"Toda vez que eu te vejo o coração dispara, é muito mais que desejo. "

– Thiaguinho

A Esquentadinha me chamou para almoçar em sua casa, apesar de ainda ter medo do pai dela, aceitei por que não gosto de perder nenhuma oportunidade de ficar perto dela. Assim que cheguei lá Bianca abriu a porta pra mim, o Duca estava no sofá, enquanto Gael e Dandara estavam na cozinha.

– Pedrinho, que bom que veio. Como está? - a tia Dandara pergunta, e Gael nem olha em minha direção.

– Estou bem. Cadê a Karina? - pergunto. E Gael aponta pro quarto.

Vou até lá e encontro João abrindo os braços para abraçar Karina, eu brinco dizendo para que ele não mexa com ela, e depois ele sai. Assim que coloco os olhos nela sinto que está errado, pois ela me chama de Pedro e não de moleque, mas quando a pergunto e ela não quer responder, eu deixo quieto.

Vamos pra sala, e então o João me chama dizendo que precisa conversar comigo, então vamos até o quarto da Bianca e Karina.

– Fala Jonhy, o que precisa falar comigo? - pergunto me sentando na cama da K.

– É sobre a sua esquentadinha. - ele avisa, e eu aceno com a cabeça para que prossiga com o assunto. - Você falou algo em relação ao modo dela se vestir?

– Que papo é esse, João? - eu digo, nunca me importei com essa coisa de roupa, já ouvi comentários mas sempre ignorei.

– Hoje na hora que estava fugindo da minha mãe, e do Gael vim pro quarto pois a K sempre fica no canto dela e eu no meu. Mas quando cheguei aqui ela estava chorando, e veio com um papo se eu achava que ela se vestia mal, e ela estava realmente preocupada se você não a achava masculinizada.

– Nossa que viagem, eu nunca a vi dessa maneira, eu sempre soube que ela ama lutar, mas ela ser masculinizada? Nunca, e sabe como eu sei? Eu sei por que quando a beijo, ela se derrete, ou quando geme, não consigo ver ela de outra forma a não ser essa, a de minha esquentadinha

– Acho que seria bom você falar isso pra ela, tem alguém enfiando ideia ridículas na cabeça da menina.

– Sério nem acredito nisso, a K se faz de durona mas é toda sensivel, jamais falaria isso com ela, mas vou descobrir quem foi, e a pessoa que se prepare. Sei que sou todo palhaço, mas não mexe com que eu amo. - eu digo e então o João arregala os olhos, e eu também quando percebo que acabei de falar.

– Cara você se escutou? - ele pergunta.

– Sim, mas vamos esquecer isso. Não estou pronto pra encarar isso. - eu digo. - E você ainda apaixonado pela Bianca?

– Nem estou mais. Percebi que além dela não querer nada comigo, ela não é tão perfeita quanto eu achava. - ele responde. - Na verdade, tem uma garota que faz mais meu estilo, só que ela é pior do que quando se trata se abrir pra alguem.

– Existe alguém assim, pior que você?Quero conhecer essa garota. - eu digo, ele me empurra, então vamos pra cozinha rindo.

A comida já está pronta, o assunto do quarto ficou só entre nós. Estávamos na mesa, e foi então que comecei a perceber algumas indiretas da Bianca para Karina, mas não queria acreditar que era a irmã dela falando merda pra ela. Duca e Bianca estavam comunicando que iriam a praia, e Gael deu a ideia de João, Karina e eu irmos também, e eu já ia aceitar quando Bianca disse palavras que me fizeram perceber que sim, ela era a causadora dessa confusão na K.

– Qual seu problema comigo? - Karina grita se levantando. - De novo esse assunto sobre como me visto?

– Karina pare de gritar agora. - o pai dela diz batendo na mesa.

– E você do lado dela. Que surpresa! - ela ironiza.

– Então foi você? Qual o seu problema? - eu grito ao mesmo tempo que Karina corre para o quarto.

– Por que está gritando com minha filha? - Gael briga comigo.

– Porque essa garota é doente, enfiou um monte de merda na cabeça da Karina. - eu falo, olhando com raiva para Bianca que se faz de sonsa.

– Se você gritar ou falar mais uma vez assim com a minha namorada, vou fazer você se arrepender. - Duca me ameaça.

– Ah! Quando se trata da Bianca todos vocês viram o grande protetor, e a Karina? Quem protege ela? - digo.

– Gente se acalmem. - Dandara pede.

– Mãe, não se mete. O Pedro está certo, a K ta mal por causa dela. - João tenta me ajudar.

– O que vocês querem dizer com isso? Bianca o que está acontecendo? - Gael diz e pergunta para Bianca, que já está fazendo uma cara de choro.

– Eu? Não fiz nada. Com certeza a Karina jogou esses dois contra mim. Ela me odeia. - ela começa um choro fingido, e Duca logo fica cara a cara comigo.

– Viu o que fez? Acho bom você pedir desculpas para Bianca agora.

– Olha assim que ela pedir desculpas para Esquentadinha, eu faço o que quiser. - eu falo.

– Não Duca, não precisa brigar, ele só acredita na Karina. - Bianca soluça.

– Agora entendi por que quer ser atriz, você interpreta tão bem. - João fala com ironia.

– Concordo contigo, Jonhy. Bianca tem talento. - eu falo.

– Querem saber, eu vou sair daqui. - Bianca fala e sai pra fora, e Dandara vai atrás dela.

– Eu vou acabar com você. - Duca diz avançando.

– Eu sei disso, mas não me importo. - eu falo, já com medo. - Mas ninguém rebaixa a minha namorada.

– Moleque não estou entendendo nada, o que aconteceu que você atacou minha filha? - Gael pergunta, segurando o Duca atrás dele que me manda olhares ameaçadores.

– João encontrou a Karina chorando, e falando um monte de besteiras que foram colocadas na cabeça dela pela Bianca. Que pelo visto resolveu atormentar a irmã.- eu digo, Duca avança de novo.

– Pare de falar da Bianca dessa maneira.

– Querem saber não devo nada a vocês, já que são cegos e não percebem nada. - eu falo e vou em direção ao quarto, e João me segue.

– Não fale assim comigo, garoto. - Gael diz tentando me segurar.

– Vou me desculpar depois, mas agora irei falar com ela.

Então abro a porta, e tenho a visão mais linda de todos os tempos, Karina só de lingerie. Como alguém poderia dizer que essa garota é mulambenta, ou nem um pouco feminina? Não consigo dizer nada, só encaro a perfeição que é minha namorada. Seu corpo é perfeito, e delineado, e eu tive um vislumbre da sua linda bundinha. Quando percebo estou na sala, devo ter sido arrastado e nem percebi.

Karina volta pra sala com uma camisola colada ao corpo, e eu só consigo encara-la pois ela está tão gata, que minha vontade é de agarra-la na frente de três caras e de seu pai, ainda mais quando ela morde aquele lábio, mas me seguro. Então me lembro que não foi só eu que vi aquela beldade no quarto, e logo um ciúme irracional me consome. Olho pro Duca que não encara a Karina, o que eu acho ótimo. Me viro para o João e ele está sorrindo e encarando a MINHA Karina. Lhe dou um tapa na cabeça, e ele se vira e olha pra mim, e levanta os ombros pedindo desculpa.

– Karina você pode por favor me dizer o que está acontecendo? - Gael pergunta.

– Acontecendo o que? Eu que deveria perguntar, já que vocês invadiram meu quarto. - ela diz mal humorada.

– O que estava fazendo daquele jeito no quarto? - Gael briga.

– Estava me trocando, e se vocês soubessem bater na porta, não estaríamos passando por isso.

– Foi o seu namorado que abriu a porta? - Duca implica olhando feio pra mim.

– Tinha que ser. - ela diz sorrindo pra mim.

– Quero todos fora, e você João espere sua mãe lá fora ou no quarto você que sabe. - Gael manda. - Eu e Karina iremos ter uma conversinha.

– Eu quero falar com a Karina. - eu digo, mas sou puxado pelo Duca.

– Depois nos falamos. - ela diz, enquanto se senta no sofá cabisbaixa e seu pai de frente pra ela.

– Okay. - eu digo, e saio.

**

– Por que está com essa cara? - Tomtom pergunta quando me ver tocando violão no quarto, depois de esperar noticias da Karina a mais de uma hora.

– Ahh! Esse almoço na casa da Karina, deu um rolo danado. - eu murmuro.

– Sério? O que aconteceu? - a pirralha senta na minha cama.

Então conto tudo pra ela, e como sempre minha irmã dá uma ideia maravilhosa.

– Tomtom você é a melhor irmã do mundo. - digo gritando e a pegando no colo e a rodando.

– Eu sei disso. - ela brinca. - Você sabe que o sente pela K não é apenas gostar né?

– Eu sei maninha, mas vou esperar o tempo desenvolver esses sentimentos.

– Ta bom, agora vou lá pra fora, combinar com a mamãe, ela com certeza vai te ajudar. E me dá seu violão.

Ela sai e eu começo a trabalhar em uma pequena parte para fazer esse dia uns dos melhores para Karina, ainda mais depois dessa confusão.

**

Moleque: "Gatinha, me encontra no ponto de ônibus agora, coloca um biquíni, vamos passear pra esfriar a cabeça. Bjs :*"

Esquentadinha: Ah! Nem rola, meu pai não vai deixar, estou de castigo, Bianca disse pra ele que eu fico colocando as pessoas contra ela.

Moleque: Sua irmã está me tirando do sério, mas depois de hoje já vi como as coisas são na sua casa. Linda vamos sair, e curtir e principalmente conversar depois arcamos com as consequências."

Esquentadinha: "Ta bom, vou trocar de roupa, e já to indo."

Sorrio e pego minhas coisas, e vou pro ponto esperar minha gatinha esquentadinha. Ainda fico um tempo esperando, e então Karina aparece e está linda como sempre. Eu a puxo para um abraço, e sei que para conversar com ela será um pouco mais delicado.

– Estou contigo sempre. - eu sussurro em seu ouvido.

– Eu sei. - ela diz me dando um selinho. - Você não vai pedir dinheiro no ônibus cantando de novo não né?

– Não, na verdade tenho uma surpresa pra você. - eu digo e ela sorri de lado.

O ônibus chega, e nós entramos, no caminho pra Praia Vermelha, não conversamos, apenas ficamos abraçados e curtindo um ao outro. O bom dessa praia é que é uma das mais vazias no Rio, assim que chegamos arrumei um canto pra gente, estendi uma canga no chão, deixei a mochila num canto. Tiro minha camisa e bermuda e fico apenas de sunga, vejo Karina me encarando mas não a provoco, ainda mais hoje.

– Vamos dá um mergulho? - eu pergunto.

– Acho que não. - ela diz meio com vergonha.

– Esquentadinha, você sabe que hoje mesmo te vi semi nua, se lembra?

– Como iria esquecer? - ela fala revirando os olhos. - Falando nisso por que entrou daquele jeito no quarto?E por que brigou com a Bianca? - ela pergunta.

– Não acha melhor curtimos um pouco o mar e depois conversamos sobre isso? - eu falo tentando adiar um pouco a conversa, pois o assunto é delicado.

– Não, acho melhor conversar agora. - ela emburra.

– Ta bom. - eu concordo, e me sento ao lado dela. - Passa protetor em mim, enquanto te explico.

– Mais é folgado mesmo né. - ela reclama. Mas começa a passar, e sentir tanto contato assim com ela é extraordinário.

– João me contou que você estava chorando, e quando vi Bianca falar aquilo percebi que foi ela que falou contigo. Podem ser sua família mais ninguém pode te tratar mal.

– Sei me cuidar sozinha, não preciso de heroí. - ela fala serrando os dentes.

– Eu mais que ninguém sei disso, mas você se faz de durona mas ainda assim tem coisas que lhe atinge, como as coisas que Bianca disse.

– Sim, foi ela, e me machucou muito. - ela fala. - Acabei. Que tal passar em mim?

– É pra agora. - eu sorrio, já que ela se levanta e escorrega seu short e logo depois tira a blusa, e eu fico LITERALMENTE babando.

– Já disse que odeio quando me olha assim. - ela fala, mas sei que está mentindo.

– Odeia nada, você sabe que eu adoro te ver e babar por você. - ela sorri, e se senta entre minhas pernas. - O que Bianca te disse?

– Ela disse que pareço um menino, e que você logo vai se cansar de eu ser assim. - ela fala baixinho, mas escuto um gemido quando acaricio suas costas.

– Sério eu vou matar sua irma. - eu reclamo, e a vira fazendo que fique de frente pra mim e vejo tristeza em seus olhos. - Linda você realmente acredita nisso? Que eu vou me cansar de você?

– Ah! Não sei, a única coisa que sei é que sou diferente, e que todos acham que você está doido por namorar comigo, uma maria homem. - ela fala com seus olhos cheios de lágrimas.

– Jamais se chame assim novamente, entendeu Karina? - digo brabo, se eu pegar alguém falando isso pra ela, acabo com a raça da pessoa, mesmo não sabendo bater apenas apanhar. - Olha eu não ligo pro que as pessoas pensam, esse nosso relacionamento é só nosso.

– Pode até ser, mas ainda assim ....

– Ainda assim nada, gosto de você do jeitinho que é. - eu a interrompo.

– E se eu fosse mais feminina? Me arrumasse mais? - ela pergunta.

– Karina coloca algo nessa sua cabeça teimosa. Não me importo de como você é. - eu digo e seguro o rosto dela, para que possa olhar em meus olhos. - Eu gosto de você de qualquer jeito: me batendo, me beijando, arrumada, bagunçada, quando está lutando, ou quando está dançando, ou senão quando abre um sorriso lindo, ou o brilho dos seus olhos, até o seu corpo todo "fitness". Eu amo sua força, não a de lutar mas a de ser forte pra encarar qualquer um que vier.

– Pedro não ...

– Ainda não acabei Karina. - interrompo ela novamente. - Sei que você passa por uma barra dentro de casa, eu até pensava que era algum exagero seu, mas hoje percebi a diferença que você é tratada.

– Não quero você com pena de mim. - ela diz tirando meus braços de sua perna.

– Não é pena, o que sinto por você é admiração, por ser desse jeitinho. E outra se você quer se arrumar ou mudar de visual, pra mim tanto faz desde que você continue minha namorada que tanto gosto.

– Obrigado, Pê. - ela diz sorrindo.

– Só faço minha obrigação, que é cuidar de você, minha Esquentadinha. - digo a abraçando por cima do ombro.

Depois dessa conversa franca, a chamei para o mar novamente e desta vez ela aceitou. Fomos correndo pela areia e eu logo me jogo, e mergulho quando volto de novo, ela ainda está na beirada.

– Vem K, não vai entrar? - eu digo, passando a mão pelo meu cabelo.

– Acho melhor não, a água ta fria. - ela reclama.

Eu vou até ela correndo, e a pego no colo e corro de volto para o mar, e a solto, ela dá um gritinho e some debaixo d'água.

– Vou te matar, Moleque. - ela diz, subindo tossindo e cuspindo água e ao mesmo tempo avançando em minha direção.

– Pode me matar, mas de beijos. - eu falo e a puxo pela cintura e a beijo.

Se eu tivesse uma lista dos beijos que damos, esse estaria entre os 3 primeiros, pois é apaixonante, e intenso, assim como meu sentimento por ela. Quando sua língua toca a minha, eu aprofundo ainda mais o beijo, a colando mais ao meu corpo. O lado bom de beijar nessa água fria, e que a água é fria e não tem perigo de certas coisas acontecer. Eu saio do mar e me sento na areia, ela continua lá, nadando e mergulhando. Quando ela sai do mar e vem em minha direção, parece que está até em câmera lenta, ela é linda, toda perfeita, e eu só agradeço que essa menina é toda minha.

Juntamos nossas coisas, tomamos uma ducha, e fomos numa barraquinha ali perto, escolhemos uma mesa e eu vou buscar dois milk shake para nós. Volto pro lugar que estávamos e lhe entrego.

– Como você sabe que amo o de chocolate? - ela pergunta.

– Você ama tudo de chocolate, quando a gente estava apenas saindo você comeu uns cinco no cinema. - digo me lembrando. Ela nem reponde, está tão concentrada em seu copo, aproveito pego meu celular e bato uma foto dela.

– Lá vem você de novo. Pare de tirar fotos minhas. Você sempre faz isso. - ela reclama.

– Eu amo ter fotos suas comigo. Mas vou parar.

Depois que acabamos de tomar, dei a ideia de passarmos no shopping, andamos aquilo lá tudo. Quando já estava escurecendo, Karina resolveu ir no banheiro, aproveitei para pegar uma das partes da minha surpresa pra ela. Quando ela volta sorrio como se não estivesse aprontando uma das melhores coisas de sua vida, pois isso é pra demonstrar que não quero deixá-la de lado como família está meio que fazendo.