Contando Estrelas 3 escrita por Letícia Matias


Capítulo 18
Capítulo 18




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Chegamos à casa da minha mãe e o silêncio era tudo o que podíamos ouvir. Estava muito calor e eu estava muito cansada. Johnny estava com os braços ao meu redor.

Nós fomos para a cozinha e a Sra. Norah estava preparando um frango muito apetitoso.

Eu e Johnny sentamos-nos à mesa um do lado do outro e a Sra. Norah perguntou se queríamos algo pra comer ou beber. Johnny disse que queria um copo de água e eu disse que não queria nada.

– Tem blueberries na geladeira, Mary. Você não quer¿ - ela perguntou apreensiva enquanto entregava a Johnny um copo de água gelada.

Sorri murchamente para ela.

– Obrigada Sra. Norah, mas não estou com vontade de comer. Na verdade, acho que vou subir e tomar um banho. – eu disse e olhei para Johnny.

Ele assentiu.

– Tudo bem, daqui a pouco eu subo.

Dei um beijo em sua bochecha e me retirei da cozinha indo em direção a sala subindo as escadas.

Meu quarto estava intacto. As coisas no mesmo lugar.

Abri meu guarda-roupa e fiquei surpresa de saber que eu tinha deixado roupas para trás. Eu não me lembrava disso. Tirei de lá um vestido azul claro simples e fui para o banheiro fechando a porta. Não estava frio para tomar banho de banheira, mas eu queria relaxar, então, enchi a banheira com água morna e entrei nela sentindo a pressão da água nas minhas costas por causa da hidromassagem.

Suspirei. Quase tinha me esquecido de como isso era bom.

Prendi meu cabelo num coque alto e peguei uma esponja e o sabonete líquido e comecei a ensaboar minhas pernas e meus braços, minha nuca.

Que delícia. – pensei.

Fiquei olhando para o teto com a cabeça apoiada na beira da banheira e relembrando alguns momentos do colegial. Katie sempre dormia na minha casa, sempre assistíamos maratonas de True Blood, sempre ouvíamos música, ficávamos na piscina com seu irmão, Matt, Joseph, Alicia, Monica e Melanie, que havia sumido e nunca mais nos telefonado. Era tudo tão tranquilo, tão bom e fácil, e eu na época pensava que era tão difícil. Meu pai sempre ficava de olho em nós na piscina de dentro da casa, sempre gritando para eu rir mais baixo.

Peguei-me sorrindo ao relembrar disso. Balancei a cabeça e suspirei. Eu não queria sofrer por isso.

***

Abri a porta do banheiro e parei quando vi Johnny deitado na minha cama olhando para mim.

Ele tinha tirado os sapatos e aberto a camisa. Ele me analisou.

– O que foi¿ - perguntei.

– Essa cor fica bem em você.

Sorri para ele e sentei-me ao seu lado.

– Você está cansada¿ - ele perguntou.

– Vá tomar um banho, relaxar. – eu disse.

Ele assentiu.

– Vou sim. Eu estava pensando, lembra daquela surpresa que eu disse que eu tinha de lhe mostrar aqui em Los Angeles¿

Sorri murchamente e assenti.

– Gostaria de ver hoje¿

Suspirei e sorri para ele.

– Eu quero muito saber o que é essa surpresa, mas, estou tão cansada hoje Johnny. - eu disse – Se não tiver problema, podemos ir amanhã¿ Acho que minha mãe precisa de mim pelo menos um pouquinho hoje, entende¿ E, eu quero estar melhor para ver essa surpresa. Eu sei que é boa coisa porque, quando se trata de você, sempre são coisas surpreendentes e maravilhosas.

Ele assentiu e me deu um beijo na bochecha, perto da boca.

– Tudo bem, nós vemos isso amanhã. Vou ir tomar um banho, ok¿

– Eu vou ver como minha mãe está ok¿

Ele assentiu e foi para o banheiro.

***

Bati de leve na porta do quarto da minha mãe e abri uma brecha. Ela estava deitada abraçada com um travesseiro. Sorte a minha que não estava chorando. Agradeci a Deus mentalmente por isso. Michael estava ali também, deitado ao seu lado.

– Posso entrar¿ - perguntei.

– Claro querida. – ela disse e se sentou na cama.

Ela tinha tomado um banho e estava com o cabelo preso num rabo de cavalo e estava com um vestido amarelo claro de pano leve.

– Como você está, mãe¿ - perguntei sentando-me ao pé da cama segurando sua mão.

Ela deu de ombros e deu um sorriso murcho.

– Triste.

– Mas, o que posso fazer¿ Só estou feliz de ter você e Michael aqui comigo.

A abracei e olhei para Michael que olhava para nós duas. Seus olhos estavam um pouco avermelhados.

Sorri murchamente para ele e estendi o braço para que ele se juntasse ao abraço.

Ele hesitou um pouco e depois abraçou a mim e a minha mãe. Ficamos abraçados por longos minutos e depois ficamos conversando e relembrando coisas passadas, de infância e conversando sobre a faculdade e a escola. Acho que isso fez com que minha mãe se sentisse melhor, pois ela parou de chorar e até riu algumas vezes. Eu queria que ela ficasse bem.

***

Na hora da janta, comi um pouco do frango que a Sra. Norah havia preparado e depois fui para a piscina. O clima estava abafado, porém, a temperatura já havia caído um pouco mais.

Sentei-me com uma tigela de blueberry no colo e coloquei meus dois pés dentro da piscina e fiquei balançando-os levemente.

A piscina estava iluminada com duas lâmpadas amareladas nas suas extremidades.

Estava tudo silencioso. Pela primeira vez, fiquei feliz de estar fora de Nova York, sem agitação e muito movimento. Eu estava feliz de estar ali, sentada, saboreando uma das coisas que eu mais amava comer e estava feliz de estar em casa.

Olhei para o céu escuro que estava cheio de estrelas. Dei um sorriso murcho e voltei a olhar para meus pés na piscina.

Minha vida havia mudado tanto em meses! Era incrível como tudo havia mudado. Eu estava feliz por isso porque se ela não tivesse mudado, eu não teria conhecido Johnny, muito provavelmente estaria àquela garota rebelde que não se importava com os pais e hoje eu estava feliz por ter um bom relacionamento com a minha mãe e graças a Deus eu tinha Johnny que fez eu mudar sem que eu percebesse de primeira vez.

– Posso me sentar com você¿

Sorri ao ouvir a voz dele.

– Claro que pode. – respondi sem olhar para trás.

Johnny se sentou e colocou seus pés na água também.

Ele olhou para mim e eu olhei para ele. Ficamos nos olhando sem quebrar o contato visual por muito tempo. Ficamos apenas ali, em silêncio, olhando um para o outro e então sorri ao lembrar-me de quando eu o empurrei na piscina da segunda vez que nos vimos. Balancei a cabeça.

– Tenho certeza que estamos lembrando-se da mesma coisa. – ele disse.

– É, acho que sim.

Ele me deu um beijo perto da boca e disse baixinho:

– Eu te amo.

– Eu também, Johnny.

Ele pegou algumas blueberries da minha tigela e as comeu uma por uma.

– O céu está cheio de estrelas hoje.

– Está lindo.

– Está sim. – ele disse.

Ficamos em silêncio olhando para o céu estrelado com as mãos entrelaçadas.

O analisei enquanto ele olhava para cima. Deus, ele era tão bom para mim. Eu não podia sequer imaginar minha vida sem ele. Eu o amava tanto que parecia me consumir por dentro.

Ele sorriu ao ver algo no céu que eu não parei para olhar, eu estava muito ocupada olhando para ele e sorrindo ao ver ele sorrir. Eu o amava demais.

Antes do dia amanhecer, eu já estava de pé na sacada, olhando para o céu que estava coberto de várias cores ao mesmo tempo: um laranja suave entre as nuvens branquinhas e raios amarelados pintavam o céu. Estava amanhecendo em perfeito silêncio. Todos estavam dormindo, exceto eu.

Sentei-me na poltrona reinclinável da sacada e cobri minhas pernas com uma manta leve e peguei minha Nikon. Olhei para a linha do horizonte e fotografei aquelas cores maravilhosas que estavam pintando o céu naquele momento. Ficou uma foto boa. Peguei um maço de cigarros que eu havia encontrado em uma gaveta no meu guarda-roupa e peguei um cigarro. O acendo e fiquei esperando por mais um tempo até que o Sol começasse a nascer devagarzinho. Fui vendo o dia clarear, mas acabei adormecendo na poltrona com a Nikon na mão e a tigela de blueberry ao meu lado.

***

Acordei com uma voz suave falando em meu ouvido.

– Amor, acorda.

Abri meus olhos lentamente e pisquei algumas vezes. Olhei para meu lado esquerdo e vi Johnny agachado ao meu lado olhando para mim sorrindo timidamente.

Coloquei a mão em sua nuca e puxei sua boca para a minha. Foi um gesto de desespero e eu não sei bem o porquê fiz isso, apenas me deu uma súbita vontade de beijá-lo.

Quando olhei para ele novamente ele estava um pouco sem ar e olhava para mim surpreso.

– Te amo.

– Eu também. – ele disse automaticamente.

***

Depois de tomar café da manhã com minha mãe e Michael, percebi que minha mãe estava bem alegre, bem, ela parecia feliz de alguma forma. Eu não quis perguntar o porquê ela parecia tão bem, porque ela parecia realmente alegre o que era estranho, mas, eu não queria saber. Se ela estava alegre, para mim estava bom.

Johnny disse que íamos para sair um pouco então tomei um banho e coloquei um vestido de renda simples bege e um bolero de manga, largo, da mesma cor do vestido por cima e a minha sapatilha dourada que eu havia colocado no dia em que chegamos a Cancun.

Entramos em seu carro. O analisei para talvez ter uma pista para onde vamos. E não tinha nada incomum. Ele estava usando uma calça jeans preta, uma blusa polo verde escura e sapato. Ele parecia um pouco nervoso.

Ele olhou para mim e sorriu.

– Você parece nervoso. – eu disse.

Ele engoliu em seco e então tive certeza de que ele estava nervoso.

Ele balançou a cabeça.

– Não estou não. – ele pigarreou. – Eu preciso te vendar.

Franzi o cenho.

– O que¿ Está brincando comigo!

– Não! Faz parte da surpresa.

Reprimi um sorriso e decidi não discutir.

– Tudo bem. – eu disse suspirei.

Ele amarrou um lenço branco envolta da minha cabeça.

– Está enxergando alguma coisa¿ - ele perguntou.

– Nadinha. – respondi.

– Ótimo.

Ele começou a dirigir e permanecemos calados durante todo o caminho. Eu não conseguia enxergar nada e meu coração batia cada vez mais forte.

Depois de uns vinte minutos, Johnny parou o carro.

– Não tire o lenço.

– Tudo bem. – respondi.

Ouvi-o abrir a porta do carro e depois fechar. Depois de um tempo ele abriu a porta do carona e ajudou-me a ficar de pé.

Nós andamos um pouco e ouvi o barulho de um portão se abrindo e depois se fechando.

Franzi o cenho.

Ouvi barulho de chaves e uma porta se abrindo. Ele pegou minha mão e conduziu-me enquanto eu dava passos, insegura.

Andamos mais um pouco.

– Johnny! – eu disse. – Está me matando desse jeito.

Ouvi-o sorrir.

– Espere só mais um pouco.

Ele soltou minha mão e disse:

– Não abra os olhos ainda. Espere, preciso fazer um negócio.

– Tudo bem.

Não conseguia identificar nenhum som diferente dos passos dele. Depois de alguns minutos ele disse:

– Tudo bem, vamos lá Srta. Anne, abra os olhos.

Tirei o lenço dos olhos e minha boca secou. Eu estava paralisada, com as pernas bambas, tremendo, com o coração disparado.

Havia pétalas de rosas vermelhas por todos os lugares e na parede bem atrás de nós, havia uma enorme foto minha. Sorri ao ver que a foto era a que Johnny havia tirado de mim, sorrindo, no nosso primeiro dia em Nova York, no topo do prédio. A foto cobria a parede inteira, como um papel de parede.

Olhei para ele e senti que ia desmaiar.

Ele estava ajoelhado com uma caixinha vermelha na mão onde havia um anel dourado com uma pedrinha vermelha. Ele olhava para mim com um brilho intenso nos olhos. Ao seu lado, pétalas brancas formavam a frase “Casa comigo¿”

– Eu disse que aquela parede era para colocar a foto de algo ou alguém extremamente importante para mim, alguém me fizesse extremamente feliz, perder o fôlego e esse alguém é você Mary Anne. Então, estou aqui ajoelhado, eu sei que posso ouvir um não, mas, mesmo assim eu vou lhe fazer uma pergunta porque eu sei que é isso o que eu mais quero, e se você dizer sim, eu vou ser o homem mais feliz da face da Terra, então lá vai – ele disse e respirou fundo e olhou bem no fundo dos meus olhos – Mary Anne McCurdy, você quer casar comigo¿

Engoli em seco e sorri lentamente. Eu estava pasma, surpresa demais e emocionada.

Antigamente, sei que eu teria dito não, que eu era muito nova e inventaria mais um monte de desculpas por medo, mas no fundo do meu coração, eu sabia que não me importava e que o que eu mais amava nesse mundo era ele e que eu não me importaria de ficar o resto da vida com ele porque era isso o que eu queria independentemente das consequências.

Respirei fundo e sorri, olhei para cima e pisquei várias vezes para as lágrimas não saírem, não obtive muito sucesso nessa parte. Tornei a olhar para ele que tinha um sorriso ansioso nos lábios e os olhos fixos nos meus:

– Sim, eu quero.

Ele soltou o ar pela boca e eu ri. Ele balançou a cabeça e pude ver seus olhos cheios de lágrimas o que me fez sorrir ainda mais.

Ele colocou o anel em meu dedo anelar da mão direita, encima do anel de compromisso, levantou-se e me beijou intensamente me rodopiando.

– Você faz alguma ideia que como eu te amo¿ - ele perguntou me pondo no chão.

Sorri e coloquei meus braços ao redor de seu pescoço. O beijei novamente.

– Eu te amo muito. – eu disse. – Acho que nesse momento eu posso falar um milhão de vezes “Sim”.

Ele riu e me deu outro beijo.

– Espere um minuto, eu preciso fazer uma coisa.

Ele me soltou e foi até a porta do ateliê abriu e gritou bem alto:

Ela disse sim!

Arregalei os olhos e comecei a rir.

Fui até ele e fechei a porta, lhe empurrei contra ela e lhe beijei com vontade.

Cara, eu ia me casar com ele!


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