Caro senhor Hubermann,

Chorei baldes quando você e a tia Rosa morreram. Liesel também. Você tinha que ver sua menininha se ajoelhando nos destroços da rua Himmel... foi tão deprimente, cara. Digo, Herr Hubermann.

Fico feliz em dizer que Liesel e Max sobreviveram. E Alex Steiner voltou da guerra. Sabe, aconteceram muitas coisas em quase 70 anos, tio Hans, mas caso queira saber o que acontece, leia a carta que fiz pro Rudy. E antes que hajam perguntas, sim, ele morreu também.

Uma coisa que me deixa mais triste ainda é ver que ainda existem grupos nazistas. É muito bullying, sabia? Tudo só porque a pessoa nasceu com cabelos e olhos castanhos, e o nariz levianamente grande...?

Você foi um ótimo pai. Muito bom mesmo. Liesel quase se afogou nas lágrimas derrubadas no seu corpo inerte. Nossa, que frase mais depressiva, vamos pular logo para a parte feliz, Herr Hubermann? Vamos sim.

Amo a cor dos seus olhos. Cinzentos. São muito divos. E você é pintor! Isso é muito legal... ah, tio Hans, posso te pedir um favor? Me ensina a tocar acordeão? Tá, aqui onde eu moro ia ficar muito "Minha vida é andar por esse país, pra ver se um dia eu descanso bem", sabe, Luiz Gonzaga?, mas não faz mal. Caso saiba tocar violão também, eu aceito. Tô louquinha pra aprender. Não tem problema se não souber. Tenho certeza que música não é meu dom. (os vizinhos que o digam)

Como você conseguiu ser tão bonzinho, em plena Alemanha nazista? Isso é praticamente impossível. Queria ter a coragem que você teve, se importar com um judeu quase morto. Isso foi muito nobre.

Acho que não tenho muito a dizer, a não ser sinto muito, tio Hans. Foi uma pena você ter morrido numa época tão horrível.

Com carinho,

Gabe Frost.