Ilusões escrita por BastetAzazis


Capítulo 8
Capítulo 8




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– Severus? – A voz dela o chamou, fazendo-o despertar do torpor que sentia toda vez que acabava de fazer amor com ela.

– O quê? – ele respondeu, acariciando a cabeça que descansava em seu peito nu.

– Por que você não contou tudo o que sabia sobre a profecia para o Lorde das Trevas?

Severus suspirou. Com um movimento delicado, a fez afastar-se dele e sentou na cama, olhando-a fixamente nos olhos. Ele a respondeu com outra pergunta:

– Até que ponto você consegue manter sua mente fechada para o Lorde das Trevas?

– A ponto de conseguir esconder os últimos três meses que você voltou para minha vida. Ou você acha que o Lorde das Trevas aceitaria de bom grado me dividir com um de seus servos? – ela respondeu com um sorriso desdenhoso.

Mas Severus não sorriu. Ao contrário, sua expressão tornou-se ainda mais séria quando ele a respondeu:

Eu não suporto a idéia de ter que dividi-la com ele.

Ela aumentou ainda mais o sorriso e o observou com curiosidade. Era a primeira vez que ouvia alguma coisa parecida com uma declaração de amor dele. Era impossível não sentir o desejo dele por ela cada vez que se encontravam, mas ouvir aquilo da voz dele era lisonjeiro.

Ela vinha esperando por esse dia há muito tempo. Desde a época em que os dois também não se importavam de correr riscos para se satisfazerem.

*-*-*-*-*-*

A rotina de encontros noturnos entre eles foi ficando cada vez mais freqüente e, também, menos cuidadosa. Foi uma questão de tempo até Filch seguir Lily Evans e descobri-la com Severus Snape, acordados até depois do toque de recolher, numa sala das masmorras.

– Desculpe-nos, Sr. Filch – Lysa conseguiu dizer na sua imitação perfeita da Monitora-Chefe. – Nós estávamos revendo alguns pontos do trabalho de Poções e acho que perdemos a hora.

O zelador os fitou com um olhar desconfiado, mas Snape conseguira conjurar a tempo algumas penas, pergaminhos e livros.

– Já está tarde – ele respondeu –, e como Monitora-Chefe você deveria dar o exemplo aos outros alunos, Srta. Evans.

Lysa e Severus se olharam com os olhos arregalados. Como eles iriam explicar uma detenção para Lily Evans? E se ele os levassem até a Profa. McGonagall? Mas o zelador parecia estar de bom humor aquela noite e simplesmente os acompanhou até a entrada da sala comunal da Sonserina.

Severus disse a senha, e assim que a porta abriu, Filch segurou Lysa pelo braço e a fez seguir com ele.

– Para a torre da Grifinória, Srta. Evans – ordenou.

Pálida, Lysa seguiu Filch pelos corredores do castelo, pensativa. Precisava arranjar um jeito de livrar-se dele e se esconder até que o efeito da poção passasse para voltar para sua verdadeira sala comunal. Quando pisaram no terceiro andar, o andar da ala-hospitalar, uma idéia boba cruzou-lhe a cabeça e ela fingiu perder o equilíbrio.

– Eu não estou me sentindo bem, Sr. Filch. Acho melhor falar com Madame Pomfrey.

O zelador a considerou por um momento, estava acostumado a alunos fingindo-se de doentes para matar aula na ala-hospitalar. Mas eles não estavam em horário de aula, e aquela era Lily Evans – a Monitora-Chefe –, ela jamais tentaria enganá-lo.

Quando Madame Pomfrey apareceu para examiná-la, Filch deixou as duas para continuar sua busca por jovens encrenqueiros. Agora, Lysa precisava convencer a medibruxa a deixá-la voltar para sua sala comunal sozinha.

– Então, Srta. Evans – ela começou, fazendo Lysa sentar-se numa maca –, qual é o problema?

Lysa ficou estática, pensando no que dizer, quando finalmente percebeu que estava num beco sem saída. Ela não podia passar a noite lá; não podia adormecer como Lily Evans e acordar como Lysandra Yaxley. Também não podia contar o que aconteceu; além da vergonha de ter que admitir que se rebaixou àquele ponto, corria o risco de ser expulsa da escola. Nervosa, sentiu seus braços tremendo e, em pouco tempo, não conseguiu mais segurar a angústia que a perseguia o ano inteiro. Não era apenas o risco de ser descoberta que a afligia, mas a sensação de amar e não ser correspondida.

Com os nervos a flor da pele, Lysa simplesmente deixou as lágrimas caírem, escorrendo como uma cascata de seus olhos, livrando-a de um ano de submissão e rebaixamento.

– Oh, minha querida – Madame Pomfrey a acudiu, já levando uma Poção Calmante a seus lábios –, o que aconteceu?

Entre soluços, Lysa tomou alguns goles da poção que lhe era oferecida e, aos poucos, sentiu-se mais calma e confiante para explicar o que estava acontecendo.

– Então, Srta. Evans – Madame Pomfrey a encorajou –, você não quer me contar o que está lhe afligindo? Quem sabe eu possa ajudar?

– Eu não sou a Srta. Evans – Lysa respondeu com a cabeça baixa.

A medibruxa observou a jovem à sua frente. Era incrível como mesmo depois de tanto tempo trabalhando na escola, alguns alunos ainda conseguiam surpreendê-la.

– Poção Polissuco? – ela concluiu.

Lysa apenas assentiu com a cabeça.

– E você vai me contar o que aconteceu? – a medibruxa insistiu calmamente, tentando ganhar a confiança da menina.

– Eu sou uma idiota – Lysa respondeu, sentindo novas lágrimas querendo sair de seus olhos. – Eu achei que ele fosse gostar de mim se eu... se... – Ela não conseguiu continuar, pois, mesmo com a Poção Calmante, era impossível segurar toda a emoção que aflorava dela.

Madame Pomfrey se comoveu com a menina e sentou ao seu lado, passando um braço nas costas dela para abraçá-la e tentar acalmá-la.

– Eu entendo, minha querida – ela começou. – Eu sei o que é ser rejeitada por alguém que achamos que amamos. Mas se este menino que você falou não é capaz de enxergar a beleza do seu sentimento por ele, então ele não a merece. Nem a Polissuco, nem a Poção do Amor resolverão seu problema.

Lysa conseguiu parar de chorar e olhou fixamente para a mulher ao seu lado, sem saber exatamente o que fazer. Sabia que Madame Pomfrey estava certa, mas como ela explicaria que não conseguia negar aqueles olhos pretos que tanto a atraíam?

Madame Pomfrey deu um sorriso reconfortante, depois se levantou e fechou a cortina em volta da maca onde Lysa estava sentada.

– Acho que mais ninguém precisa saber disso – ela disse com uma piscadela. – Vou deixá-la aqui, e quando a poção perder seu efeito, você pode voltar para a sua sala comunal. – Lysa a encarou sem acreditar no que estava ouvindo, e a medibruxa continuou: – Mas você vai me prometer que jamais vai fazer isso novamente. Se esse menino não se interessa por você, tenho certeza que há outros só esperando uma chance, não é verdade?

Lysa assentiu quietamente, ainda confusa com a reação da medibruxa sempre tão carrancuda. Madame Pomfrey deixou a ala-hospitalar seguindo para seus aposentos, perguntando-se quem seria a falsa Srta. Evans e ainda balançando a cabeça com uma idéia tão ingênua.

*-*-*-*-*-*

Com um sorriso fraco, Lysa respondeu:

– Lamento, mas isso não é uma opção. – Aproximou-se do rosto de Severus e o beijou, então prosseguiu, séria: – Eu posso não ter uma Marca Negra, mas de certa forma também estou presa a ele. O que você acha que aconteceria se eu simplesmente o largasse?

Severus suspirou novamente. Acariciando o rosto dela com as mãos, perguntou:

– Por que o Lorde, Lysa?

– Por que a sangue-ruim? – ela respondeu, estreitando os olhos.

Como ele não respondeu, ela continuou:

– Nós estamos aqui porque nos damos bem na cama, Severus, só isso. Nós nunca tivemos um relacionamento, nem vamos ter. Então também não precisamos nos dar satisfações.

Severus continuou em silêncio, observando-a com olhos inexpressivos. Ele descobriu o que sentia por Lysa tarde demais; quando ela esperava palavras de amor, ele foi capaz apenas de rejeitá-la.

*-*-*-*-*-*

Quando Lysa finalmente conseguiu chegar à sala comunal da Sonserina encontrou Severus esperando por ela.

– Você está bem? – ele perguntou correndo até ela.

– Me larga, Snape – ela respondeu, repelindo-o. – Eu não sou mais a sua preciosa sangue-ruim, não precisa fingir que está preocupado comigo.

– Mas eu estou preocupado com você – ele respondeu.

– Não – ela replicou. – Você está com medo de estar encrencado. Mas não se preocupe, eu consegui me livrar do Filch.

Ela saiu em direção ao dormitório das meninas, mas Severus a segurou pelo braço, obrigando-a a se virar para ele.

– Eu estava realmente preocupado com você, Lysa – disse, puxando-a para mais perto de si.

– Eu estou bem – ela respondeu rancorosa, sustentando o olhar dele –, mas não espere que eu concorde com isso mais uma vez. Acabou, Snape, procure outra para suas fantasias nojentas.

Mas os dois cometeram o erro de estarem muito próximos novamente, e o desejo que sentiam ficou mais forte que o ódio ou qualquer outro ressentimento. Lysa não conseguiu deixar de olhar hipnotizada para os lábios que tanto ansiava e, sem ação, se deixou ser despida por aquelas mãos tão precisas. Logo, os dois estavam irracionalmente entregues à paixão que os dominava.

– Olhe para mim – ele ordenou ofegante.

Lysa abriu os olhos, encarando os olhos pretos que brilhavam obstinados. Ele a encarou o tempo todo, fazendo-a finalmente sentir que era desejada, sem a influência da sangue-ruim, até que soltou um gemido abafado e se afastou.

Como sempre, eles não tiveram coragem de se encarar, e ele seguiu para seu dormitório em silêncio, deixando-a sozinha na sala.

*-*-*-*-*-*

Severus fixou os olhos em Lysa, e disse, na sua voz baixa e determinada:

– Eu não estou acostumado à idéia de dividi-la com outro homem. Eu quero você só para mim.

Lysa o respondeu com um sorriso cínico. Jamais imaginara que sua ligação com o Lorde das Trevas lhe traria a confissão que ela sempre desejara ouvir de Severus Snape.

Em silêncio, ela se levantou e vestiu um robe de seda, jogando as vestes de Severus para que ele se vestisse também.

– Eu procurei Dumbledore – ele soltou deliberadamente, enquanto se vestia.

– O quê? – Lysa voltou-se para ele, franzindo a testa. – Por quê?

– Você não queria saber por que eu não contei tudo o que sabia sobre a profecia? Depois que a vi com ele – Severus fez uma pausa e só continuou depois de parar à frente dela –, eu entendi que só a teria novamente para mim quando ele fosse derrotado. Eu contei apenas uma parte da profecia e, no dia seguinte, fui atrás de Dumbledore.

– Severus, você tem idéia do que pode acontecer com você se ele descobrir... se ele sequer desconfiar? ­– ela perguntou, visivelmente preocupada.

Ele respondeu com um sorriso falso nos lábios:

– O mesmo que vai acontecer se ele descobrir que estou com a garota dele.

Lysa baixou os olhos, mas Severus a fez levantar a cabeça, segurando-a pelo queixo e a beijou levemente na boca.

– Não se preocupe – ele lhe garantiu. – Eu sei me cuidar e, em breve, você também estará livre dele.

Lysa o abraçou, desejando que as palavras dele se concretizassem. Mas ela conhecia bem o Lorde das Trevas e sabia que estavam brincando com fogo. E desta vez, estariam enfrentando um perigo muito maior que uma simples detenção com o Filch.


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