Alice's Key escrita por My Dark Side


Capítulo 5
Bônus: Callyda e Jojo




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A borboleta, com um bater de asas

Uma catástrofe pode causar

Um incêndio a partir das brasas

Ou um furacão vindo do mar

Esta jornada é apenas uma em um milhão, não dependemos do sol, mas apenas daqueles que nos dão as mãos, nos carregam e guiam. O som, a luz, o macio, o doce, o amargo.

Sou eu quem sou? Ou você é quem sou? Questionamentos que vagam neste espaço vazio.

— Cally! Você pode me ajudar?

— O auxílio jamais é preciso, mas se faz necessário ao mostrar seu coração.

— Eu posso fazer sozinho, mas quero ficar com a minha irmã. — escutei o suspiro fraco daqueles que batalharam e aceitaram a derrota.

— Não aja como um sabiá diante de um gavião, aproxime-se.

— Como você consegue controlar o que vê? —questionou a pequena lagarta.

— Sendo pusilânime.

— Você não é covarde, irmã!

— Eu adotei uma deficiência ao invés de conviver com meu dom! Você nomeia isto uma atitude audaciosa? — berrei.

— Sim, porque você sabe que não consegue conviver com esta coisa, e admite isso. As pessoas pusilânimes fogem da verdade. Você a encara, do seu modo.

Quem és tu? Que fazes aqui?

Vives por viver ou para morrer?

— Por que? Por que isso só ocorre com a borboleta?

Lagarta pequenina

A sinceridade em sua fala

São como diamantes na mina

E profunda como uma vala

Callyda começou a chorar, e isso me fez ficar triste. Não gosto de ver ela chorando. Ela é uma borboleta, não pode ficar triste! O vovô não pode deixar ela triste! Não mais!

Todas as vezes que ela chorava, era porque ele aparecia! Isso me faz não gostar do papai! Ele é mau! Aqueles que fazem a Cally chorar não são boas pessoas!

— Papai Absolem... Pode voltar pra casa? Eu não quero que você deixe a Cally triste de novo. — falei isso abraçando ela, e senti as suas lágrimas no meu ombro.

— Ele jamais irá, sempre vai ficar assombrando aqueles com a fala e visão... — lamentou.

— A gente pode fazer o vovô ficar quietinho, não é? — perguntei, eu sei que o vovô não é o meu vovô, mas o meu papai, mas ele é tão velhinho... Eu acho que chamar ele de vovô é melhor que chamar de papai. — A... E... I... O... U... E... U... — comecei a cantarolar a musica das vogais que eu sabia que ele gostava, Cally ficou no meu colo, e ela foi se acalmando conforme eu continuava.

A minha irmã parece o inverno. Todos acham ela forte, poderosa, fria e insensível. Para mim, a mesma coisa, mas um inverno diferente... Aquele de aparência intimidante, mas frágil, delicado. Afinal, nessa estação a maior parte dos animais se enfraquece. E não é difícil isso acontecer com as borboletas, que sequer vivem nesta época. Por isso que a Cally é a minha borboleta de vidro.

Ela não via o passado, como eu, mas também não via o futuro. Apenas sabia o que aconteceria, porque ouvia e via as almas que nos rondavam e a avisavam, e pelo que ela me disse. Não eram todos bonitinhos, como estavam em sua juventude, mas a verdadeira forma de suas almas.

Se você fosse uma pessoa horrível, sua alma seria tão feia quanto o monstro da lagoinha dos sapos. E se fosse gentil, carinhosa, teria a beleza de uma fada.

Eu não sei o que são fadas, aqui não tem fadas.

As flores se dizem fadas, mas elas são tão horríveis...

Piores que a rainha vermelha!

— Eu te amo, Jonas. Estou agradecida. — ela suspirou contra o meu ombro.

— Também te amo, Cally.

Ela passou a mão no meu cabelo, cantarolando a música sobre borboletas que eu fiz pra ela. E ficou tão... Fofinha, só porque ela me ajudou.

De vidro é a borboleta,

Que é tão delicada

E tão bela quanto as violetas.

Nem a rainha é tão amada

Sobrevoou o desespero, e estendeu sua mão para aquela que estava apavorada. Ser de alma tão gentil... A calma estava impregnada em seu corpo, sua voz e suas atitudes.

— Amor, uma palavra tão pequena e tão cheia de significado.

— A mais bela de todas. — ele completou.

Não se preocupe com seu pai, minha querida. Ele está distante. Retire aquilo que lhe protege do medo.

— Não precisa tirar, você disse para mim que faria isso durante o festival, e é o suficiente, irmã.

Os ancestrais encorajavam aqueles com dificuldades, enquanto a criança nova esperava o momento certo.

— Tudo no seu tempo.

Tão nova, tão inteligente

De atitudes divergentes

Jamais saberemos o que esperar

Muito menos o que irá falar

Callyda estava sorrindo, ela me abraçou e fez eu me deitar em cima dela, apoiando a cabeça no seu ombro. Quando ela fazia isso, ficava tão feliz! Mostrava que éramos uma família.

O Blue... Ele era nosso irmão, mas eu não tinha com ele a mesma ligação que tinha com a Cally, ela realmente me ajudava. Ele... Nem tanto. O dom afasta as pessoas.

Se alguém com poder em excesso ficar perto de alguém que não tem nenhum... É muito complicado.

E eu sei disso, porque o Xis tem dois dons, e a Madge não tem nenhum. Ela deve sentir raiva de ficar perto dele. Muita raiva! Ela é um furacão quando está perto dele, eu não a reconheço.

Se bem que a Cally não me deixa ficar perto dela, não sei porquê. Por isso eu não conheço ela muito bem. Eu acho que as almas más influenciam ela.

— Apenas sete origens até você vê-los. — Cally murmurou para mim.

— Eu quero muito ver eles! São as portas da sua alma, não são?

Eu nunca vi os olhos dela, e eu ia ver pela primeira vez no Festival de Copas! Isso é tão legal!

Ela sempre escondeu os olhos porque não queria encarar aqueles seres que apenas ela enxergava, isso a deixava mal. Muito mal. Eu sei que algum dia ela vai ver normalmente, e todos vão ver o quão linda a alma dela é, e espero que este dia não seja muito depois do festival...

Verdes, amarelos, violetas, laranjas, marrons, pretos, azuis e cinzas. Já vi olhos de todas essas cores! Eu quero saber qual cor é a da minha irmã!

Azul é comum, mas... Depende, quando é claro ou escuro. O meu eu acho que escuro, o Blue e a Madge tem um pouco mais claro, e o Zak mais claro ainda...

Será que os olhos da Cally também são profundos? Da cor da água de um lago?


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