Ilusões escrita por BastetAzazis


Capítulo 2
Capítulo 2




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Aparatar na frente da casa grande e imponente não melhorou o sentimento de dúvida que assolava Severus. Por muito tempo ele fora proibido de freqüentar aquela casa. A relação com a família da sua mãe só melhorou depois que ele ganhou a Marca Negra que carregava no braço. Ele parou em frente ao portão, pensando cautelosamente se realmente deveria anunciar sua presença.

Lysa foi quem o fez enxergar que só seria devidamente respeitado no mundo bruxo se ele se juntasse ao Lorde das Trevas e ao seu grupo de Comensais da Morte. Ele sempre achou que ela o odiava, mas as palavras frias e duras dela vinham com uma preocupação ou um conselho para ele. Se naquela época ele não estivesse cego pelos encantos da sangue-ruim, jamais teria confundido os olhares e as palavras de ódio que tentavam ocultar um sentimento muito mais forte.

*-*-*-*-*-*

Na noite do mesmo dia do O.W.L. de Poções, Severus ficou acordado até tarde na sala comunal, revendo suas anotações de Defesa Contra as Artes das Trevas para as provas do dia seguinte. Ele estava tão absorto nos estudos que não percebeu Lysa aproximando-se por trás dele, sussurrando sorrateiramente em seu ouvido:

– Você é uma vergonha para a Sonserina e para os Prince. Não basta carregar o nome de um trouxa, você agora fica se agarrando na frente de todos com uma sangue-ruim?

Severus não respondeu. Sabia que seu silêncio a irritava mais que qualquer resposta ácida que pudesse lhe dar.

– Você tem mesmo esperanças que uma sangue-ruim olhe para um sonserino? – ela insistiu. Sentando-se à mesa ao lado dele, continuou com os olhos estreitos: – Ela se acha boa demais para nós, desfilando com aquele distintivo de monitora e levantando a mão toda hora para responder as perguntas e ganhar mais pontos para a Grifinória.

Severus não precisava ficar ali, sendo obrigado a ouvir os desaforos da prima que o odiava. Com um suspiro, guardou suas coisas na mochila e se levantou, dirigindo-se para o dormitório masculino.

– Você pode fingir que não me escuta, Snape – ele a ouviu gritando para suas costas –, mas eu sei que aquela sangue-ruim vai acabar com você. E quando isso acontecer, eu vou estar por perto para rir da sua cara!

*-*-*-*-*-*

Severus levantou os olhos do chão, como se aquilo fosse capaz de fazer suas lembranças se esvaecerem. As lembranças daquela noite e do dia seguinte pareciam que jamais o abandonariam. Ele teve que usar todo seu autocontrole naquela ocasião para não azarar Lysa enquanto ela falava de Lily daquele jeito. Entretanto, mal ele sabia que suas palavras se concretizariam no dia seguinte...

*-*-*-*-*-*

– Quem quer ver eu tirar as cuecas do Ranhoso? – James Potter perguntava para a multidão que o via levitar Severus de cabeça para baixo, como se estivesse preso por um gancho em sua perna.

Severus sentia-se humilhado, servindo de chacota para toda a escola. Mas pior que isso, quando Lily foi tentar ajudá-lo, ele ficou tão nervoso querendo provar-se um verdadeiro sonserino, que acabou humilhando-a também, chamando-a de sangue ruim. Pior que a humilhação era saber que a havia perdido para sempre, e que deixara o caminho livre para James Potter.

De repente, sentiu que o feitiço que o segurava no ar se desfez. Alguém lançou o contrafeitiço, e com certeza não era o Potter. Assim que colocou os pés no chão, conseguiu recuperar a varinha, mas nem foi necessário usá-la, pois Filch já estava por perto, fazendo os demais alunos se dispersarem. Severus observou com um sorriso satisfeito quando o zelador os levou para a sala do Diretor, com certeza os dois ganhariam uma detenção exemplar.

– Eu avisei para você não chegar perto da sangue-ruim. O Potter não vai deixar você em paz enquanto continuar a lamber o chão que ela pisa. – A voz de Lysa soou das suas costas. – Você está bem?

– Não é da sua conta – ele respondeu, virando-se para ela. – Eu não pedi a sua ajuda. – E saiu a passos largos em direção ao castelo.

*-*-*-*-*-*

– Severus? Aconteceu alguma coisa?

 A voz de Lysa o fez despertar das lembranças tão sofridas. Muita coisa acontecera desde então, e ele não a odiava mais. Talvez eles ainda não entendessem exatamente o que sentiam um pelo outro, mas ele sabia que não era mais o ódio que sentiam quando eram crianças.

– Na verdade – ele começou num tom preocupado –, aconteceu, sim. Eu posso entrar?

Lysa estava acompanhada apenas da elfa doméstica da família. Ele contou tudo o que acontecera naquela noite desde que vira Dumbledore no Hog’s Head, e ela o escutou, pensativa.

– Se você é fiel ao Lorde das Trevas, deve contar-lhe tudo o que aconteceu com todos os detalhes, como acabou de me contar – ela o aconselhou com um tom de dúvida na voz, depois que ele terminou o relato.

– Entretanto?

Ela o olhou intrigada, então ele continuou:

– Você não me parece tão segura quanto ao que acabou de sugerir.

– Eu não sei do que você está falando – ela replicou, fugindo dos olhos dele.

Severus deu um sorriso falso e sentiu que ela fraquejou – como sempre fraquejava – quando se aproximou mais dela.

– Neste caso – ele explicou –, eu terei que esperar até ele querer me ver para contar-lhe a novidade. O que você sugere que eu faça enquanto isso? – Seus lábios quase encostavam nos dela quando ele terminou a frase.

Ela não respondeu com palavras, simplesmente inclinou a cabeça na direção dele e o beijou. Ele sabia que provocaria essa reação nela e sorriu internamente quando a sentiu totalmente entregue a ele. Há pelo menos um ano que ele não a via, mas o desejo que há muito tempo fervia dentro deles se manifestou forte como se ainda estivessem em Hogwarts.


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