Argentina, Buenos Aires, 21 de Julho de 2010.

Igor era um garoto de 17 anos, 1,69 de altura, cabelo castanho claro, não era muito bonito a ponto de ser notado em uma multidão, mas tinha seu charme, rapaz saudável e inteligente. Era muito estranho um garoto com tantas qualidades estar na beirada do terraço da escola El Corazón de Maria, daqui o chão aparenta ser tão próximo, pensou Igor. Seus dedos delicados seguravam a grade de segurança enquanto seu corpo se inclinava em direção ao solo, mas não esperava um vento forte soprar fazendo com que o rapaz fosse jogado ao destino que ele tanto almejava. Em meio a viagem para morte Igor se viu em um lugar escuro de onde só havia uma luz sobre ele, como um holofote, um arrepio percorria a sua espinha e um frio na barriga lhe domava, Igor nunca foi de acreditar em céu ou inferno, mas agora essa ideia lhe assombrava. Em meio a escuridão ele ouvia passos como de saltos altos, que cada vez mais se aproximavam acompanhados de sons de risos femininos.

– Alguém aí? Por favor não me mandem para o inferno, eu não machuquei ninguém! – A voz de Igor ecoava na escuridão.

Após um certo tempo de relutância a voz se relevou.

– Eu sei disso, Igor, tadinho, após ser abusado pelos coleguinhas dia após dia, não aguentou a pressão e desistiu da própria vida. – Disse a voz, sussurrando ao ouvido do garoto e se afastando novamente.

– Eu não tive escolha, eles sempre pegavam no meu pé! Eu...eu nunca poderia fazer nada contra eles, eu tenho medo. – Gritou ouvindo o eco de sua própria voz o acusando de medroso, somente a sua que ecoava.

De repente mais um holofote se acendo bem próximo ao rapaz e ele viu um ser com chifres longos e grossos como os de um bode, pele pálida azulada, olhos vermelhos e cabelo branco, ao tomar o susto Igor cai para trás se arrastando para longe da coisa e sendo seguido pelo holofote, ao olhar mais uma vez ele percebeu que o monstro tinha uma forma de uma mulher bonita, com um corpo muito sensual, coxas grossas e firmes, peitos grandes, ela estava pelada, ao olhar mais para baixo ele ver o que parecia fazer os sons de sapatos de salto alto, era o próprio pé do ser que tinha a forma de uma espécie de tamanco, olhando daquele ângulo ela parecia ter cerca de 1,80.

– Isso porque você é fraco. – Respondeu o ser olhando diretamente para ele enquanto colocava seu pé direito sobre o peito do garoto o forçando a ficar no chão.

Próximo a última costela do monstro havia uma tatuagem escrita em uma língua desconhecida, o demônio se abaixou lentamente, até sentar sobre Igor, ele estava assustado, não conseguia pensar em nada, ela chegou sutilmente ao ouvido dele e disse:

– Você quer ser forte? Eu posso te transformar em um homem e ninguém mais vai te perturbar.

– O que você quer dizer com isso? - Igor encarava aqueles seios fartos, enquanto ela lambeu os lábios e o beijou.

– Apenas me diga, você quer se tornar um homem? – Olhou para ele seriamente.

– Sim – Respondeu com um olhar de determinação.

A garota demônio o beijou novamente e fizeram amor durante aquele momento, para Igor era como um novo mundo, sentia como se estivesse fazendo sexo em frente a mil pessoas observando-os, mas quando deu por si, estava são e salvo em cima do terraço.

No caminho para sala Igor foi parado pelos seus colegas de sala, eles eram mais altos e mais fortes, principalmente o Diego, capitão do time de futebol, os outros alunos o chamavam de Montaña. De todos os garotos do grupinho que perturbava Igor, Montaña era o que mais pegava pesado.

– Aonde pensa que vai, feijãozinho? – Disse Montaña, colocando a mão sobre o peito de Igor e fazendo força para empurra-lo para trás.

Quando deu por si Igor percebeu que não sentia mais medo, decidindo assim responder a pergunta desafiando seu inimigo.

– Vou para a aula, por favor me dê licença.

Montaña sentiu-se ofendido e desafiado em frente aos colegas, pensou em bater no garoto ali mesmo no corredor bem em frente a todo mundo inclusive os professores, mas não poderia, então revolveu esperar até o final das aulas para castiga-lo por tal insolência. Ao final das aulas o mesmo grupo de garotos arrastou Igor até o fundo do colégio, enquanto Edgar um rapaz alto e magricela segurava o pequeno Igor, Montaña o socava repetidas vezes na barriga.

Igor podia sentir a dor de tanto ser espancado, mas o medo ainda não havia chegado, tinha algo estranho acontecendo com ele e o mesmo sabia disso. Em meio aos socos, Montaña percebeu que o Igor estava resistindo por muito tempo, logo resolveu dar uma conferida levantando a camisa do garoto, após verificar percebeu que não havia ferimento algum, achou muito estranho, foi quando o Edgar caiu no chão com a mão sobre a barriga e cuspindo sangue por todo o chão, assim dos outros garotos do grupo também estavam caindo. Todos estavam assustados, menos Igor, uma voz sussurrou para os dois garotos que ainda estavam de pé, pedindo que colocassem as suas mãos no bolso direito da calça, obedeceram, tanto no bolso de Igor como no de Montaña havia um canivete, se olharam e entenderam o que tinham que fazer. Morrendo de medo o capitão do time de futebol correu em direção à rua, o pequeno Igor guardou o canivete e tentou alertar Diego sobre o caminhão que se aproximava em alta velocidade, porém já era muito tarde para isso, Montaña foi atropelado sendo atirado a dez metros de distância.