Rivalidade escrita por Gislane Brito


Capítulo 6
Capítulo 6.


Notas iniciais do capítulo

Tem gente que demora para admitir o óbvio!



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Na manhã seguinte, Sherlock chega ao laboratório do Barts e encontra uma Molly disposta e sorridente.

_ Bom dia, Sherlock! O que veio fazer no laboratório em plena manhã de domingo?

_ Bom dia, Molly! Poderia lhe fazer a mesma pergunta...

_ Hoje estou de plantão, mas até a morte está de folga hoje!

_ Vim apenas por causa deste microscópio. Ele aponta o instrumento científico na ponta de um balcão.

_ Este caso deve ser muito importante mesmo! Não poderia esperar até a manhã de Segunda?

_ Nope... Se minha presença a incomoda tanto, vou me apressar!

Sherlock olhou rapidamente para Molly e estranhou tanto bom humor: O que há com esta mulher?

_ Trouxe café! Molly entregou uma caneca com café já morno.

_ Obrigado! Ele provou o café, fez uma careta, mas não reclamou... Sherlock olhou ao redor, não havia documentos novos sobre o balcão. O fraco cheiro de desinfetante confirmava que o movimento na sala de autópsias realmente fora fraco por aqueles dias.

O jaleco de Molly estava impecavelmente limpo. Ela usava batom de cor suave e os cabelos presos num coque baixo com mechas que caiam atrás das orelhas. Conclusão: Ela não havia se ocupado com nenhuma autópsia naquela manhã. Sherlock podia sentir seu perfume e se arrepiava toda vez que ela passava displicentemente por trás dele. Mas ele não tirava os olhos da lente do microscópio, mesmo quando sua concentração mudava de foco.

Quando Sherlock terminou sua análise, registrou suas descobertas e suspirou. Molly fingia que terminava algum relatório, se voltou para ele, mas nada disse. Ele via nos olhos dela apenas ternura e paciência. A Molly tímida e insegura não estava mais ali. O que teria causado esta mudança? Ele não podia deduzir e responder a pergunta. Ele se levantou e se aproximou dela, atitude pouco frequente da parte dele e agradeceu:

_ Obrigado pela ajuda, Molly! Tenho que ir...

Ela se levantou e segurou sua mão.

_ Não precisa agradecer. Já disse que, quando precisar, estarei pronta para ajudar. Ela tocou o rosto dele e o beijou quase tocando os lábios. Depois se sentou e voltou a escrever.

Ele ficou um momento com o olhar perdido esperando seu coração voltar ao rítmo normal, pegou seu cachecol e saiu.

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Electra acordou com o rosto bem próximo aos cabelos grisalios de Greg e sentiu o braço dele sobre sua cintura. Totalmente viciada em seu cheiro, ela se aproximou ainda mais para se embriagar dele enquanto brincava com os fios prateados de sua tempora. Quando ele abriu os olhos e se espreguiçou. A primeira coisa que ele viu, o fez desejar que o tempo parasse: Olhos da cor do mar refletindo a luz do sol que entrava pela janela, cabelos cacheados espalhados pelo seu travesseiro e o sorriso da mulher mais linda que já conheceu. Ele segurou a mão que ainda deslisava pelos seus cabelos e lhe beijou o pulso.

_ Acho que não existe nenhum modo melhor do que este para ser acordado. Disse Greg com a voz embargada.

Por mais meia hora, trocaram carinhos e beijos em silêncio antes de se levantarem da cama. Naquela manhã, evitaram o assunto África. Mas a realidade veio a tona quando Electra recebeu a primeira mensagem do dia pelo telefone: Onde você está? Vou buscar Max no aeroporto. Esteja na Baker Street em meia hora. Não aceito desculpas!

Greg a observa enquanto respondia a mensagem.

_ A Sra. Motsepe deve estar preocupada com você!

_ Aquela mulher nunca relaxa... Tenho que ir, Greg. Ela não abre mão de minha presença no comitê de recepção do marido dela.

_ O Sr. Motsepe veio para leva-las embora? Me desculpe, Electra, não quero ser impertinente, mas pensei que poderíamos passar este Domingo juntos!

Electra sentiu um aperto no coração quando se lembrou que estaria no avião de volta para casa em menos de quatro dias.

_ Max não veio nos buscar. Provavelmente só está de passagem pela Inglaterra e resolveu matar as saudades da esposinha... Apesar de passional, ele é um cara legal! O considero um amigo.

Ele se abraçaram e depois partiram para a Baker Street. A primeira pessoa que os viu juntos foi a Sra. Hudson. Electra usava a mesma roupa com a qual havia saído na noite anterior e não foi difícil deduzir que ela não havia dormido em casa.

_ Bom dia Greg, bom dia Electra... Vocês estão bem? Electra sorriu abaixou a cabeça e seguiu para o seu apartamento deixando Greg para trás com a responsabilidade de acalmar a curiosidade do senhoria.

_ Estamos muito bem, Sra. Hudson. Obrigado por perguntar!

_ Que bom... Sherlock acabou de chegar. Ele me pareceu um pouco nervoso!

_ Sherlock... Nervoso... Isto não chega ser uma novidade! Ironizou sem tirar os olhos da porta do apartamento onde Electra acabara de entrar.

_ O senhor é o amigo mais próximo no momento. John está acompanhando Mary a uma consulta de pré-natal. Eu nunca vi Sherlock deste jeito!

_ O que a senhora quer que eu faça?

_ Eu tentei conversar com ele, mas ele quase me enxotou do apartamento! Não sei por que continuo tentando ajudar este ingrato! Quero que você fale com ele...

_ O que a faz pensar que ele me trataria diferente? E se for apenas um problema com drogas de novo?! Ele sai dessa sozinho desta vez...

_ Por favor, Greg!...

_ Está bem, Sra. Hudson... Vou tentar falar com ele, mesmo sabendo que ele talvez me expulse do apartamento antes que eu termine de dizer bom dia. Antes tenho que dizer uma coisa a Srta. Wiese!...

_ Ah, sim... Parece ser importante... A senhoria disse com sarcasmo!

Chegando a porta do apartamento de Electra, ele a encontrou saindo do banho vestindo um roupão e enxugando os cabelos. Mais uma vez, uma onda de desejo o atingiu e fez esquecer o que ia dizer. Electra percebeu, sorriu e o beijou no rosto antes que o pedisse para se sentar no sofá. Ela entrou no quarto e perguntou:

_ Me deixe adivinhar: Holmes está tendo um daqueles chiliques? Desconfio que a causa seja uma certa legista baixinha!

_ E como você sabe de tudo isso? Ah, já sei... Você leu os dois! Electra, você nunca descansa?!

_ É claro que você já sabe que rola um clima entre estes dois a muito tempo?!

_ Rola um clima??? Sei que Molly sempre foi muito prestativa com ele, até demais...

_ Você até que gostava dela também, não é, Greg?!

_ Electra, de onde você tirou isto?

_ Estava claro pra mim que um dia a máscara do homem de gelo cairia, mais cedo ou mais tarde!

_ Você andou conversando com a Molly?...

Electra saiu do quarto e aos olhos de Greg Lestrade, mais parecia uma deusa. Ela vestia uma bata branca com alças finas, calça marrom justa, cabelos soltos ainda úmidos e batom cor de vinho. Ela se sentou na poltrona enfrente a ele e Greg não pode esconder o deslumbramento:

_ Como você conseguiu ficar ainda mais linda! Meu deus...

Electra sorriu e desconversou:

_ Você me perguntou se eu havia conversado com a Molly? Eu apenas disse a ela que não se rebaixasse mais, só isso! Vá falar com seu amigo... Diga a ele que o fato de estar apaixonado não deve interferir com suas habilidades, bom... Talvez interfira... Só um pouco! Você não precisa dizer isso a ele!

_ Electra, não vou dizer isso a ele! Sherlock não é bobo... Espere aí?! Você disse que Sherlock está apaixonado?... Pela Molly? Isto é impossível...

_ Você acha mesmo?... Pense melhor, Greg. Electra riu da expressão no rosto de Greg...

_ Isto prova que o famoso Sherlock Holmes é tão humano, tão falho como qualquer outro homem...

_ Electra!...

_ Não é nada pessoal, Greg...

_ Você está tentando desestabilizá-lo para que ele cometa algum erro, ou é impressão minha?!

_ Não preciso arranhar a preciosa reputação de Holmes, ele vai fazer isso sozinho!

_ Electra, você não precisa disso!

_ Eu sei!... Eu sou a melhor detetive da África!...

_ E quer se tornar a melhor do mundo!... Quem garante que você também já não foi desestabilizada?!

_ Isto é impossível, meu caro! Eu sou mulher, você sabe que nós mulheres podemos executar várias tarefas simultaneamente sem prejuízo da qualidade de nenhuma! Disse com displicência.

_ Isto quer dizer que você também está apaixonada?

Electra olhou para Greg, respirou fundo, mexeu com os cabelos e se levantou:

_ Você não vai fazer o que a Sra. Hudson pediu?

_ Eu vou, mas eu volto!

Quando Greg, saiu Electra se deitou no sofá próximo a janela para tentar ouvir a conversa que aconteceria no andar superior. Ela deduziu que seria divertido ouvir os gritos de Sherlock.

Greg bateu na porta do apartamento de Sherlock que havia começado a tocar seu violino:

_ O que você quer, Lestrade! Disse antes que ele o cumprimentasse.

_ Bom dia, Sherlock...

_ Hoje é Domingo, vá assediar a Wiese. Ao que parece, este tem sido seu esporte favorito nos últimos dias...

_ Por favor, Sherlock, não comece com suas ofensas! Vim em missão de paz! A Sra. Hudson disse que você está se comportando mais estranhamente que o normal.

_ E o esporte da Sra. Hudson é se meter onde não é chamada! Disse com o tom de voz intencionalmente alto.

_ Ela, como eu, só quis ajudar! Deixe de grosseria uma vez na vida. O que há de errado com você? Você andou se metendo com traficantes de drogas de novo?!

_ Espere um pouco! Você não está realmente preocupado comigo... Isto tem a ver com o comportamento estranho de Molly e... Este perfume em você!... Você conseguiu se tornar íntimo de Wiese. Estas duas andaram de conversinha pelas minhas costas! Qual é o plano de Wiese? Você foi recrutado por ela... Esta mulher está tentando me atingir usando meus amigos!

_ Agora você é que está sendo paranóico, Sherlock! Electra ajudou a salvar a vida de John!

_ A inveja que Wiese tem de minha reputação é a causa disso tudo! O que eu sinto ou deixo de sentir não é da conta de ninguém...

_ Eu desisto... Só se lembre que você é humano e não vai escapar de ter as fraquezas humanas... Aprenda a ser um pouco mais humilde. Isto já seria um bom começo... Electra tem razão: Você está desestabilizado! Passar bem, Sherlock Holmes... E saiu batendo a porta do apartamento.

_ Eu vou mostrar quem está desestabilizado...

Sherlock nunca admitiria mas Electra Wiese já havia reservado um lugar em seu palácio mental... Ela havia se tornado parte de sua consciência!

Greg voltou ao apartamento de Electra sem esconder sua frustração e a sensação de ter sido usado como um pião numa guerra de egos. A primeira coisa que viu o deixou ainda mais perturbado: Electra abraçada a um homem que ele supôs se tratar do marido de Janet Motsepe, Max Motsepe. O homem alto, imponente e com um sorriso que enchia a sala, o olhou e Janet o apresentou:

_ Inspetor Lestrade, que prazer em vê-lo novamente! Este é meu marido, Max Motsepe.

_ Muito prazer em conhecê-lo. Soube que o senhor salvou a vida de minha esposa e de minha amiga maluquinha aqui!

_ O detetive Sherlock Holmes e Inspetor Lestrade tiveram papel fundamental no desmantelamento da rede terrorista liderada por Maleki. Eles sempre serão lembrados como heróis.

Electra ouvia sem se impressionar com o discurso de Janet.

_ Apenas cumprimos nossa missão. A Detetive Wiese arriscou a vida para impedir a fuga do terrorista... Ela é uma heroína!

_ Como o senhor disse, apenas cumprimos nossa missão!

Greg, somou mais uma frustração à sua coleção: O de ainda não ter sido apresentado como namorado de Electra, mas compreendeu que talvez não fosse um bom momento para isso!

Janet havia preparado uma bandeja com chá e torradas bem ao estilo inglês e Max brincou:

_ Vocês fizeram mesmo uma imersão na cultura local, não é, meninas?!

Janet não perdeu a oportunidade para alfinetar a amiga. Olhando para ela e para Greg, disparou:

_ Você nem imagina o quanto, querido!

Electra fuzilou a amiga com os olhos e desconversou:

_ Inspetor, podemos ajudá-lo?

_ Com sua permissão, Sr e Sra. Motsepe, Senhorita Wiese, posso ter uma palavra com a Srta? Só preciso de dois minutos. Não quero atrapalhá-los.

_ Os ingleses... Sempre tão educados! Comentou Max.

_ Claro... Electra se levantou e o seguiu até o corredor.

Imediatamente, Electra percebeu que algo o incomodava mas, esperou até que ele falasse.

_ Sei que saímos juntos apenas uma vez, mas bem que podíamos deixar as formalidades de lado por um momento! A conversa com Sherlock foi um desastre... Ele desconfia que você quer arranhar a reputação dele e ele tem razão! Eu tive a forte impressão de ter sido manipulado... E a pobre Molly também!

_ Está certo, acho que exagerei com esta coisa de estragar a reputação do Cara. Me desculpe se eu passei a impressão errada pra você! Mas Molly e Sherlock iriam acabar juntos sem minha ajuda de qualquer maneira. Nunca usaria você nem ninguém pra isso! Mas sei que fiz um bem para Molly. Ela não vai deixar que ele a magoe.

Electra tocou no rosto de Greg e olho no fundo daqueles olhos castanhos e disse quase num sussurro:

_ Você agora faz parte de minha vida. Esteja eu em Londres ou Pretória, isto não vai mudar.

Greg, ainda não muito convencido, colocou as mãos ao redor da nuca de Electra e a beijou mas não sem antes verificar se a senhoria estava por perto.

Greg e Electra sorriram por não poder evitar se sentirem como adolescentes. Depois se despediram prometendo se encontrarem mais tarde.


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Notas finais do capítulo

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