Alice's Key escrita por My Dark Side


Capítulo 4
Martin e Madge




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A original era do Reino

A primeira de Copas, a segunda de Ouro

Então veio a de Paus

E a paz ruiu com a cética

Eu sabia que as flores falavam por aqui.

Não os arbustos. Nem tinha ideia que eles se mexiam!

— McTwisp! — um ser loiro saltou para a clareira — O que você está fazendo?

Ele correu na direção do coelho, abraçando-o.

— Calma... Vai ficar tudo bem. Não precisa se estressar... É difícil mudar os hábitos... — murmurou enquanto acariciava a cabeça dele.

— Eu sou uma desonra para a família! Não mereço receber o título de White Rabbit muito menos ter o sobrenome McTwisp! — Will lamentava enfiando a cabeça no ombro do amigo.

Apontei para o loiro e arquei as sobrancelhas, olhando para Zak.

— Martin, deixe eu cuidar disso. — falou andando na direção das crianças.

Zak se abaixou ao lado do menino de cabelos negros.

— Eu achava que era um bom chapeleiro quando era pequeno, sabe? — os olhos negros se voltaram para ele. — Até que a Madge nasceu. E todos ficaram encantados, não é? Aquela coisinha linda com olhos insanos. E só foi piorando conforme ela crescia, as falas, o modo de agir... Até hoje acredito que me escolheram por pena.

Franzi as sobrancelhas.

— Xis, mas... Não foi por pena! E você é o chapeleiro! — a criança argumentou, limpando o rastro das lágrimas.

— Eu, você e o Martin temos que aprender a atuar. Apesar do loirinho ali já ter um talento natural, puxou o primo. — Will riu, e Zak acrescentou. — Todos teremos nossa parte no festival, apesar de ainda achar que a Mad seria uma escolha melhor. E você tem um diferencial, você é o oposto do Coelho Branco. Ele chegava atrasado, você chega cedo, nenhum dos dois faz o certo.

— Especialmente, eu acho que você é um ótimo coelho! — falei, pela primeira vez desde que Will e Martin apareceram. — Apesar de você ter sido um pouco rude quando me derrubou. — ele arregalou os olhos como se me visse pela primeira vez.

Então começou a se curvar.

— Perdão! Perdão! Mil perdões, dona Alice! Eu não sabia que era você! Desculpe-me pela grosseria!

— Está tudo bem, Will. Não tem nenhum problema.

Kit colocou a mão no ombro de Zak, e eles trocaram olhares significativos.

— Muito bem. — ele se levantou, colocando o chapéu. — Vamos para o moinho.

O chapéu que tínhamos pego com as lagartas! Até tinha me esquecido dele!

Espere... De onde surgiu a capa azul?

A cartola é mágica e traz uma capa para combinar?! Magnífico!

...

Nós... Vamos para o moinho? Eu estou com fome, cansada e queria ir para Espadas! E ainda não sei o que raios está fazendo aqui!

— No moinho tem comida, você vai em Espadas antes do festival começar e está aqui porque é descendente da Alice Liddel. — a criança loira me respondeu.

— Eu pensei alto de novo? — questionei chateada, assim todos vão saber o que penso. Eu tenho que me controlar.

— Sim. — responderam os quatro ao mesmo tempo.

— Vocês não explicaram para ela o que ela vai fazer? — o coelho negro indagou.

— Não.

— Pelo amor de Liddel, vocês são péssimos anfitriões... — Martin comentou. — Você é... Allya? É isso?

— Sim. Como sabe o meu nome?

— Eu visitei o Jojo ontem, e a Cally e o Blue estavam falando sobre você.

Eu nem sabia que Maravilhas existia... E todos já sabiam sobre mim, inacreditável.

— Já que aqueles dois seres, não te contaram a história adequadamente, nós o faremos. Tudo bem?

— Perfeitamente.

— Aqueles dois? Aqueles dois! Você está falando de mim, Martin. Eu troquei as suas fraldas! E tomo conta de você há, pelo menos, onze anos! — Kit esbravejou, as orelhas inclinando para trás mostrando sua raiva.

— Eu tenho doze anos tá legal? E eu não preciso me importar com a sua opinião, gato. Não me interessa o fato de você ter cuidado de mim, ou dividir sangue comigo. Minha vida é minha vida, e eu chamo você do jeito que eu quiser.

Opinião forte para um garoto de doze anos. Eu pensei que ele era uma pessoa calma, de bem com a vida. Paz e amor para todos! Realidade: ele é um destruidor de corações.

Os dois se encararam, seus lábios tremeram, e então começaram a formar um sorriso cúmplice. Depois caíram na gargalhada.

O que!?

Não entendo nada.

— Eu ainda vou te bater, pirralho. — Kit agarrou o menor, fazendo carinho na cabeça.

— Ai! Cuidado com as orelhas! Você está amassando as minhas! — reclamou.

— Pensasse nisso antes de se mostrar o corajoso, lebre.

— Qual é o problema, primo?

Lebre? Primo?

Ah! Por isso as mechas/orelhas do Martin são mais longas que as dos outros. E comparando ele ao Will, ele é quase vinte centímetros mais alto... Não gostei disso, agora que estou prestando atenção, acabei de perceber que ele tem quase a minha altura.

Eu acho que esqueci alguma coisa...

Ah! É mesmo, ele chamou o Kit de primo. Não faz o menos sentido, porque ele é uma lebre e o Chess é um gato. E estes animais são bem distintos.

— Faz duas gerações que o sangue Hare e Cheshire se misturou. Aí é sempre uma surpresa quem é o gato e quem é a lebre. — Shire respondeu.

— Aconteceu de novo? Isso é muito incômodo.

— Sim. E o Khristian só é alto assim por causa das lebres da família. — Mart completou.

Observando melhor você percebe que eles se parecem fisicamente, os dois tem os cabelos loiros, covinhas, sorrisos maiores que o normal, o formato do olho é parecido...

— Khristian? — não consegui conter a gargalhada que escapou da minha boca — Com K e H? Eu não sabia que podia ficar pior!

— Eu vou te matar! — o cabelo de Kit se arrepiou e ele rosnou, correndo com os braços esticados na direção do primo. — Desgraçado!

— Não sabia que tinha tanta vergonha do seu nome! — gritou já...

Como ele chegou tão longe em tão pouco tempo?

— Ele corre como uma lebre. — Will e Zak comentaram ao mesmo tempo.

— Vamos logo, o Kit não vai entrar na clareira se eu não estiver junto. — Zak disse arrumando o chapéu.

— Nós podemos andar devagar e contar para a Allya a história do festival.

— Eu ficaria agradecida de saber porque fui trazida para cá.

Zak pegou minha mão, e entrelaçou nossos braços, e começou a caminhar, com Will ao seu lado.

— Onde se passa a história do livro Alice no País das Maravilhas? — perguntou desviando os olhos azuis da paisagem por um segundo.

— No País das Maravilhas, mais especificamente em Copas, certo?

— Após Alice derrotar a Rainha Vermelha, fizeram-na prometer que não contaria sobre o verdadeiro País das Maravilhas. Então ela podia mudar a história para que se adequasse apenas no reino de Copas.

— A majestade Alice fez algo grandioso! Ela trouxe a paz para os reinos que antes estavam em discórdia. E os dois reinos, apesar de se evitarem, não conviviam com guerras e ameaças frequentes. — Will completou encantado.

— Quando completaram vinte anos de sua partida, o mundo começou a ruir. As discussões bobas começaram novamente, e passados dez anos, começaram a planejar estratégias de ataque.

— Durante dois anos procuramos por Alice, porém ela já estava mais velha, com quarenta anos. Ela pediu para que esperássemos sua neta ir para o País das Maravilhas.

— Então um tratado de mais cinco anos de paz foi feito.

— Cinco anos porque Absolem previu o dia da chegada de Anna.

— Ela foi a melhor rainha que já tivemos neste período, colocou descendentes. Misturou seu sangue com o povo, então o reino continuou calmo, mesmo após a sua partida.

— A segunda Alice era bela como diamantes, se não me engano foi a primeira Alice albina que apareceu. E desde então existe sempre um descendente, ao menos, albino. Ela se chamava... Como? Alyss? Acho que foi isso, ela ficou conhecida como a Rainha de Vidro.

— E a sua avó, Amélia, foi a última a reinar aqui. E ficou conhecida como a rainha de esmeralda. Sabe o motivo?

— Seus olhos eram tão verdes quanto a esmeralda mais pura. — respondi com um sorriso.

— Rainha Esmeralda veio para cá há quarenta anos. E agora, o reino está desestabilizado. — continuou Will. — Porque no último festival...

— A Alice não apareceu, então o festival não aconteceu. — Zak finalizou desgosto.

— Qual era o nome dessa... Alice? — questionei temerosa.

— Alma, Alba, Alda... Algo assim.

— Alda é a minha mãe. — murmurei, mas ele me ignorou.

— Ela detesta a história de Liddel, é cética não acreditou que Maravilhas existia, se recusou a vir. E por causa dela um dos reinos entrou em desgraça, tragédias começaram a acontecer, pessoas morriam... Detestável. — essas palavras fizeram eu me encolher.

"O desespero dos gládios se findará com o outono que chega"

"Você parece o outono"

Gládios, gladiadores, guerreiros... Espada?

Será que eles são o reino que foi destruído pelo ceticismo da minha mãe? E eu sou o outono que vai acabar com esta desgraça?

— Finalmente! — Kit apareceu, nos abraçando — Eu não posso entrar na clareira sem o meu melhor amigo, não é? Você vem comigo de me protege da Madge?

A expressão de Zak se suavizou em milésimos de segundo.

Entende?

Milésimos de segundo!

Kit, nunca mais me deixe como ele sozinha, por favor. Ele é assustador quando está com raiva contida. Eu fiquei arrepiada e apavorada! Não parecia o garoto que me raptou!

— Vamos logo! O Mart já começou o teatro, e está extremamente hiperativo, apesar dele ter a calma de um gato. E eu não quero acordar a ratinha e não quero ser alvo daquela que não deve ser nomeada.

— As damas primeiro. — Zak e Will me empurraram.

Um moinho velho, um campo cheio de grama morta... Uma mesa de chá gigante, um loirinho hiperativo tomando a vigésima xícara de chá, uma criança dormindo, uma pessoa na cabeceira lendo um jornal, com os sapatos amarelos em cima da mesa.

A pessoa dobrou o jornal e me encarou, cabelos ruivos apontados em todas as direções, chapéu verde, a franja cobrindo o olho direito, enquanto o visível, azul faiscava de raiva, insanidade e desgosto.

Nem abri a boca e essa garota já me odeia.

Segui com a cabeça erguida, tremendo de medo, e ouvi passos atrás de mim. Provavelmente o três patetas estavam me seguindo.

E eu sou o escudo.

Um sorriso alegre transformou por completo o rosto da menina. Ela se levantou de um pulo e caminho em cima da mesa até nós, chutando xícaras e pires para todos os lados. Quando chegou na beirada da mesa, onde eu estava, se agachou.

— Olá, qual é o seu...

— Saia da frente se não quiser ser minha inimiga. — sussurrou, a voz doce fez a situação ficar mais assustadora.

Dei um passo para o lado, e ouvi alguém lamentar. No segundo seguinte a desconhecida saltou para cima de Kit e o beijou.

— Bom dia, gatinho... — disse acariciando seu rosto com a ponta dos dedos — Estava com saudade? — se olhar matasse, Zak seria o assassino.

— Queremos conversar, irmã.


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