Rosa do Deserto escrita por Y Laetitya


Capítulo 18
Um companheiro


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Espero que estejam gostando da história até agora, e é pensando nisso que adoraria ouvir algumas críticas, disponibilizo meu e-mail àqueles que não possuem conta no fanfiction para que, se quiserem, enviem alguma sugestão no que pode ser melhorado ou o que estão curtindo: ylaetitya@gmail.com
Ficarei no aguardo, e boa leitura!



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Corremos por horas em direção ao Sul, minha barriga doía, meu ombro latejava e minhas pernas tremiam, eu precisava descansar mais do que nunca, contornar o acampamento McCarran e a vault 3 no desespero custou muito de mim. Mesmo estando mais no limite de New Vegas, ainda estava alerta sobre a presença dos fiends naquela área.

—Quer parar? –Dylan perguntou, soando um pouco preocupado, mas não sei dizer se era por mim ou por conflitos que poderíamos enfrentar caso parássemos.

Eu olhei para o horizonte, o sol começava a mostrar seus primeiros raios de sol, fazendo sombras estranhas em meio à vegetação seca, isso queria dizer que passamos a noite toda andando e se escondendo. “Estamos perto?” eu perguntei, e ele deu de ombros.

—Vamos seguir mais um pouco, então. –Eu disse.

Enquanto andávamos em um ritmo mais lento, pude tomar mais fôlego, mas ainda estava muito tensa vigiando nossa retaguarda.

—Como você conheceu os khans?

—Quando saí da vault, eu não tinha muita perspectiva, conheci muitas pessoas por causa do meu conhecimento médico, não que eu me orgulhe, mas salvei muitas vidas. As pessoas sentem que devem retribuir a ajuda na maioria das vezes, assim como aconteceu com os Seguidores, você viu. Essa amiga, ela é uma dessas pessoas. Trinity. –Ele engoliu saliva. –Rose... Eu não sei quando nem para onde você pretende ir, mas caso queira vir comigo, ainda pode mudar de ideia.

—Eu... Eu tenho medo.

—Eles não a farão mal, eu prometo. Eu vou fazer dar certo desta vez.

Parecia uma caminhada interminável, parei de andar e escorei o peso do meu corpo em minhas mãos sobre os joelhos. Gemi de dor, cansaço e dúvida. Rutherford parou também e olhou para mim, de repente, ele sacou a arma e mirou para minha retaguarda, virei-me rapidamente, assustada, mas ele atirou primeiro. Um fiend se escondia atrás de uma placa de trânsito, infelizmente o tiro não o acertou, e nosso inimigo atirou de volta, passando raspando por mim. Saquei a pistola que ganhei do médico, agradecendo mentalmente por estar com ela, então o tempo começou a passar muito mais devagar, mirei em sua cabeça e atirei, só acertando-o na segunda tentativa e fazendo-o cair numa explosão de sangue e cérebro.

—Obrigada. –Eu disse. –É disso que precisamos: atitude. –Dei dois tapinhas no ombro de Rutherford, fazendo-o soltar um leve sorriso. –Vamos andar mais um pouco e descansar, por favor.

—Conheço uma cidade mais afrente, Bonnie Springs, onde poderemos nos esconder em segurança pois está abandonada, mas pode ser que encontremos inimigos que já tenham se apossado da região.

—Você tem alguma coisa a perder?

—Bom, tenho dois Stimpaks comigo. Um para cada. Vamos para lá.

O céu ainda não tinha alcançado o meio dia quando avistamos as primeiras casas destruídas, a vegetação seca contrastava com as madeiras quebradas e casas que colapsaram com o tempo, tudo estava sujo, empoeirado e quebrado. Aproximamo-nos com cautela, mas após andar algumas dezenas de metros, nos parecia uma cidade fantasma. Eu abri uma das caixas de correio que incrivelmente ainda permanecia em pé, havia uma revista empoeirada com armas ilustrando a capa, e me perguntei se um dia conseguiria entender por que as pessoas perdem tanto tempo lendo essas porcarias. Peguei por via das dúvidas. Mais ao fundo, havia algumas casas intactas, e ao verificar a área, decidimos entrar em uma delas. Dentro não estava tão limpo como lá fora, havia frestas na madeira e apesar de estar bem escuro, a luz ainda passava por elas. Escutei um clic, instintivamente eu e Dylan nos viramos para a direção do barulho e quando vi o que era, quase achei que o médico iria se cagar novamente.

—Acho bom vocês explicarem o que fazem aqui. –Um homem de meia idade e bigode disse, bem clara e ameaçadoramente.

—Não queremos ninguém ferido, por favor abaixe a arma! –O médico disse, mas minha mão já agarrava a pistola que estava em minha cintura, pronta para agir.

—Já que é assim, contarei cinco segundos, e quando terminar não quero que estejam mais nesta cidade! Saiam já! Fora! –O velho brandiu com o dedo no gatilho.

Eu e Rutherford nos olhamos, e sem precisar dizer nem mais uma palavra, saímos correndo dali.

Quando a cidade sumiu de vista, paramos de correr e a olhar para trás.

—Eu acho que... –Dylan parou para tomar fôlego e eu me estirei no chão, exausta. –Eu acho que eles eram Vipers.

—Vipers? Que merda é essa? –Eu respirava fundo e limpava o suor, enquanto tentava controlar meu corpo prestes a colapsar.

—São como os khans, mas nada amigáveis. Tivemos foi muita sorte. Nossa! –Ele disse, passando a mão pelos cabelos suados e rindo.

—Vamos parar por algumas horas, simplesmente não consigo mais... –Eu ri da situação também.

—Estou quebrado, vamos aproveitar a sombra de alguma rocha.

O sol queimava minha pele e fazia-me sentir que meu machucado no ombro ardia mais do que o normal. Sentamos no pé de uma grande pedra, em sua sombra a temperatura era mais suportável. O sol avançava para a segunda metade do céu, e algumas nuvens apareceram depois de um breve tempo. Foi decidido que pela minha condição, eu descansaria primeiro enquanto meu parceiro ficaria de vigia. Cobri meu rosto com um pedaço de pano, e quando fechei os olhos, tive os mesmos pesadelos desde que fui para o forte, acordei assustada algumas vezes, mas Rutherford me tranquilizou, dizendo-me para que eu voltasse a dormir.

Então, fui acordada de repente com tiros, o médico estava ao meu lado e se protegendo atrás da rocha, tinha o cenho totalmente fechado, concentrado, tentando mirar sem sucesso.

—Porra! O que ta acontecendo? –Eu disse, sacando minha pistola idiota e indo ajuda-lo. Por que ele tinha que ficar com a melhor arma se não conseguia acertar nenhum filho da puta?

Tendo a rocha como cobertura, olhei para ver em quem ou no que ele atirava, e pra minha surpresa eram “apenas” três cazadores.

—Não é nada, eu cuido disso. –Ele disse.

—E quando as balas acabarem o que vai fazer? –Atiro no primeiro, acertando sua asa e fazendo-o cair, explodo os outros dois usando três disparos, saio de trás da grande pedra e termino de esmagar o sobrevivente que se arrastava no chão com uma puta de uma pisada bem dada.

—Grande coisa. –Ele disse, desdenhando. Eu apenas sorri.

Acabado o conflito, o médico disse que eu poderia voltar a dormir, mas eu recusei, os pesadelos que estava tendo não me deixariam descansar nunca. Então ele resolveu limpar meu ferimento no ombro antes da sua vez de dormir, como não tínhamos muitos recursos para isso, eu suspirei, entregando-o um cantil cheio de whisky barato que eu havia roubado de alguém no forte.

Eu tirei minha blusa para trocar as bandagens e faixas que contornavam meu tórax e ombro, Rutherford começa a desamarrar o curativo e quando minha ferida ficou exposta, notei seu leve e sutil olhar em direção aos meus seios desnudos. Tossi, travessa, e ele apenas fingiu não ter acontecido nada, típico e engraçado. Ao jogar aquele líquido transparente e límpido, senti aquele ardor e queimação de sempre, gemi de dor e mordi o lábio numa tentativa de calar a boca mais fácil. Ele tirou de seu bolso sua ultima bandagem e cobriu o ferimento novamente com muito cuidado.

—É engraçado, eu gostaria de um dia aprender a ser médica também. –Eu disse, agradecendo.

—Quando chegarmos em Red Rock eu posso lhe ensinar, se quiser. –Ele sorriu, terminando de dar o ultimo nó. –Estamos perto agora.

Quando Dylan dormiu o sol já estava se pondo novamente, e quando a noite caiu, meus olhos começavam a querer se fechar sem minha autorização, tudo estava silencioso, calmo, escuro e convidativo para uma soneca, mas eu sabia que aquilo não era possível, então me certifiquei quantas balas eu ainda tinha: cinco. Suspirei e passei a mão no rosto, não sei quantas meu parceiro tinha, mas não deviam ser muitas. Recarreguei minha arma, decepcionada.

Comecei a ficar incomodada com algo, mas não conseguia saber o que era, tinha a sensação de estar sendo observada, mas de onde estava, não conseguia enxergar muito longe. O ar estava seco e frio, com cheiro de fogo, ao longe algo devia estar queimando. A falta de luz me fazia enxergar movimentos estranhos ao nosso redor, então comecei a prestar mais atenção, quando comecei a ouvir barulho de chocalho, percebi que algo estava realmente diferente. Do meio da escuridão, tomei um susto quando a criatura saltou para perto de mim, sibilando: um night stalker! Puta que pariu, puta que pariu! O que aquela merda estava fazendo aqui? Chutei Rutherford para acordá-lo e mirei, aquele animal era muito maior e mais intimidador do que eu imaginava quando me contavam sobre. Atirei mas aquilo desviou. O médico já estava de pé e assustado, ele também tentava acerta-lo. Na terceira investida, meu parceiro foi mordido, aproveitando-se da “oportunidade”, Dylan cravou à queima roupa um tiro no meio do crânio do night stalker.

—Puta merda! –Ele gritou de dor. –Consigo sentir o veneno avançando sobre minha perna!

—O Stimpak! –Eu lembrei, e ele prontamente o usou. Agora tínhamos apenas um.

Porém, os sibilos continuavam, em um tom diferente, continuamos alerta, tentando descobrir de onde vinha. Foi então que um filhote, provavelmente da criatura que acabamos de matar, surgiu daquela grande escuridão, Rutherford atirou, e incrivelmente o acertou na primeira tentativa. Nesse momento, a memória do bebê com a cabeça dilacerada me veio à mente, e naquela hora, aquilo me pareceu familiar. Eu corri até o filhote, que não se mexia. Nada mais fazia sentido na minha cabeça, eu apenas começava a chorar, olhando para aquele pequeno animal que tentava respirar com dificuldade.

—Por quê fez isso?!

—Ele era perigoso!

—Não! Ele é uma criança! –Eu gritei, com raiva. Se ao menos eu pudesse fazer alguma coisa... É isso! Eu tenho um médico comigo! –Ele ainda tá respirando, me da o outro stimpak!

—Mas... –Dylan parecia não entender.

—Anda, imbecil! É o meu stimpak!

Ele me deu, relutante, e eu prontamente o injetei no filhote, que parecia já sem vida. Mesmo assim, pedi para que meu parceiro tirasse a bala de seu corpinho, costurando o buraco que ele mesmo abrira. Os minutos passaram, e ele não se mexeu mais. Eu comecei a chorar com a minha esperança estraçalhada, mas sem entender direito o porquê. Então o ferimento parou de sangrar, e aquele pequeno Night Stalker começou a se mexer meio grogue. Eu sorri, maravilhada. “Conseguimos!” eu comemorei. Já mais recuperado, a criaturinha se levantou, eu dei minha mão para ele cheirar e ele a lambeu com sua língua bifurcada, eu toquei sua cabeça estranha de serpente. Pensei: ele se chamará Max.


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