Corpos e Corvos escrita por Laurique
Notas iniciais do capítulo
Agora em primeira pessoa.
Prazer, me chamo Laurique, mas não sou um Damons.
Como você já deve saber, eu moro com meu amigo Shun no Japão, muitas coisas aconteceram de lá para cá e nós viemos parar na Argentina, tudo graças a dois agentes de uma agência chamada “ICA”. Eu ainda tinha minhas dúvidas a respeito de Sam e Jessica, porém quando o nosso motorista se transformou em um monstro gigante com uma trituradora na boca, bem, eu tive certeza de que eles não estavam de brincadeira e talvez soubessem algo sobre o meu passado. No aeroporto de Buenos Aires Shun me apresentou a sua paquera, uma gata que desfilava sobre duas pernas. Ela apertou minha mão e de repente começou a surtar, dizendo algo sobre “eu não ser eu”. Atenção, se acredita que suas memorias sejam falsas e que você pode ser algum tipo de monstro, sugiro que pare de ler esta história imediatamente, pois quanto mais próximo da verdade estiver, mais inimigos da sua vida passada sentirão, e com sua sorte eles irão te achar mais cedo ou mais tarde.
Era um dia ensolarado como outro qualquer Shun, Jess, Sam, Aline e eu estávamos em frente a uma casa velha que me parecia abandonada, ela era feita de tijolos, a parede era branca, “era”, estava quase completamente descascada, tinha duas janelas velhas e quebradas que deixavam a amostra o interior da velha residência, sua porta era vermelha e bonita ao redor dela haviam alguns cupins, mas de algum modo eles não se aproximavam da porta, ou não conseguiam.
– Antes de vim para este lugar, eu fiz uma pesquisa e não encontrei nenhum número 666 registrado nesta rua, pensei em perguntar ao nosso motorista a respeito, mas...bem, vocês já sabem. – Shun olhou ao redor colocando a mão sobre a testa para aliviar o suor.
– O que esperava senhor Shun? Que a localização da agência ICA de Buenos Aires estivesse na lista telefônica? – Sam esbouçou um leve sorriso, enquanto retirava seu paletó preto e afrouxava a gravata roxa com finas listras brancas.
– Desculpa dar uma de senhor óbvio, mas uma casa velha e caindo aos pedaços, com uma belíssima porta de cor vermelha com a maçaneta banhada a ouro... – Esse é um detalhe importante, a maçaneta era banhada a ouro -... é difícil não perceber que aí tem coisa. – Ele sorriu de volta para Sam e depois para todos nós, enquanto Jess se afastava em direção a porta.
– Mas é aí que está o “X” da questão senhor Shun, para nós essa é uma bela porta, pois eu já sabia que viriam e fiz os seus cadastros, bela moça, quero olhe para essa porta e me diga o que vê. – Sam apontou para a Aline e logo após em direção a porta.
– Mas que porta? – Disse ela.
– Conseguiu compreender, senhor Shun? – Sam o encarou por debaixo dos óculos escuros e redondos.
– Então quer dizer que quando alguém está habilitado no sistema ICA, essa pessoa pode enxergar a porta, caso contrário só verá uma casa velha e aparentemente abandonada?
Fiquei aluído ao ver que meu amigo entendeu rapidamente o que Sam estava tentando dizer, enquanto eu e Aline ainda estávamos quebrando a cabeça. Enquanto Jess batia na porta em um ritmo que me lembrava a música da dona aranha, Sam fazia o cadastro de Aline, para que também fosse possível a entrada dela na agência, pois se não, ela só entraria em uma casa velha e vazia, foi como entendi. Entramos na tal “casa”, porém por dentro era realmente uma agência, com algumas pessoas sentadas em frente a computadores, enquanto outras andavam apressadamente, com papéis na mão, mais a frente havia um senhor com um bigode enorme como o de Flanco, estava ao telefone, parecia estar furioso, ele fez o sinal para que a moça que carregava uma montanha de papéis deixasse-os lá e fosse embora imediatamente. Quanto mais andávamos era possível ouvir os atendentes cada um com seu headset na cabeça citando códigos como 322, 224, 33, entre outros. Chegamos a uma sala que tinha o nome de Sam na porta, “J.O.E”, que significa Chefe de operações especiais, chefe é jefe em castelhano, e mais abaixo Samuel W. Madison, entramos.
– Wow, bela sala. – Disse eu, indo em direção a um taco de baseball.
– Não toque em nada. – Sam me repreendeu, me olhou de um modo que me fez lembrar da minha falsa infância quando meu severo pai não permitia que eu tocasse em suas coisas, o antigo dono desse corpo, deve ter tido uma vida difícil, pensei.
– Sentem-se, por favor. – Jess pegou uma espécie de controle remoto de última geração e ligou o ar condicionado, acendeu as luzes e fez uma tv, led, de cinquenta polegadas aparecer onde antes havia uma foto de Sam e seu cachorro da raça labrador.
Antes de alguém pudesse falar algo, eu perguntei a Jess o que eles iriam fazer em relação as testemunhas da praça, afinal elas viram um monstro com cerca de três metros de altura, atirando partes de um taxi.
– Você se lembra do que sonhou hoje na madrugada? – Apontou o controle em minha direção.
– Não muito bem, só partes. – Desviei o olhar da direção dos olhos dela, eles me intimidavam.
– Dentro de uma semana, você se lembrará de menos partes, não acha estranho sua memória que guarda tantas informações, não conseguir lembrar o que sonhou hoje pela manhã? – Colocou as duas mãos sobre a mesa do escritório se apoiando para fixar mais ainda aqueles olhos intimidadores em mim.
– Mas o que isso tem a ver com os sonhos? – Perguntei.
– Existe uma teoria que de quando sonhamos, nosso espirito visita outros mundos, mas quando retorna ao seu corpo não consegue se lembrar de nada, é como uma “proteção” que nosso cérebro dá para que não nos afastemos muito desse mundo atual. – Sorriu para mim, buscando saber se eu já teria associado ao lhanna.
– Ok, mas o que isso tem haver? – Todos me olharam como se eu fosse um imbecil, exceto Shun que me olhou com o ar de “ainda a esperança de salva-lo da própria burrice.” Então Sam interveio.
– O que ela está tentando dizer, todas as pessoas realmente viram o lhanna, porém segundos depois já não se lembravam ao certo do que teria acontecido, minutos depois aquilo seria associado a um acidente de carro. Antes que me pergunte, o motivo de nós conseguirmos nos lembrar, são os mentalistas, eles colocam uma barreira em nossa memória para que nosso cérebro não nos faça esquecer, mas caso sejamos despedidos...
–Essa barreira é desfeita e não lembraremos mais de nada. – Completou Jess.
– E como nós conseguimos nos lembrar? – Perguntou Shun.
– Seu amigo Laurique e Aline sua namorada, não são humanos, por isso conseguem se lembrar, você passou muito tempo com um monstro em sua casa, creio que seu cérebro se adaptou e parou de te proteger dessas memórias. – Jess sorriu.
Na tela da televisão apareceu a imagem de um rapaz, cabelo castanho claro, parecia alguém inteligente, a esquerda da foto, haviam informações como idade, 17 anos, altura 1,69. Estávamos tentando entender, porque logo abaixo da foto estava escrito, perigoso. Jess e Sam nos explicaram toda a situação, e nos disseram que o demônio que estava com o garoto poderia ter uma pista sobre o nosso passado, portanto deveríamos ajuda-los nessa missão.
Então partimos na estrada para o inferno (metaforicamente falando)
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Enquanto todos estavam distraídos Laurique pegou o taco e começou a girar de um lado para outro, narrando um possível jogo de beisebol, onde ele seria a estrela, perdido na ilusão de seus pensamentos, derrubou o jarro de porcelana preferido de Sam.
Após acordar com todos a sua vota, Lauri não se lembrava de nada só que um vulto o atingira e depois ele apagou.