Ilusões escrita por BastetAzazis


Capítulo 7
Capítulo 7




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−7−

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Lysa observou os dois homens a deixarem para seguirem até uma sala onde não seriam incomodados. O que estava acontecendo com ela? Por que a presença de Severus ainda a perturbava tanto? Não era mais uma adolescente, no auge da guerra de hormônios, quando uma simples sobrancelha levantada era capaz de fazê-la realizar loucuras. Fechou os olhos, tentando se controlar para não chamar a atenção dos demais convidados e esquecer do que já fora capaz de fazer por causa do homem que acabara de seguir com o Lorde das Trevas.

*-*-*-*-*-*

Lysa entrou na sala comunal da Sonserina bufando. Quem ele pensava que era? Quem ele pensava que ela era? Como ele ousava sequer imaginar que ela se rebaixaria àquele nível?

Ela seguiu direto para o dormitório das meninas do último ano e se trancou lá, repassando em sua mente o que acabara de acontecer. A imagem dele olhando para ela na biblioteca, desafiando-a com aquele sorriso falso, a fez estremecer. Sentiu um frio estranho na barriga e pensamentos totalmente contraditórios passaram em sua mente. Ela jamais se esquecera daquele dia, sonhava todas as noites com ele e secretamente desejava poder revivê-lo ao menos mais uma vez. Queria sentir Severus dentro dela novamente, queria entregar-se a ele, sentir o cheiro dele, a pele dele roçando em sua pele... Aquilo estava enlouquecendo-a.

E foi com a certeza de que estava realmente louca que Lysa deixou a sala comunal horas depois, seguindo sorrateiramente para um banheiro nas masmorras, levando consigo apenas um frasquinho de poção. Minutos depois, Lily Evans saía do mesmo banheiro, caminhando ainda em dúvida até uma sala de aula. Ela entrou na sala e constatou com um frio na barriga que Severus já estava a sua espera.

Assim que a viu entrar na sala, ele sorriu com o canto da boca; um sorriso desdenhoso de vitória, que a fazia duvidar se devia azará-lo com sua varinha ou jogar-se nos braços dele. Ela ouviu a porta se fechar atrás dela e permaneceu parada, mordendo os lábios de nervosismo, observando-o caminhar na direção dela.

Eles não pronunciaram uma palavra. Os olhares eram intensos o bastante para entenderem que ambos se desejavam e eles se entregaram sem nenhuma dúvida ou pudor. Lysa congratulou-se silenciosamente por ter deixado de lado qualquer resquício de amor-próprio para se deliciar nos braços de Severus, e seu prazer só foi diminuído quando, no final, ela o ouviu sussurrar o nome da sangue-ruim.

Lysa colocou suas vestes assim que Severus a deixou, tentando convencer a si mesma que não se importava de ouvir o nome da Evans. Entretanto, sem olhar novamente para ele, saiu apressada para o banheiro, para esperar o fim do efeito da poção num lugar onde pudesse chorar sem nenhuma testemunha.

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Lysa afundou-se na banheira de água quente como se a água fosse capaz de fazer as lembranças daquela época se dissolverem.

Compartilhar os aposentos do Lorde das Trevas pode até parecer repulsivo, mas tem suas compensações – ela pensou, com um sorriso falso enquanto observava o colar que pendia de uma das suas mãos. Ela o recebera naquele dia, com um aviso de que era para usá-lo à noite, e que seria a única coisa que ele permitiria que cobrisse o corpo dela quando ficassem a sós. Ela sorriu mais uma vez, avaliando o colar. Os cordões entrelaçados de ouro e prata já lhe garantiam um bom preço, principalmente depois de enfeitiçados pelo próprio Lorde das Trevas. Certamente a Borgin & Burges lhe pagaria uma fortuna. Velho tolo. Em apenas dois meses ela já tinha uma pequena fortuna em jóias e peças raras, que garantiriam sua independência da herança dos pais quando ele se cansasse dela, ou caso perdesse sua guerra.

Até ontem, ela se divertia com o novo papel de amante do Lorde das Trevas.  Sabia que não passava de uma alegoria para ser exibida pelo Lorde, como se o fato de todos saberem que estava fodendo uma bela jovem de sangue puro pudesse apagar a verdade que a mãe dele havia se entregado cegamente a um trouxa. Entretanto, era divertido sentir a inveja que as mulheres tinham dos seus presentes, e ela se deleitava com os olhares surpresos e desejosos dos homens, aproveitando-se da aproximação de ambos quando precisavam da ajuda dela para influenciar seu mestre. Era uma posição muito cômoda, embora exigisse deitar-se com o velho que agora dormia no quarto ao lado.

Mas, agora, Snape havia voltado à sua vida. E voltara exercendo a mesma dominação que sempre tivera sobre ela. Ela não conseguiu deixar de pensar nele a noite inteira. Seus beijos eram muito mais excitantes e, sem dúvida, ele sabia como levá-la à loucura; ao contrário das investidas grosseiras, desajeitadas e tediosas daquele que se dizia o Lorde das Trevas. Era impossível não desejar as mãos dele tocando nela, os lábios dele roçando sua pele, e ela teve que usar todo seu conhecimento de Oclumência enquanto o Lorde a mantinha em seus braços.

 

Com um suspiro, ela largou o colar no chão, concluindo que, pelo menos, podia dizer à sua consciência que era o feitiço da jóia que a prendia ao Lorde das Trevas. Livre da servidão que a peça infligia a ela, relaxou mais uma vez na água quente e deixou que as lembranças de uma outra época de servidão viessem à sua mente.

*-*-*-*-*-*

Depois daquela noite, Lysa e Severus quase sem perceber caíram numa rotina que se resumia a olhares maliciosos seguidos da entrega de uma poção, encontros furtivos após o toque de recolher e um fim de noite de culpa e constrangimento. Entretanto, nenhum dos dois parecia querer acabar com aqueles encontros; o estoque de poção polissuco de Severus parecia infinito, e Lysa jamais pensara duas vezes antes de aceitá-la. Era como se eles estivessem presos a um vício, que os fazia perseguir aquele curto momento de prazer sem perceber o quanto estavam se machucando.

Lysa estava cada vez mais dividida entre a loucura insana que a domava cada vez que chegava perto de Severo e o ódio que se apossava logo depois que eles se afastavam. Ela o odiava por obrigá-la a se humilhar daquele jeito, fazendo-a tomar o lugar da sangue-ruim para satisfazer suas fantasias nojentas. Ela o odiava porque o amava a ponto de passar dias e dias ansiosa, beirando à loucura, apenas esperando por uma nova dose da poção.

Severus também seguia aquela rotina mais como um vício que dominava sua razão que por vontade própria. Naqueles encontros furtivos, ele deixava de ser o sonserino estranho e odiado para se tornar o popular jogador de quadribol, namorado da garota mais cobiçada da escola. Não conseguia mais viver sem essa sensação, precisava satisfazer a sede por Lily Evans que seu corpo tanto lhe exigia. Cada vez que via Lily com o Potter, uma raiva doentia crescia dentro dele, que só saciava quando ele a possuía, a cada noite com mais violência, como se estivesse punindo-a por andar pela escola exibindo-se com seu maior inimigo.

Quando estava livre da obsessão pela Monitora-Chefe, ele mal notava a presença de Lysa. Entretanto, sua prima sonserina estava se tornando uma bela mulher e atraindo a atenção de diversos sonserinos, e até alguns rapazes de outras Casas. Aquele assédio deixava Severo levemente irritado às vezes, o que ele curava com um sorriso falso, acompanhado da lembrança que, ao contrário dos outros, ele podia tê-la a hora que quisesse.

*-*-*-*-*-*

As doses extras de uísque de fogo não foram capazes de fazer Severus Snape adormecer naquela noite. A imagem de Lysa ao lado do Lorde das Trevas não saía da sua cabeça, como na época em que ainda estavam em Hogwarts e ele não suportava ver alguém dando em cima dela. Ele estava com ciúmes; o mesmo ciúme que sentia antes; mas naquela época, ele estava cego demais por Lily e pelo ódio que sentia do Potter para entender que, na verdade, era apaixonado por Lysa.

Ele não sabia dizer exatamente quando seu coração deixou de bater por Lily para se importar com Lysa. Calculou que, provavelmente, o simples fato dela se submeter àqueles encontros obscenos o envaidecia, e aos poucos, essa pequena presunção o fez desejá-la mais e não admitir que nenhum outro ocupasse a mesma posição nos sentimentos dela. Entretanto, ele era tolo demais para aceitar isso e preferiu continuar achando que era apenas uma obsessão em conseguir tudo o que Potter também tinha.

Jogou o copo longe ao lembrar-se do que fizera com Lysa. Enquanto ela era dele, ele a usou sem nenhum escrúpulo, obrigando-a a satisfazer suas vontades mais secretas, sem ao menos se preocupar com os desejos dela. Ele era jovem, inexperiente, e reconhecia agora que havia errado. Enxergá-la com o Lorde das Trevas naquela noite o fez desejar voltar àquela época e corrigir seus erros. Isso era impossível, ele sabia, mas então concluiu que já havia dado o primeiro passo para reaver Lysa, com exclusividade.


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