Jikan Ryoko escrita por João Marcelo Santos


Capítulo 4
Capítulo 4: Gama.


Notas iniciais do capítulo

IAEEEEEEEWWWW MOTHAFOCKARES OwO/ O papai chegou u.u XD Mas agora sério, olá povo o/ desculpem a demora imensa pra postar esse capítulo (nem foi tão imensa mas enfim XD), é que eu não estava meio inspirado e ainda tive que escrever quase 5000 palavras e revisar e tudo mais G.G eu tentei*observem o verbo TENTAR* fazer esse capítulo não sair tão grande, mas acabou não dando certo.... Enfim XD


Porém, esse capítulo é o menor (ou menos gigante-q) dos três que já postei, o que já é um pequeno avanço-q XD mas enfim, boa leitura e aproveitem o capítulo o/



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|CAPÍTULO 4: GAMA|ERIKA|

***

Eu tive um pesadelo dos infernos quando desmaiei.

Bom, pra começar, eu nem sabia que quem desmaiava sonhava também. Segundo, minha ‘’primeira vez’’ não foi muito agradável, principalmente quando você está sendo perseguido(a) por um gato safado.

Nesse meu sonho, eu corria igual à uma louca psicopata em um túnel infinito. Nesse túnel, os caminhos iam ficando estreitos e desorganizados, e imagens tortas apareciam ao meu redor. Eu gritava igual á uma menininha mimada imbecil, e meus passos pareciam com o andar de um acidentado em reabilitação. Puta que Pariu. Mas fazer o quê?

Eu olhei pra trás. A droga do meu cabelo vida louca ficou na frente, e eu tive que tirar aquela merda da minha visão pra poder ver o satanás que aguardava meu corpo nu. Quando vi um gato negro com olhos brilhantes atrás de mim, eu comecei a orar pra Jesus, Buda, e todos os outros deuses que vieram na minha cabeça naquele momento satânico.

–...Seios....Eu necessito... de seios..... – o gato do satanás murmurava. Eu estava em pânico por não saber por onde diabos ir naquela merda de lugar, então fiquei gritando que nem uma louca.

¥

E logo em seguida eu acordei.

Graças a Deus é um sonho, pensei. Satanás não está atrás de mim, certo? Tudo na paz do mundo?

Eu abri meus olhos – até porquê eu não iria sair andando de olhos fechados. Erika, sua anta – e a primeira coisa que vi foi o teto da enfermaria.

Espera... enfermaria?

Isso não poderia ser boa coisa...

Em meus olhos, estrelinhas imbecis circulavam e dançavam na minha frente, e minha visão também estava embaçada. Quando finalmente ela voltou ao normal, eu pude me sentar, e notei que estava com meu uniforme, em uma cama quente, na enfermaria da escola. E nenhum gato por perto, ainda bem!

Meu cabelo devia estar uma droga, pois ele tentava invadir meus olhos, e como minha franja era curta, deduzi que meu cabelo devia estar uma papa mal feita do exu.

Minha cabeça estava meio dolorida, e eu olhei para a porta transparente, tentando me lembrar como diabos eu tinha parado ali. Me lembrei do gato, ok. Me lembrei da perseguição, ok. Me lembrei de Honoka me repreendendo, ok. Me lembrei do sonho, ok. Mas como porra eu havia parado em uma cama da enfermaria? Só podia chegar a conclusão de que havia sido estuprada!

Foi quando ouvi uma voz do meu lado.

–..Erika-chan, acordou também? – era a voz de Honoka. Eu me virei confusa pro lado, e Honoka também estava sentada em uma cama do meu lado. Bom, pelo menos, se eu havia sofrido abusos, eu não estava sozinha nessa.

–...Honoka? – eu perguntei, olhando pros lados confusa pra cacete – Onde... onde nós estamos? – Mas eu sabia exatamente onde estávamos, mas mesmo assim a anta perguntou, pra você ter uma ideia de como eu estava tonta naquele momento.

–Na enfermaria – ela disse, e parecia confusa como eu. Seus óculos estavam meio desajeitados, e seu cabelo infernal continuava arrumado naquela porra de cabeça – Eu não sabia como vim parar aqui, então esperei você acordar pra perguntar... afinal, o que aconteceu?

–Ah, como se eu soubesse! – eu suspirei. Odiava não saber de nada. Eu estava na enfermaria da escola, o que não era tão inseguro assim. Pelo menos, estávamos perdendo aula - Só espero que não tenha sido sexo anal...

–Calma, eu só... espera, o que você disse? – ela fez uma cara de indagação muito tensa pra mim, misturada com certo medo. Ela era muito inocente, como sempre, e resolvei tacar um foda-se.

–Esqueça – eu fiz um aceno com a mão, e ela pareceu deixar o assunto de lado – Bom, pelo menos, estamos perdendo aula... – conferi a hora em meu relógio – Bom, são 15h23m.

–Espera... O-O QUE VOCÊ DISSE? – ela falou alto e conferiu seu relógio, e seu rosto assumiu um olhar de desespero e pavor, ao descobrir que estava perdendo aula, ela quase entrou em pânico – Ai, meu santo Deus-Ebu-Alá-Odin-Pai-todo-poderoso-do-céu, Erika, estamos PERDENDO AULA!

Eu revirei os olhos.

–É, pois é, estamos, querida. Isso é...

–...Isso é TERRÍVEL! – ela exclamou, como se fosse o fim do mundo, pra variar - Nós estamos perdendo aula de Matemática nesse exato momento! – ela olhou em volta, à procura da enfermeira que a havia condenado a ficar sem assistir aula – Nós perdemos aula de linguagens e sobre as atualidades também! Você acha pouco?

–Ah, não vem com esse chilique. – eu revirei os olhos e tateei meu bolso à procura de meu celular, e lembrei que havia esquecido-o – Merda, esqueci o celular...- murmurei.

Honoka estava prestes a abrir a boca pra falar alguma coisa e sair da cama para correr para a sala de aula, quando, magicamente, da porta saíram duas pessoas que eu mais temia: A professora de Japonês e a minha ‘’meiga e amável’’ diretora, junto da enfermeira. Ela conversavam sobre alguma merda qualquer, mas quando notaram que nós duas havíamos acordado, a enfermeira deu um sobressalto.

–Ah, elas acordaram! – a enfermeira exclamou, e sorriu levemente pra nós – Finalmente, hein? – ela deu uma risadinha. Pra ser sincera, eu gostava daquela enfermeira. Ela era coroa, mas sua pele continuava bonita como sempre, aquela macumbeira. Seu nome era Angel, e ela era britânica. Eu nunca a vira se irritar, por mais merda que você fizesse.

Mas o meu medo era nas duas pessoas à minha frente: Minha coordenadora do satã, Akemi Kameko (que, traduzindo literalmente, ficaria algo como ‘’Tartaruguinha bela e resplandecente’’. O que não fazia sentido, já que aquela porra estava em todo lugar e era feia pra caralho), e minha doce professora, Michiko Takako (novamente traduzindo, ficaria ‘’nobre filha da inteligência”, super humilde por parte de uma professora. Será que foi por isso que ela virou uma professora?).

A minha coordenadora, Akemi, parecia mais um satã. Ela usava um cabelo preso pra trás, tinha pele meio escura e necessitava urgentemente de um creme antirrugas. Era meio corcunda e tinha uma voz estridente que dava vontade de enfiar aquela voz em outro lugar. Já minha professora de japonês, Michiko, simplesmente amava me pôr de castigo. Detalhe: era dela a aula que eu teria se não tivesse ido atrás do gato. Obrigada, gatinho tarado. De uma coisa você serviu.

–Ah, Honoka Arai, Erika Otsuka, aqui estão vocês... – Michiko-sensei falou. ‘’Não, sua porca, estamos em Kanagawa*!”, foi isso que deu vontade de dizer – Eu e a coordenadora temos algumas perguntas a vocês duas.

‘’Agora satanás vai chutar o barraco”, pensei. “Agora vai, Jesus!”

***

Em alguns minutos, Angel trouxe duas xícaras de café para mim e Honoka, o que eu curti bastante. Michiko e Akemi se sentaram em duas cadeiras que Angel colocara para ambas, e, quando tudo estava preparado, a coordenadora decidiu abrir o buraco do inferno.

–Eu soube, através da professora Michiko, que, enquanto a professora se dirigia até sala após pegar alguns papéis na secretaria, vocês duas saíram da sala de aula e simplesmente saíram correndo em meio à escola. – ela falou, com seu olhar tenso nos encarando de forma medonha – O presidente de sala, Bob Nelson, informou que a senhorita Otsuka – ela olhou penetrantemente para mim, e eu comecei a rezar pra Buda, Odin, Zeus, todos os ‘’Boss’’ que comandavam a porra toda do universo, para que algum deles fizesse aquela velha ter um enfarte de vez – o xingou de maneira pejorativa. Isso é verdade?

Honoka, Michiko e Akemi olhavam pra mim, o que eu achei uma droga. Um silêncio dos infernos. Honoka olhava pra mim com uma cara de preocupação e tensão. Eu estava meio suada. Afinal, por que elas tinham que perguntar diretamente pra mim e não para Honoka?

–...Olha, eu não o xinguei... – eu comecei a dizer, sem saber muito o eu estava fazendo, e completei a frase da maneira mais escrota naquele momento: - A minha mãe me ensinou a dizer a verdade.

–Ah, não me venha com essa desculpa! - ela respondeu. Espera... ela mesmo confirmou que Bob era gay? – Já é a nona vez que alguém se queixa de você xingando algum aluno, Srta. Otsuka, e isto já está me enchendo a paciência! – disse ela, me encarando com seus olhos cor-de-mel.

– Mas, pelo que me consta, você saiu correndo e a Srta. Arai foi tentar pará-la. – Michiko interferiu, também se dirigindo à mim. Mas que porra elas queriam comigo? Tinha um gato pervertido ali, minhas senhoras iludidas! – Agora, me diga... por que você saiu correndo?

–Eu estava atrás de um gato. – eu falei, como se fosse a coisa mais racional, decente e normal para poder se explicar. Elas me encararam com um olhar indagador.

–Perdão? – Michiko indagou. Eu não sabia mais o que dizer para tentar me livrar delas, foi quando Honoka interferiu.

–...A-A-Ah, c-com licença... – nós olhamos para Honoka, que como sempre, gaguejava que nem uma besta com neurônios em explosão – N-Nós duas vimos um gato preto, que se parecia com o gato de Erika... E-Ela só foi atrás para tentar capturá-lo. E-Eu também fui, para tentar impedi-la, já que Michiko-sensei estava à caminho... Então, não lembramos de mais nada.

–De mais nada? – Akemi indagou, me encarando com certa ironia, como se fosse impossível não lembrarmos de nada, embora esta fosse a mais pura verdade – Como assim, de nada?

–Eu me lembro de chegar perto do meu gato, mas não lembro do que aconteceu depois... – eu disse, também entrando na mentira de Honoka – E-Eu simplesmente acordei aqui, ao lado de Honoka. Não é mesmo? – eu olhei pra ela.

Honoka assentiu depressa.

–F-Foi exatamente isso que aconteceu, Sra. Akemi, Sra. Michiko. E-Eu juro... – Honoka disse, por fim, e novamente um silêncio vindo da puta que pariu tomou conta do local. Angel voltou, dessa vez trazendo alguns biscoitos, e nos ofereceu, mas nenhuma de nós aceitou.

Ambas trocaram alguns olhares, e Michiko nos encarou novamente.

–Pessoalmente, eu acredito nelas. – ela respondeu, o que me impressionou. Desde quando aquela imbecil acreditava em mim? – Eu não acho que uma aluna exemplar como Arai-san, que tem ótimo comportamento escolar, esteja mentindo. Pessoalmente, nunca a peguei com mentiras – Ah, estava explicado a súbita santidade daquela piranha.

Akemi retomou sua fala, pigarreando de um jeito estranho que quase me arrancou uma risada – e quase uma vida, pois imagine eu rir naquele momento!

–Eu as encontrei desmaiadas em um corredor, depois de ambas correrem em círculo pela escola, e nenhum gato foi visto. Elas correram em círculo algumas vezes, e quando as encontrei no meio de um corredor, não havia nada lá.

Espera... correndo em círculos?

Como assim ‘’correndo em círculos” ?

Pelo que eu pudesse me lembrar, nós corremos em um corredor grande, mas não em círculos. De onde aquela velha havia tirado isso? Muita maconha?

–...Perdão? – Honoka respondeu, e também parecia expressar dúvida – E-Em c-círculos... ?

–Sim, em círculos... – Akemi disse, como se falasse com uma criança de cinco anos. Ela se levantou,e Michiko também repetiu o ato, para não ficar para trás – Bom, seja qual for o motivo, está bem claro nas regras que não é permitido a entrada de animais nessa escola.

–Mas...- Honoka tentou falar, mas Michiko fez um gesto para que ela se calasse.

–Além disso, - ela olhou para Angel – não acho que elas estejam tão mal assim. Pode liberá-las se quiser. E, Srta. Otsuka, escute com atenção. – eu congelei, olhando para ela, com medo do que ela fosse falar. Angel também estava meio tensa – Seus pais serão comunicados dos nomes pejorativos, e se isso tornar-se a repetir, será expulsa desse colégio, pois, caso a senhorita não lembre, já levou quatro suspensões. QUATRO. – Não, sua velha, foram quinze. Como se eu mesma não soubesse disso - Está me entendendo, menina?

Eu engoli um seco, procurando não fingir preocupação. Sim, eu realmente me preocupei naquele momento. Eu já havia sido expulsa de duas escolas, e dessa vez eu sinceramente não podia. Estava ali a... o quê, quatro anos? De qualquer forma, Honoka olhou preocupadíssima em minha direção, mas eu fingi ignorá-la por completo, e dei minha resposta:

–A senhora tem a minha promessa, Sra. Akemi...

Esperei que ambas virassem de costas, pra mostrar meu dedo do meio e murmurar um ”Vai tomar no cu!”, ignorando a expressão que Honoka fez quando eu fiz isso. Por sorte, a enfermeira não notou, e ficou por isso mesmo.

Eu encostei-me no travesseiro, suspirando.

***

Nós realmente estávamos em condições de sair naquela hora, mas a enfermeira Angel insistiu que ficássemos em repouso até o sinal do fim das aulas tocar. Ao toque dele, às exatas três e meia, nós finalmente pudemos ir embora.

Na verdade, era para nós duas estarmos na reunião do nosso grupo de música, que durava uma hora após o término da porcaria das aulas, mas ultimamente as nossas colegas ficaram resfriada após saírem para fazer comprar e voltarem em meio à chuva. Para ser sincera, eu não gostava muito de música. Eu havia entrado graças à insistência de Honoka, que é praticamente uma psicopata alucinada por violino. Eu gostei do fato de não ter reunião naquele dia, mas Honoka agiu como se seu pai estivesse em coma.

Eu e Honoka tivemos que enfrentar a grande locomoção de alunos para chegarmos até nossas bolsas, e ainda tinha gente no meio –caralho, vão pro quinto dos infernos! Estamos apressadas! -, e eu, como sou refinada, empurrei uns três alunos e uma garota pra poder passar. Lógico que estranhavam, já que não é o ‘’comportamento normal de uma japonesa’’, mas eu estava pouco me importando com essa porra. Eu já estava ficando tonta.

Já na saída do colégio, a situação não melhorou muito. Eu e Honoka, já com nossas bolsas, conseguimos sair com nossas vidas – aleluia, Jesus, amém! – da escola. Honoka procurou em volta por Bob Nelson, mas para a minha grande felicidade, ele não estava por perto.

Algumas meninas da nossa sala passaram por nós, e logo vieram fazer perguntas sobre nosso sumido de passagem para o limbo.

–Erika, Honoka, meu Deus! – uma delas disse – Soube que vocês estavam na enfermaria, o que aconteceu? Vocês adoeceram?

–...Ah, n-não, imagina... Não foi nada de mais... – Honoka falou, tentando se livrar dela. Outra garota chegou, e perguntou se eu estava realmente atrás de um gatinho.

–Ora, me deixem em paz, bando de desocupadas! – eu empurrei uma delas, exaltada, e três delas me olharam de um jeito estranho, mas eu e Honoka continuamos andando. Na boa, era um saco ter que aturar os colegas de classe perguntando: “Ai, meu Deus, soube que vocês foram atropeladas por um caminhão que tinha dois elefantes em cima. Vocês estão bem?”. Porra, qual o problema dessas pessoas que não têm o que fazer? Cuidem da porcaria da vida de vocês!

Chegamos no estacionamento de bicicletas, que ficava logo na saída da escola. A maioria dos estudantes japoneses andavam de bicicleta até a escola, e uma grande quantidade se dirigiu pra lá. A maioria entre conversas. Foi quando lembrei das nossas bicicletas, que havíamos esquecido no dia anterior ali – para você ver como nós somos atenciosas. Se aquelas merdas estivessem conosco no início do dia, não teríamos tido muito problema na questão de chegarmos atrasadas. Mas não, aquelas bicicletas ‘’Made in Inferno” tinham que estar no lugar errado na hora errada! Bom, o lado bom, é que não fomos assaltadas.

Nós chegamos no estacionamento e pegamos nossas bicicletas. A minha tinha uma blindagem levemente azul, enquanto a de Honoka tinha uns detalhes em vermelho – que eu achava ridículo, pois parecia uma cor de uma ameba, embora ameba não tenha exatamente uma cor. O céu estava muito bonito, eu tinha que admitir. Um azul belo com poucas nuvens. A maioria dos alunos apressados, então nós montamos em nossas bicicletas e seguimos à caminho para nossas casas.

***

Nós duas caminhamos em nossas bicicletas por alguns momentos em silêncio, enquanto meu cabelo insistia em entrar no meu olho, foi quando Honoka quebrou o silêncio:

–Erika, o que foi aquilo mais cedo?

–E eu sei? – eu respondi, irritada, mas logo pigarreei e me corrigi: - Bom, sobre aquele gato? Eu não faço a mínima ideia! É como eu disse, não me lembro de nada, pequena criança, nada.

E era verdade. Eu não fazia a menor ideia do que diabos tinha acontecido, mas suspeitava que tinha sido o satanás querendo nos pregar uma peça. Não duvidava que satanás quisesse meu corpo nu – afinal, quem resistiria à minha sedução?

–Mas você não acha estranho ? Vai ficar simplesmente de boa? – Honoka me perguntou, meio boquiaberta – Um gato nos fez desmaiar! E nós ainda perdemos aula, AULA! – ela falo como se fosse a porra do fim do mundo – E ainda levamos bronca da coordenadora e pegamos uma deten—

–Minha filha, você quer calar a porra da boca um pouco? – eu disse, irritada. Era um saco ter que aturar a frescura de Honoka por causa daquelas aulas idiotas. Ela se calou, e eu prossegui:- Calma mulher, nós ainda estamos inteiras, certo? Olhe pra mim! – eu parei a bicicleta em um lado, e Honoka diminuiu o ritmo, e eu abri meus braços, sorrindo ironicamente – Estou inteira, e você também! Meus seios estão cheios de purpurina como sempre, está vendo? Quer que eu tire o suti...

–E-E-Erika-san, p-para com essas coisas! I-Isso é serio! Temos que... ah, dane-se. – ela ficou vermelha, e eu caí na risada, e nós duas voltamos a andar em nossas bicicletas, porém com o ritmo diminuído.

No céu, algumas das únicas nuvens tinham formatos que me lembravam um ritual de macumba. Elas mudavam a cada segundo, praticamente, e alguns casais de alunos compravam sorvete em uma loja ao lado. Embora nossa vida estivesse praticamente ferrada, ainda era legal ter quinze anos naquele dia. Eu estava pouco me lixando pra qualquer outra coisa.

***

Como eu não estava muito à fim de encarar uma mãe possuída pela pomba-gira pelo meu comportamento escolar e nem estava à fim de fazer a lição de casa, resolvi dar uma passada na casa de Honoka. Eu gostava de ir na casa dela, pois além de ser bonita, não era uma casa típica japonesa, com aquelas portinhas ridículas e aquelas mesinhas baixas... Para ser sincera, nunca fui fã dos costumes japoneses, e infelizmente, a minha casa estava possuída por essas imbecilidades.

Como nossas casas não ficavam distante da escola, nós paramos de andar na bicicleta e caminhamos à pé, deixando-as em outro estacionamento mais próximo do nosso bairro. Chegando na nossa rua, percebi Bob caminhando em direção oposta para sua casa chique e imensa.

A casa de Honoka tinha uma cor marrom do lado de fora, e era bonita. Eu, particularmente, preferiria muito mais morar naquela casa do que na casa de minha mãe, mas como eu ainda queria continuar vivendo, não me atrevia a falar disso. Geralmente, minha mãe era legal, mas quando se irritava... puta merda.

–Estou em casa... – Honoka disse, abrindo a porta com sua chave. Ao abrir, percebi que Namido, a mãe de Honoka, estava fazendo um sanduíche, e estava meio apressada. Ela levantou os olhos quando entramos.

–Ah, bem-vinda de volta, Honoka. Olá, Erika. – E só. O que eu gostava na Sra. Arai era que ela não era uma mulher que questionava tudo, e quando me via, simplesmente me cumprimentava. Em geral, eu gostava dela.

–Boa-tarde, Sra. Arai. Com licença, vou invadir sua casa de novo, He He he... –Eu disse, entrando. Retirei meus tênis e os coloquei em um espaço do lado, e Honoka fez o mesmo. Ela colocou a bolsa no sofá, e eu ia colocando quando a mãe de Honoka falou novamente:

–Ah, Honoka, você poderia cuidar conta de Sakura? Eu preciso sair agora pra ir para a loja, só vim fazer um sanduíche, mas... acho que não está dando muito certo.

Honoka suspirou.

–Ai, meu Deus, o que você está... – ela se aproximou, e percebi que o sanduíche estava dando um tanto... errado – Mãe, você não tá fazendo isso direito! Desliga isso, vai queimar! – ela apontou pra tomada, e a mãe obedeceu.

–Ah, droga... eu queria comer um sanduíche que fosse no mínimo decente, sabe, eu quase não comi nada... – ela suspirou – Bem... acho que não está tóxico, certo?

–Meu Deus, eu já disse que você não sabia fazer isso direito, mãe! – Honoka suspirou, e assoprou o sanduíche, e o entregou – Vê se toma mais cuidado. E onde está Sakura?

Namido pegou a bolsa que estava no chão apressada, e colocou apressadamente o sanduíche na boca, e falou com a boca cheia.

–No quarto, dormindo. Ah, a pia está meio cheia, você lavaria? Obrigada. – ela não espertou pela resposta, e logo abriu a porta, enquanto Honoka analisava a pia que teria que lavar – Bye,Bye, Honoka, Erika, vou indo. E veem se não explodem a casa, hein? – Ela deu uma risadinha, e então ela fechou a porta. Honoka suspirou.

–Eu mereço. Por que ela não lava a pia?- Honoka, pela primeira vez, estava exaltada, minha gente! - Olha só essa pia! – Honoka olhou pra mim indignada, apontando pra pia cheia. Após deixar minha bolsa no sofá, me ofereci pra ajudar.

***

Após alguns minutos em que nós duas lavávamos a pia – Honoka lavando, e eu enxugando e depositando no lugar – em silêncio, eu resolvi quebrá-lo, porquê eu simplesmente não suporto silêncio total.

–É sempre desse jeito? – eu perguntei, olhando pra ela. Ela pareceu não entender, então eu fui mais direta: - As conversas com sua mãe são sempre desse jeito? Parece tão imparcial.

–...É estranho? – ela olhou pra mim, abaixando o prato e me olhando com aqueles olhos castanhos lindos. Na boa, como aquela vadia conseguia ter olhos mais bonitos que os meus? Isso era injustiça!

–Assim, não chega a ser estranho... mas acho que vocês poderiam ser mais próximas, talvez. – eu respondi – Vocês sempre parecem distantes, e nenhuma das duas se importa com isso. É um tanto imparcial.

Honoka continuou a lavar a louça, mas ficou calada por alguns segundos.

–Acho que minha interação com minha família inteira é assim. – ela disse, sem olhar para mim – Não sou do tipo que tem... digamos... uma relação próxima com meus pais ou sequer minha irmã. E, como eu não tenho tios ou tias, só meus avós paternos, eles são os únicos que eu sou quase próxima.

–Ah, isso é estúpido! – eu comentei. Costumava ser muito sincera, e o que Honoka dizia era uma total imbecilidade - Você não vai tê-los a vida toda! Acho que deverias ser mais próxima, ou algo do tipo... não que eu seja muito próxima da minha mãe, mas acho que você entendeu.

–Como é a sua relação com sua mãe?- ela me perguntou.

Confesso que tive que pensar um pouco a respeito.

–Temos uma boa interação, acho. Ela geralmente é rígida nos assuntos da escola, e detesta o fato de que eu estou pouco me fodendo para aquela merda. – eu sorri levemente pelo canto da boca – Mas ela é legal. Só seria melhor se ela me permitisse treinar em paz, mas tudo bem.

Na minha casa havia um salão de treinamento de karatê. Meu irmão, Nagamine, costumava treinar bastante lá quando morava conosco, e meu pai também treinava. Eu acabei aprendendo contra a vontade dela, graças a Nagamine, aquele maníaco psicopata. Pra você ter ideia, ele me ensinou karatê com nove anos de idade! E claro, eu nunca mais parei. O que fazer quando estiver no tédio? Fácil, torne sua irmãzinha uma arma para batalha. E claro que a irmãzinha treina escondido da mamãezinha.

–...Não sei se podemos realmente ter uma relação melhor. – Honoka falou – Desde sempre, minha mãe esteve ocupada com sua loja de moda, o que tornava nossa relação bem mais distante do que a das outras pessoas. Meu pai, por trabalhar em uma empresa, tem poucos tempos comigo. Mas não estou reclamando. – ela sorriu pra mim – Sei que, graças a isso, consigo ter comida na mesa todos os dias, e morar nessa casa... Não acho que seja apenas algo ruim. E, além disso... – ela parou subitamente de falar, quando estendeu a mão para pegar outro prato. Eu fui mais direta:

–Cadê? – tateei a procura de uma faca.

–... Não é cadê. Não é o gato dessa vez... – ela novamente ficou calada, com um olhar tenso.

–Então desembucha logo, filha! Que porra você tá olhan... – foi quando eu vi.

No braço de Honoka, pouco a baixo da mão, havia uma pequena tatuagem de leve... mas não era uma tatuagem comum. Era rosa, e levemente brilhante à luz do sol que entrava pela janela. Formava uma estrela, que eu achei até bonitinho.

–Espera, onde você fez essa tatuagem? A sua mãe deixou? – eu perguntei.

–...E-Eu não iria fazer uma tatuagem, Erika! – ela olhou pra mim – E-Eu não sei como isso veio parar na minha pele...

–Ah, por favor, né, querida! – eu revirei os olhos e ia pegando outro prato, quando ela segurou meu braço - O que foi dessa vez?

–...O seu braço.... olhe! – Eu estava me irritando por causa desse surto do nada de Honoka, e suspirei, e quando olhei pra meu braço, percebi algo muito tenso. Lá, estava a mesma tatuagem de Honoka, só que azul. Era muito fraca, mas se colocada de frente ao sol, brilhava de leve. Afinal, que porra era aquela? –

–...A enfermeira Angel nos tatuou? – eu perguntei, olhando mais de perto a pequena tatuagem em meu braço.

–Não, não foi Angel... Erika... você se lembra... pra onde foi o gato? – eu estaquei. Finalmente havia me lembrado. Me lembrei, em uma fração de segundo, daquele momento em que havíamos desmaiado.

Os olhos do gato brilharam, eu lembrei. Ao piscar, não havia mais o gato, e sim um jovem rapaz, que corria em nossa direção. Ele usava um terno, e tinha olhos muito bonitos... ele segurou em nossos pulsos, onde senti uma pequena queimadura.

–...Afinal, Honoka... – eu olhei pra ela, com um olhar indagador – Quem era aquele garoto do terno?


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Notas finais do capítulo

Enfim, é só isso... estranho eu dizer SÓ, mas ok XD prometo que o próximo não vai demorar, prometo! É KEZTAUM DI OMRAH u.u XD E quanto à Asas Acorrentadas, ''fiquem ligados, que já já vai passar o novo episódio inédito''-q XD mas sério, fiquem atentos u.u enfim, comentem o que acharam, avaliem se possível o/ Sayo--



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