Rivalidade escrita por Gislane Brito


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Vocês me inspiraram... Se quiserem, ouçam uma música que escolhi para o fundo musical:

www.youtube.com/watch?v=L2ED4QXypco



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Sherlock havia passado a noite em claro. Em seu palácio mental, várias vozes o atormentavam divagando incessantemente sobre o quê seria realmente importante na vida: Reputação, segurança, amizade, dinheiro, família, justiça, sabedoria, amor... A voz de seu irmão, sempre representava a estoicidade, a razão sem emoção. A voz de sua infância, seus sonhos mais secretos, a ingenuidade. John representava o ideal de lealdade e Molly, o amor incondicional. Uma nova voz surgiu entre todas as outras, para atiçar sua curiosidade e seu desejo de confrontar a sua humanidade. A capacidade de reconhecer suas fraquezas e usá-las a seu favor. A imagem de Electra surgiu como uma heroína gótica no espelho.

_ Holmes, você é um tolo! Você teme sua própria humanidade. Isso mesmo... Ninguém, nem mesmo você, pode lutar contra a natureza para sempre! Todos cometemos erros... Mas, e daí?! A vida é curta demais... Se você não sair desta apatia emocional nunca conhecerá a felicidade do amor correspondido e... Nem a dor de perdê-lo. Mas, a vida é isso: Ganhos e Perdas... Vai por mim, Molly não vai esperar para sempre!

_ Molly é a pessoa que mais merece ser feliz neste mundo de idiotas. Quais são as chances que ela teria de ser feliz ao meu lado?! Sou um íma de problemas...

_ Se você a ama, você decide quais são estas chances! Neste momento, você é o dono de seu destino...

Naquele dia, Sherlock Holmes enfrentaria seu maior inimigo, o medo de tentar ser feliz.

Sem aviso, ele foi ao apartamento de Molly antes que ela chegasse do trabalho. Ele esperou por ela sentado no chão ao lado da porta.

Ela chegou distraída, olhando para baixo enquanto pegava as chaves no bolso do casaco e se assustou quando esbarrou no homem sentado no chão com as pernas cruzadas.

_ Sherlock, pelo amor de deus, você quase me matou de susto! O que você está fazendo na minha porta a esta hora?

_ Me perdoe, Molly. Não tive a intenção de assustá-la.

_ Precisa de alguma coisa?

_ Preciso... Preciso falar com você.

_ Entre, por favor... Está gelado aqui fora. Vou preparar um chá.

Quando ele se sentou, seus ombros doíam tamanha era a tensão. Os minutos que se seguiram pareceram horas. Ele ficou ouvindo os sons que vinham da cozinha. Xícaras sendo colocadas na bandeja, talheres caindo no chão, portas dos armários batendo... Parecia que Molly também estava nervosa. Ela quase se queimou no bule quente... Sherlock ofereceu ajuda, mas ela deu de ombros:

_ Está tudo bem, Sherlock. Eu já terminei aqui. Por favor, sente-se... O que veio me dizer? Perguntou enquanto colocava a bandeja na mesinha de centro.

_ Molly, cheguei a uma conclusão com relação ao nosso relacionamento. Eu realmente preciso de você.

_ Qual é o plano agora?... Não vai fingir sua morte de novo, vai?

_ Não é isso, Molly! Eu preciso de você do meu lado... Se você me aceitar, vou ficar honrado!

Ele segurou uma das mãos dela.

_ Se você me ajudar, tenho certeza que posso ser uma pessoa melhor!...

Molly estava atônita, com a boca aberta olhava para os olhos dele tentando decifrar o que se passava na mente daquele homem. As palavras não vinham... E quando vinham, quase não se podia ouvi-las... Onde estava aquela Molly segura e decidida do outro dia?!

_ Sherlock, você está... Me pedindo... Em namoro?!

_ Eu disse que preciso de você... Se quiser chamar isto... De namoro, não vejo problema nisso!...

Agora era ela que apertava a mão dele...

_ Bom... Molly se esforçava para não parecer idiota. _ Seu pedido parece razoável. Você pode me esclarecer qual o nível de intimidade que está pensando em ter?

_ O nível que achar conveniente!

Ela respirou fundo, se sentou ao lado dele e passou os dedos nos cabelos bagunçados de Sherlock. O primeiro impulso que ele teve foi de abraçá-la e, imediatamente, toda a tensão que sentia se transformou num suspiro de alívio. A felicidade que Molly sentiu foi tão grande que ela chegou a duvidar que estivesse acordada.

_ Sherlock, por favor, não me entenda mal, mas, por quê agora?

_ Porque o medo de que você desistisse de mim foi maior que o medo de arranhar minha reputação. Você trouxe minha humanidade de volta e não...

Molly o interrompeu com um beijo apaixonado. E quando Sherlock pensou que estivesse esquecendo de como se respira, Molly resolveu que era o momento de partir para outro nível de intimidade. Palavras não faziam mais sentido e o tempo não contava mais.

Na manhã seguinte, o mais difícil foi se lembrar que, do outro lado das paredes do apartamento, a vida continuava, sempre urgente. As mensagens de texto se acumulavam em seus celulares e Molly pensava seriamente em jogar os dois pela janela, mas, por maior que fosse sua vontade de ficar ali olhando aquela belíssima criatura dormir tranquilamente, ela teria que voltar para sua rotina. Ela se levantou, beijou os cabelos de Sherlock, tomou seu banho e preparou o café da manhã o mais silenciosamente que pôde. Ela colocou a bandeja no criado mudo e o acordou.

_ Bom dia, senhor Holmes!

_ Bom dia, senhorita Hooper! Respondeu sem abrir os olhos.

_ Fiz o café da manhã. Você não tem nenhum compromisso para esta manhã?

_ Já resolvi o último caso. Sei que John e Lestrade podem se virar sem mim por hoje! John anda bem ocupado com a gravidez da esposa e Lestrade só pensa em como agradar a Wiese... Hum... Bolinhos!!! Obrigado...

_ Espere um pouco! Você disse que Greg e Electra estão tendo um caso de verdade?! Sherlock, você tem certeza?

_ É claro... Não é óbvio?! Agora posso comer o bolinho?!

_ Greg conseguiu com Electra em semanas o que demorei anos pra conseguir com você! O cara é bom...

_ Eles são idiotas... Não nos compare com eles! Além do mais, Lestrade é só um passa tempo para aquela mulher. Wiese está de partida para a África... A vida volta ao normal logo em seguida... Graças a deus!

_ Sherlock, além de um grande fofoqueiro, você está sendo cruel, de novo! Você não sabe o que eles estão sentindo um pelo outro. Eu não suportaria se você tivesse que partir para tão longe... Imagine como Greg deve estar sofrendo... E Electra também! Eu sei que ela também tenta se passar por durona, mas no fundo é tão frágil quanto eu...

_ Você não é frágil! É a mulher mais forte que conheço!

_ Não sou não, sou uma manteiga derretida! Manteiga que está doida para faltar ao trabalho hoje e ficar aqui com você... Não me tente!

Molly se inclinou para dar vários beijos no rosto de Sherlock que ainda mastigava um bolinho, se levantou com um pensamento na cabeça: Tenho que me lembrar de agradecer a Electra e Greg pelo empurrãozinho que garantiu minha felicidade e já sei como.

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Electra chegou a Baker Street pela manhã e encontrou Max, Janet e Sra. Hudson tomando café da manhã e rindo de uma das piadas de Max. Apesar da aparente tranqüilidade, Janet sabia que a amiga escondia algo que a perturbava. Electra respondeu ao bom dia secamente e seguiu direto para o quarto sem responder as perguntas da senhoria:

_ Bom dia querida, você está bem? Você me parece cansada! Você estava com Sherlock em alguma investigação? Nossa... Foi alguma coisa que eu disse?!

_ Não senhora Hudson, Electra às vezes se finge de surda. Eu sei que tem alguma coisa errada quando isso acontece... Vou falar com ela, não se preocupe! Ja'net se levantou e foi atrás da amiga.

_ Elly, o que você tem?! Nem ao menos perturbou o Max com o caso de Souêto?

_ Não é nada importante, Jan! Seu marido deve está tentando segurar a Sra. Hudson para ela não ficar atrás da porta ouvindo a conversa. Isto não é tarefa fácil! Electra se deitou em sua cama sem tirar as botas depois se virou para pegar o estojo de sua guitarra, e Ja'net viu uma mancha roxa no pescoço dela.

_ Não tente desconversar, Senhorita Wiese! O que está te perturbando? Você estava com Greg, eu sei. Vocês brigaram?

_Não, Jan... Eu sou mulher de perder tempo com discussões inúteis?!

_ Tem uma mancha aí... no seu pescoço...

Electra se levantou para se olhar no espelho.

_ Mancha?! Droga... Electra praguejou o usou maquiagem para esconder a mancha.

_ Elly, você se deu conta do que está acontecendo?!... O que está acontecendo com você?

_ Tudo que sei é que você está começando a me tirar do sério bem agora! É isso que está acontecendo...

_ Você não me engana, Elly! Você está preocupada com seu futuro longe do seu namorado... Você está sofrendo com a idéia de deixá-lo pra trás... Nunca pensei que chegaria o dia que eu veria a poderosa Electra Wiese sofrer por amor... Quem diria!...

_ Namorado? Sofrer por amor? Não delira, Jan...

_ Não precisa fingir... Sou eu, amiga!

_ Você não vai desistir, não é, Jan...Muito bem... Eu nunca criei grandes expectativas para este...

_ Namoro?

_ Não sei se posso classificar... Isso, como um namoro! Greg sabe que a vida dele não vai mudar nada! Quando nos entrarmos naquele avião amanhã de manhã, isto tudo vai ser esquecido. Já ficamos tempo demais neste país dos narizes empinados.

_ Você escutou o que disse?! Sua boca fala uma coisa mas seu corpo diz exatamente o oposto! Tá na cara que você o ama... Se você resolver ficar, eu vou entender, Elly!

_ Não posso deixar minhas responsabilidades em Pretória por causa ... Disto... Holmes é um idiota, mas numa coisa nós concordamos: Sentimentos são uma falha humana!

_ Uma falha que tornaria a vida sem sentido se fosse corrigida! Falando em Sherlock Holmes... Você tem notícias dele?

_ Ele deve estar com a falha dele!

_ Como é?!

_ Você é a única que não sabe que a Sumidade da Dedução cultivava um amor platônico pela Legista Molly Hooper! E pelo jeito, ele finalmente deixou a máscara de homem de gelo de lado para realizar o sonho antigo da moça!... Tem gosto pra tudo neste mundo... A gentil doutora deve saber a localização exata do detetive neste momento!

_ Que babado, hein, amiga?!

_ O pobre Dr. Watson chegou e pelo jeito está aflito com o sumiço do parceiro. Vá lá tranqüilizar o homem...

_ Como você, sabe... Deixa pra lá!

Ja'net se aproximou e deu um forte abraço surpresa na amiga.

_ O que foi agora, Jan?...

_ Foi sua primeira vez, Elly! Que romântico... Parabéns, amiga! Será que Greg sabe disso?!

_ Nossa! Mas que coisa mais constrangedora, mulher!... Não sou mais uma adolescente!

_ Exatamente!

Ja'net saiu do quarto com um enorme sorriso no rosto e Electra começou a tocar uma balada romântica em sua guitarra.


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