Querido Bruno,

Você foi muito fofinho. O menino que te interpreta no filme é meu marido. O nome dele é Asa Butterfield, sabia? Asa! Eu e minha amiga tiramos sarro dele chamando-o de Asa de Borboleta. Brabuleta, na verdade, mas meu português não é tão ruim assim... aposto que riria dessa se estivesse vivo. Mas você não tá, então... tendo um mini ataque histérico.

Achei você cuti-cuti desde o primeiro momento. Brincando de aviãozinho com os amigos! Tão "awn"! Sente falta deles ainda? Sente falta... do Schmull? Deve sentir. Vocês se vêem aí onde você está? Tomara que sim.

Foi tão inexplicável o jeito heroico com que você rastejou para dentro daquele campo de concentração, procurando inocentemente o pai do Schmull, com... esperanças de sobra! Sabe o quanto eu fiquei preocupada? Sabe quanto sua mãe ficou preocupada? Sua irmã? Seu pai! A geral ficou preocupada contigo! Me desculpe o tom de "sou sua mãe, me obedeça calado", mas foi realmente necessário.

Sabe o que aconteceu quando você e o Schmull morreram? Minha mãe estava quase oferecendo um potinho, de tanto que eu chorava. Você quebrou meu coração, seu danado. E como eu não tenho raiva de você? Isso eu não sei. Tenho raiva do John Boyne. Nem chamo ele de tio. Tá mais pra "assassino Boyne". Pior que o John Green. Isso é complexo de Johns? São todos pessoas assassinas de personagens fictícios?

Eu juro, não consigo ter raiva de você. Você não fez por mal. Muito pelo contrário! Imagina se o pai do Schmull ainda estivesse vivo, e se seu pai tivesse chegado a tempo de te salvar! São muitos "se" numa terra de possibilidades, não é?

Ai, isso é tão deprê... vou parar com os pontos tristes, tá? Vamos para os míseros pontos felizes. Você conseguiu achar o pai do Schmull, aí onde você está? Estão vivendo mais afortunados agora? Espero que sim.

Queria dizer só isso. Você não vai ler, mas caso fique sabendo, dê um jeito de responder a carta. É importante, okay? Manda um beijo pro Schmull, porque ele também é fofo. Fofo ao extremo.

Com amor,

Gabe Frost.