalho dos sonhos, mas já é algo.

– Qual o problema de eu pagar¿ - ele perguntou.

– Johnny, não! – retruquei. – Não é justo! Dividimos as contas, como um casal normal.

Ele respirou fundo.

– Não concordo com isso.

– Problema é seu. – disse. – Qual a regra número cinco¿

– Deixarei em aberto. Não sei outra regra, qualquer coisa que eu quiser acrescentar, acrescento como regra cinco.

– Ótimo. – eu disse. – Mas, tire da cabeça que pagará as contas sozinho. Já não basta ter me dado esse apartamento maravilhoso¿ - perguntei.

– Não. – ele disse. – Quero dar muito mais para você.

Fechei os olhos e balancei a cabeça. Lhe dei um beijo rápido e deitei-me ao seu lado.

– Estou muito cansada para discutir isso agora. Quero voltar a dormir, me acompanha¿ - perguntei.

Ele sorriu e deitou-se de frente para mim.

– Sempre impossível.

Sorri de olhos fechados, a sonolência já tomando conta de mim.

Ele deu um beijo em meu nariz e me puxou para perto de si. Enterrei minha cabeça em seu pescoço.

– Eu te amo. – sussurrei.

– Eu também.

Isso foi suficiente. Eu estava cansada e com sono, adormeci depois de ouvir suas palavras.


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