Jikan Ryoko escrita por João Marcelo Santos


Capítulo 5
Capítulo 5: Delta.


Notas iniciais do capítulo

AEEEEEEE, GENTY!!! o/ Sim, eu estou postando o capítulo 5 um dia depois PORQUÊ I'M A NINJA u.u e porquê eu tava inspirado pra escrever, então....XD dane-se, vou postar hoje mesmo e quero mais que se dane u.u e eu finalmente consegui postar rapido!!!!!! / uma realisassa1um di laifi u.u Asas acorrentadas também não vai demorar muito não u.u (espero XD)


Nesse capítulo eu tive duas decepções: a primeira foi novamente não conseguir fazer um capítulo curto (G.G) e a segunda é que: O final tá bem maconhado G.G mas a gente releva XD e é importante pra história, então... enfim, boa leitura XD o/


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|Capítulo 5: Delta| Bob|

Quando eu voltei pra casa, já era cerca de 17h e 56m.

Após o término da aula, alguns alunos foram embora, porém mais da metade ficou. Era bem comum ficar até cerca das cinco e meia graças às atividades extras, que envolviam clubes e essas coisas. Mas no meu caso, eu tive que ficar para uma reunião de classe, que envolveu vários professores e representantes de turma, e até a diretora, Akemi, apareceu.

Foi uma reunião bem longa. Eu, pessoalmente, achava aquilo muito entediante. A grande maioria dos representantes de classes, incluindo algumas garotas, ficavam cheios de orgulho ao saber que eram os representantes de sua turma, e eram eles quem participavam de reuniões, e tudo mais. Mas eu detestava aquilo.

Na maior parte do tempo, os professores falaram sobre o comportamento dos alunos, e de alguns eventos escolares. Fizemos um debate longo, e no final eu já estava prestes a cair no sono. Mas, lógico, deveria demonstrar respeito e fingir um super interesse.

Não são todos que tem a oportunidade de representar sua classe”, era o que minha mãe sempre me dizia. “Espero que tenha juízo e que saiba o que está fazendo.”

Quando a reunião acabou, eu tive que ficar mais para assinar uma papelada que o professor me entregou. Quando finalmente me livrei disso, ainda tinha algo pra fazer. Não fui direto para casa, mas sim para o clube de teatro.

***

–...Mas como assim, presidente? – Mizuno exclamou, e percebi que havia certo desapontamento no olhar dos que estavam em volta – Por que não pode mais participar do grupo de teatro?

–Sinto muito... Eu realmente gostaria, mas... – eu disse – infelizmente, não tenho mais tempo. Minhas obrigações de presidente de classe estão aumentando, e infelizmente vou ter que me retirar.

–Ah, cara, que droga... – Hanasaki falou – Justo agora que estamos nos preparando uma nova peça...

–Mas, será que não tem nenhum outro jeito pra você ficar? – outro cara perguntou.

Eu fiz uma leve reverência.

–Sinto muito mesmo. Boa sorte na peça. – e virei as costas e me retirei. Evitei virar para trás. Não queria ver, mais uma vez, um grupo desapontado pela minha saída repentina do clube.

Havia sido desse jeito com cinco clubes diferentes. Eu já não aguentava mais isso.

***

‘’Bob, assine essa papelada, por favor?”

“Bob, um representante de turma deve se vestir e se portar bem! Você será uma vergonha se não for um bom aluno!”

“Bob, você poderia aceitar nosso grupo?”

“Presidente!”

Essas eram frases que eu escutava quase todos os dias.

Eu não conseguia mais simplesmente ser um aluno normal, despercebido, fazendo o que eu realmente gostava. Eu devia ser o que os outros diziam. Um aluno sempre dedicado, esforçado, exemplar... ninguém se aproximava de mim com interesses de amizade, mas sim de interesses pessoais, como conquistar minha confiança, ou tentar se encobrir. Eu achava isso uma merda. Por que ninguém entendia que ser presidente de turma não é uma totalmente uma maravilha?

Quando me tornei o presidente de classe, confesso que estava bem animado. Eu sempre fora esforçado, e fazia o que me pediam ou ordenavam, e levar a classe a um caminho melhor parecia uma coisa bem legal.

Vou ser sincero com você: meus únicos amigos verdadeiros eram Honoka e Ban. Além disso, eu me divertia bastante irritando Erika. Meus ‘’fãs’’, que sempre faziam de tudo para me agradar, e alguns até davam presentes, o que eu achava uma completa idiotice. Eu não era um deus nem nada do tipo para ser venerado.

Então meu pensamentos foram para Honoka e Erika. Elas haviam agido de forma bem estranha naquele dia. Primeiro, a começar pela postura de Honoka em sala de aula junto de Erika. Depois, o sumiço bizarro delas na hora do intervalo e por fim a ida delas á enfermaria. Nenhuma dessas coisas fazia sentido, e eu pedi permissão para vê-las na enfermaria, mas a diretora Akemi não permitiu. Acabei denunciando Erika por insistência da professora, e depois disso eu não vi mais nenhuma delas. Elas simplesmente haviam evaporado. Mas tentei não dar muita atenção à isso, já que Erika sempre se metia em casos loucos. Provavelmente seria alguma outra frescura da parte delas.

Eu estava caminhando, absorto em meus pensamentos, quando vi uma garota andando um pouco mais à frente. Ela tinha cabelos castanhos claros, e o prendia em duas partes. Era uma garota bela e alta.

Era a minha irmã, Megumi.

–Ei, Megumi! – eu exclamei, e acelerei o passo. Ela olhou de relance para trás, e ao me ver, não pareceu muito contente, pois ela acelerou o passo – Ei, espere...

Eu finalmente a alcancei, mas ela não olhou pra mim. Ao invés disso, falou:

–O que quer comigo, presidente de sala? – ela falou, um tanto friamente. Eu suspirei. Eu já estava acostumado a isso. Eu não tinha uma relação de amizade com Megumi, nem nada do tipo. Por sermos de mães diferentes e termos sido criados distantes, nunca formamos uma amizade, o que tornava nossa relação mais ‘aluno-representante de sala’. No entanto, eu tentava me aproximar dela um pouquinho, mas parece que não funcionava. Ela era meio isolada, e quieta demais. Nunca se socializava com ninguém e quase nunca falava. Eu achava que isso seria por causa de sua mãe, e que logo passaria, então nunca a incomodava.

Eu não respondi. Não tinha nada para dizer, na verdade. Apenas andamos em silêncio alguns minutos, enquanto eu pensava nas pessoas do grupo de teatro. Eles iam apresentar uma peça de Peter Pan em dois meses, eu iria ser o Peter Pan. No entanto, agora eu complicara novamente as coisas para um clube no qual eu entrara, como acontecera antes. Era sempre assim: sempre que eu tentava entrar em um clube, surgia algum imprevisto do demônio pra atrapalhar.

Tentei não pensar nisso. Ao invés disso, meus olhos pararam em Megumi, e notei um relógio amarelo em seu pulso. Mas não era um relógio comum... ele tinha um formato estranho.

–Esse relógio combinou com você. – eu disse, dando um leve sorrisinho no canto da boca. Ela olhou pra mim.

–Você.. achou? – ela analisou o relógio, passando a mão por ele, mas logo tornou-o a baixar – Obrigada.

–Onde você o comprou?- eu realmente estava querendo um diálogo um pouquinho mais longo do que o de costume... que pelo menos durasse um minuto.

–Sua mãe me deu.

–Espera... minha mãe lhe deu?

–Na verdade, ela me deu o dinheiro pra comprar. – ela se corrigiu, e percebi que ela estava mentindo. Eu sempre percebia isso,no rosto das pessoas. No modo de falar, na expressão, e pra uma garota sem expressão facial nenhuma, ela estava muito expressiva – Comprei em uma loja afastada.

–Qual o nome da loja? – eu indaguei.

–... E eu sei? – ela pareceu acelerar ainda mais, e eu acelerei também.

–Quanto ela lhe deu de dinheiro? Quando foi isso? E se eu perguntar pra ela se é verdade ou não? Onde....

–AI, MEU DEUS, ME DEIXE EM PAZ! – ela parou de andar e olhou pra mim furiosa. Até eu me assustei. Nunca a tinha visto se irritar desse jeito, e fiquei calado – Só porquê você é o representante de sala e meu irmão, não significa que eu lhe deva algum tipo de satisfação! Eu posso comprar o que eu quiser, certo? Talvez, se você deixasse de ser assim, nós pudéssemos nos entender. Agora me deixe em paz! – ela voltou a andar, agora acelerando ainda mais, e eu fiquei parado olhando ela se afastar.

E lá se foi outra conversa com ela. Fiquei pensando no que ela havia dito. ‘’Se você não você assim, nós poderíamos nos entender”. Mas, afinal, do que ela estaria falando?

Suspirei, e voltei a andar, mas sem acelerar o passo. Quando eu mal pisei meu pé no chão, alguma coisa estranha e peluda saiu correndo entre minha pernas do nada, me fazendo levar um susto monstruoso e quase tropeçar.

–Mas que p.... – olhei para o que havia passado entre meus pés. Vi que era apenas um gato preto, meio gordo, correndo em direção à Megumi. Suspirei novamente, e continuei a andar, mas dessa vez mais lentamente. Novamente, fui surpreendido do nada por alguém tocando em meu ombro do nada, me sobressaltando.

–E aí, cara? Beleza? – Me virei. Ali estava um garoto suado e meio bronzeado, com o cabelo radical com suor, e roupa de basquete. Era Ban, que provavelmente só saíra do clube de basquete agora – Que cara de quem comeu maçã estragada é essa?

–Droga, Ban, não me assuste assim. – mas eu não pude resistir a um leve sorriso – Muito treino?

–Mais ou menos... houve uma pausa, pois eu tive uma discussão com um cara que se queixava que eu sempre o empurrava .– ele suspirou – Normal, quando se está no clube de basquete... mas pude marcar duas cestas. E você, não deveria estar no clube de teatro?

–Pois é, devia. – eu suspirei- Não devo mais.

–Espere... você saiu de novo de um clube? – evitei olhar pra ele, e mantive meu olhar fixo pra frente – Sério isso? Vocês não iam apresentar um tipo de peça daqui a dois meses? Quando é que você vai finalmente fazer algo que gos...

–Desculpe, Ban, mas estou com obrigações à fazer. Tenho as lições de casa também, então, com licença – eu me virei pra ele, e dei um leve sorriso amarelo – Até amanhã, jogador profissional. – Acelerei o passo, e ele não tornou a me seguir.

***

A parte mais difícil de todas era encarar aquela mansão na chegada. Isso era realmente detestável.

Cheguei perto do portão e toquei a campainha.

“Quem é?” Uma voz eletrônica perguntou logo em seguida.

–Bob Nelson Yatsuka. Essa é a minha voz. – eu respondi, entediado. Em alguns segundos, o portão finalmente abriu. Olhei para os lados, e ninguém estava na rua. Entrei e o portão se fechou automaticamente.

O jardim da minha era casa era imenso e luxuoso. E não só isso, ele tinha várias decorações, algumas típicas japonesas, e algumas um pouco diferentes, feitas pela minha mãe. Alguns achavam estranho, outros belo, mas era inegável que era gigante. Caminhei pelo asfalto até a porta de casa, que era de vidro e tinha uma maçaneta preta novíssima. Abri aquela porta querendo logo me livrar daquela visão detestável. Eu simplesmente não conseguia aturar a ideia de morar naquela casa... embora ela fosse muito invejada, eu não queria aquilo tudo. Todas aquelas decorações, arrumações e limpeza, uma entrada altamente luxuosa... pra quê?

–Estou em casa. – eu falei para a sala gigantesca e vazia à minha frente. Um tapete preto e branco com algumas decorações bem feitas se estendia pela maior parte do piso de madeira, e havia uma pequena mesa de refeições baixinha. Havia uma televisão pregada á parede do lado, e uma lareira abaixo dela. Outras decorações como bonecas de japonesas estavam espalhadas, pois a minha mãe tinha uma fissura por essas bonecas. Poltronas eram logo vistas, e várias portas de vidro se estendiam no lugar de uma parede do lado esquerdo, que dava abertura á outra parte do jardim, e uma grande cortina estava sobre elas. Tinham vários sofás arrumados de forma gozada, que ficavam em volta da grande mesa central, formando um ‘’u’’ quadricular. Uma mesa de xadrez estava intocada ao meu lado direito, e vários quadros de pinturas pelas se estendiam pelas paredes, além de um ar-condicionado ligado no modo ‘’Leve Brisa’’. A cozinha ficava um pouco mais adiante, e eu tinha certeza de que minha mãe estava lá. E eu acertei.

–Ah, já chegou, Bob? – Minha mãe saiu da cozinha, e ao me ver deu um sorriso simples – Seja bem vindo.

A minha mãe era uma mulher bela. Eu não falo isso só por ser filho dela, mas era inegável sua beleza. Tinha trinta e sete ano, mas sua pele era lisa e seus cabelos loiros estavam prendidos à um rabo de cavalo. Ela usava um pano amarrado à cabeça e um avental de flores. Ela tinha olhos marrons bem claros, e eu gostava de seus olhos bem abertos. Ela era brasileira, e por isso não tinha olhos puxados como os meus, ou os do meu pai, e eu gostava dela assim.

–Está cozinhando o quê? – eu disse, caminhando pela sala luxuosa e tentando olhar para a cozinha um pouco afastada.

–Estou preparando um Yakisoba. Coloquei alguns ingredientes secretos, então nem venha olhar! – ela fez um gesto para que eu parasse, sorrindo. Eu sorri também, e continuei com a brincadeira:

–Ah, que pena, eu queria descobrir esse ingrediente secreto... Bom, de qualquer forma mãe, estou indo para o quarto. Me chame quando sua comida divina estiver pronta.

Quando passei, ela me deu uma leve tapa na cabeça, e eu sorri. Eu realmente gostava da minha mãe. Não era o típico mulher extremamente rígida e nem doce demais. Era do ponto certo. Ela agia como uma jovem de dezesseis anos, e eu gostava disso. Me encaminhei pelo longo e largo corredor, com várias portas de vidro nas paredes, vários quadros e tudo mais. Passei por uma grande porta de vidro aberta, e, ao olhar lá, vi uma outra grande parte do jardim, e lá estava minha irmã, Megumi. Ela estava agachada perto de algumas flores com tulipas, em uma grama extremamente verde.

Não falei com ela, mas tive a impressão de que ela me notou. Mas, se realmente me notou, não falou comigo. Continuou observando as flores, e eu ignorei seu quarto absurdamente organizado e espaçoso ao lado.

No final do corredor haviam outras grandes portas de vidro com cortinas, e depois dele havia uma gigantesca área de lazer. Havia uma grande mesa coberta, com algumas peças de xadrez ou baralho em cima. Poltronas marrons estavam em volta da mesa, e embaixo um gigantesco tapete bem organizado. Haviam sofás brancos um ao lado do outro. Ao lado tinham várias plantas com aspecto bem saudável, e depois dessa área coberta tinha uma mesa de chá embaixo de uma árvore extremamente bela, e em cima haviam alguns bules limpos. Havia também alguns brinquedos para crianças ao lado, mas não eram usados à anos. Havia um balanço amarrado em uma árvore. Havia um pequeno riacho depois, e alguns bancos de aspecto antigo estavam bem colocados depois dele. Sem falar da gigantesca piscina, um pouco mais afastada, com várias cadeiras de sol espalhadas. Havia também um espaço dedicado à leitura, mas eu nunca ia lá, pois eu achava lá um lugar muito vazio.

Virei para o lado e me deparei com um corredor com várias prateleiras de livros. Eu já estava ficando sem paciência daquilo. Era eu me virar, uma coisa luxuosa. Outra coisa fabulosa. Outra coisa invejosa. Eu não suportava ter que passar por tudo aquilo, e quando cheguei à escada que levava ao meu quarto no andar de cima, fiquei aliviado. Abri a porta e logo a fechei, e me joguei na cama, e passei a encarar o teto vazio.

Quando me deitei, automaticamente a luz ligou. A minha cama também era luxuosa, mas eu fazia de tudo para que ela ficasse o mais simples possível, então nunca usava coisas como lâmpadas internas, ventiladores ou conexão wi-fi .

Meu quarto era a parte mais ‘’simples’’ da casa (note muito bem essas aspas). Ok, ela tinha um tapete, o quarto era gigante e tinham várias coisas como prateleiras, mesa de computador, um computador ótimo, uma biblioteca própia e tudo mais. Porém, eu fazia de tudo para deixá-lo eternamente simples, então a maioria das coisas como ar-condicionado e tudo mais eu nunca usava.

Minha bolsa estava em meu colo. Eu continuei encarando o teto, pensando nas obrigações. Estudar... rever assuntos sobre a reunião... entregar alguns formulários no dia seguinte... fazer atividades escolares... imprimir alguns trabalhos...

Isso já estava completamente entediante.

De acordo com o relógio de teto do meu quarto que meu pai insistira em pôr, era cerca de seis horas. Porém, a janela gigante mostrava que o céu estava consideravelmente claro.

Eu não liguei a televisão do meu quarto como de costume. Ao invés disso, peguei meu celular e comecei a mexer, sem prestar muita atenção ao que fazia. Porém, tive uma surpresa quando uma notificação apareceu do nada:

“Honoka Arai mandou um e-mail para você”.

Honoka me mandando um e-mail?

Curioso, fui olhar o e-mail que Honoka havia e me mandado, e me deparei com a seguinte frase:

“Oi Bob. Você poderia aparecer aqui na frente da sua casa, tipo, agora? Eu e Erika estamos aqui. (OBS: Ela está ‘’meio’’ impaciente)”

Honoka e Erika na frente da minha casa?

***

Abri o portão preto para o lado de fora da casa, e me deparei com uma Honoka com luvas de lavar pratos e uma Erika com cabelos levemente molhados. Erika suspirou quando me viu.

–Ah, até que enfim esse vidado chegou! – ela exclamou. Pelo que pude ver, ela realmente estava sem paciência.

–Também te amo, Erika. – eu ironizei, e soltei um beijo pra ela, que ela retribuiu com o dedo do meio. Olhei pra Honoka e prossegui: - Algum problema?

–Seguinte. – Honoka começou a explicar, e após trocar alguns olhares silenciosos com Erika, retomou sua fala: - Você não é apenas o presidente de classe, mas também um dos alunos mais populares da escola.

–Hã, certo...

–Você tem absoluta certeza de que não viu nenhum garoto de terno preto, alto, andando pela escola hoje? – ela perguntou..

–Eu... o quê? – eu perguntei, não entendendo o motivo de alguém de terno estar andando no meio da escola.

–Ai, meu Deus, é uma anta com certificado de anomalia! - Erika suspirou, e me encarou com aqueles olhos negros – Um filho da puta de terno, terno, preto e arrumado, quer que eu busque um dicionário? Andando pela escola hoje. Se possível, percebeu alguma coisa satanista nele?

–Afinal, do que diabos vocês estão falando? – eu perguntei, já cansado daquilo – Vocês saem correndo no meio do intervalo de hoje para procurar um garoto de terno, um gato, saem correndo atrás de um gato até o professor chegar e agora perguntam do garoto? Afinal, quem é esse garoto, um ator famoso?

–A gente não sabe! – Honoka falou, e depois se corrigiu- Q-Quer dizer... não sabemos, mas ele não deve ser muito velho..

–Ah, esqueça, Honoka. – Erika bufou, e cruzou os braços – Essa besta aí não deve fazer a menor ideia. Melhor esquecer essa ideia e perguntar pra algum prof...

–Espere, quem disse que eu não sei quem é esse garoto de terno? – eu disse, me sentindo desafiado. Como alguém poderia usar terno no meio da escola sem que eu soubesse?

–Pequena criança burra e problemática, acontece que nós acordamos com isso aqui! – Erika estirou o braço, e puxou a luva. A princípio, não vi nada de mais além das veias de Erika. Mas depois percebi que um leve desenho azul de uma estrela estava ali.

–...Nossa, uma estrela. – eu comentei, entediado – Será que foi o capeta, Erika?

–E-Eu também acordei com isso... – ela novamente estirou o braço, e me mostrou a mesma tatuagem, só que vermelha. Eu já estava sem paciência.

–Ah, pessoal, não me digam que estão com medo disso! – eu exclamei – Pode ser apenas que a enfermeira Angel tenha colocado alguma fita em seus pulsos e a tinta tenta pregado aí, certo? – Erika ia começar a retrucar, mas eu continuei antes que ela falasse: - Não é a coisa mais anormal do mundo! Além disso, Angel mora algumas casas perto daqui. Se você quiserem perguntar pra ela sobre isso, é só irem l.... – eu senti alguma coisa felpuda passar pelos meus pés, e me calei. Pelo visto, Erika e Honoka vislumbraram o que era, pois fizeram cara de espanto ao olhar para minhas pernas.

Olhei rapidamente, e percebi que havia apenas o mesmo gato preto de antes, saindo pelas brechas do portão. Espera... como aquela miséria entrou na minha casa?

–Ah, é só esse gato... – eu disse, suspirando.

–O gato... Ah, esse infeliz do quinto dos infernos... – Erika murmurou, e encarou o gato, que ao percebê-la se encolheu.

–FODA-SE A PORRA DESSE GATO! – Honoka exclamou do nada, o que me espantou. Até Erika se espantou, e nossos olhares pairaram sobre uma Honoka possuída pelo capiroto - Estamos querendo saber quem era o garoto do terno e quem fez essa tatuagem no nosso pulso! – ela mostrou mais uma vez para mim a tatuagem, enquanto Erika olhava de vez em quando para o gato.

–Espere, eu acho que já vi essa tatuagem em algum lugar...- eu analisei melhor. Olhei a tatuagem, quando finalmente me lembrei : - A minha irmã fez essa tatuagem no pulso.

Erika pareceu mais confusa do que nunca, e me encarou.

–A sua irmã? Digo, aquela Gumin... alguma coisa?

–Megumi. –eu a corrigi – Sim, um dia desses, eu vi essa tatuagem no pulso dela. Ela não quis me dar nenhuma explicação sobre aquilo, mas...

–Espere, ela também tinha essa tatuagem? – Honoka indagou – Digo, no mesmo lugar?

Eu pensei um pouco, tentando me lembrar melhor.

–Acho que sim, mais ou menos na região do pulso. Mas duvido que ela vá nos dar alguma informação útil nesse momento...

–Era de que cor? – Erika perguntou do nada, o que me fez ficar confuso – Digo, a porra da tatuagem, caralho! – ela realmente se irritava com a minha expressão de dúvida - Ela tinha que cor? Vermelha ou Azul?

–...Era amarela, eu acho... – eu disse, tentando me lembrar – Eu nunca reparo no braço da minha irmã, como diabos eu vou lembrar disso? Hoje não deu para notar, pois ela estava usando um relógio amarelo meio estranho.

–Um relógio amarelo? – Honoka pareceu ter um súbito interesse – Um meio estranho e sem ponteiros? E sem marcas para prender?

Eu estava com minha cabeça à mil. Alguns vizinhos passaram andando de bicicleta, e alguns falavam ao telefone, e o céu ia se escurecendo aos poucos.

–Espera, como você sabe que relógio era? – eu indaguei – E por quê não teriam ponteiros? E que tipo de interrogatório é esse?

–Relógios tem ponteiros, sim! – alguma voz misteriosa falou. Não foi eu, Erika ou Honoka que pronunciou isso, o que me fez estacar onde estava.

Mas quem havia dito aquilo? Satan?

–Para quê haveriam relógios sem ponteiros? – uma voz infantil continuou , ao meu lado – Relógios marcam horas e fazem: Tic TAC, tic TAC!

Nós três viramos a cabeça rapidamente para a menina loira do meu lado. Ela usava um vestido bonitinho e branco, e tinha olhos azuis. Ela sorria em minha direção, e usava sapatilhas marrons. Parecia ter cerca de sete anos de idade, e tinha leves sarnas.

Ah, que susto. Era só uma garotinha.

–Ah, que susto. – Honoka suspirou aliviada, e deu uma risada – Era só uma garotinha.

–Pra quê haveriam relógios sem ponteiros? – a menininha fez uma cara indagadora em direção à Honoka e Erika. Eu fiquei em silêncio, olhando aquele corpo pequenino e frágil.

–...Eu já te vi em algum lugar! – Erika exclamou do nada – Você... a menina do corredor da escola, lembra?

Ninguém falou nada. Sinceramente, devíamos parecer alucinógenos fazendo suspenses com coisas tão idiotas, enquanto alguns se divertiam por aí. A menina encarou Erika com seus olhos azuis penetrantes.

–Tome cuidado com o que te dizem. – a menininha assumiu um ar meio estranho, e eu me sentei no asfalto da entrada da minha casa,e ela se virou pra mim – Nem sempre pode ser o que lhes parecem!

–O quê, os relógio sem ponteiros? – Honoka deu um sorrisinho amigável em direção a ela. Porém, esse sorriso se desfez ao ver a expressão da menina – Espera, quem é você? Eu não já lhe vi em algum lugar?

A menina saiu correndo para outro lado, do nada. O gato preto estava se enroscando perto de mim, mas eu o ignorei. Erika ficou olhando a menina se afastar por alguns segundos, mas logo se virou pra mim.

–Enfim, onde é que mora aquela enfermeira Angel, senhor perito em emergências? – ela falou com ironia em minha direção, cruzando os braços novamente – Ou você é tão da realeza assim que não se mistura conosco?

–...Eu já vi aquela garota em algum lugar... – Honoka murmurou, distraída.

–Ah, é mesmo, que importa?- Erika bufou, irritada com nosso comportamento perante sua raiva – Estamos perdendo tempo aqui, e nós não temos todo o tempo do mun...

–Ah, e quem disse que vocês não podem ter todo o tempo que quiserem? – uma voz falou do meu lado... mas precisamente ao lado da minha mão – É só vocês aceitarem.

Nós viramos a cabeça ao mesmo tempo, em sincronia.

Nossos olhares pararam no gato.

O gato nos encarou, e sua boca abriu. Porém, para a surpresa monstro, uma voz saiu da boca do gato. Eu acho que aquilo não acontece com todos os gatos... Erika e Honoka ficaram boquiabertas e assustadas.

–Essas estrelas não foram feitas por um ser humano. Seria impossível, do jeito que ela foi feita... é uma estrela que não vai sair de seus pulsos a menos que eu a tire... – o gato se levantou, e eu ainda tinha uma expressão de ‘’WTF ?” no rosto – Foi desenhada para que vocês se reunissem. Honoka Arai, Erika Otsuka e Bob Nelson Yatsuka, eu sei seus nomes.

Como se não bastasse um gato do demônio que provavelmente estava funcionando graças à uma macumba do satanás estivesse falando conosco, quando piscamos, não havia mais porra de gato nenhum lá. No lugar, havia um garoto de dezesseis anos, alto e magro, de terno preto bem arrumado e sofisticado, com sapatos de grife. Seus olhos azuis nos encararam, e eu me levantei depressa.

–Epa! – eu exclamei – Que porra é essa?

–Eu me chamo Mephisto. – ele falou, me ignorando por completo. Honoka recuaram cinco passos, e Erika pegava uma tesoura de seu bolso que ela havia tirado do além, porém, facilitaria se ela não estivesse encantada por sua beleza. Até eu estava confuso. Ele deu um sorriso amistoso para nós, e nesse momento eu achei que estava sonhando um sonho do demônio – Mephistopheles.


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Notas finais do capítulo

Enfim, foi isso u.u fiquem a vontade pra me chamar de maconhado por causa desse final G.G mas vocês vão entender nos próximos capítulos, ou não... enfim XD

OBS: eu mudei o cargo da nossa queria e simpática diretora Akemi porquê no Japão não existem coordenadoras .-. e como eu sou uma pessoa super atenta e que pesquisa eternamente sobre isso, me esqueci desse pequeno detalhe u.u então acabei deixando-a como diretora XD enfim XD ah, sim, e avaliem se possivel,eu num gosto de fantasmas na1 G.G XD

Enfim, sayoo o/ ~~



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