Jikan Ryoko escrita por João Marcelo Santos


Capítulo 6
Capítulo 6: Épsilon.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!!! o/ O papai chegou u.u eu disse que postaria esse capítulo logo sem demoras u.u quanto ao de Asas Acorrentadas, talvez não dê,mas pelo menos eu vou tentar G.G Bom, pelo menos tô postando rápido sapoha u.u

OBS: eu não sabia o que fazer no final G.G Por isso ficou um pouco apressado, mas a gente releva... ou não XD

Boa leitura u.u~~



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|Capítulo 6: Épsilon| Bob|

Já havia acontecido várias coisas estranhas na minha vida. Algumas eram idiotas, e outras, meio tensas. Mas sempre tinham – ou, no mínimo, tentavam ter – alguma explicação.

Mas um gato virar um garoto de terno era uma novidade.

Ficamos encarando por alguns segundos, calados, um garoto que simplesmente aparecera do além em frente ao portão da minha casa. Eu era o mais próximo dele, e ele nos encarava de volta, com aqueles olhos azuis. Honoka parecia a mais assustada de todas, e Erika segurava uma tesoura no bolso, mas ao mesmo tempo seu rosto lutava entre a expressão de tesão ou terror.

Ele parecia ser japonês também. Tinha características orientais, como olhos puxados. Seus cabelos eram pretos, e seu terno era invejável. A única coisa que o impedia de ser alguém normal, provavelmente era o fato de que ele era um felino a alguns segundos atrás.

A primeira a quebrar o silêncio foi Erika, do seu jeito mais amável possível:

–MORRA, SATANÁS!- ela retirou a tesoura do bolso, e levantou-a para o alto a fim de atirá-la na face daquele demônio, se não tivéssemos sido impedidos pela voz da minha mãe:

–Rosquinhas?

Mephistopheles virou para trás, e eu notei que minha mãe estava logo atrás dele, e o portão estava aberto. Ela passou o olhar em cada um de nós, e pareceu reconhecer Honoka e Erika, exceto o garoto.

–Ah, oi Bob. – ela olhou pra mim e sorriu, e encarou Mephistopheles de uma maneira estranha – Hã, desculpe?

Não soube se minha mãe havia ou não escutado o grito de Erika, mas ela logo havia abaixado a mão e estava meio vermelha. Então o estranho falou:

–A-Ah, Boa-tarde! – ele sorriu de uma forma simpática, e minha mãe pareceu gostar disso. Ela retribuiu o sorriso.

–Boa-tarde. Quem é ele, Bob?- ela se virou pra mim em busca de uma resposta. Mas o único problema era que: nem eu sabia a resposta. Simplesmente esse garoto havia aparecido ali, e Honoka e Erika permaneceram caladas, mas me encararam.

Eu olhei para as duas em busca de uma resposta, mas não consegui. Pensei em dizer a verdade, mas minha mãe não iria acreditar em mim. Foi quando ele falou, da forma mais natural e previsível de todas:

–Eu sou Natsuki, e estudo na classe de Bob! – ele sorriu – Somos melhores amigos. Ele nunca falou de mim para a senhora? Nossa, Bob, me sinto tão... – ele me abraçou pelo pescoço com um braço, colocando o outro na cintura e me encarou de um jeito tenso – Me sinto tão importante. – ele voltou a sorrir pra minha mãe – Vim fazer uma visitinha ao meu amiguinho.

Amiguinho é o caralho! Que porra é essa, jovem?

–Ah, Natsuki ,certo? – minha mãe pareceu contente ao ouvir o que ele disse, e me olhou- Por que nunca falou dele, Bob? Se eu soubesse, teria os convidado a entrar! Prazer, Natsuki, sou Ângela, a mãe de Bob. – ela deu uma reverência como de costume dos japoneses, e ele retribuiu.

–É um prazer, Sra. Yatsuka. – ele olhou pra mim- Diga algo, se não ela vai pensar que sou um louco psicopata.

Mas você É um louco psicopata!

Pensei no que eu diria. De relance, olhei para Erika, que parecia segurar um ataque de risos com a posição de Mephistopheles em ‘cima’ de mim. Honoka olhava pra mim preocupada, e minha mãe olhava pra mim como se esperasse alguma coisa. Então, eu suspirei e falei:

–Saia de cima de mim, Natsuki, isto é estranho e constrangedor. Pra quê tanto interesse que eu fale sobre você? Está parecendo um menino carente. – dei um leve sorriso amarelo, sem saber exatamente o que eu estava fazendo – E o que eu digo, você realmente parece um louco psicopata.

Eu não sabia o que tinha me feito fingir bem. Talvez o fato de eu ter frequentado o clube de teatro tenha ajudado, mas era apenas eu usar uma voz séria e pronto, todos acreditavam. Eu não sabia como eu conseguia fazer isso, mas pareceu ter sido convincente.

–Bom, de qualquer forma, vamos entranto, Honoka, Erika, Natsuki e Bob. – ela sorriu- Vamos tomar um chá, venham, está escurecendo e eu não vou me perdoar se forem assaltados. Andem, entrem.

–Com prazer...digo, com licença, Sra. Yatsuka. – ele sorriu meio bobo, e simplesmente, subiu a escada e atravessou o portão, na maior tranquilidade.

–Espera, tomar um chá? – eu falei, como se não pudesse crer nisso. Honoka olhava pra minha mãe como se perguntasse: ‘’É realmente confiável?”.

–Sim, Bob, entre você também! – ela me puxou de leve, e eu olhei pra trás, enquanto eu subia. Erika pareceu confusa.

–E-E-Espere... e-eu nem sou amiga de Bo...

–Vamos, está anoitecendo, crianças! – Minha mãe praticamente nos forçou a entrar, o que eu detestei. Ela sempre insistia para eu levar amigos para casa – uma casa que eu nem sequer considerava minha. Era do meu pai, afinal.

Eu entrei, e percebi que Natsuki, ou melhor, Mephistopheles, estava olhando dentro da casa pela porta de vidro aberta, e olhou para trás.

–Incrível! Bob, você nunca contou que morava em um lugar assim! – ele saiu entrando, e eu apenas torci para que realmente não fosse o rei dos demônios, Mefistófeles. Ouvi Honoka atrás de mim, e ela cochichou, enquanto andávamos em direção ao casarão:

–Bob, o que é ele e o que ele quer fazendo isso? Vocês realmente se conhecem? – ela procurou falar o mais baixo possível, olhando para minha mãe que, pelo que eu pude ver de relance, fechava o portão, enquanto Erika entrava com certo receio.

–Eu não sei! – eu cochichei de volta – Eu nem sequer tinha visto ele antes.

–E você vai deixando ele entrar assim???- ela me olhou com um olhar tenso, e eu logo respondi:

–Não olhe pra mim. Eu também estou assustado com isso. – eu continuei andando, torcendo pra que essa noite fosse a menos anormal possível, e abri a porta.

***

Logo que entramos, obviamente tiramos os sapatos e os deixamos de lado. Natsuki havia tirado o seus sapatos de grife primeiro, e eles reluziam à luz da lâmpada que se acendeu automaticamente. Houve aquele momento impactante ao ver o lustre do teto reluzente. Afinal, qual era o problema da minha mãe em enfeitar tanto a sala? Ela amava isso provavelmente mais do que a mim, pelo menos, era o que eu suspeitava. Ao entrar, percebi que Natsuki olhava tudo com um olhar surpreso, como uma criança indo a uma super loja de brinquedos ou de mangás.

–Bob, isso é simplesmente... incrível! E você demorou tanto pra me convidar para sua casa, como você é cruel! – ele ficou admirando cada peça da sala. Afinal, a culpa não era minha de nada que estava acontecendo.Quando Erika e minha mãe passaram, ela sorriu:

–Que bom que achou, Natsuki. Eu procuro decorar a casa do jeito mais agradável para possíveis visitas, mas nem sempre consigo... Bom, entrem, vamos tomar um chá. É para lá, vamos. – Ela andou entre nós, sorrindo como sempre, e Mephistopheles ficou conversando animadamente com ela. Honoka estava assustada do meu lado, mas também percebi que em seu rosto havia uma expressão de surpresa. Erika andava um pouco atrás de mim, mas percebi quando ela murmurou:

–Porra, essa sala é maior que a minha casa! – ela bufou atrás de mim, e eu senti um pouco de vergonha. Eu não gostava de ter uma casa tão grande assim. A casa de Honoka e Erika não era nem metade da minha, o que eu achava uma droga. Não queria que até meus amigos me achassem um riquinho metido, pois já era um pé no saco aguentar os alunos. Natsuki, no entanto, parecia conversar animadamente com minha mãe, e percebi que ele olhava seus seios. Ele parecia extremamente acomodado à minha casa, como se, de fato, me conhecesse.

A questão era: afinal, quem era Natsuki nessa porra?

***

Nós chegamos à cozinha, que para variar, também era enorme. Minha mãe sorriu, e falou para nós:

–Sentem-se, eu vou preparar um chá. Então, Honoka, Natsuki, Erika, como vão? Andem, sentem-se!- ela fez um gesto rápido para nos sentarmos, como se estivesse nos obrigando, e nós obedecemos. Era uma mesa Zabuton, uma mesa baixa no estilo oriental, com almofadas vermelhas para nos ajoelharmos. Eu detestava aquele tipo de mesa, mas não podia fazer nada a respeito. Me ajoelhei primeiro, e Natsuki ajoelhou-se de frente para mim, e Erika do meu lado esquerdo, enquanto olhava com certo encanto a cozinha, mas seu olhar indicava uma possível inveja. Honoka foi a última a se sentar, e ela olhava Natsuki com certo receio.

Todos nós estávamos tensos, ajoelhados naquelas almofadas bizarras japonesas,, com várias decoraçõezinhas típicas japonesas. Os únicos que agiam com extrema naturalidade eram minha mãe e Natsuki, e mais precisamente minha mãe. Ela começou a preparar um chá de ervas, e falou conosco de costas:

–Então, como vão na escola? - Minha mãe perguntou para nós, provavelmente para quebrar o silêncio – As aulas andam muito árduas? Difíceis? Fáceis? – ela se virou, e olhou para Honoka – Honoka?

–A-Ah, e-eu? – Ela olhou para cada um de nós, parecendo meio tonta, e logo pôs-se a falar, pigarreando, e procurando fingir naturalidade também – Ah... Bem, está tudo normal sim... eu acho. O assunto não é tão difícil assim...

Minha mãe deu uma risadasinha.

–Honoka, você continua uma gracinha como sempre! – percebi o rosto de Honoka corar, e ela gaguejou:

–Q-Que n-nada, Sra.Y-Yatsuka... E-Eu só.. – ela olhou pra mim, confusa, mas eu também não sabia o que dizer. Novamente, quem quebrou o silêncio foi o garoto estranho de terno:

–Que tipo de chá a senhora está fazendo, Sra. Yatsuka? – ele perguntou, animado como se estivesse em um parque de diversões, olhando para minha mãe.

–Ah, um chazinho bem simples de ervas que comprei ontem no supermercado. Eu nunca lembro o nome dos chás, na verdade. – ela deu uma risadinha – Sou muito desatenciosa.

–Ah, eu sou muito bom com chás. – ele falou, e começou a se levantar – Se a senhora quiser ajuda, eu posso....

Não, você não pode, cacete! – foi o que eu pensei. Minha paciência estava chegando ao limite, pois simplesmente um estranho estava entrando em minha casa, e provavelmente cantando minha mãe. Porém, antes que eu pudesse impedir que ele fosse ver o nome do chá, e antes que minha mãe pudesse dar uma resposta,ouvimos a porta da cozinha se abrir, e ambos olhamos para ver quem era.

Na porta, estava minha irmã, Megumi, com seus cabelos da cor castanho-claro soltos, e usava uma roupa simples, com uma camisa rosa.

–Sra. Ângela, a senhora viu o meu... – antes que ela pudesse completar a frase, notou as visitas, incluindo a mim. Seu olhar de mel primeiramente demonstrou certa surpresa, ao ver Honoka e Erika sentadas, mas quando seu olhar bateu em Natsuki, ela definitivamente se assustou. Ela recuou um passo.

–Ah, boa-noite, Megumi-san. – Honoka tentou ser simpática, dando um leve sorrisinho, e Megumi fez um leve aceno com a cabeça, mas logo seu olhar parou em Natsuki, que também demonstrou certa surpresa ao vê-la.

–Ah, Megumi. – Minha mãe falou, sorridente, se virando para trás – Que bom que chegou. Estou preparando um chá, se você quiser...

–....Ah, não, não precisa.... er.... – ela olhou confusa para minha mãe – Afinal, mãe, quem é esse garoto... ?

–Ah, eu nome é Natsu-...- minha mãe ia falando, mas meu ‘’amigo’’ a interrompeu, completando ele mesmo a frase:

–Ah, vejo que você é a irmã de Bob! – ele sorriu, simpaticamente, e se encaminhou até ela, e ela estava mais confusa do que nunca ao vê-lo – Meu nome é Natsuki. Natsuki Ikumo, ao seu favor, minha lady. – ele deu uma reverência, e Honoka ocultou uma leve risadinha. Erika ainda permanecia em silêncio, e Megumi recuou um passo novamente.

–Ah, prazer... d-digo, você é mesmo amigo de Bob? – ela perguntou, estranhando. Eu tive a vontade de levantar daquela almofada e esclarecer: NÃO, EU NEM SEQUER CONHEÇO ESSE SUJEITO! ALGUÉM PODERIA, POR FAVOR, CHAMAR A POLÍCIA?. Porém, eu não falei nada disso – Digo, eu nunca vi meu irmão andar com você, por sinal...

–Ah, é por isso que me chamam de o ‘’Senhor dos Sumiços Inesperados”! – ele deu uma risada, e talvez tenha esperado que ríssemos também. Ninguém riu – Enfim, é um prazer conhecê-la. – ele voltou a se sentar, e os olhos de Megumi ainda tentavam processar alguma coisa.

Aproveitei esse momento para olhar melhor seu pulso. Agora, porém, ela já não usava relógio algum e nem sequer tinha alguma tatuagem amarela. Isso era no mínimo estranho, já que eu tinha certeza de que a havia visto com uma tatuagem a alguns dias antes. Minha mãe sorriu, e disse novamente:

–Tem certeza de que não quer se juntar a nós? O chá logo estará pronto, por que não...

–Ah, sinto muito, eu tenho coisas para fazer... Hã, lições de casa. – ela olhou para mim com um olhar penetrante – Você não deveria estar fazendo, também, senhor presidente?- ela se virou e saiu andando, sem nem sequer se lembrar do que ia dizendo quando chegou. Porém, ao virar, eu percebi que ela murmurava algo extremamente baixo, e eu não consegui identificar qual língua ela estava murmurando. Como Megumi sabia, no mínimo, umas quinze línguas diferentes, era fácil para ela me xingar sem que eu pudesse me defender. Dessa vez, fui eu que interrompi o silêncio, já cansado daquilo:

–Hã, desculpe mãe, mas nós poderíamos esperar lá fora? –eu perguntei, e ela franziu a testa, e eu prossegui: – Digo, no quintal, na mesa debaixo da árvore? É que nós gostaríamos de conversar algumas coisas em particular, sabe, sem nada que a senhora não possa saber, mas...

–Ah, claro que sim, Bob. Podem esperar lá, mas não comam as guloseimas, pois o chá estará pronto em segundos. – Ela novamente deu uma risadinha.

–Eu acho uma boa. – Natsuki se levantou, e olhou pra mim com aqueles olhos azuis penetrantes – Seria legal se meu amigão apresentasse para mim sua casa desconhecida, certo, Erika-chan? – ele olhou pra Erika, que logo se levantou, e falou:

–Vamos logo lá para fora. Eu quero resolver umas coisinhas... – ela foi a primeira a sair, e eu já tinha receio de qual seriam essas ‘’coisinhas’’. Honoka também se levantou, e nós nos dirigimos pra fora.

Achar o quintal era a parte mais demorada. Além do fato de que tivemos de atravessar o imenso corredor com mil possibilidades de diferentes caminhos em silêncio, com uma participação especial da minha querida irmãzinha que novamente nos encarou como se não cresse no que via, tivemos que fazer várias curvas e pegar vários caminhos bizarramente bem decorados. Honoka procurou andar perto de mim, já Erika parecia a ponto de perder sua paciência. Natsuki olhava as coisas com curiosidade, e vez ou outra me perguntava sobre algum quadro.

–É o quadro de Joana D’Arc, a heroína francesa e santa da Igreja Católica. Meu pai que a comprou. – eu não gostava da ideia de ter que apresentar minha casa para um desconhecido, mas supondo de que ele talvez fosse realmente um demônio, e como eu ainda queria minha alma inteira, não questionei suas perguntas.

–Ah, Joana D’Arc... uma jovem realmente valente, passando por tudo aquilo que ela passou... – ele observava atentamente o quadro, enquanto caminhava – Fazia muito tempo que eu não via o rosto dela.

Quando abri as portas de vidro que davam ao jardim, nós nos sentamos na grande mesa central, cheia de poltronas ao redor e lustres em um teto de madeira. Eu, Honoka e Erika sentamos de frente para Natsuki, que novamente ficou olhando as coisas, maravilhado com tantas decorações. Erika estava de olhos fechados, de braços cruzados.

Foi quando finalmente veio o silêncio mortal. O céu estava um tanto escuro, e três estudantes que deveriam estar fazendo algo útil para a humanidade estavam ali, de frente pra um cara que ninguém conhecia. Eu tinha inúmeras perguntas pra fazer, mas não sabia qual fazer primeiro. Foi quando a doce e delicada Erika fez esse favor para mim, coma pergunta mais meiga do mundo:

–Afinal, me diga. – ela abriu os olhos e encarou o garoto- Você vai roubar a merda da nossas almas ou não, porra?

Obrigado, Erika.

Você acaba de comprar nossas passagens de ida sem volta para o fogo do inferno.

–Desculpe? – ele fez uma expressão de dúvida. Bom, eu não achava nenhum homem bonito ou sequer admirava alguma coisa no rosto de um, mas eu tinha que admitir que ele sabia bem demonstrar suas emoções. Sua sobrancelha, seus olhos e sua boca se mexiam em sintonia, e seus olhos mudavam de tonalidade para mais clara ou mais escura as vezes. Era o tipo de pessoa que parecia ser sempre alegre e sincera, mas se tinha uma coisa que ele não tinha era a sinceridade – Roubar as almas?

–Você é o rei dos demônios, certo, porra? – ela perguntou – Mephistopheles, certo? O que você veio fazer aqui? O que eu te fiz, pra você me trazer pra casa dessa bicha enrustida? – eu senti vontade de ter um surto de raiva, mas me contive – Por que você se disfarçou de gato pra atrapalhar nossas atividades estudantis, e por que diabos você tem que ser tão lindo?

Ele deu uma risada, e logo retomou sua fala:

–Ah, desculpe por ser tão lindo e sedutor, Erika-chan. E, quanto ao fato das almas, elas nem sequer existem. A única coisa que o ser humano tem dentro do corpo é o Carma, que é a energia emitida com o batimento do coração, o movimento do sangue e os neurônios ativos, e eu não tenho nenhum motivo para assassiná-los.

–Ah, que se foda a porcaria do Carma! Eu quero saber o que você quer com toda essa viadagem, cacete!

–Erika, pelo amor de Deus, se acalme! – Honoka implorou, e Erika bufou, novamente se encostando, agora cruzando as pernas. No entanto, Mephistopheles não pareceu se sentir ofendido. Na verdade, parecia estar se divertindo com a situação. Na verdade, eu entendia isso muito bem, pois se divertir com a irritação de Erika era uma coisa maravilhosa.

–Ah, o que vim fazer aqui é bem simples, mas por favor, me chame apenas de Mephisto. – ele sorriu – E não, eu não sou o demônio da religião católica, Mefistófeles. Na verdade, eu poderia dizer que ele foi baseado em mim.

–Sei. E o meu nome é Gretchen. – Erika falou, e Mephisto novamente riu.

–Eu acho que começamos da maneira errada e menos adequada possível, então vamos recomeçar da maneira certa: Meu nome é Mephisto.

–A-Ah, Honoka Arai... – Honoka falou, tonta como sempre. Ela realmente estava indo na dele? Eu me mantive calado, apenas observando a cena como sempre.

–Prazer, Honoka Arai, Bob Nelson e Erika Otsuka. – ele abriu um sorriso, e disse em seguida, como se fosse a coisa mais normal do mundo para se dizer: - Vocês querem fazer um contrato?

Nenhum de nós respondeu. O olhar dele passou por cada um de nós, mas nós não falamos nada por um tempo, até Erika indagar sem paciência:

–Contrato? Contrato para quê?

–Um contrato para se tornarem viajantes transcendentes de eras temporais. – Eu franzi a testa, ainda sem entender nada, e ele esclareceu melhor: - O que vocês popularmente chamam de Viajantes do Tempo.

–Ok, eu aceito. - Erika falou, e nossos olhares pararam nela, que logo deu um sorriso debochado, e disse: - Quero voltar para ontem de noite para poder ‘’esquecer’’ o despertador e não ir para a escola, eu posso? Cadê a nossa nave? Cadê os nossos apetrechos de viajar no tempo? A máquina do tempo?

Mephisto suspirou, e percebi que em seu rosto estava uma certa... decepção? Foi difícil tentar ler o que ele pensava por sua expressão facial.

–Pessoal, o chá já está pronto! - escutamos a voz da minha mãe, e ela apareceu do nada com algumas xícaras. Ela sorriu para nós, e Mephisto sorriu, dizendo:

–Nossa, parece ser o melhor chá para se provar, Sra. Yatsuka!

***

Assistimos enquanto minha mãe colocava as xícaras de chá para cada um de nós, e Erika foi a única que manteve-se na mesma posição. Ela encarava Mephisto de uma forma tensa, e Honoka quase implorou para minha mãe não por muito chá – o que ela não obteve sucesso. Já estava escurecendo bastante, e ao longe, a lua já estava aparecendo. Ouvi o barulho de alguns pássaros em cima de uma das árvores, mas não olhei. Estava mais preocupado com outra coisa.

Quando minha mãe ia sentar, o celular dela tocou. Ao ver do que se tratava, ela fez uma cara de desaponto, e falou:

–Desculpem, crianças, mas vou atender rápido... podem ir tomando o chá, eu não demoro nada! – ela sorriu simpática, e Mephisto deu um leve aceno. Minha mãe se retirou atendendo, e nos deixou novamente sozinhos com aquele garoto de terno. Percebi, pela voz da minha mãe, que ela não parecia muito feliz, mas logo ela se enfiou dentro daquele casarão.

Após alguns goles, Mephisto retomou sua fala:

–Imaginem essa situação, hipoteticamente. – ele abaixou a xícara, e nos encarou ,ainda com seu sorriso no rosto, e agora seus olhos azuis pareciam reluzir mais ainda – Imaginem que o tempo é um sistema organizado de várias cordas, como... digamos, cordas de um violino. Agora imaginem que vocês vão tocar o violino, mas percebe que tem algumas peças em cima das cordas. Com essas peças, você não poderá tocar, certo?

–É só retirar as peças, ora. – eu falei, e tomei um gole de café. Estava morno, e eu sempre gostava quando minha mãe fazia aquele tipo de chá, pois eu detestava chás frios e quentes. – Digo,se você está querendo tocar, é só tirar as peças.

–Exatamente, Bob. – ele sorriu pra mim, e olhou para Honoka – Porém, estas peças não podem ser retiradas por apenas uma única pessoa, no caso, eu. É necessária a ajuda de outras pessoas para me ajudarem a retirar as peças, para assim a melodia seja tocada. – Nenhum de nós pareceu entender. Erika ainda encarava ele, mas agora com a testa franzida. Ao ver nossas expressões, ele retomou: - Essas peças se chamam ‘’Illusiones’’. A melodia se chama ‘’Walpurgis Khronos’’, e as pessoas que eu vou pedir ajuda se chamam ‘’Viajantes’’. E o meu nome é ‘’Mephisto’’.

–Vai logo pra o que você quer conosco sem essa porra de enrolação, caralho! – Erika estava a ponto de explodir, e bufou novamente – Quem porra é você, que porra é esse violino e que porra são essas peças?

–Acho que você não prestou atenção no que eu disse, cara Erika. – ele sorriu pra ela, e ela continuou a encará-lo de maneira assustadora – O violino seria, digamos, o emaranhado das linhas temporais, onde há vários obstáculos chamados ‘’Illusiones’’. O dono do violino é Khronos. Imaginem que o dono está doente – ele olhou para mim – e que a cura seria uma melodia para acordá-lo. A melodia não pode ser tocada com as Illusiones atrapalhando certo? Por isso, Mephisto, o filho de Khronos, foi pessoalmente pedir ajuda para pessoas que pudessem ser ‘’Viajantes’’ e matar as Illusiones, depois que fizessem o que desejassem no passado.

–Você veio pedir ajuda para nós? – Honoka indagou – Digo... para removermos as Illusiones da linha temporal?

Mephisto abriu um grande e largo sorriso para Honoka.

–Exatamente, Honoka-chan! Humanos que se convertam à serem Viajantes do tempo!- seus olhos estavam radiantes, mas Honoka ainda parecia confusa – Em troca do combate às Illusiones, temos as mudanças que vocês podem fazer...--

–Ah, bem normal! – Erika falou, irritada – Não, desculpe, eu não quero virar uma drogada psicopata também. Ah, e qual é a da sua habilidade de ser encantador e virar um gatinho? E por quê toda essa mentira?

–É verdade, Erika-chan. – o sorriso dele desapareceu - Sinto muito por mentir para sua mãe, Bob, mas foi a única forma que eu achei para me aproximar de vocês. A mesma explicação pode ser usada para as estrelas em seus pulsos.

Erika e Honoka analisaram as estrelas brilhantes em seus pulsos, que insistiam em manter-se lá, mas antes que um deles pudesse falar,eu mesmo continuei a conversa:

–Você quer nos fazer uma proposta de teatro? – eu perguntei – Onde atuamos nessa sua peça maluca de um contrato com você?

–Não uma peça de teatro literal, mas seria interessante se vocês fizessem parte dessa ‘’peça’’. – ele sorriu para mim. Senti um calafrio com aquele sorriso, mas o motivo eu não sabia. Ele se virou para Honoka – Honoka-chan, por exemplo, tem uma família. Mas se a família souber que ela viaja no tempo, com certeza a chamaria de biruta.

–Ah, não, você jura? – Erika falou, irritada – Eu não quero porra de contrato nenhum. Não vou ser a sua atração teatral. – ela se levantou – Eu vou pra casa, antes que minha mãe coma meu couro por eu estar demorando nessa casa dos infernos. - ela se virou e saiu andando. Mephisto apenas fez uma cara desapontada, e eu me mantive em silêncio.

–...E-Espere, Erika-chan! – Honoka ia se levantando, mas ela mesmo se conteve. Ela se sentou, e seu olhar passou por mim e por Mephisto. Foi quando eu falei:

–Honoka, é melhor você ir também. A sua mãe pode estranhar o fato de você estar demorando tanto.

–...A-Ah, não preciso... a minha mãe não liga muito pra isso. Na verdade, ela é bem liberal. E ela está fora, ela saiu para a... – eu esperei que Honoka completasse a frase, mas seus olhos se arregalaram, e ela se manteve em silêncio.

–Honoka-san? – Mephisto perguntou, olhando mais atentamente para ela – O que foi?

–... A minha mãe saiu para a loja dela... e deixou Sakura sob meus cuidados... – ela olhou pra mim, e eu ainda não estava entendendo -... AI MEU DEUS, EU ESQUECI COMPLETAMENTE DA MINHA IRMÃ!!!

Ótimo. Gênia.

Honoka se levantou apressada, e deu reverências apressadas para mim e pra Mephisto, e saiu correndo desesperada pela porta, quando trombou com a minha mãe, e ambas quase caíram.

–A-Ah, desculpe, Sra. Yatsuka, mas eu realmente preciso ir agora! E-Eu deixei a minha irmã sozinha em casa, c-com licença... Hã, onde é o caminho??? – Honoka se afastou, e começou a correr em direção à saída,e minha mãe pareceu confusa.

–E-Ei, Bob, o que aconteceu com elas? – ela me perguntou – Por que estavam tão apressadas em ir embora?

–Ah... e-eu não sei... – eu disse, e olhei pra Mephisto, mas ele se manteve calado – Talvez, sei lá, ensaiar para uma peça de teatro...?


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Notas finais do capítulo

Bom gmty, é isso u.u Novamente,capítulo grande e maconhado G.G mas pelo menos tá aí u.u e comentem suas opiniões sobre o que vai rolar daqui pra frente u.u novamente aviso que não sei se o cap de A.A vai sair hoje, mas ok G.G No outro fim de semana tive a sorte de ter sido três dias de feriado pra mim... bão u.u Até máez crianças u.u

Sayo---



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