Corpos e Corvos escrita por Laurique


Capítulo 10
"Eu não sou eu"


Notas iniciais do capítulo

Agora em primeira pessoa.



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Prazer, me chamo Laurique, mas não sou um Damons.

Como você já deve saber, eu moro com meu amigo Shun no Japão, muitas coisas aconteceram de lá para cá e nós viemos parar na Argentina, tudo graças a dois agentes de uma agência chamada “ICA”. Eu ainda tinha minhas dúvidas a respeito de Sam e Jessica, porém quando o nosso motorista se transformou em um monstro gigante com uma trituradora na boca, bem, eu tive certeza de que eles não estavam de brincadeira e talvez soubessem algo sobre o meu passado. No aeroporto de Buenos Aires Shun me apresentou a sua paquera, uma gata que desfilava sobre duas pernas. Ela apertou minha mão e de repente começou a surtar, dizendo algo sobre “eu não ser eu”. Atenção, se acredita que suas memorias sejam falsas e que você pode ser algum tipo de monstro, sugiro que pare de ler esta história imediatamente, pois quanto mais próximo da verdade estiver, mais inimigos da sua vida passada sentirão, e com sua sorte eles irão te achar mais cedo ou mais tarde.

Era um dia ensolarado como outro qualquer Shun, Jess, Sam, Aline e eu estávamos em frente a uma casa velha que me parecia abandonada, ela era feita de tijolos, a parede era branca, “era”, estava quase completamente descascada, tinha duas janelas velhas e quebradas que deixavam a amostra o interior da velha residência, sua porta era vermelha e bonita ao redor dela haviam alguns cupins, mas de algum modo eles não se aproximavam da porta, ou não conseguiam.

– Antes de vim para este lugar, eu fiz uma pesquisa e não encontrei nenhum número 666 registrado nesta rua, pensei em perguntar ao nosso motorista a respeito, mas...bem, vocês já sabem. – Shun olhou ao redor colocando a mão sobre a testa para aliviar o suor.

– O que esperava senhor Shun? Que a localização da agência ICA de Buenos Aires estivesse na lista telefônica? – Sam esbouçou um leve sorriso, enquanto retirava seu paletó preto e afrouxava a gravata roxa com finas listras brancas.

– Desculpa dar uma de senhor óbvio, mas uma casa velha e caindo aos pedaços, com uma belíssima porta de cor vermelha com a maçaneta banhada a ouro... – Esse é um detalhe importante, a maçaneta era banhada a ouro -... é difícil não perceber que aí tem coisa. – Ele sorriu de volta para Sam e depois para todos nós, enquanto Jess se afastava em direção a porta.

– Mas é aí que está o “X” da questão senhor Shun, para nós essa é uma bela porta, pois eu já sabia que viriam e fiz os seus cadastros, bela moça, quero olhe para essa porta e me diga o que vê. – Sam apontou para a Aline e logo após em direção a porta.

– Mas que porta? – Disse ela.

– Conseguiu compreender, senhor Shun? – Sam o encarou por debaixo dos óculos escuros e redondos.

– Então quer dizer que quando alguém está habilitado no sistema ICA, essa pessoa pode enxergar a porta, caso contrário só verá uma casa velha e aparentemente abandonada?

Fiquei aluído ao ver que meu amigo entendeu rapidamente o que Sam estava tentando dizer, enquanto eu e Aline ainda estávamos quebrando a cabeça. Enquanto Jess batia na porta em um ritmo que me lembrava a música da dona aranha, Sam fazia o cadastro de Aline, para que também fosse possível a entrada dela na agência, pois se não, ela só entraria em uma casa velha e vazia, foi como entendi. Entramos na tal “casa”, porém por dentro era realmente uma agência, com algumas pessoas sentadas em frente a computadores, enquanto outras andavam apressadamente, com papéis na mão, mais a frente havia um senhor com um bigode enorme como o de Flanco, estava ao telefone, parecia estar furioso, ele fez o sinal para que a moça que carregava uma montanha de papéis deixasse-os lá e fosse embora imediatamente. Quanto mais andávamos era possível ouvir os atendentes cada um com seu headset na cabeça citando códigos como 322, 224, 33, entre outros. Chegamos a uma sala que tinha o nome de Sam na porta, “J.O.E”, que significa Chefe de operações especiais, chefe é jefe em castelhano, e mais abaixo Samuel W. Madison, entramos.

– Wow, bela sala. – Disse eu, indo em direção a um taco de baseball.

– Não toque em nada. – Sam me repreendeu, me olhou de um modo que me fez lembrar da minha falsa infância quando meu severo pai não permitia que eu tocasse em suas coisas, o antigo dono desse corpo, deve ter tido uma vida difícil, pensei.

– Sentem-se, por favor. – Jess pegou uma espécie de controle remoto de última geração e ligou o ar condicionado, acendeu as luzes e fez uma tv, led, de cinquenta polegadas aparecer onde antes havia uma foto de Sam e seu cachorro da raça labrador.

Antes de alguém pudesse falar algo, eu perguntei a Jess o que eles iriam fazer em relação as testemunhas da praça, afinal elas viram um monstro com cerca de três metros de altura, atirando partes de um taxi.

– Você se lembra do que sonhou hoje na madrugada? – Apontou o controle em minha direção.

– Não muito bem, só partes. – Desviei o olhar da direção dos olhos dela, eles me intimidavam.

– Dentro de uma semana, você se lembrará de menos partes, não acha estranho sua memória que guarda tantas informações, não conseguir lembrar o que sonhou hoje pela manhã? – Colocou as duas mãos sobre a mesa do escritório se apoiando para fixar mais ainda aqueles olhos intimidadores em mim.

– Mas o que isso tem a ver com os sonhos? – Perguntei.

– Existe uma teoria que de quando sonhamos, nosso espirito visita outros mundos, mas quando retorna ao seu corpo não consegue se lembrar de nada, é como uma “proteção” que nosso cérebro dá para que não nos afastemos muito desse mundo atual. – Sorriu para mim, buscando saber se eu já teria associado ao lhanna.

– Ok, mas o que isso tem haver? – Todos me olharam como se eu fosse um imbecil, exceto Shun que me olhou com o ar de “ainda a esperança de salva-lo da própria burrice.” Então Sam interveio.

– O que ela está tentando dizer, todas as pessoas realmente viram o lhanna, porém segundos depois já não se lembravam ao certo do que teria acontecido, minutos depois aquilo seria associado a um acidente de carro. Antes que me pergunte, o motivo de nós conseguirmos nos lembrar, são os mentalistas, eles colocam uma barreira em nossa memória para que nosso cérebro não nos faça esquecer, mas caso sejamos despedidos...

–Essa barreira é desfeita e não lembraremos mais de nada. – Completou Jess.

– E como nós conseguimos nos lembrar? – Perguntou Shun.

– Seu amigo Laurique e Aline sua namorada, não são humanos, por isso conseguem se lembrar, você passou muito tempo com um monstro em sua casa, creio que seu cérebro se adaptou e parou de te proteger dessas memórias. – Jess sorriu.

Na tela da televisão apareceu a imagem de um rapaz, cabelo castanho claro, parecia alguém inteligente, a esquerda da foto, haviam informações como idade, 17 anos, altura 1,69. Estávamos tentando entender, porque logo abaixo da foto estava escrito, perigoso. Jess e Sam nos explicaram toda a situação, e nos disseram que o demônio que estava com o garoto poderia ter uma pista sobre o nosso passado, portanto deveríamos ajuda-los nessa missão.

Então partimos na estrada para o inferno (metaforicamente falando)


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Notas finais do capítulo

Enquanto todos estavam distraídos Laurique pegou o taco e começou a girar de um lado para outro, narrando um possível jogo de beisebol, onde ele seria a estrela, perdido na ilusão de seus pensamentos, derrubou o jarro de porcelana preferido de Sam.
Após acordar com todos a sua vota, Lauri não se lembrava de nada só que um vulto o atingira e depois ele apagou.



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