A História dos Selvagens - Parte 1 - Medo escrita por ShiroMachine


Capítulo 11
Lucas: Três mães cuidando de mim


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Estava no corredor de uma prisão. Estava sentindo muito frio, e... saudade. Não entendia muito bem do quê, nem por quê.

Olhei por cima do ombro. Havia uma porta cinza. Fiquei tentado a abri-la, mas acho que não abriria de qualquer forma.

Estudei o local. As paredes e o chão eram cinzas. Nas celas, as correntes dos presos estavam na parede. Era pra aquilo ser assim mesmo? Deixei o pensamento de lado. Os presos vestiam um macacão laranja bem sujo. Todos pareciam fracos e debilitados. Notei que alguns estavam mortos. Olhei pra frente. Percebi, só agora, que uma mulher me observava. Não conseguir distinguir muita coisa dela, pois estava bem mais à frente. Mas tinha a expressão de que ela estava me esperando, de que queria falar comigo. Hesitei um pouco antes de fazer qualquer coisa. Uma segunda vez, pensei em tentar abrir a porta. Porém, percebi que aquilo não me faria acordar. Teria que falar com ela. Fechei os olhos e suspirei. Então, comecei a andar na direção dela.

Quando cheguei perto dela, percebi que aquele não seria um sonho qualquer.

Ela estava com uma camisa com listras pretas e brancas e calças jeans. Tinha cabelos lisos, curtos e brancos, apesar de não aparentar ser tão velha. Não tinha uma única ruga no rosto. Os olhos eram verdes (o mesmo verde que os olhos da minha mãe assumiram antes de desmaiar). Ela sorriu pra mim:

_Olá Lucas.

Gaguejei um "olá" para ela, embora não fosse exatamente o que eu queria fazer. Depois perguntei:

_Quem é você?

_Eu sou o que mantém o seu destino e o destino de Fernando conectados._ Disse ela.

Meu queixo caiu. Eu senti vontade de fazer mil perguntas naquele momento, mas comecei a me sentir sufocado. Quase cai no chão. Mas consegui me controlar.

_Por enquanto, apenas acalme-se e escute._ Falou ela. Por um momento, cheguei a pensar que ela havia causado aquela sensação em mim. _Quando Fernando começou a aventura dele, eu tentei ajudar. Mas eu não posso fazer muita coisa por ele.

_Por que não?_ Perguntei.

Ela suspirou.

_Como pode imaginar, o planeta em que ele vive está diferente do seu. São os mesmos, mas com condições diferentes._ Ela olhou pro chão, com uma expressão de tristeza no rosto. Mas continuou. _Então, eu pensei em outra coisa. Se eu mostrasse para você o que o aguardava no futuro, você poderia tentar ajudar Fernando, além de si mesmo. E você vai._ Ela voltou a sorrir.

Olhei para ela, incrédulo.

_Como assim?_ Indaguei. _Acha que é tão simples?

Ela franziu a testa.

_Muito pelo contrário. Sei que é muito complicado. Mas você e os outros dois tem mais habilidades do que pensam. Vocês são os mais aptos a fazer isso.

Eu não desejava discutir. De um jeito ou de outro, eu iria naquela aventura. Fiz um sinal para que ela continuasse a falar.

_Eu influenciei seus avós a dar a vocês o toca fitas. Depois, tripliquei a fita e coloquei ela dentro dos aparelhos. E esperei até que vocês descobrissem.

Assenti. Então, comecei a fazer perguntas:

_Como você fez tudo isso?

_Como você disse, sou uma força maior._ Respondeu. _Tenho dons que me ajudam a proteger o planeta. É para isso que existo.

Suspirei, sem saber exatamente como ficar por estar certo.

_Tudo isso que vem acontecendo nos últimos dias... quero dizer, os sonhos, a minha professora e etc... foi você?

Ela assentiu.

_Entenda, estou tentando fazer vocês se apressarem, mas os corpos das pessoas absorvem isso de um jeito diferente. No caso, a sua professora de ciências respondeu daquele jeito. Quanto aos sonhos, a mãe de Fernando sabe que eu existo, porque é eco sobrevivente, e também sabe o que eu estou fazendo. Está tentando ajudar vocês. Quanto a quem vocês chamam de governante, ele sabe que eu existo e o que estou fazendo porque escolhi ele. Ele é o melhor da época dele.

Assenti, tentando absorver as informações.

_A mãe de Fernando disse que vem acompanhando meus passos. É verdade?

_Sim._ Respondeu. _Ela me ajudou a escolher vocês três, mas prestou mais atenção em você. Não sei exatamente o porquê.

Suspirei. Percebi que estava trêmulo. Me forcei a ficar calmo.

_Ela disse que eu e Fernando somos parecidos. Você sabe me dizer como?_ Essa foi mais por curiosidade de saber como ele era.

_Bem, vocês dois são corajosos, astutos e leais.

Assenti. Ela olhou ao redor e disse:

_Está na hora de eu ir. Vou mandar você de volta pra casa._ Um vento morno passou pelo local.

_Espere!_ Falei. _Eu ainda quero saber quem é você. Quer dizer, quem exatamente você é.

Ela sorriu. Depois disse, com os olhos brilhando:

_Digamos apenas que sou velha o bastante para conhecer cada ser que já pisou nesse planeta.

O sonho escureceu. Acordei com frio. Percebi que estava deitado no chão. O telefone estava caído à alguns metros de mim. Levantei e o peguei, colocando ele de volta no lugar. Fui para o quarto. Minha mãe ainda estava desmaiada. Me perguntei se ela estaria sonhando.

Sentei no sofá. Antes de acordar, me dei conta de algo. Agora, estava tentando lembra o que era. Fui interrompido pelo barulho do telefone tocando. Estremeci. O que podia ser agora? Me levantei e fui atender. Olhei o número. Era a Tatiane.

_Alô?_ Falou.

_Oi, Tati._ Disse esfregando a mão na testa. _O que foi?

_Falou com sua mãe?_ Perguntou.

_Quase._ Respondi, fazendo uma careta. _Aconteceram algumas coisas estranhas. E você?

_Eu contei e ela marcou uma audiência com o prefeito, pra entender a história toda melhor._ Respondeu.

Fiz outra careta. Então, lembrei de súbito o que eu havia descoberto com o sonho.

_Ainda tá aí?_ Perguntou ela.

_Sim._ Respondi. _Escuta, tenho que te falar uma coisa.

Pude sentir ela ficando um pouco mais tensa, mesmo que apenas pelo telefone. Suspirei. E então disse:

_Eu acho que foi a mãe-natureza que nos colocou nessa aventura.


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