Corpos e Corvos escrita por Laurique


Capítulo 8
"Tomando sorvete com uma desconhecida"




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Uma semana depois da visita em sua casa, Laurique discutia com Shun a respeito do número que Jessica havia lhe dado, andava de um lado para outro afirmando que poderia descobrir mais sobre seu verdadeiro passado. Do outro lado da sala segurando uma xícara de chá Shun tentava convencer seu amigo de que aquilo não podia ser uma boa ideia, ele mal conhecia aqueles dois.

– Lauri, se quiser ligar para ela, tudo bem, mas fique ciente de que se estiver enganado e tudo isso não passar de algo de sua mente, poderá agravar sua situação. – Bafejou sobre a xicara esfriando um pouco o seu chá preto.

O homem ruivo coçou sua bochecha em cima da cicatriz, pegou o celular andoird que estava em cima da mesa, então o ligou e encarou ele com o polegar em cima da tela de desbloqueio.

– São oito horas da manhã, acho que seria meio estranho eu ligar uma hora dessas não é? – Perguntou o rapaz indeciso.

– Eles são agentes Lauri..., acordar cedo faz parte do trabalho deles. - Disse isso e tomou um gole do chá.

– Tudo bem então. – Não hesitou em discar, porém sentiu borboletas no estômago ao aguardar a chamada.

– Alô –Uma voz feminina e sonolenta atendeu ao telefone.

– Alô, aqui é o Laurique, gostaria de falar com Jessica.

– Oh meus Deus! Senhor Laurique, demorou um pouco para ligar não acha? De qualquer forma que bom que ligou, significa que tomou a decisão de correr atrás de respostas para o seu passado, não é isso?

– Bem, sim.

– Ok, mas só temos um probleminha – Do outro lado da linha Jéss colocou a mão na nuca e tomou cuidado com as palavras. – Eu fui transferida para a agência da américa do sul, então se quiser resposta sobre seu passado, terá que pegar um voo para cá.

Laurique ficou surpreso com a notícia, suspeitava que Shun não fosse adorar a ideia, e foi o que exatamente aconteceu segundos após a ligação quando ele contou a notícia.

– O que ?! Como assim américa do sul? – Shun cuspiu um pouco do seu precioso chá preto.

– Sim, parece que agora eles estão encarregados de uma missão na argentina, e pode estar relacionada com o meu passado também, foi o que a moça me disse.

– Tudo bem, comprarei duas passagens hoje, e logo partiremos. – Shun voltou para cozinha para pegar mais chá.

– Você se convenceu muito rápido! – enunciou Laurique enquanto se afastava.

– Vá logo antes que eu mude de ideia.

Mais tarde no aeroporto de Karakura ambos os rapazes embarcavam no avião na primeira classe, afinal Shun Yamamoto era um psicólogo famoso, já havia escrito três livros e também era descendente direto da família principal. A viagem de avião até a argentina foi longa e entediante, porém serviu para ajudar a Laurique a tentar superar seu medo de avião. Ao chegarem no aeroporto de Buenos Aires procuraram por alguém que estaria com a placa com o nome de Laurique para que os levassem até Jéssica e Sam, mas não avistaram ninguém, o lugar estava lotado, pessoas amontoadas em vários lugares, parentes se reencontrando, clientes reclamando pela demora do avião para Nova York, era um local enorme com outdoors presos ao teto que tinham marcas de roupas e perfumes. Ambos estavam distraídos observando o local e procurando por alguém com uma plaquinha com o nome de um deles.

Truum! Alguém esbarrou em Shun, ao ouvir barulho de livros caindo ao chão, levou seu olhar até à pessoa, e desculpou-se imediatamente, se abaixou para pegá-los.

– Não, está tudo bem, eu que peço desculpas, sou uma desastrada. –Disse a moça se abaixando também.

O cabelo dela era da cor de morangos e também cheirava como tal, seus olhos eram verdes, ela estava usando um vestido branco com estampa de bolinhas pretas, e um par de sapatilhas pretas. O olhar da moça fixou por uns instantes o rosto de Shun e depois de volta aos livros, ele sorriu retribuindo o olhar e ajudando a ela recolher os pertences.

– Sei que não foi por mal, eu também estava distraído procurando uma pessoa. – Disse Shun.

– Sua esposa?

– Oh, não. Sou divorciado, minha esposa me trocou por outra mulher. – Sorriu, colocando os livros sobre os antebraços dela onde já havia alguns outros empilhados. – Estou fazendo isso tudo por um amigo que quer descobrir mais sobre suas origens, e você o que faz em Buenos Aires?

–È uma longa história, você fala inglês muito bem – Tentava equilibrar os livros para que não caíssem novamente, enquanto olhava para o rapaz asiático, ela sorriu para ele.

– Ah sim, obrigado é uma língua muito bonita, você também fala muito bem, estou ansioso para ouvi-la, vamos eu te pago um sorvete. – Sorriu para a moça e ajudou a carregar os livros até um local que vendia sorvetes por ali, antes disso retirou o celular do bolso e enviou um sms para Laurique o avisando que iria retornar assim que terminasse de tomar sorvete com uma amiga.

Laurique ainda procurava pelo homem quando recebeu o sms, indignado se sentou em um banco ali próximo e desistiu de procurar.

– Bom, eu sou Aline de Lyon, França, bem eu não sei ao certo se realmente sou de lá, isso pode parecer loucura para você.

– Tudo bem Aline, meu nome é Shun, já estou acostumado com loucuras. –Shun a interrompeu – Pode me contar.

– A algo de errado em minhas lembranças, não parece que sou eu, não parece que essa é a minha vida, então de uns tempos para cá eu venho tendo uns sonhos estranhos. – Brincou com o sorvete o misturando com a cobertura de morango, ela estava insegura e mordia os lábios como se estivesse contendo em contar essas coisas a um estranho.

– Por favor não se contenha. – Shun observou que ela parecia querer desabafar já faz muito tempo, seria seguro que se abrisse com ele ao invés de outro estranho qualquer.

– Eu estou em um corpo diferente do meu e minhas memorias são outras, agora não consigo me lembrar que memorias são essas, mas no sonho eu fiquei encarregada de uma missão. – Foi interrompida.

– Você se lembra como você é no sonho ou de que missão é essa? – Após fazer a pergunta ele tomou mais um pouco do sorvete de baunilha com cobertura de chocolate.

– Eu não me lembro como eu sou, e nem da missão, mas me lembro de uma voz distante e em êxtase que ecoava até meus ouvidos dizendo “Adeus Laurique”. – Olhou para o horizonte como se tentasse lembrar de mais alguma coisa.

Shun deixou que o sorvete que ele estava segurando caísse no chão enquanto o mesmo ficava apenas segurando a pazinha, totalmente perplexo com o que acabara de ouvir, então perguntou novamente para ter certeza que não estava delirando.

– Desculpa, o que a voz dizia? – Se recompôs e ajudou a faxineira a pegar o sorvete que ele havia deixado cair.

– Você parece tenso, está bem? – Aline colocou a mão sobre o ombro de Shun tentando confortá-lo.

– Estou bem, poderia repetir mais uma vez?

Adeus Laurique”


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